Paz – uma união que traz libertação
Por Taís Machado
"E
a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a
mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus" (Filipenses 4.7, NTLH)

Nos
últimos meses, se deram tantas mudanças na vida de todo mundo, não é
mesmo? O contexto pandêmico alterou muito nosso estilo de vida, promoveu
novos arranjos e desarranjos, doses de caos, momentos de desorientação,
ao ponto da esperança de alguns estremecer e, para boa parte, a paz foi
difícil de ser encontrada. As mentes e corações foram ocupados por
muitas informações novas que precisavam ser averiguadas, refletidas e
usadas na tomada de decisões e revisões de planejamento. Em pouco tempo,
a mente foi bombardeada por novos cenários que exigiam rápidas
adaptações e o coração foi preenchido por dúvidas inquietantes ou
dominado pela insegurança. Onde prevaleceu a paz?
O
barulho das guerras ensurdeceu alguns corações. Surgiram também valas
ao redor das avenidas de pensamentos em alta velocidade, nelas
enterramos rotinas, disciplinas e permitimos que a desordem reinasse.
Quem desfrutou de paz?
Ter paz nestes tempos de tanta dor e miséria seria ignorar a pele do outro e alienar-se do grito de tantos?
Quem
reconheceu a paz na própria fraqueza? Quem, neste lugar de choro,
conheceu a paz de Deus que consola e, com o tempo, pode conduzir nosso
coração ao silêncio até que nossa interioridade experencie a serenidade?
A
paz de Deus vai além do que nossos pensamentos alcançam, é superior aos
conceitos que criamos. Ela é uma experiência no ser. Quem a vive vê as
trevas se dissipando. É um processo, mas, quanto mais espaço ela tem em
nós, mais frutos de discernimento e serenidade são colhidos e
saboreados. Trata-se de uma paz que não ilude e, sim, revela. Revela
mais da nossa íntima realidade e o faz não pela via da acusação, mas da
graça, então, apesar das dores, sobressai compaixão, acolhimento,
vivificação, inclusive, recebe-se, por vezes, a visita da alegria.
A
paz de Deus pode nos libertar da necessidade de explicações, da
tendência ao apego e dependências perigosas, nos livra das condições que
o medo nos faz impor e nos debater. Quando, na relação com Deus, minha
mente e coração entram em sintonia com ele, tensões são diluídas, a
consciência é trabalhada e, por fim, um sossego amoroso chega, num sopro
de apaziguamento através da misericórdia.
A paz
pode não ser também traduzida em palavras e ideias, mas, transmitida
como a arte de ser. E aos que se sabem filhos amados de Deus, trazem o
potencial de, em se apropriando dessa filiação, celebrar uma paz tão
grande dentro, que ela transborda e fora reflete essa relação, firmada
na identidade. Portanto, viver essa paz não seria uma maneira de tornar
Deus visível e testemunhá-lo nesta geração?
Estar
em Cristo - Príncipe da Paz, o ser unido a ele, muda as perspectivas,
nos ajuda a ver em outras direções, a perceber mais amplamente e fazer
novas considerações no viver cotidiano. Até quando não vemos, ainda
cremos, porque é mais, é além, é muito superior, é oceânico.
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