quarta-feira, 25 de maio de 2022

POR ILAÇÃO

 

 


POR ILAÇÃO - 23 de maio, 1945, a Lagoa Rodrigo de Freitas, nesse dia, mais se projetava na dimensão continental do território brasileiro. A cor vermelha e preta dominava o cenário. Gritos, carros circulando, ônibus transportando torcedores, bebidas, mulheres que faziam realçar suas belezas¸ tudo isso em apoio à disputa nacional de remo, esporte das elites e de evidência naquela época.

 

O São Salvador, de cores verde e branca, representará a Bahia. Para lá, RJ, fora de ônibus, hospedara-se em hotel simples. Uma equipe aguerrida, com um patrão extrovertido e valente, que se empenhava em não deixar sua equipe influenciar-se pelo esplendor do remo carioca. Tinha chance e ia buscar a vitória.

 

“A largada, o momento mais esperado, os ‘OITO COM”, barco com  oito remadores e um patrão, posicionados em linha, esperavam o sinal para início da competição. Adrenalina, estômagos – alguns – que se contorcem, as palavras – os gritos - de ânimo, posição curvada para a primeira remada.

 

Soa o sinal. Os barcos projetam-se como se fossem atirados por uma catapulta. Os timoneiros, os patrões agachados para melhor equilibrar os barcos, gritam e olha a meta de chegada para conseguirem o menor e melhor caminho, sua derrota náutica. Num ir e vir, esticar e encolher-se, as remadas rápidas fortes, harmônicas em média 48 na largada e 210 a 230 em 2.000 m. Superar essa média poderia decidir o vencedor. 

 

Braços e pernas movimentam-se superando a exaustão. O cansaço, os gritos do patrão para incentivar, o gosto de sangue na boca tal o esforço, a chegada.

 

O Flamengo na frente. A Bahia fica com o vice. A vivência na Lagoa, a experiência e a técnica carioca se impuseram.

 

No Hotel, um telegrama aguardava o fim das disputas para ser entregue ao Patrão dos “8 COM” alviverde. Era a mensagem sobre um menino nascido nos mesmo 23 de maio.

 

Meu pai, Geraldo Dias Machado, o timoneiro, rouco, extenuado, entre a alegria e a tristeza – injustificada - por ser Vice Campeão Brasileiro de Remo, retorna para Salvador – de avião, por distinção do Clube de Regatas São Salvador - e conhece o pequeno que seria registrado com seu nome.

 

Meus amigos, para agradecer as várias mensagens parabenizando-me por mais um 23 de maio, na forma um tanto imaginada, conto as circunstâncias de  meu pai,  jovem de 24/25 anos – aspecto de seus anseios e de sua glória no meu nascimento.

 

Por certo, assim espero, pois creio, a maneira mais forte e fraterna de dizer MUITO OBRIGADO pelo carinho de tantos, especiais e fraternos amigos. Um grande abraço, companheiros de jornada Deus – com minha oração agradecida pelo dom da vida - nos guarde e proteja. 

 

SSA, 23 de maio de 2022.

Geraldo Leony Machado

 

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