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CORÍNTIOS 13 – O AMOR É O DOM SUPREMO
Estudo
sobre 1 Co 13: 1-13: o amor é paciente, é benigno; não arde em ciúmes, não se
ufana,... Regozija-se com a verdade; tudo sofre tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. O amor jamais acaba. Como colocar o amor em prática?
1 Co
13: 1-13:
1 Ainda
que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o
bronze (NVI, sino) que soa ou como o címbalo (NVI, prato) que retine.
2 Ainda
que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver
amor, nada serei.
3 E
ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue
o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me
aproveitará.
4 O
amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece,
5 não
se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera,
não se ressente do mal;
6 não
se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
7 tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O
amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, passará;
9
porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
10
Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.
11
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como
menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
12
Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face.
Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.
13
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior
destes é o amor.
Falar
sobre o amor hoje em dia parece ser uma coisa bem comum, já que até as músicas
do mundo tocam no assunto; por isso, se tornou um assunto extremamente
banalizado e distorcido, quando deveria ser algo de muito respeito, pois falar
sobre o amor é falar sobre o próprio Deus. Em 1 Jo 4: 8 está escrito que Deus é
amor.
Para
falar sobre o verdadeiro amor precisamos deixar de lado, em primeiro lugar, as
ações distorcidas e doentes do diabo que assumem a roupagem bonita e formosa de
amor, mas são formas doentias e malignas de prender o ser humano em cadeias por
muitos anos. O amor por ele apresentado é uma forma de mascarar a chantagem
emocional, o abuso de poder, os sentimentos piegas (sentimentalismo ridículo),
a vontade de dominar ou subjugar o próximo, tirar das pessoas o livre-arbítrio
dado por Deus, manipular uns aos outros, colocar o fardo da preocupação sobre
os ombros de quem ama e de quem é amado, desproteger uma vida em decorrência da
preocupação descontrolada, desejos carnais ou simples atração física,
dependências emocionais, ciúme e comportamentos possessivos que geram até
impulsos homicidas em grau extremo de descontrole e outras atitudes ruins que
só trazem dor e opressão.
Outra
coisa muito importante de saber: os gregos deram nomes para as diferentes
manifestações do amor (eros, philleo e ágape; ou o Storge (gr. storgē), entre
pais e filhos), mas isso foi uma divisão meramente humana; para Deus amor é
amor, não importa se é entre um casal, entre pais e filhos ou entre amigos.
Onde há respeito há amor, onde as qualidades descritas acima em 1 Co 13: 4-7
estão presentes há amor, e onde há esse tipo de amor há Deus. Amor não é
romance. É um engano pensar assim. O amor verdadeiro foi demonstrado na cruz e
para chegar até lá nós precisamos crescer. O Ágape exige maturidade.
Vamos
falar do amor planejado e demonstrado pelo próprio Deus através de Seu Filho
Jesus.
Em
primeiro lugar, o apóstolo Paulo começa dizendo que mesmo que se fale em
línguas, se não houver em nós o amor verdadeiro, isso só vai ser ostentação de
poder sem ter na verdade um objetivo proveitoso a atingir; seríamos apenas como
um sino barulhento que mais irrita os que o ouvem do que produziríamos um som
melodioso e agradável. Os que ouviriam a pregação sentiriam logo o vazio dela,
pois seria palavra morta, sem a vida do Espírito de Amor do próprio Deus. Falar
em línguas neste texto diz respeito ao dom do Espírito de falar em línguas
estranhas, ou ‘língua de anjos’ (como Paulo disse acima – 1 Co 13: 1), como
ocorreu no dia de Pentecostes com os Apóstolos como um sinal do batismo no
Espírito Santo.
Em
segundo lugar, ele fala que mesmo profetizando a palavra de Deus, conhecendo os
mistérios e a ciência, tendo fé e realizando o impossível, sem o amor não
seremos nada. Por isso, Jesus disse nos evangelhos àqueles que no final dos
tempos reivindicarem o direito de estar no céu simplesmente por terem feito
curas e profetizado em Seu nome: “Apartai-vos, vós os que praticais iniqüidade,
nunca vos conheci” (Mt 7: 23), porque sem o traço de semelhança com Ele, não
poderemos ser reconhecidos como sendo Seus. O diabo também faz cura e
profetiza, mas não sabe amar.
Em
terceiro lugar, ainda que distribuamos nossos bens aos pobres e realizemos
sacrifícios com nosso próprio corpo como prova de amor, se o AMOR verdadeiro
não estiver em nós, nada vai aproveitar. Isso não nos garantirá lugar no céu
nem a aprovação de Deus.
Podemos
então resumir essas três condições em: não adianta falarmos bonito, não adianta
realizarmos milagres em nome dEle nem profetizar Sua palavra, e não adianta
praticarmos sacrifício ou boas obras. Nenhuma dessas coisas nos garante
recompensa ou participação no reino dos céus. É necessária uma capacitação
divina para exercer o amor, que é a própria natureza de Deus. Em primeiro
lugar, é preciso ter o Espírito de Deus em nós, não só porque aceitamos Jesus
como Senhor e Salvador, mas o batismo do Espírito que nos aperfeiçoará nos Seus
dons e frutos, dos quais o amor é o dom primeiro e o imprescindível para que os
demais se manifestem e sejam exercidos.
O amor
é um conjunto de características descritas nos versículos que se seguem:
1º) O
amor é paciente. A grande e primeira característica da presença do amor de Deus
em nós é a paciência; paciência para que as coisas aconteçam, paciência conosco
e com as pessoas, paciência com as circunstâncias e até com Deus, o que já nos
coloca numa situação de humildade diante dEle e dependência da Sua ajuda. Num
mundo tão informatizado, mecanizado e tão desesperado e preocupado com a
urgência, com a rapidez e com a eficiência, torna-se extremamente difícil a
prática do amor verdadeiro porque não temos paciência nem humildade de
reconhecer que somos aprendizes em algumas áreas e que é o exercício, o tempo e
a prática que nos fazem eficientes naquilo que estamos aprendendo. Um médico
não se torna médico em duas semanas na faculdade de medicina, nem sentado
apenas numa biblioteca estudando sobre patologia médica (estudo das doenças),
mas dentro de um hospital de oito a trinta e seis horas seguidas, às vezes,
lidando frente a frente com o lado prático das situações. Um pastor não se
torna pastor em três anos de convertido, só porque sabe de cor a palavra de
Deus ou porque sabe expulsar demônio. Tanto para lidar com aparelhos, quanto
com pessoas, até com plantas e animais, precisamos ter amor, o que implica
paciência para esperar a semente frutificar e o ‘filho’ nascer, ou o ‘pai
(mãe)’ estar pronto para ser pai (mãe). Por isso, Deus fez o mundo em sete dias
para nos mostrar que quando se ama o que gerou e quer fazer perfeito, deve-se
ter paciência e meticulosidade, perseverança, persistência e cuidado. A carne
humana é impaciente porque vê o tempo cronológico; o espírito é paciente porque
enxerga a eternidade, o tempo de Deus.
2º) O
amor é benigno. Significa ser bondoso. Benignidade, embora parecido com bondade
no seu significado prático, simboliza, mais diretamente, a natureza de ter o
bem implantado dentro de si como uma marca. É ter uma natureza voltada ao bem
sempre, pensando no bem-estar do semelhante como Deus pensa nos Seus filhos;
detestar tudo o que é maligno ou possa causar dano a outrem; rejeitar e se opor
à natureza do diabo e do mundo. Ser bom é saber fazer o outro feliz. E fazer o
outro feliz implica respeito pelas suas vontades e necessidades. Muitas vezes,
queremos dar algo a alguém, entretanto, não nos preocupamos se o que vamos dar
vai fazer essa pessoa feliz ou não, porque nem todos os presentes agradam,
simplesmente pelo fato de estar implícita aí uma necessidade. Por exemplo, pode
ser lindo o vestido ou a peça de decoração que queremos dar à nossa amiga e,
com certeza, ela ficaria feliz, pois o preço é caro e o produto é importado.
Entretanto, pode ser que um pacote de macarrão dado com amor num momento de
extrema dificuldade financeira seja a grande felicidade. Fazer o outro feliz,
ser bom com o outro, significa termos sensibilidade para observá-lo, assim como
suas necessidades, seus gostos, seus costumes, como Jesus fez com todos aqueles
que se aproximaram dEle pedindo algo. Ele poderia simplesmente curar o cego,
mas perguntou-lhe primeiro: — “Que queres que eu te faça?” Isso foi, entre
muitas outras coisas, um sinal de respeito pelo desejo do outro. É lógico que,
como Deus, Ele sabia, mais do que o homem, o que ele necessitava. O cego
poderia, simplesmente, ter pedido para Jesus para falar com aquele povo para
consertar o teto de sua casa porque, se houvesse goteiras, ele poderia se
machucar ao cair. Tenho certeza que se esse fosse o pedido, Jesus lhe
concederia com prazer, porém, como Deus que era, mesmo que fosse só esse
pedido, Ele o curaria também, porque sabia muito bem o que o faria
verdadeiramente feliz. Portanto, exercer o amor é exercer a bondade de Jesus,
fazer nosso próximo feliz seja com grandes como com pequenas coisas. Muitas
vezes, ser bom não nos faz gastar dinheiro nem tempo; só um beijo ou um bom-dia
basta; uma oração no momento do choro de angústia de um irmão é suficiente para
trazê-lo novamente ao seu estado de bem-aventurança. A bondade está ligada à
compaixão. Uma pessoa não consegue sentir compaixão por aqueles que sofrem algo
que para ela é desconhecido. Por isso, Deus nos permite sofrer muitas coisas:
para podermos entender o outro e sermos um canal verdadeiro de bênção como
Jesus foi. O egoísmo e o não querer se comprometer com o próximo é inato no ser
humano. O ensinamento de Jesus é: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei;
chorai com os que choram e alegrai-vos com os que se alegram” (Jo 13: 34; Jo
15: 12; Rm 12: 15).
3º) O
amor não arde em ciúmes. Em grego, a palavra usada para ‘ciúmes’ é ‘zelo” o
(Strong #2206, ζηλόω), que significa: ter um sentimento ardoroso a favor ou
contra; afetar, cobiçar (sinceramente), desejo, desejar, (mexer com) inveja,
ser ciumento de, ser zeloso, zelosamente, querer para si. Muitas vezes nos
comportamos como crianças imaturas diante de Deus e sentimos ciúmes da
aprovação Dele se um irmão fizer algo melhor que nós. Ele nos vê sob outro
prisma, Ele olha o nosso coração de outra maneira. Quando Samuel foi enviado
para ungir Davi, Deus lhe disse: “O homem vê o exterior, porém o Senhor, o
coração”. Não arder em ciúmes significa: ser generoso. Generosidade é dar
liberalmente, sem pensar que o que estamos dando nos pertence e é precioso
demais para darmos ao outro. Se tivermos ciúmes de algo que nos pertence, fica
difícil dá-lo a alguém livremente, porque ficamos pensando naquilo o tempo
todo. Assim é com o amor. Se dermos amor a alguém pensando que ele nos
pertence, terminaremos com a sensação de que vai ficar faltando e, então, o
reivindicaremos de volta para nos suprir. É aí que entra a diferença entre o amor
humano e o amor divino. Nascemos como uma visão errada de que amor é algo
limitado e que tem uma cota diária para ser usada, por isso amamos de maneira
restrita, exigindo de volta o que damos. É o que Paulo fala nas suas epístolas
aos Coríntios (2 Co 6: 12): “Não tendes limites em nós; mas estais limitados
nos vossos próprios afetos”. Muitos pais incutem esse conceito errôneo nos
filhos quando dizem: “Se você for bonzinho, papai lhe dá um brinquedo”, “Se
você for uma menina boazinha, mamãe lhe dá um beijo”, ou então, “Olha só o que
você fez! Eu odeio você!” Assim, a pessoa carrega esse amor condicional dentro
de si por toda a vida e faz qualquer negócio para ganhá-lo; é o que se chama
de: ‘a paz a qualquer preço’. Não precisamos sentir ciúmes se outros amam mais
do que nós, ou se aquele a quem amamos é mais amado do que nós, ou se quem
amamos só pode ser amado por nós e por mais ninguém. Jesus amou a todos na cruz
e Seu amor deu e sobrou para todo mundo até hoje. Ele está disponível vinte e
quatro horas por dia para quem quiser beber dele há mais de dois mil anos. Não
precisamos ter ciúme do amor de Deus por outras pessoas, porque o Seu amor é
suficiente para todos nós ao mesmo tempo. O interessante de tudo, a grande
chave, é saber encontrar e receber Seu amor; em segundo lugar, aprender a amar
como Ele ama: libertando. O amor humano prende, o amor divino liberta. Para
encontrar o amor de Deus é fácil: apenas entrar em Sua presença pela oração e
com o coração sincero, livre de pecados, sem medo de Sua punição e com a
disposição interna de ser como Ele: um doador. Quando aprendermos a nos doar,
descobriremos como Deus ama. Muitas pessoas se confundem e querem justificar
seu egoísmo dizendo que cada um tem uma maneira própria de amar, o que de fato
tem, mas o que está em jogo aqui não é a quantidade ou a forma de manifestação,
e sim a qualidade do amor: “Ninguém tem amor maior do que este: de dar alguém a
própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15: 13). A qualidade de amor que o
Senhor fala aqui é a que Ele deu na cruz: a totalidade do Seu ser em
disponibilidade a todos; em outras palavras, o que temos não nos pertence, nos
foi dado gratuitamente pela misericórdia e graça de Deus sem o nosso
merecimento, portanto, deve estar disponível a quem necessitar disso. O que
temos de mais precioso é Sua palavra de salvação.
4º) Não
se ufana, não se ensoberbece. Isso quer dizer: humildade. O verdadeiro amor se
dá sem pedir condecorações pelo seu ato de doação e bondade. Não se orgulha de
ter feito o bem, não fica contando seus feitos para todo mundo, não procura ser
visto, mas alegra-se pelo fato de ter exercido o mandamento do Senhor, sabendo
que a recompensa vem de cima. Não precisamos de demonstrações exageradas de
afeto ou de grandes presentes para dizer que amamos; pelo contrário, o amor é
uma semente pequena que precisa ser semeada, adubada e regada todo o dia como
um estilo de vida, não como um ato esporádico de benfeitoria. O amor implica em
cuidado constante com aquilo que se ama, até com coisas inanimadas como uma
casa ou com o templo do Senhor. O ato de amor exige constância e vigilância
para que nada cause dano ao que está sendo cuidado. É assim que Deus faz
conosco: dia a dia Ele cuida e vigia para que nada nos cause dano (Is 27: 3:
“Eu, o Senhor a vigio e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça
dano, de noite e de dia eu cuidarei dela”).
5º) Não
se conduz inconvenientemente. Significa: delicadeza, discrição. O verdadeiro
amor é delicado, discreto, respeita a vontade, o direito, o descanso, as limitações
do outro e procura sempre o melhor momento para se manifestar. Para isso, é
necessário desenvolver a sensibilidade. Assim como o Espírito Santo é delicado
e procura um momento oportuno para nos falar sem nos expor ao ridículo, devemos
fazer o mesmo com aqueles a quem dizemos que amamos, não chamando sua atenção
na frente dos outros por pouca coisa ou apenas por um costume, uma
‘brincadeirinha’ que causa mal-estar em todos os que estão à volta. Brincar com
a maneira de ser das pessoas, com suas limitações, tiques nervosos ou
problemas, principalmente na frente de outros, até na frente de um grande
público, não agrada o coração de Deus. Esposos e esposas, pais e filhos, irmãos
e irmãs, amigos e amigas, namorados, alunos e professores, patrões e empregados,
pastores e ovelhas e assim por diante, todos precisam rever suas atitudes para
que a rejeição, a divisão, a inimizade e o ódio desapareçam dos
relacionamentos. O amor levanta o caído e o exalta diante dos que o humilharam.
Foi o que Jesus fez o tempo todo. Lembre-se da mulher do fluxo de sangue; de
Jairo; do centurião; dos leprosos; de Zaqueu; da mulher adúltera que ia ser
apedrejada; da mulher que enxugou Seus pés com os cabelos na casa de Simão; da
história do filho pródigo; da viúva pobre; das crianças que queriam estar com
Ele; de Maria que era criticada por Marta; de Maria Madalena que foi liberta de
sete demônios e passou a acompanhá-lo; da mulher samaritana que já tinha tido
cinco homens, mas nenhum deles fora seu marido de verdade; dos cegos que foram
curados; do ladrão preso na cruz ao Seu lado; do endemoninhado gadareno e
outros. Jesus não ridicularizou nenhum deles; pelo contrário, teve
sensibilidade para com eles, soube se portar convenientemente; soube amá-los.
6º) Não
procura seus interesses. Isso quer dizer: entrega. Quem ama não se preocupa se
amar o outro vai dar lucro, retorno, ou não. É saber suprir a necessidade do
semelhante sem ver nele um ‘investimento’ para o futuro. Pessoas não são conta
poupança que vão dar rendimento posteriormente. Isso se refere a casais,
famílias, amigos, relacionamentos com irmãos em Cristo etc. O cuidado mútuo vai
ser o resultado de uma semente que se plantou; vai ser um exercício do amor,
não uma obrigação sujeita a pena ou julgamento. Se assim fosse, Jesus teria
levado uma total desvantagem conosco, pois nenhum de nós, por melhor que
façamos, podemos retribuir à altura o que Ele nos deu; nem adianta tentar. O
respeito pelo outro não é uma coisa que se compra, vende ou exige, porém, se
ganha no dia a dia, dependendo da atitude daquele que o quer. Jesus não
precisava exigir respeito; Sua atitude diária por si só já era digna de
respeito. Ele amou incondicionalmente, sem procurar Seus próprios interesses,
mesmo quando Lhe negavam acolhida. Você se lembra da passagem que Jesus disse:
“As raposas têm seus covis e as aves dos céus seus ninhos, mas o Filho do Homem
não tem onde reclinar a cabeça”, porque recusaram estadia para ele naquela
cidade? – Mt 8: 20. Ele não os amaldiçoou, apenas continuou Seu caminho.
7º) Não
se exaspera. Significa: tolerância. Que coisa difícil sermos tolerantes com a
lentidão dos outros, com seus hábitos e costumes, até com sua ansiedade e
stress, pois muitas vezes, nos afetam e tiram nossa paz de espírito! Às vezes,
é difícil até sermos tolerantes conosco, com o nosso próprio crescimento e
compreensão das coisas naturais e espirituais. O perfeccionismo que afeta a
maioria das pessoas é um reflexo da intolerância em relação às próprias
imperfeições, o que acaba gerando uma cobrança nos outros e impedindo o livre
fluir do Espírito de Deus. Onde tudo tem que ser perfeito, o Espírito Santo não
age, pois o nosso conceito deformado de perfeição é completamente diferente do
Seu. Devemos buscar a perfeição, sim, o que nos leva a pensar que devemos
buscar a semelhança com Jesus, fazer o melhor que podemos para Ele, para nós e
para os outros, mas estando cientes das nossas limitações e sabendo elogiar
alguém ou a nós mesmos quando descobrimos que o amor com que algo foi feito
esteve acima da neurose humana de atingir a perfeição. Para o Senhor, a
perfeição está relacionada a sermos completos, ou seja, é nossa união com Ele
que nos torna perfeitos, pois Ele nos completa, preenche nossos espaços vazios
e nos supre nas nossas deficiências. A perfeição não é a ausência de pecado;
ela indica plenitude, maturidade, exercendo a lei do amor a Deus e aos homens.
O Senhor disse a Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17: 1b).
Existe outro versículo que diz: “Porque, se há boa vontade, será aceita conforme
o que o homem tem e não segundo o que ele não tem” (2 Co 8: 12). Fazer o melhor
que podemos é ser perfeito. Por outro lado, o perfeccionismo é uma forma de
rejeição contra nós mesmos e nos torna inflexíveis diante daquilo com que
necessitamos ter flexibilidade como, por exemplo, lidar com gente como a gente.
O perfeccionismo acarreta jugo e impede o riso, gera formalidade e impede a
comunhão verdadeira no Ágape (em grego, o amor de Deus), pois nos sentimos
inibidos de sermos nós mesmos. Entristece o coração de Deus, pois tira de nós a
humildade e a espontaneidade e dá lugar ao orgulho. Jesus era tão tolerante que
suportou a mente fechada e o tradicionalismo dos fariseus julgando Sua sã
doutrina; suportou a incompreensão e a arrogância de Pilatos julgando se devia
ser solto ou preso. Era tão tolerante que se dispunha a comer com ladrões,
bêbados e prostitutas para lhes levar a verdadeira luz. Era tão tolerante que
agüentava as mudanças de humor de Pedro. Era tão tolerante que suportava ver
Judas como Seu tesoureiro. Era tão tolerante que ouvia as histórias mais
compridas e absurdas, quando podia ir direto ao assunto, curar a pessoa de uma
vez por todas e sair para fazer outra coisa. É tão tolerante conosco que
trabalha por anos a fio na mesma ferida e no mesmo trauma até que estejam
perfeitamente curados e estejamos totalmente seguros para enfrentar novos
desafios, mesmo quando qualquer psicólogo já desistiu de nós. É tão tolerante
que não desiste de nos transformar de ‘pedras brutas’ em ‘cristais lapidados’
ou ‘esculturas’ perfeitas semelhantes a Ele. Que temos a dizer diante disso?
8º) Não
se ressente do mal. Significa: inocência, não guardar rancor diante das coisas
que nos fazem. Quem ama esquece e perdoa, faz vista grossa diante de certas
coisas para não ser ferido. É mais um item das difíceis características do
amor, e só por ação divina em nós é que conseguiremos superar as provas da
vida. É exercitar, pela fé, o que Davi teve que exercitar na família e diante
de Saul. É preferir ser feliz a ter razão. É deixar a justiça na mão de Deus,
assim como a escolha de certas circunstâncias para não sofremos mais do que o
necessário. Não é fugir do desafio, é simplesmente ter sabedoria e prudência. É
fazer o que Davi fez diante da revolta de Absalão e deixar Deus decidir. Amar
com inocência é fazer as coisas na simplicidade de uma criança, apenas porque
dá prazer em fazer, não porque os outros vão achar adequado ou não. Atualmente
somos tão exigentes em tudo, que até na questão do amor queremos julgar as atitudes.
Amar sem se ressentir do mal é ser como criança na malícia e viver debaixo das
asas protetoras de Deus Pai, ao invés de sermos tão adultos como os homens
desejam que sejamos; é fugir das atitudes carnais que trazem peso ao nosso ser.
9º) Não
se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Significa ser
sincero, fazer o mesmo que Jesus fez no passado e ainda faz conosco: amar o
pecador, mas odiar o pecado. É saber que nós podemos errar, todavia, não
precisamos ser coniventes com o erro ou com as coisas que entristecem o coração
de Deus. Na verdade, é vivenciar o verdadeiro arrependimento e mostrar esse
arrependimento aos que estão no caminho errado, até para que possam gozar a
intimidade com o Senhor. Arrepender-se é reconhecer o erro e mudar de atitude.
Quando amamos nossos irmãos e as coisas de Deus, também nos importamos se o
diabo os está enganando e roubando deles ou através deles as bênçãos divinas ou
violando Sua santidade. É, muitas vezes, tomar partido de certas causas por
amor à Sua justiça, mesmo nos custando a falta do apoio dos acomodados ou dos
covardes; é defender aqueles que não podem se defender e lutar para erradicar a
tristeza, trocando-a por um sorriso de satisfação nos lábios de alguém. Em
resumo, repetir o que Jesus veio fazer aqui na terra: destruir as obras do
diabo. A sinceridade, entretanto, não deve ser uma desculpa da carne para
colocar o outro ‘para baixo’ ou minar sua esperança e sua fé, e sim, a
sinceridade de mostrar no próprio semblante a aprovação ou a desaprovação com
as situações e atitudes que nos afrontam; é exercer a disciplina e a autoridade
para preservar a vida de Deus em nós e nos que amamos.
Jesus
O texto
continua dizendo que o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. E
isso até que veja cumprida a justiça e a verdade de Deus em cada situação.
O
capítulo também fala que o amor jamais acaba. Mesmo quando chegarmos à
eternidade, onde não mais haverá necessidade de profecias, ou ciência ou o
falar em línguas, o amor persistirá, pois é o próprio Deus e Ele é eterno. O
segredo é trazer esse amor hoje para dentro de nós e vivermos Sua essência
neste momento. Hoje, conhecemos as coisas em parte, como diz Paulo, pois ainda
não estamos totalmente imersos em Deus, mas no final dos tempos, quando nos unirmos
a Ele e tivermos consciência de Sua verdadeira essência, aí não precisaremos
mais das nossas suposições nem das experiências carnais e imperfeitas porque
conheceremos, face a face, Aquele que é perfeito.
O texto
termina com um comentário interessante de Paulo, confirmando o seu crescimento
com Deus, o que lhe trouxe a maturidade e, conseqüentemente, uma visão mais
ampla do amor. Ele diz: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas
próprias de menino”. A palavra ‘menino’ significa, em grego: ‘infantil, inábil,
analfabeto, bobo, inseguro e totalmente dependente dos outros’. ‘Homem’
significa: ‘ter autoridade e comando’. ‘Sentir’ significa: ‘opinião sobre si
mesmo’. ‘Pensar’ significa: ‘considerar, avaliar, fantasiar’. ‘Falar’
significa: ‘pregar’. No caso da criança, significa: ‘falar sem saber a verdade
da situação, o que os outros esperam que a ela diga ou sinta’. O que Paulo quer
explicar é que, quando ele era imaturo em matéria de amor, fantasiava, era
inseguro, tinha uma opinião diferente de si mesmo, dependia da informação e da
experiência dos outros, dizia o que os outros queriam que ele dissesse ou
sentisse, sem saber a verdade da situação. Entretanto, quando a revelação de
Deus veio plena sobre ele, passou a ter mais segurança, entendimento e
autoridade; o medo foi embora. Além disso, conheceu mais de Deus. Ele continua
dizendo que sua caminhada ainda não terminou, porém, conhecerá as coisas como
Deus as vê, como Ele o conhece no seu íntimo. A fé, a esperança e o amor não
morrem, entretanto, o maior de todos é o amor, pois é o próprio Deus gerando fé
e esperança em nós.
O amor
não pode ser algo frouxo, displicente, complacente demais com o que não merece,
mas firme e forte, muitas vezes, para não permitir que aqueles a quem amamos
venham a se perder. É um engano pensar que quem ama é bonzinho sempre e não
repreende, pois isso negaria a própria palavra de Deus que diz que Ele é amor,
mas também diz que repreende o filho que ama. Se Deus nos deixasse fazer tudo o
que a nossa carne quisesse, estaríamos todos no pecado e não salvos. Foi por
amor a nós que Ele permitiu a tortura do Seu próprio Filho na cruz. E é por
amor a nós que Ele nos disciplina para que não venhamos a perder a salvação.
Isso não quer dizer que Ele nos pune com ódio ou violência, e sim que a Sua
disciplina é temperada com a misericórdia.
O amor
é o dom supremo como está escrito na Palavra, mas também é um fruto do Espírito
(Gl 5: 22), ou seja, o exercício do amor gera mais amor; em outras palavras:
quando se planta amor, se colhe amor.
Uma
dica: Se você não sabe como amar uma determinada pessoa, tente perguntar a ela
como ela quer ser amada, como ela se sente amada, de que forma ela vê o amor ou
percebe a demonstração do amor de alguém por ela. Você pode se surpreender com
a simplicidade da resposta. Talvez ela não esteja sendo tão exigente quanto
você está pensando; pelo contrário, sua necessidade pode mais simples do que
você possa imaginar. Talvez, ela só deseje um pouco de atenção.
Nós
pouco sabemos do amor verdadeiro, quase nada, por isso devemos pedir a Deus que
tire de nós as distorções e coloque a Sua verdade dentro do nosso ser para que
ela possa atuar na nossa própria vida e na de outros. Que esse seja o primeiro
dom a ser buscado, pois os outros só poderão agir através dele. Tenha certeza
de uma coisa: é “lição de casa” para o resto da vida.
• O
amor não compactua com o pecado e não provoca as pessoas; respeita.
• Ter
tempo para alguém e se comunicar livremente é uma forma de demonstrar amor.
• Como
a fé sem obras é morta (Tg 2: 17), palavras sem amor e sem ações práticas não
são nada (1 Co 13: 1-3).
• Quem
ama sabe fazer outra pessoa feliz; não nega à outra aquilo que a faz feliz.
• Amar
é se mostrar presente e participante; é rir e chorar junto.
• Amor
não é sentimento, é atitude de fé, entrega a Deus e coragem para obedecer-Lhe.
• Amor
é uma semente que alguém planta, espera germinar, vê crescer e se alegra em
colher.
• É uma
estrada de mão dupla, aonde um vai e outro volta.
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