Sempre
com Você – Um espaço seguro para crianças enlutadas
Como a
criança enfrenta o luto decorrente de uma perda que ela nem consegue explicar?
Por
Elsie B. C. Gilbert
Ontem
foi domingo e depois da costumeira refeição em família, gastei algumas horas
brincando com meu neto que está hoje com 1 ano e 8 meses. Fomos ver galinhas,
cachorros, gato e borboletas… várias vezes seguidas. Brincamos na água, na
cadeira do vovô, na salinha de brinquedos. Foi uma delícia. Quando cansei e me
ausentei para o banho (ele tinha me molhado toda), ouvi, do chuveiro, a vozinha
insistente: “Vovó, vovó, vovó…”.
Os
vínculos que Deus projetou para que desenvolvêssemos em família são preciosos e
as crianças nascem como uma capacidade de conexão quase inesgotável. Mas, o que
acontece quando um vínculo é rompido pela morte? Como a criança enfrenta o luto
decorrente de uma perda que ela nem consegue explicar?
De
acordo com a assistente social e tanatóloga Mel Erickson, as crianças precisam
de atenção para processarem o luto de forma saudável. Luto não é prerrogativa
da fase adulta – as crianças sofrem com suas perdas, muitas vezes de forma
invisível e no silêncio. E, em condições desfavoráveis, explicações malévolas,
sussurradas pelo Inimigo de nossas almas, podem encontrar morada no espírito da
criança, gerando desconfiança, mágoa e até culpa pelo ocorrido. O trauma gerado
por uma perda pode ter consequências que perdurarão até a fase adulta.
A Rede
Mãos Dadas, em parceria com a Geração Elo e a Lifewords/Projeto Calçada, lança
em março a primeira testagem de um programa voltado para crianças enlutadas. O
alvo é testar o material criado por Mel Erickson com oito grupos de crianças
enlutadas identificadas por nossos parceiros em oito cidades diferentes no
Brasil.
As
crianças participarão de pequenos grupos facilitados por duas pessoas treinadas
para conduzir dinâmicas que as ajudarão a se fortalecerem para compreender e
ressignificar suas perdas. Serão catorze encontros semanais, programados para
ajudar a criança a desenvolver amizades com pessoas que compreendem a sua dor e
que se dispõem a caminhar com ela pelo “vale da sombra da morte” de mãos dadas
com o Bom Pastor!
O
historiador Lyle W. Dorsett, professor emérito da Wheaton College, em Illinois,
Estados Unidos, no livro Serving God and Country: U.S. Military Chaplains in
World War II, defende a tese de que as Forças Aliadas só foram vitoriosas
durante a Segunda Guerra Mundial porque os capelães – destacados e enviados por
suas respectivas igrejas e sinagogas para cada batalhão – foram fiéis no seu
trabalho de levar esperança a locais onde só havia desespero. Essa é a essência
da missão da igreja num mundo em conflito com Deus: semeamos a esperança da
redenção, redenção essa que é garantida para nós por intermédio de Jesus
Cristo, o Senhor da História. Toda criança afetada pela morte, dentro ou fora
de nossas igrejas, precisa dessa esperança.
Você
pode participar se candidatando para acompanhar um grupo de crianças e os seus
facilitadores em oração. A intercessão é essencial no processo. Entre em
contato com a Rede Mãos Dadas (maosdadas.ong.br) para saber mais sobre esta ou
outras formas de participação.
Elsie
B. C. Gilbert é jornalista e editora do blog da Rede Mãos Dadas.
Artigo
publicado originalmente na edição 412 de Ultimato.
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