Paulo Henrique Araújo | PHVox
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O escândalo que se aproxima: Moraes, sanções e o Brasil no
eixo da vergonha internacional
“A história não absolve tiranetes togados. Ela apenas os
ignora — até que passem vergonha global.” — Paulo Henrique Araújo
Olá, Dionê Machado, tudo bem?
Mais um dia no Brasil e mais um dia que nosso poder
judiciário consegue se enrolar diplomaticamente com outros países. O Ministro
Alexandre de Moraes novamente é o protagonista de mais um episódio com os EUA,
que como bônus, ganha um capítulo que pode virar uma crise diplomática com o
governo da Espanha! Vamos entender tuso isto?
O Brasil está prestes a experimentar algo inédito — e
profundamente humilhante. Pela primeira vez, um ministro da Suprema Corte
brasileira pode ser formalmente sancionado pelo governo dos Estados Unidos.
Não por divergência técnica, mas por atentado sistemático à
liberdade de expressão. Sim, estamos falando de Alexandre de Moraes — o homem
que decidiu que juízes podem mandar mais que constituições, tratados
internacionais e... soberanias alheias.
A movimentação está em curso e envolve quatro departamentos
da administração Trump: Estado, Segurança Interna, Tesouro e o conselho
jurídico da Casa Branca.
Se aprovada, Moraes poderá ter ativos congelados, ficar
proibido de circular no mundo civilizado e carregar o feito histórico de ter
colocado o Brasil ao lado de Nicarágua, Venezuela e Cuba no ranking da vergonha
diplomática.
O juiz, o traficante e o embaixador espanhol
Mas como se não bastasse desafiar os Estados Unidos,
Alexandre de Moraes resolveu peitar a Espanha — outro bastião ocidental.
Tudo começou quando o governo espanhol recusou a extradição
de Oswaldo Eustáquio, considerando o pedido brasileiro uma perseguição
política. E com razão: trata-se de um jornalista exilado, acusado de
"desinformação", sem julgamento, sem sentença.
Diante disso, Moraes reagiu da forma que se espera de alguém
que confunde toga com trono: bloqueou a extradição de um traficante búlgaro de
drogas pesadas, preso no Brasil, que deveria ser devolvido à Espanha para
cumprir pena.
O motivo alegado? Reciprocidade. Uma leitura rasteira e
desonesta do tratado bilateral.
O advogado constitucionalista André Marsiglia explicou, em
publicação recente, que o Tratado de Extradição Brasil-Espanha (art. 4º, inciso
I) prevê exceções à reciprocidade quando o país requisitado considera o crime
como de natureza política. A Espanha, portanto, agiu conforme o tratado. Quem o
violou foi Moraes.
E como cereja do autoritarismo: convocou o embaixador da
Espanha para “prestar esclarecimentos”.
Ora, isso é uma aberração diplomática. Um juiz convocando um
embaixador estrangeiro é algo impensável num Estado de Direito. Fere
frontalmente o Tratado de Viena sobre Relações Diplomáticas, que garante a
inviolabilidade da função diplomática e proíbe intimações por parte de
autoridades que não pertençam ao Executivo.
Mas Moraes, em sua cruzada pessoal, atribui a si funções de
juiz, legislador e ministro das Relações Exteriores — tudo ao mesmo tempo.
Ato final: o Brasil no banco dos réus da civilização
Se os Estados Unidos confirmarem as sanções, não será um
ataque à soberania brasileira, mas uma resposta à tirania praticada sob o
disfarce do direito. E a Espanha — uma democracia funcional — já deixou claro
que não reconhece o STF como “tribunal universal”.
Estamos lidando com um cenário em que a mais alta corte
brasileira provoca crises com potências internacionais, protege traficantes por
revanche ideológica, e ainda se apresenta como bastião da democracia.
O Brasil está deixando de ser uma república para se tornar
um território de exceção judicial — onde o autoritarismo é vestido com toga, e
a arbitrariedade se declara constitucional.
E se isso não nos escandaliza, talvez já tenhamos passado do
ponto de retorno.
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