terça-feira, 8 de abril de 2025

REFLEXÃO...03

 



PSICOLOGIA

Lev Vigotsky: a biografia de um dos maiores pensadores da psicologia da história

Conheça um pouco mais sobre o pensamento do psicólogo que ajudou a formatar a educação até os dias de hoje

Se você tem familiaridade com psicologia e pedagogia, provavelmente já ouviu falar de Lev Vigotsky, um dos mais importantes pensadores da educação na história.

 

Seu pensamento é influente até os dias de hoje na educação, servindo como base para milhares de pesquisadores na última década e sendo uma figura central para o desenvolvimento educacional da União Soviética, país que saiu de uma condição de analfabetismo na casa dos 70% nos anos 1920 para marginais 1% na década de 1950.

 

Quem foi Lev Vigotsky?

Lev Semionovitch Vigotsky (1896–1934) foi um psicólogo bielorrusso-soviético cujas ideias revolucionaram a pedagogia e a psicologia do desenvolvimento.

 

 

Nascido em Orsha, no então Império Russo, formou-se em Direito pela Universidade de Moscou em 1918, mas seu interesse pela psicologia, arte e educação o levou a se tornar um dos principais teóricos da psicologia histórico-cultural.

 

 

Sua obra enfatizou o papel das interações sociais e do contexto cultural no desenvolvimento intelectual, contrariando visões individualistas predominantes em sua época.

 

Vigotsky viveu durante a Revolução Russa de 1917, período que influenciou sua integração do materialismo histórico de Karl Marx em suas teorias.

 

Apesar de sua morte prematura aos 37 anos, vítima de tuberculose, deixou um legado extenso, incluindo obras como Pensamento e Linguagem e A Formação Social da Mente.

 

Sua importância para a pedagogia hoje

Vigotsky é uma referência central na educação contemporânea, principalmente por conceitos como a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) e a mediação simbólica.

 

A ZDP define a distância entre o que uma criança consegue realizar sozinha (nível real) e o que ela pode alcançar com orientação de um adulto ou colega mais experiente (nível potencial). Esse princípio fundamenta metodologias como a aprendizagem colaborativa e o ensino por pares, amplamente adotados em salas de aula.

 

Outro pilar de sua teoria é a linguagem como ferramenta cognitiva. Para Vigotsky, a internalização da linguagem permite a organização do pensamento e o desenvolvimento de funções psicológicas superiores, como memória e atenção. Isso explica a ênfase atual no diálogo em sala de aula e no uso de narrativas para construção de conhecimento.

 

Além disso, a noção de mediação por instrumentos e signos reforça a importância de recursos pedagógicos (como livros, tecnologias e símbolos culturais) na transformação da aprendizagem. Escolas hoje utilizam jogos, arte e plataformas digitais como mediadores, alinhados à visão de que a cultura molda a cognição.

 

Importância na pedagogia soviética

Na União Soviética, Vigotsky integrou projetos educacionais alinhados aos ideais socialistas. Sua atuação no Instituto de Deficiências de Moscou e no Narkompros (Comissariado do Povo para a Educação) focou na inclusão de crianças com deficiências e na democratização do acesso ao conhecimento.

 

Ele defendia que a educação deveria ser coletiva e transformadora, preparando indivíduos para atuar na construção de uma sociedade igualitária.

 

Seus estudos em defectologia (área dedicada a distúrbios de aprendizagem) foram pioneiros. Vigotsky argumentava que deficiências não eram limitações fixas, mas desafios superáveis através de intervenções culturais e pedagógicas. Essa perspectiva influenciou políticas públicas soviéticas, como a criação de escolas especiais e programas de reabilitação.

 

Como era a pedagogia na União Soviética

A pedagogia soviética, pós-Revolução de 1917, priorizava a formação do "homem novo" — um cidadão consciente de seu papel na coletividade.

 

Projetos como fazendas coletivas, brigadas de trabalho e cursos de alfabetização em massa visavam erradicar o analfabetismo e integrar grupos marginalizados, como camponeses e nômades da Ásia Central.

 

Vigotsky contribuiu com pesquisas em regiões remotas, analisando como a exposição a novas tecnologias e práticas sociais alterava processos cognitivos. Apesar de inicialmente questionado, seu trabalho posteriormente ganharia farto reconhecimento dentro e fora da União Soviética.

 

Seu trabalho com Alexander Luria na Ásia Central foi decisivo para a compreensão do impacto da alfabetização nas formas de comunicação daquelas populações.

 

Influência em outros pensadores

Vigotsky inspirou gerações de teóricos, dentro e fora da URSS. Seus colaboradores diretos, como Alexander Luria (neuropsicologia) e Alexei Leontiev (teoria da atividade), expandiram suas ideias para áreas como neurologia e educação especial. No Ocidente, Jerome Bruner adaptou a ZDP para o conceito de andaimento (scaffolding), base de metodologias ativas.

 

Na psicologia educacional, sua obra dialoga e contrasta com a de Jean Piaget. Enquanto Piaget via o desenvolvimento como pré-condição para a aprendizagem, Vigotsky invertia essa lógica, afirmando que a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento. Essa divergência ancora debates contemporâneos sobre currículos e avaliações.

 

Críticos como Noam Chomsky e Steven Pinker questionaram aspectos de suas teorias, especialmente a ênfase excessiva no ambiente. Chomsky, por exemplo, defendeu a existência de estruturas linguísticas inatas, opondo-se à visão vigotskiana da linguagem como produto cultural. Ainda assim, sua relevância persiste, com aplicações em psicologia social, neurociência e até inteligência artificial.

 

Legado e desafios atuais

Apesar de sua morte precoce, Vigotsky deixou um legado que transcende fronteiras. Suas obras, traduzidas para dezenas de idiomas, são pilares em cursos de pedagogia e psicologia.

 

Para muitos educadores, Vigotsky permanece um farol. Sua defesa de uma educação mediada, socialmente contextualizada e transformadora ecoa em práticas como a educação inclusiva e o uso de tecnologias digitais. Em um mundo cada vez mais interconectado, suas ideias reforçam que o aprendizado não é um ato solitário, mas uma jornada coletiva moldada pela cultura e pela história.

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