Mente
lúcida não é um luxo espiritual
A mente que vê com clareza não existe para
vencer debates, mas para dobrar os joelhos.
Por
Pedro Dulci
Tenham
mente lúcida e sejam sábios para o propósito da oração.
É assim
que Pedro, em 1Pe 4.7, nos chama a viver neste tempo em que o fim de todas as
coisas se aproxima.
Da
mesma forma que começou o capítulo, ele reforça que uma compreensão mental
clara não é luxo espiritual – é fundamento para uma vida cristã coerente.
A mente
lúcida e o coração sóbrio são virtudes que guardam o crente do devaneio e da
embriaguez religiosa.
É
curioso como essa exortação nasce num contexto de perseguição. Aqueles
cristãos, ameaçados por todos os lados, poderiam facilmente se entregar ao
medo, à ansiedade, à confusão de pensamentos. Facilmente perderiam a lucidez e
a sobriedade.
Mas
Pedro não manda que alimentem suas mentes de estratégias de autodefesa ou
discursos de autojustificação. Ele os chama a não se perderem em teorias, mas a
manterem os olhos abertos para a realidade inaugurada por Cristo.
Viver
no tempo do fim não é viver em pânico, mas em vigilância. É ter clareza de que
o Cristo vitorioso reina sobre todas as coisas, mesmo quando tudo parece
contrário.
E o
propósito dessa lucidez é, no mínimo, inesperado: a oração! A mente que vê com
clareza não existe para vencer debates, mas para dobrar os joelhos. A
sobriedade cristã não é fria, mas nos coloca de prontidão diante de Deus.
Não é
uma oração fantasiosa, que delira, que se embriaga, feita de repetições vazias
ou frases místicas... mas uma súplica sóbria, consciente do tempo em que
vivemos, do pecado que ainda insiste em nós e da esperança que já foi garantida
em Cristo.
Em dias
hostis, quando a perseguição ou a confusão querem tomar conta da nossa mente, o
apóstolo Pedro nos lembra que é justamente aí que precisamos manter o coração
desperto.
Cada
pensamento cativo à obediência de Cristo, cada emoção disciplinada pela certeza
da vitória final, cada oração fundamentada na realidade do Reino.
Que
nossa mente lúcida nos conduza menos a discussões inúteis e mais à sala do
trono, onde todo medo se dissipa e toda esperança se renova. Uma igreja com
mente clara e coração sóbrio será sempre uma igreja que ora – e uma igreja que
ora jamais estará sozinha.
Artigo
publicado originalmente no perfil do autor no Instagram. Reproduzido com
permissão.
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