quinta-feira, 12 de agosto de 2021

PERSONALIDADES...

 

 

 

Conheça personalidades negras que protagonizaram a história do Brasil

O EM TEMPO traz uma lista de personalidades do Brasil que, obstinados, se sobressaíram mesmo diante do preconceito racial e deixaram suas marcas na história

Foto: Reprodução | Personalidades negras que marcaram a literatura, política, cinema e a liberdade

Autor: Beatriz Araujo

28/06/2020 15:10

Manaus –  A história do Brasil é marcada por diversas figuras importantes que lideraram momentos importantes e colaboraram para o desenvolvimento da sociedade brasileira, entre elas estão personalidades negras que marcaram a literatura, política, cinema e a liberdade, protagonizando marcos importantes no país.

Há poucos registros que abordem a trajetória dos negros no Brasil e muitos acreditam que o único marco protagonizado pelo povo foi a escravidão, no entanto o país possui pessoas pioneiras que fizeram história e deixaram grandes legados para a sociedade. A falta de registros e informações sobre as figuras negras na história está ligada ao pouco conhecimento passado para as pessoas pela educação atual, como explicou o historiador Juarez Silva.

“Muitas pessoas conhecem um pouco da escravidão e acreditam que esse foi o único momento em que os negros marcaram o Brasil, não é bem assim. Temos diversas entidades negras que colaboram com a atual sociedade, devemos ter conhecimento dessas figuras pois isso traz representatividade e ajuda a combater o preconceito, pois paramos de cultivar que o negro foi somente escravo”, destacou.

Machado de Assis

Machado de Assis ganhou destaque nacional, mas precisou abir mão de sua negritude | Foto: Reprodução

 

O grande escritor de romances, Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em família humilde e desde pequeno demonstrou grande interesse por literatura e idiomas. Mesmo com poucas oportunidades de ensino desenvolveu domínio na língua francesa, idioma no qual escreveu seus primeiros poemas.

Machado de Assis publicou mais de 200 contos, 10 romances e demais publicações de diversos gêneros, como folhetins, peças teatrais, contos e crônicas, tornando-se grande referência como cronista de sua época. O autor ganhou grande reconhecimento por seus feitos e passou a ser respeitado na sociedade por levantar debantes sobre a sociedade local da época conquistando cargos públicos em vários ministérios. 

Assis também foi contista, cronista, jornalista, poeta e teatrólogo, além de fundar a Academia Brasileira de Letras onde ocupou o cargo de primeiro presidente da instituição. Apesar de grande renome, o escritor sempre foi retardado em quadros com a cor da pele branca, devido ao fenômeno de branqueamento social.

“Para que se tivesse uma ascendência social era preciso abrir mão da negritude, pois esse espaço não era destinado aos negros. Logo era assinado a súplica da dispensa do defeito de cor onde as pessoas que quisessem exercer um cargo importante na sociedade declaravam que ser negro era um defeito, desse fenômeno surgiu também a expressão 'negro de alma branca', as pessoas passavam a ignorar o tom da pele para se desenvolver socialmente”, explicou o historiador.

Dandara Palmares

Dandara se tornou símbolo da luta feminina, por ser forte e lutar contra a escravidão arduamente | Foto: Reprodução

 

Tão relevante quanto Zumbi na defesa do Quilombo dos Palmares foi sua companheira, Dandara, que além de dominar técnicas de capoeira, participava ativamente na elaboração de estratégias de resistência do quilombo.

As pesquisas realizadas até hoje levam os historiadores a crer que ela nasceu no Brasil e chegou a Palmares ainda na infância, tendo se juntado, ainda menina, a grupos de luta contra o sistema escravocrata e participou da resistência contra o governo português lutando ao lado das tropas que defendiam Palmares.

Dandara teve um fim trágico em 6 fevereiro de 1694 ao se jogar de uma pedreira ao abismo, uma decisão extrema para não se entregar às forças militares que subjugaram o quilombo, tornando o ato um marco na luta de mulheres negras. Ela é símbolo da resistência à escravidão e dos sacrifícios feitos e preferidos por aqueles que lutaram contra ela com todas as forças.

Eduardo Ribeiro

Eduardo Ribeiro foi o primeiro governador negro do Amazonas | Foto: Reprodução

 

Eduardo Gonçalves Ribeiro nasceu no dia 18 de setembro de 1862 em São Luís, no Maranhão e há poucas informações  infância e sua vinda para a capital amazonense. No entanto, desde sua juventude foi apelidado de pensador, pois era militante republicano. 

Conta-se ainda que Eduardo chegou a ser tenente e que foi convidado pelo primeiro governador provisório da República do Amazonas, Ximeno de Villeroy, para integrar o alto-comando do estado. Pouco tempo depois, Eduardo assumiu o governo. 

Eduardo tomou posse no dia 2 de novembro de 1890 e foi afastado do cargo em 4 de abril do ano seguinte, retornou 12 dias depois após o apoio e mobilização popular. Ao encerrar o mandato, foi promovido a capitão de 1ª classe e transferido para o Rio de Janeiro, onde também assumiu o posto de professor da Escola de Guerra.

“A história de Eduardo é  fascinante, pois ele era um garoto inteligente que teve grandes oportunidades de estudo, filho de uma mulher escrava e decidiu tentar carreira militar, pois naquela época era uma das formas de conquistar mobilidade social. Acabou ingressando na  política por meio de uma oportunidade de atuação como assistente do governador anterior, no entanto ele nunca levantou falas relacionadas a sua cor, acredita-se que por ter sofrido discriminação ao longo de sua carreira", contou Silva. 

Zumbi dos Palmares

Zumbi marcou o fim de Palmares, mas não presenciou a liberdade de seu povo | Foto: Reprodução

 

Zumbi dos Palmares foi o símbolo da resistência dos escravos que conseguiam fugir das fazendas de Alagoas e arredores. Nascido no Quilombo, era considerado um negro livre, no entanto foi vendido para um sacerdote, aos 10 anos Zumbi era fluente em latim e português e possuía conhecimento no catecismo.

Por sua experiência fora da republica Palmares, que era dominada pelos quilombolas, tinha conhecimento sobre as condições precárias de vida que estavam submetidos os africanos que eram trazidos à força para trabalharem nos engenhos nordestinos. Aos 15, fugiu e voltou para o Quilombo de Palmares.

De volta a Palmares, quem o liderava era seu tio Ganga Zumba. Nessa época, o lugar já tinha uma população de 30 mil pessoas e representava uma ameaça ao governo português. Por isso, decidem fazer uma oferta para que se entreguem sem violência. A proposta é rejeitada por Zumbi que teria armado uma emboscada para Ganga Zumba ou o envenenado. Começa, assim uma guerra entre os quilombolas, colonos e a Coroa portuguesa.

“Zumbi marcou um fim de um processo, que foi Palmares. Ele tinha uma posição pessoal que diferia do líder anterior e possuía uma ideia mais ampla, por isso sempre contrariava as posições do governo colonial, acreditando que nem sempre as decisões seriam benéficas ao povo de Palmares”, analisou Juarez. 

Ruth de Souza

Foi a primeira atriz negra a receber premiação internacional | Foto: Reprodução

 

 Ruth Pinto de Souza era natural do Rio de Janeiro, perdeu o pai aos nove anos e a mãe trabalhou como lavadeira para criar os três filhos. Ainda na infância, Ruth se interessou por teatro e ingressou no Teatro Experimental do Negro, de Abdias de Nascimento. 

Por meio do crítico Pascoal Carlos Magno, conseguiu uma bolsa para estudar atuação nos Estados Unidos, onde marcou a história ao ser a primeira atriz negra a atuar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Igualmente, foi a primeira a atriz negra a receber uma indicação de melhor atriz com seu papel no filme "Sinhá Moça",  no Festival Internacional de Veneza, em 1954. Pelo título, passou a ser chamada de primeira-dama negra da dramaturgia brasileira, conquistando uma exitosa carreira no teatro, cinema e televisão.

Nilo Peçanha

Nilo Peçanha desenvolveu grande carreira política no Brasil | Foto: Reprodução

 

Nilo Peçanha é considerado o primeiro presidente afrodescendente do Brasil, assumindo o cargo após a morte de Afonso Pena, em 1909. Naquela época, os vice-presidentes também eram votados pelos eleitores, de forma independente.

Apesar de seu governo ter durado somente um ano, durante seu mandato, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI, antecessor da Funai), e inaugurou a primeira escola de ensino técnico no Brasil.

O político ainda foi governador do Rio de Janeiro em duas ocasiões, senador e ministro das Relações Exteriores.

Joaquinha Lapinha

Lapinha é conhecida como a primeira cantora lírica brasileira | Foto: Reprodução

 

O nome artístico da cantora brasileira Joaquina Maria da Conceição Lapa, a Lapinha, aparece em documentos do século XVIII de programas teatrais, partituras e críticas musicais. Seu nascimento, assim como a sua morte, ainda são um mistério para os historiadores.

Lapinha é conhecida como a primeira cantora lírica brasileira a se tornar celebridade, o sucesso de suas apresentações a levou por uma longa e bem-sucedida temporada na Europa. Mesmo assim, até hoje não foram descobertos retratos que mostrem suas feições.

Após a temporada em Portugal, enfrentando dificuldades por ser mulher e negra, a cantora retornou ao Rio de Janeiro e continuou cantando óperas. Seu nome aparece em anúncios de espetáculos de música lírica até 1813.

“Ela se destacou e teve a oportunidade de ir para Europa enquanto a família imperial ainda estava lá. Mesmo com seu enorme talento, sofreu discriminação pela cor da pele, tendo que usar pó de arroz para clarear a cor da pele em suas apresentações, uma história que se reproduziu durante muitos anos”, finalizou Juarez. 

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