BAIANÊS
A
INDEPENDÊNCIA DA BAHIA EM BAIANÊS
(Texto
de Louti Bahia da @amoahistoriadesalvador publicado em 30/06/2020)
Oxe!
Colé de mermo? Você fila aula e eu tenho que contar tudo de novo? Mas é niuma.
Se ligue que você não sabe da terça-metade. Tá ligado que a Família Real partiu
a mil de Portugal pra cá em 1808? Vazou com medo de Napoleão e quando chegou,
deu uma de porreta e chamou a gente de Reino Unido. Ficou todo mundo de boa e a
gente comeu essa pilha.
Tempo
vai, tempo vem, rolou a crocodilagem: D. João VI e a Família Real partiram a
mil de volta pra Portugal e ainda queriam que o Brasil voltasse a ser colônia.
Aoooooooonde!
Quem
anda pra trás é caranguejo, mô pai. O povo se retô, pegô ar e o pau comeu. Aí,
D. Pedro I deu o zig na família e disse assim pra Portugal: “Quem vai é o
coelho. Diga ao povo que fico!” Pô, véio, D. Pedro brocô.
Mas aí,
o bicho pegô. Portugal ficou virado no estopô e a gente recebeu a galinha
pulano: as tropas de Madeira de Melo armaram uma bocada nas ruas de Salvador e
foi aquela muvuca. Nosso povo lutou, mas ximbou e se lenhou: o exército
português tomou a cidade na tora.
O povo
ficou injuriado e fugiu picado para o Recôncavo junto com nossos soldados. Lá,
eles usaram o tutano pra organizar a reação: tiveram uma ideia massa e criaram
o Exército Libertador. Tinha poucos soldados e muita gente do povo: pobres,
negros libertos, negros escravizados, índios, agricultores, etc. Só tinha uma
mulher que se alistou na cocó dizendo que era homem: Maria Quitéria. Já tinha
pra mais de 10 mil pessoas, mas era tudo feito a migué: tinha poucas armas,
ninguém sabia lutar, um mangue da porra.
E eu
falo mesmo que eu não sou baú: o exército de Portugal virado no diabo e a gente
ia lutar de badogue e barandão? Aí é barril dobrado. Mas o povo tava na pilha e
o couro comeu. Um barco português chegou em Cachoeira atirando e os baianos
renderam eles a bordo de canoas. Ô povo retado! Ô povo virado no estopô.
Enquanto
isso, em Salvador, o exército português tava bagunçando, mandando e desmandando:
uma esculhambação da porra. Foi então que eles invadiram o Convento da Lapa e
mataram a Sóror Joana Angélica. Aí fedeu. Aí escancarou tudo. Eles foram
fuleiro. A notícia deixou o povo agoniado e o Exército Libertador decidiu que
ia arrodear Salvador.
Lá em
Itaparica, o povo também deu testa ao exército português e não deixou invadir a
ilha. Maria Felipa, uma negra retada, se juntou com mais 40 marisqueiras: elas
ficaram de butuca e, na calada da noite, foram chavecar os vigias dos barcos.
Levaram os donzelos pro mato e quando eles acharam que iam fazer ozadia,
receberam foi uma surra de cansanção. Arde coma porra! É pior que tomar
zunhada. Enquanto os vigias tavam nuzinhos, se coçando e se bulino, as mulheres
colocaram fogo em mais de 40 barcos dos portugas. Receba, sinha miséra!
Já nas
águas da Baía de Todos os Santos e no Rio Paraguaçu, foi João das Botas que
lutou contra mais de 40 barcos portugueses com sua “Flotilha Itaparicana” que
só tinha barco de pescador. É brincadeira um esparro desse? Mas ele tirou onda
e segurou os portugueses.
Até
então, a briga era essa: o povo baiano contra Portugal. Mas aí, D. Pedro entrou
na dança e mandou reforço. Pra terra, ele contratou o general francês
“Labativs” (se falar Labatut, use o “lá ele” porque Labatut tem rima). Ele
chegou com mais soldados do resto do Brasil e deu um trato no nosso Exército
Libertador. Um tapinha aqui, outro ali, mas tudo continuou meio nas coxas,
feito a facão. Mas como a guerra já era daqui pra li, e como baiano é baiano:
se não guenta vara, peça cacetinho. Só tem tu, vai tu mesmo: imagine a paletada
de Cachoeira até Salvador.
Já para
o mar, D. Pedro contratou o Lord Cochrane (mas pode chamar de “Croquete” que é
niuma). O cara era escocês e já tinha fama de mau lá nas Europa. Isso já assustou
a marinha portuguesa: ponto pra D. Pedro.
O
Exército Libertador tinha muita garra mas pouca experiência. Chegou e cercou a
cidade mas levou um baculejo daqueles do exército português. Foi na Batalha de
Pirajá: os caras bagunharam a gente. Foi barril de mil. Nem dava pra brincar de
esconde-esconde ou gritar “um, dois, três, salve todos”. Já era, pai!
Só que
o nosso Corneteiro Lopes recebeu uma ordem pra tocar “borimbora” (Tradução:
recuar), deu revertério e tocou “se joga” (Tradução: Cavalaria avançar e
degolar). Oxe! Aí, esculhambou tudo. O nosso exército sacudiu a poeira e pra se
amostrar, deu-lhe uma carreira e passou a porra nos portuga que não entenderam
nada. Os portuga vazaram quando ouviram o toque de “se pique” e a galera do mau
correndo pra dentro.
Foi o
maior migué da história da Bahia, do Brasil e do mundo porque a gente não tinha
nem um cavalo pra contar história, que dirá uma cavalaria inteira. Só mesmo
baiano pra ganhar uma guerra no grito. Isso né culhuda não, véio: foi assim
mermo. O Corneteiro Lopes se armou porque deu certo, mas se desse merda, uzoto
ia dizer que foi ideia de jerico.
Com
isso, isolamos os portugueses dentro de Salvador e aí deixamos eles sem água e
sem comida: não entrava nem geladinho, nem bolinho-de-estudante, nem um real de
big big.
Aí,
quando a esquadra de Lord “Croquete” (Lord Cockrane) chegou e se juntou à
flotinha de João das Botas, o sacrista do Madeira de Melo viu que já tava com a
moral de jegue, chamou o rebanho de soldado dele na surdina e se picou de
madrugada. Saiu no lixo mas João das Botas foi na cola deles até alto-mar e uns
e oto “me disseram” que ele a largou o doce assim, ó: Se plante, vú, seu
Madeira! Não se abra não que eu não sou cupim. E nem volte aqui paroano!
Na
moral, véio, o nosso povo tirou onda: Salvador fiou livre e o Brasil consolidou
sua independência. E quem não lutou com armas, lutou cuidando dos feridos,
conseguindo comida para os soldados, doando dinheiro para as batalhas.
Eita
povo guerreiro! Eita povo boca de zero nove. E aí, painho, foi um arerê nas
ruas de Salvador: o Exército Libertador entrou triunfante: todo mundo solto na
buraqueira indo cumê água. A rua chega ficou apertada e assim nasceu o desfile
do 2 de Julho. Né não é?
Tá
rebocado que você não sabia dessa história. Agora, tá ligado porque a tocha vem
do Recôncavo, passa por Pirajá e chega na Lapinha, né? Tá ligado porque a festa
é do povo, né? E tá ligado porque tem o Caboclo e a Cabocla, né? Ó paí! Não tá
ligado não, seu leso? Me faça uma garapa! É porque eles representam a mistura
popular que nos deu força pra lutar pela independência. Tá vendo aí? Fiz um
texto grande pra apertar sua mente, mas a história é de lenhar, né não?
(Texto
de Louti Bahia da @amoahistoriadesalvador publicado em 30/06/2020)
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