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Adélia
Prado agradece os prêmios Camões e Machado de Assis
Cinco
dias depois de conquistar o Prêmio Machado de Assis, a poeta mineira Adélia
Prado foi aclamada vencedora do Camões, a mais importante distinção da
Literatura em Língua Portuguesa. “Foi
com muita alegria e emoção que recebi um telefonema da sra. Dalila Rodrigues,
ministra da Cultura de Portugal, me informando que fui agraciada com o Prêmio
Camões. Estava ainda comemorando o recebimento do Prêmio Machado de Assis, da
ABL, e agora estou duplamente em festa”, celebrou Adélia, diretamente de
Divinópolis, em Minas Gerais. “Quero dividir minha alegria com todos os amantes
da língua portuguesa, esta fonte poderosa de criação”.
Na
tentativa de expressar o “mais profundo
sentimento de gratidão”, Adélia pediu ajuda a um de seus poemas, transcrito
abaixo.
O nome
do vencedor do Prêmio Camões é escolhido por um júri com integrantes de três
países, sendo dois representantes de Portugal, dois do Brasil e dois de países
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
O
Nascimento do Poema
“O que
existe são coisas,
não
palavras. Por isso
te
ouvirei sem cansaço recitar em búlgaro
como olharei
montanhas durante horas,
ou
nuvens.
Sinais
valem palavras,
palavras
valem coisas,
coisas
não valem nada.
Entender
é um rapto,
é o
mesmo que desentender.
Minha
mãe morrendo,
não
faltou a meu choro este arco-íris:
o luto
irá bem com meus cabelos claros.
Granito,
lápide, crepe,
são
belas coisas ou palavras belas?
Mármore,
sol, lixívia.
Entender
me sequestra de palavra e de coisa,
arremessa-me
ao coração da poesia.
Por
isso escrevo os poemas
pra
velar o que ameaça minha fraqueza mortal.
Recuso-me
a acreditar que homens inventam as línguas,
é o
Espírito quem me impele,
quer
ser adorado
e sopra
no meu ouvido este hino litúrgico:
baldes,
vassouras, dívidas e medo,
desejo
de ver Jonathan e ser condenada ao inferno.
Não
construí as pirâmides. Sou Deus”.
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