Alexandre Garcia: Dividir o centro-direita será a estratégia
da esquerda no pré-2026
A esquerda encolhe; o símbolo do PT se torna uma estrela
cadente. O mais significativo é que o partido não teve sequer candidato para a
prefeitura de São Paulo
Alexandre Garcia - (crédito: Alexandre Garcia)
Consolidou-se no segundo turno a força do centro-direita que
se espalhou pelos municípios brasileiros no primeiro. A esquerda encolhe; o
símbolo do PT se torna uma estrela cadente. O mais significativo é que o
partido não teve sequer candidato para a prefeitura de São Paulo, onde foi
criado, tendo que apoiar o candidato do Psol, que não elegeu prefeito algum.
Dos 39 municípios da grande São Paulo, região de operários e berço de
sindicatos, o PT ficou com apenas uma prefeitura, tal como o PDT e o PSB. Lula
nem foi a São Bernardo votar, e a alegação oficial foi a de que já não é
obrigado, pelos 78 anos de idade; seria melhor ter assumido o motivo real — o
risco de voar com hematoma intracraniano.
O segundo turno mostrou quase empate em Fortaleza, Pelotas e
Ribeirão Preto — onde a diferença foi de 687. Casos para recontagem manual dos
votos, se isso fosse possível. Em Camaçari, Campo Grande, Olinda e Caxias do
Sul, o resultado foi parecido: um apertado 51% a 49%. No primeiro turno, todos
os eleitos já eram prefeitos; no segundo, repetiu-se o favoritismo de quem já
detinha o poder municipal em Palmas, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.
Partidos mais à esquerda, como PSTU, PCB, PCO, além do Psol, não elegeram
prefeito algum, assim como ficaram fora de prefeituras de capitais o PSDB, o
PDT, o PCO e o Cidadania (ex-PCB). O PT ficou só com Fortaleza e está em nono
lugar em prefeituras...
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Curitiba mostrou que é possível uma pessoa sem fundo
partidário, sem dinheiro, boicotada pela mídia e, na prática, candidata avulsa,
chegar ao segundo turno com 43% dos votos válidos. Cristina Graeml disputou com
o vice-prefeito, apoiado pelo prefeito e pelo governador e por ex-governador.
Chamou a atenção pela determinação e coragem, como candidata saída de
aspirações populares e não de diretórios partidários e acertos políticos. Não
foi eleita, mas é vitoriosa.
Na maior eleição também surgiu um personagem sem biografia
partidária, Pablo Marçal, que quase foi para o segundo turno, e insistiu em
participar da decisão e aí se perdeu. Acabou dando palanque a um dos candidatos
e deixou à mostra o objetivo de se promover, e com erros de tática e
estratégia, acabou perdendo o que conquistara. Em Goiânia, o governador Caiado
mostrou sua força para 2026, derrotando o candidato de Bolsonaro e do deputado
Gustavo Gayer, que, abalado pela visita da Polícia Federal, atribuiu a derrota
a Caiado e o chamou de "canalha" nas redes. A reação emocional
esquece que se o centro-direita se dividir, abre espaço para a esquerda em
2026. Dividir o centro-direita será a estratégia da esquerda neste pré-2026,
se, por sua vez, tiver resolvido seus próprios rachas. O vice-presidente do PT
diz que escolher Boulos candidato foi erro. E o articulador político do
governo, Alexandre Padilha, após avaliação com Lula, fez gozação com a fraqueza
eleitoral do partido. A presidente do PT respondeu nas redes sociais que
Padilha deveria cuidar do seu trabalho, que também prejudicou o PT. As relações
entre Gleisi e o Palácio do Planalto parecem estar na mesma temperatura da
ligação Bolsonaro-Caiado
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