A decadência de uma nação
Uma nação
torna-se decadente quando seus líderes civis e religiosos se corrompem e
abandonam os princípios absolutos que deveriam regê-los. O profeta Miquéias ao
fazer um diagnóstico de sua nação, retrata a própria decadência do Brasil.
Vejamos:
Em
primeiro lugar, ele denuncia o aparelhamento do Estado para saquear o povo
(Mq 2.1,2). Os líderes do povo maquinavam o mal em seu leito e ao amanhecer
já colocavam em ação esses planos, porque o poder de fazer o mal estava em suas
mãos. Tudo quanto cobiçavam, tomavam. Tudo quanto desejavam, extorquiam, porque
o Estado estava aparelhado para a roubalheira.
Em
segundo lugar, ele denuncia a inversão de valores da sociedade (Mq 3.2).
Miquéias diz que o povo se corrompeu a tal ponto de “aborrecer o bem e amar o
mal”. Isso não é apenas tolerância ao erro; é inversão de valores. É aplaudir o
que se deve repudiar e repudiar o que se deve promover. A sociedade brasileira
está assim também: chama luz de trevas e trevas de luz.
Em
terceiro lugar, ele denuncia o canibalismo dos líderes políticos (Mq
3.1,3,9). Os líderes políticos em vez de servir ao povo, serviam-se do
povo. Em vez de atender às necessidades do povo; exploravam o povo, arrancando
sua pele, esmiuçando seus ossos e devorando sua carne. Os líderes longe de
proteger o povo, faziam do povo sua presa. Esses líderes chegaram ao extremo de
abominar o juízo e perverter tudo o que era direito (Mq 3.9). Os líderes eram o
maior problema da nação, o maior flagelo para o povo.
Em quarto
lugar, ele denuncia a corrupção do poder judiciário (Mq 3.11). O profeta
diz: “Os seus cabeças dão as sentenças por suborno…”. Não havia qualquer
esperança de justiça. Os fracos eram esmagados pelos fortes. Os pobres eram
espoliados pelos ricos. As cortes estavam rendidas ao esquema da corrupção.
Estavam a serviço do Estado para explorar a população. Os juízes que deveriam
fazer cumprir as leis e aplicar a justiça, por dinheiro, condenavam os
inocentes e inocentavam os culpados.
Em quinto
lugar, ele denuncia o conluio dos poderes constituídos (Mq 7.3).
Miquéias diz que o poder executivo e o poder judiciário estavam mancomunados na
prática do crime: “… o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o
grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem
a trama”. Uma coisa é um dos poderes constituídos se corromper; outra coisa é
quando os poderes se unem para a prática do mal. Havia uma teia criminosa que
sugava o Estado e oprimia o povo.
Em sexto
lugar, ele denuncia a corrupção da religião (Mq 3.5,11). Os profetas
deixaram de pregar a palavra de Deus com fidelidade, para render sua
consciência à sedução do lucro: “… os profetas fazem errar o meu povo e clamam:
Paz, quando têm o que mastigar, mas apregoam guerra santa contra aqueles que
nada lhes metem na boca”. Diz ainda: “… os seus sacerdotes ensinam por
interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro…”. A igreja é a
consciência do Estado, mas quando sua liderança se corrompe e busca o lucro em
vez de proclamar a verdade, em vez de ser bênção torna-se maldição.
Em sétimo
lugar, ele denuncia a corrupção da família (Mq 7.6). A família é o
último reservatório moral da nação. Se ela cair, o povo se chafurda na lama.
Como estava a família? Responde o profeta: “Porque o filho despreza o pai, a
filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são
os da sua própria casa”. Nenhuma nação é forte se as famílias que a compõe
estão fracas. O resultado dessa decadência é o caos da sociedade: “Pereceu da
terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para
derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede” (Mq 7.2). Miquéias está
entre nós. Sua voz ecoa nos palácios e nas ruas. É tempo dos líderes de nossa
nação se arrependerem. É tempo do povo voltar-se para Deus. Quem sabe ainda
haja esperança para o Brasil!
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