terça-feira, 25 de junho de 2024

ABORTO REFLEXÃO ... 03





 
ABORTO - Reduziu a problemática com a limitação da possibilidade de abortar a 22 semanas, cinco meses – no geral - de vida intrauterina. Não eliminaram o impasse, o ilícito abortivo ou a responsabilidade de quem o faz ou apoia.

A sociedade hodierna acha-se dona do mundo e não o é. Faz de tudo coisa sua, sem razão. Busca satisfação pessoal sem consequências concretas e legais. Enfim, quer resolver problema no aqui e no agora, sem consequências.

O tema preocupa e angustia.

O que fazer, dirão os parlamentares, diante de uma sociedade egocêntrica que clama por definição e que deseja o aborto para solução de vicissitudes contraídas ou impostas? Não são líderes espirituais, mas, líderes políticos.

Dizer que o aborto é crime – e é – será permitir sua prática clandestina em todos os níveis, diriam ou dizem, quem sabe.

Não sou político, médico ou religioso, apenas um homem preocupado com vidas a serem ceifadas, a responsabilidade espiritual consequente e o sofrimento decorrente.

Católico consciente, ontem ouvia o pastor Rodrigues Silva, que examinou, cauteloso e político, o assunto. Demonstrou ele – a parte que me interessou – tópicos bíblicos que não admitem a cruel e desumana técnica. Pobres abortistas: mulheres, médicos, políticos, padres e/ou pastores. O espiritismo o renega de modo inexorável. No entanto, tantos o exigem. 

“O Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou nesta segunda-feira (17), por aclamação, um parecer que define como inconstitucional, inconvencional e ilegal o projeto de lei (PL) que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao homicídio”.

 E antes de 22 semanas?

A OAB, que tanto deve ao Brasil em termos de posicionamento, concluiu que o PL 1904/2024, na forma apresentada, é inconstitucional, inconvencional e ilegal.

Gostaria de ver a r. OAB preocupar-se com o nascituro antes de 22 semanas de gestado, com direitos definidos no art. 2º do Código Civil de 2002 e com o concepturo , isto é, “o filho que não foi concebido, mas há esperança de vir a ser” (art. 1.799, I, CC).

O pastor Rodrigo Silva fez desfilar em sua fala, capítulos/versículos bíblicos, que salvaguardam a vida, sem admitir interrupções, mesmo em vida intrauterina, desde Gênesis, passando por João, Lucas, sem esquecer salmos, juízes, Isaias, jeremias, Jó, Êxodo, Deuteronômio, Ezequiel - na ordem da exposição do Pastor.

Enfatizou ele a determinação do Criador para nascimentos multiplicados, para as sensibilidades dos fetos com empatias e dissenções, a exemplo do que está em    Gênesis, capítulo 25, versículo 21 – dois nascituros Jacó e Esaú, que seriam líderes de duas nações antagônicas, já demonstravam animosidade desde seus nascimentos.

Evidência são as gestações da Virgem Maria, no primeiro mês de gravidez, e de sua prima Isabel, no sexto mês:

“Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, “a criança estremeceu no seu seio”, Lucas 1, 41”.

É ilícito decidir por vidas gestadas que não nos pertencem. É crime hediondo. É assumir responsabilidade para além do nosso tempo.

Tornar o aborto objeto de consumo mercantiliza-lo, decidir em desamor distancia a mulher de seu fim primordial. Anestesiar-se para não entender sua responsabilidade e desumanismo frente ao sofrimento que passará o filho não querido é leva-lo à crucificação.

Católicos e Evangélicos jogam-se contra o aborto. Espíritas também. Estes mais enfáticos proclamam a lei do retorno, as provações, os carmas vindouros.

Homens e mulheres, médicos, parlamentares, magistrados precisam abster-se dessas realidades para vincular-se a casuísmos, ao temporal, ao prazer e ao comodismo factível? Um NÃO seria o grito que no Universo provocaria reverberação, multiplicação positiva de crística decisão. A amplitude de um AMÉM  para necessária amorização.

Todo e cada ato exige responsabilidade, não deveria – ou deverá - a lei acomodar consciências, ajeitar comportamentos   diante de supostas necessidades pessoais.  Antes, acredito, a visão deveria deter-se na realidade ético-religiosa ou religiosa e ética, se entendemos – conforme todos afirmam - que nesses aspectos estão a vida maior.  

Somos então hipócritas, fracos, amorais? Por favor, por Deus, pensemos.

Medito, ainda, a tortura sofrida por São João Batista, no ano 31 d.C, talvez, e em face, do martírio que passam nossos filhos objetos de aborto. Triste, muito triste realidade.

Os sofrimentos nessa possível distância temporal, lá e aqui, martírio de João, aborto de outro inocente, aproximam, diminui, arrasam a humanidade, que não consegue deixar de matar.

SSA, 24.06.2024

Geraldo Leony Machado

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