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As suas limitações não o definem
Meu filho tem
síndrome de Down e autismo grau 2 de suporte
Por Flávia Sousa
Quando leu a frase acima, você deve ter feito muitas
perguntas ou, até mesmo, se assustado.
Se foi assim para você, imagine para quem tem um filho com
esses diagnósticos.
Quantos questionamentos os pais destas pessoas devem ter
feito a Deus? Quantas perguntas ou dúvidas devem ter surgido em relação ao
desenvolvimento e ao futuro destas crianças?
Fato é que, ninguém espera ter um filho com deficiência. No
curso natural da vida, quando almejamos um filho, inconscientemente, o
almejamos para realizar nossos desejos. Sonhamos com a sua profissão, o seu
casamento, as suas relações sociais e com o futuro. E o que acontece quando
Deus nos surpreende com alguém inesperado?
Quando isso acontece, nos deparamos com inseguranças, medos,
o futuro fica confuso. Mas, por outro lado, passamos a compreender a vida com a
ajuda de novas lentes. Começamos a ver a bondade de Deus, o seu cuidado e amor
por meio de novas perspectivas.
Foi isso que aconteceu comigo quando li novamente o
versículo de Gênesis 1.27:
"E criou Deus o homem a sua a imagem, à imagem de Deus
o criou; homem e mulher os criou". Olhar para meu filho como um ser único
diante de Deus, ampliou minha visão sobre a grandeza do Criador. A sua
deficiência e as suas limitações não o definem.
Meu filho completou 6 anos e ainda não fala. Mas a sua
comunicação afetiva e emocional me impressiona. A sua forma de expressar amor e
carinho me constrange, pois há muito mais pureza no seu olhar e nos seus gestos
do que nas muitas palavras. Quando seus olhos se encontram com os meus, ele sabe
o que se passa no fundo da minha alma. Percebo no seu olhar, no seu toque, no
seu sorriso algo da imagem de Deus. De certo, estes sentidos aguçados são uma
pequena amostra do amor de Cristo.
Porém, eu sei que a pessoa com deficiência requer mais cuidado
e uma atenção mais intensa no dia a dia. O seu desenvolvimento depende disso.
Todo meu esforço é para que meu filho não sofra rejeição, seja compreendido
mesmo com suas limitações e consiga criar um convívio e um ambiente saudável
para viver. Ele veio com a missão de me fazer entender o que significa amar e
servir. Deus me deu essa missão e a recebi com muita gratidão.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), 1 (um)
em cada 1 mil a 1.200 nascidos são portadores de síndrome de Down. E 1(uma) a
cada 100 crianças são portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mas,
segundo alguns estudos mais controlados, a incidência pode ser ainda maior
atingindo um caso para cada 36 crianças. É um número muito alto. É uma questão
de saúde pública. Precisamos estar atentos, como pais e sociedade para acolher
estas crianças e criar um ambiente seguro para o desenvolvimento delas.
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles
que o amam” (Rm 8:28a). Não sabemos porque há hoje uma incidência tão alta de
TEA, mas sabemos que somos o “sal da terra e luz do mundo”, e como servos de
Cristo somos chamados para ser agentes de transformação, instrumentos de Deus
para este grupo de pessoas que necessita de acolhimento, amor e auxílio.
Que sejamos benção e suporte aos pais, cuidadores e
profissionais muitas vezes cansados e sobrecarregados. E que a igreja e nossas
famílias sejam a porta de entrada, lugar de inclusão e espaço de segurança para
todas estas pessoas.
Flávia Sousa é mãe do Ricardinho, fisioterapeuta,
acupunturista e membro da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, DF.
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