Notas 03
https://youtu.be/1z9VUh7qHC0?si=yaSTz9WF0sUamwoW
Descontos do INSS não acabaram e aposentados estão
revoltados
Por Pedro Silvini
08/05/2025
Duas semanas após a deflagração da Operação Sem Desconto,
realizada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU),
aposentados e pensionistas do INSS continuam a relatar descontos indevidos em
seus benefícios. A situação revolta os segurados e mobiliza entidades como a OAB
do Paraná, que já cobrou explicações do INSS sobre a persistência das
cobranças, mesmo após o governo ter anunciado a suspensão oficial dos débitos
em 29 de abril.
Relatos vindos de Belém e Curitiba mostram que entidades
como AASAP (Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista) e Caap
(Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas) continuam descontando
valores — como R$ 81,57 — diretamente dos contracheques dos beneficiários.
Essas associações, inclusive, não estão entre as investigadas formalmente até
agora, o que aumenta a sensação de descontrole no sistema.
O problema é agravado por falhas operacionais do próprio
INSS, que, segundo advogados, habilita os descontos sem exigir a comprovação de
autorização expressa dos aposentados. “O INSS deveria exigir o termo
associativo com assinatura ou biometria anexada ao sistema. Mas isso não
acontece”, denuncia a especialista Mariana Faria.
Em alguns casos, nem mesmo houve tentativa de falsificação —
os descontos foram simplesmente ativados sem qualquer base legal.
Caso virou um escândalo
A fragilidade institucional é tamanha que, mesmo quando os
aposentados vencem ações judiciais contra essas entidades, raramente conseguem
reaver os valores, já que muitas associações são formalmente “sem fins lucrativos”
e não têm patrimônio para cumprir as sentenças.
Além disso, os processos contra o INSS na Justiça Federal
estão paralisados desde setembro de 2023. A decisão depende da Turma Nacional
de Uniformização, que avalia se o órgão pode ser responsabilizado
solidariamente com as entidades — mas ainda não há previsão de julgamento.
O caso chegou ao Judiciário federal em outro front: o juiz
Waldemar Claudio De Carvalho deu 48 horas para o INSS e o governo Lula
explicarem as irregularidades, após ação popular movida pelos políticos Nikolas
Ferreira (PL-MG) e Guilherme Kilter (Novo).
A ação pede, entre outras coisas, o ressarcimento de ao
menos R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos e a devolução integral aos aposentados
lesados.
Pedro Silvini
Jornalista em formação pela Universidade de Taubaté
(UNITAU), colunista de conteúdo social e opinativo. Apaixonado por cinema,
música, literatura e cultura regional.
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