Conheça
a planta amazônica que promete reduzir estresse e insônia
Planta
conquistou o público ocidental, mas por trás da fama recente existe uma longa
tradição e ainda muitas dúvidas científicas...
O
estresse, a fadiga e os distúrbios do sono tornaram-se queixas cada vez mais
comuns na rotina moderna. Diante desse cenário, suplementos naturais vêm
ganhando popularidade, e entre eles, a ashwagandha tem se destacado como uma
das mais comentadas nas redes sociais e blogs de bem-estar. Apresentada como um
“adaptógeno” capaz de reduzir a ansiedade, melhorar o sono e aumentar a
energia, a planta conquistou o público ocidental, mas por trás da fama recente
existe uma longa tradição e ainda muitas dúvidas científicas.
De
acordo com a nutricionista Giulianna Saldarriaga, da Clínica Internacional, a
ashwagandha, cujo nome científico é Withania somnifera, é um arbusto perene
utilizado há mais de 3.000 anos na medicina ayurvédica indiana. Historicamente,
é considerado um tônico natural que ajuda a equilibrar a energia e fortalecer o
corpo contra o estresse, o que explica sua classificação como um adaptógeno. A
informação é do jornal “O Globo”.
Nos
últimos anos, esse conhecimento ancestral passou a ser estudado pela ciência
moderna. Pesquisadores buscam compreender os efeitos dos witanolidas, compostos
ativos da planta, sobre o organismo.
Eficácia
e limites comprovados
Embora
atribuída a múltiplos benefícios, apenas alguns efeitos da ashwagandha contam
com respaldo científico consistente. A especialista Yufang Lin, da Cleveland
Clinic, afirma que as evidências mais sólidas, ainda baseadas em estudos
pequenos e heterogêneos, apontam para reduções na percepção de estresse,
ansiedade e nos níveis de cortisol.
Segundo
a nutricionista Kiomi Yabiku, professora da Universidade San Ignacio de Loyola,
“meta-análises mostram que o suplemento melhora de forma modesta, mas
significativa, a qualidade e o início do sono, especialmente em doses de 600 mg
por dia durante oito semanas em pessoas com insônia”.
A
nutricionista Linda Flores, do Sanitas Medical Offices, acrescenta que também
há indícios de melhora na força e resistência muscular, bem como benefícios
cognitivos associados à ação antioxidante e neuroprotetora da planta. Em
relação ao metabolismo, estudos relatam pequenas reduções na glicose, na
hemoglobina glicada (HbA1c) e na gordura corporal, além de aumento da massa
magra.
Apesar
desses resultados promissores, especialistas alertam que as evidências ainda
são limitadas. A maioria dos ensaios clínicos foi realizada com adultos jovens
e por períodos curtos, o que exige novas pesquisas de longo prazo. Além disso,
a ashwagandha não deve substituir terapias validadas, como a higiene do sono e
a terapia cognitivo-comportamental, devendo ser usada apenas como complemento e
sob supervisão profissional.
Planta
conquistou o público ocidental, mas por trás da fama recente existe uma longa
tradição e ainda muitas dúvidas científicas
Planta
conquistou o público ocidental, mas por trás da fama recente existe uma longa
tradição e ainda muitas dúvidas científicas
Como
age no organismo
Pesquisas
apontam que a ashwagandha atua na modulação do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal, regulando a resposta ao estresse. Também
influencia neurotransmissores como GABA e serotonina, o que pode explicar seus
efeitos ansiolíticos e relaxantes. Estudos indicam ainda propriedades
neuroprotetoras, aumento da plasticidade sináptica e possíveis impactos na
função da tireoide, fertilidade e imunidade.
Mesmo assim,
muitos desses achados permanecem preliminares. De acordo com Saldarriaga, “é
fundamental que novos estudos confirmem a relevância clínica desses efeitos
antes que o uso seja amplamente recomendado”.
Quem
pode — e quem não deve — usar
O uso
da ashwagandha pode beneficiar adultos que enfrentam altos níveis de estresse,
cansaço físico ou mental e buscam uma alternativa natural de suporte à saúde. O
suplemento também é utilizado por praticantes de atividade física que desejam
melhorar a recuperação muscular.
Por
outro lado, especialistas alertam para contraindicações. O consumo é
desaconselhado em casos de gravidez, doenças da tireoide, doenças autoimunes,
câncer de próstata, problemas hepáticos ou renais e antes de cirurgias.
Além
disso, a planta pode interagir com medicamentos como antidepressivos,
ansiolíticos, fármacos para tireoide, anti-hipertensivos e hipoglicemiantes,
podendo intensificar efeitos adversos. Em pacientes que utilizam
imunossupressores, o efeito imunomodulador da ashwagandha pode reduzir a
eficácia dos tratamentos.
Formas
de consumo
A
maioria dos estudos clínicos foi realizada com extratos padronizados em
cápsulas, o que garante uma concentração controlada de witanolidas e resultados
mais consistentes. Chás e outras formas de consumo não apresentam o mesmo nível
de padronização, o que pode comprometer a eficácia.
Embora
o interesse pelo suplemento continue crescendo, especialistas reforçam a
importância de orientação médica ou nutricional antes do uso. A ashwagandha
pode oferecer benefícios reais, mas ainda depende de comprovação científica
mais robusta para sustentar sua fama de “planta milagrosa”.
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