Perseguição judicial.
No início dos anos 90, essa era a realidade de um dos países
que hoje está entre os mais desenvolvidos: a Estônia.
Há pouco mais de 30 anos, a Estônia era uma das repúblicas
que faziam parte da União Soviética. Com a queda do muro de Berlim, a névoa
sobre a realidade se dissipou.
Em 1992, a inflação da Estônia registrava 1.000%. Somente
nos nove primeiros meses daquele ano, a produção industrial do país caiu 40%.
A pobreza era praticamente uma regra no país. Violência e
desemprego seguiam o mesmo ritmo catastrófico.
Porém, ao contrário de outros herdeiros do legado soviético,
a Estônia se desenvolveu rapidamente.
Em menos de cinco anos, a economia se estabilizou;
Em dez, ela começou a crescer;
Em vinte, a Estônia tornou-se um país desenvolvido.
Fonte: Banco Mundial
Como um país fragmentado conseguiu se desenvolver com
tamanha velocidade?
O que ocorreu na Estônia não pode ser explicado por um único
motivo. Da mesma forma, a política exige uma análise profunda para que seus
problemas sejam plenamente compreendidos. Um dos elementos centrais do que os
internacionalistas chamam de "Milagre Estoniano" é o interesse do
povo pela política.
Plantar o mais rápido possível, para colher os frutos pela
manhã
A Estônia se destacou entre os ex-membros da União Soviética
ao implementar rapidamente reformas econômicas, sendo também pioneira na adoção
de uma nova Carta Magna e na realização de eleições.
Pouco mais de um ano após a desintegração soviética, o povo
do país báltico já havia definido o caminho que queria seguir e quem seriam os
seus líderes.
Esses resultados não partiram de uma figura revolucionário
ou salvador da pátria, mas sim de boas escolhas da população, desde a decisão
de se tornar uma república independente até os referendos sobre questões
sensíveis na sociedade.
Sem isso, o destino do país estaria nas mãos da sorte, sendo
incerto se ele alcançaria o nível de desenvolvimento da União Europeia ou se
seguiria os mesmos rumos de alguns de seus vizinhos.
E onde ficam os políticos nessa equação ?
A mais pura verdade sobre a desonestidade, escrito por Dan
Ariely, compila experimentos sociais sobre o que faz as pessoas serem
desonestas.
Ao contrário do senso-comum, a desonestidade não está
relacionada com a chance de se dar mal. Assim como a honestidade não se baseia apenas
na possibilidade de ser bem sucedido em determinada atitude.
Essa escolha ética está ligada ao tamanho da recompensa.
A recompensa pode ser interpretada de diferentes formas para
cada um. Para os políticos, a principal é o número de votos.
Isso explica o desenvolvimento dos países mais democráticos,
pois, para serem reeleitos, os governantes precisam realizar uma gestão
positiva para o maior número de pessoas.
Entretanto, mesmo entre as democracias, existe uma categoria
curiosa: países com eleições democráticas, mas que a população pouco se
interessa por política.
Esse fenômeno constrói a seguinte situação: o político, seja
ele honesto ou não, pode obter ganhos pessoais e ainda continuar no poder.
Segundo o The Democracy Index, índice criado pela revista
The Economist para avaliar as democracias, o Brasil está nessa categoria.
O primeiro passo para mudar
A política não é para todos: a linguagem, muitas vezes, é
inacessível; falta tempo para compreender as dinâmicas do país e, por vezes, a
mídia falha em retratar a realidade de forma direta, clara e coesa.
A política não é para todos, mas ela precisa ser.
Enquanto a política for inacessível, grupos de interesse
estarão decidindo os rumos do país sem qualquer vigilância que torne a
desonestidade cara demais.
Platão ensinou isso ao concluir que: "Não há nada de
errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados
por aqueles que gostam".
A Estônia foi pelo caminho contrário e colheu os resultados.
No Brasil, o mesmo pode acontecer.
Sem comentários:
Enviar um comentário