É o Natal uma festa pagã?
Na
literatura jeovista havia profusa citação de enciclopédias (religiosas e
seculares) que apontavam para a origem pagã do Natal. Assim, eu tinha todas as
razões para descartar totalmente a data de 25 de dezembro no meu calendário.
Causa-me
tristeza, todavia, ao ver que no meio evangélico muitos irmãos estão se
levantando contra a observância do Natal, apresentando as mesmas razões que eu,
como testemunha-dejeova, apresentava. Diante disso surgiu a pergunta
inevitável: É pecado celebrar o Natal de Jesus em 25 de dezembro? Antes de
responder a esta pergunta, vamos conhecer um pouco a história do Natal.
A origem do Natal
É verdade
que a data de 25 de dezembro marcava a celebração de uma festa pagã conhecida
como Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invencível), em homenagem ao deus
Mitra (da religião persa), e que esta festa era estimulada com orgias sexuais e
embriaguez. No ano 440 dc., porém, a data foi fixada para marcar o nascimento
de Jesus, já que ninguém sabia a data de seu nascimento.
A questão
fundamental : Esta origem pagã depõe contra os cristãos que hoje celebram o 25
de dezembro em homenagem a Jesus? Necessariamente, não! O Natal (mesmo tendo
urna origem pagã) é um evento que deveria ser celebrado por todos os cristãos
ao redor do mundo (sem dogmatizar). Mas, por quê? Ora, havia uma festa dedicada
a um deus falso, Mitra, considerado o Sol Invencível. As atenções eram voltadas
para ele (e isto, sim, servia aos propósitos de Satanás). Surge, porém, a
igreja com uma mensagem inovadora aos pagãos: O Sol Invencível existe, e não é
Mitra (uma entidade mitológica); seu nome é JESUS! Ele foi visto e tocado,
pois era real (1 João 1:1). Dele falou o profeta Malaquias: “Mas para vós, que
temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação debaixo das suas
asas” (4:2). A festa mitraica oferecia prazeres terrenos e momentâneos
(portanto, efêmeros); ao passo que Jesus oferecia a salvação, a libertação do
pecado e a vida eterna (valores perenes). “Pois o reino de Deus não é comida
nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17).
Foi o cristianismo paganizado? Nunca! Jamais!
Que nome
lhe vem à mente quando mencionamos a data 25 de dezembro: Mitra ou Jesus?
Mitra já foi esquecido, há muito tempo. O Sol da Justiça veio e venceu,
provando que Ele, sim, é verdadeiramente o Invencível! Assim, o nome de Jesus
foi mais uma vez engrandecido. Onde havia trevas, resplandeceu a luz.
Para entender melhor esta questão, veja os seguintes exemplos:
Para entender melhor esta questão, veja os seguintes exemplos:
No
princípio era o Logos…
Muito
antes de João escrever que ‘no princípio era o Verbo (do grego logos) e o Logos
estava com Deus e o Logos era Deus (João 1:1), já havia no mundo greco-romano
uma concepção particular do que era o logos (o termo, portanto, não era
desconhecido para os leitores do apóstolo). Uma das idéias que se propagava
entre alguns filósofos da época era a de que o Deus Supremo era inatingível:
nenhuma criatura poderia manter contato com ele, mas apenas com seres
intermediários conhecidos como aeons. O logos, então, seria um dentre muitos
aeons.Ainda concernente ao logos, acreditavam que por ser de constituição
espiritual, ele não poderia assumir um corpo humano (para tais filósofos, a
matéria era inerentemente má).
Tudo isso
era um empecilho para que as pessoas não buscassem ter um relacionamento íntimo
com Deus, nem aceitassem a idéia de que o logos se encarnou, assumindo a
natureza humana (sem pecado).
O
apóstolo João dá então um golpe mortal nas concepções errôneas dos filósofos de
sua época. Ele diz: “No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus, e o
Logos era Deus. E o Logos se fez carne, e habitou entre nós. Vimos a sua
glória…” (1:1, 14). João não negou a existência do Logos, mas corrigiu o
conceito errado que havia sobre ele. Era possível ter comunhão direta com Deus
através do Logos, e o Logos não apenas estava com Deus, mas o próprio Logos era
Deus (ou seja, tinha a natureza divina); e para espanto de todos, João disse
que o Logos (que era Deus) se fez carne (tornou-se humano) e habitou entre nós.
Quem ainda poderia duvidar de que era possível ter comunhão com Deus, se o
próprio Deus andou entre nós na pessoa de Jesus de Nazaré, buscando reconciliar
o homem com si mesmo?
Do mesmo
modo como a mensagem de João sobre o Logos veio para corrigir um conceito
errado sobre a pessoa de Deus e da própria natureza humana, assim também a
igreja agiu no ano 440 dc., desviando a atenção das pessoas da adoração errônea
que se prestava a Mitra, guiando-as ao único que é digno de receber “poder, e
riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.., para todo o
sempre (Apocalipse 5:12, 13).
Ao Deus desconhecido
Este é
outro exemplo que nos mostra que onde havia trevas, resplandeceu a luz.
O
apóstolo Paulo passeava por Atenas, e diz a Bíblia que o seu “espírito se
revoltava em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria” (Atos 17:16).
Apesar de sua revolta, ele não saiu pela cidade chutando ídolos, amarrando
demônios ou dizendo que tudo aquilo era de Satã. A atitude de Paulo foi sensata
e inteligente. Ele disse aos atenienses: “Homens atenienses, em tudo vejo que
sois muito religiosos. Pois passando eu e vendo os vossos santuários, achei
também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, esse que vós
honrais sem conhecer é o que eu vos anuncio’ (vv. 22, 23). Paulo usou o ídolo
como ponte a fim de transmitir a mensagem do evangelho. Onde havia trevas,
resplandeceu a luz, pois diz a Escritura que “aderiram alguns homens a ele, e
creram, entre os quais estava Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome
Dâmaris, e com ele outros” (v. 23)
Evitando
os extremos
Antes de
tudo, é preciso esclarecer o seguinte: O Natal não é um artigo de fé; não faz
parte do corpo doutrinário da igreja; é questão de ordem pessoal. É preciso que
haja espírito de tolerância para com os que não pensam como nós em aspectos
secundários de fl055d fé (Romanos 14). Os extremos devem ser evitados. Não se
deve dizer a respeito de quem comemora o Natal: “Está em pecado; enganado por
Satanás”. Por outro lado, quem não celebra o 25 de dezembro não deve ser
crucificado por causa disso. Creio, porém, que quem se fecha para essa data,
perde urna grande oportunidade, pois nesse dia a maioria das pessoas está
sensível a ouvir algo sobre Jesus. Pergunte-lhes o que acham de Jesus ou o que
acham do Natal; qual o seu real significado; será que Natal significa comer e
beber, cantar e dançar? Diga que o mundo precisa do Pai da Eternidade (Isaías
9:6) e não do “papai Noel”. Anuncie para o mundo o que um anjo disse aos
pastores ao nascer Jesus: “Eu vos trago novas de grande alegria, que o será
para todo o povo. Na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o
Senhor” (Lucas 2:10, 11).
(Fonte:
Revista Defesa da Fé)
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