IDOLATRIA 8ª.Parte
Você já
parou para pensar o quanto somos idólatras? O quanto dependemos de outras
coisas e colocamos nossa confiança em objetos ou pessoas que não são o Deus
verdadeiro?
A
televisão e a mídia nos ensinam isso:
‘“Se
você tiver o carro tal, então será feliz...”.
“Faça
sua conta no banco tal e seus problemas acabarão”.
“Imagem
não é nada, sede é tudo, satisfaça sua sede!”, dizia a antiga propaganda do
refrigerante Sprite.
Todas
essas propagandas e muitas outras apontam na direção de objetos, fazendo deles
extremamente necessários e fundamentais para a nossa vida, como se a vida não
pudesse continuar sem o que é oferecido pelo anúncio.
Influenciados
pela Teologia da Necessidade, compramos a ideia do mundo ao nosso redor.
Pensamos que precisamos de certas pessoas ou coisas sem as quais jamais
poderemos viver. Mas esse quadro não é novo. Ele aparece diversas vezes na
Bíblia, como no texto de Êxodo 32. Ali, observamos armadilhas associadas à
idolatria.
1 O
povo, ao ver que Moisés demorava a descer do monte, juntou-se ao redor de Arão
e lhe disse: “Venha, faça para nós deuses que nos conduzam, pois a esse Moisés,
o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu”.2
Respondeu-lhes Arão: “Tirem os brincos de ouro de suas mulheres, de seus filhos
e de suas filhas e tragam-nos a mim”. 3 Todos tiraram os seus brincos de ouro e
os levaram a Arão. 4 Ele os recebeu e os fundiu, transformando tudo num ídolo,
que modelou com uma ferramenta própria, dando-lhe a forma de um bezerro. Então disseram:
“Eis aí os seus deuses, ó Israel, que tiraram vocês do Egito!” 5 Vendo isso,
Arão edificou um altar diante do bezerro e anunciou: “Amanhã haverá uma festa
dedicada ao SENHOR”. 6 Na manhã
seguinte, ofereceram holocaustos e sacrifícios de comunhão . O povo se assentou
para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra. 7 Então o Senhor
disse a Moisés: “Desça, porque o seu povo, que você tirou do Egito,
corrompeu-se. 8 Muito depressa se desviaram daquilo que lhes ordenei e fizeram
um ídolo em forma de bezerro, curvaram-se diante dele, ofereceram-lhe
sacrifícios, e disseram: ‘Eis aí, ó Israel, os seus deuses que tiraram vocês do
Egito’”.
FALTA
DE DEPENDÊNCIA DO DEUS INVISÍVEL (Êx 32.1-4)
A
primeira armadilha da idolatria (e sua própria causa) aparece nos versículos 1-
4. Moisés havia subido ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus a
serem transmitidos ao povo de Israel (24.12,18). Ali, permaneceu na presença de
Deus por 40 dias (24.18). O povo no meio do deserto, preocupado com a demora de
Moisés em retornar, fez um pedido a Arão, o responsável por cuidar da nação
enquanto Moisés estivesse no Monte (24.14). Eles querem um deus que os guie em
sua caminhada pelo deserto (v. 1). Mas qual é o motivo? Deus não havia cuidado
deles e os tirado do Egito? Por que, então, pedir para que Arão fizesse um
deus? A razão é apresentada pelo próprio povo. Porque Moisés, o homem que os
havia tirado do Egito, não aparecera e não sabiam o que havia acontecido com
ele. Perceba que a confiança quanto à libertação do Egito não estava posta
sobre Deus, mas sobre o homem que Deus havia usado para libertar o povo. Várias
vezes o livro de Êxodo apresenta o responsável pela libertação do povo da
escravidão do Egito (Êx 12.42; 16.6; 20.2; 29.46). Sempre Deus é o Salvador.
Aquele que tirou Seu povo escolhido do jugo da escravidão egípcia. Mas aqui
Moisés é considerado o responsável por isso, e o fato de ele não estar presente
levou a nação a buscar deuses visíveis e palpáveis, assim como era visível à
figura de Moisés.
Deus já
havia dado o remédio para a idolatria em Êxodo 20.2,3, e o povo havia se
comprometido a obedecer aos mandamentos do Senhor (Ex 24.3). Ironicamente, os
versículos 1-4 são o exemplo de como desobedecer na sequência exata os
mandamentos estabelecidos para a nação israelita. Primeiramente, eles se
esqueceram que Deus fora o responsável pela libertação, conforme a introdução
de Êxodo 20 (os Dez Mandamentos) faz questão de lembrar. Como consequência,
desejaram ter outro deus que não o Senhor, o primeiro mandamento que está
ligado à introdução. Deus como o libertador era o único digno de ser
reconhecido como Deus, pois, agora, Israel pertencia exclusivamente a Ele, não
mais ao Faraó.
E,
então, fizeram uma imagem de escultura, algo que havia sido condenado no
segundo mandamento. Pois Deus era esse Deus “absconditus” como chamava Martinho
Lutero. Uma mistura de nuvem com coluna de fogo. Que se aproximou do povo no
Monte de Sinai em uma combinação de trovão, raios, chamas de fogo, fumaça e um
3 forte som de trombeta (Êx 19.16ss). Um Deus incomparável que imagem nenhuma
poderia representar. Mas o povo duro de coração (v. 9) ainda não aprendera com
tudo que havia presenciado e fez uma imagem de um bezerro exatamente como havia
aprendido no Egito. O deus Ápis era representado por um bezerro e transmitia a
ideia de poder e fertilidade. O tempo no deserto ainda não havia sido
suficiente para limpar a maldade do coração idólatra de Israel.
No
entanto, tudo começou quando deixaram de reconhecer o verdadeiro responsável
pela libertação do povo. Quando atribuíram sua libertação não ao Deus
invisível, mas a Moisés que já não podia mais ser encontrado. Ele estava ao
menos no mesmo nível de Deus no pensamento do povo. Colocaram sua dependência
em Moisés, por isso, caminharam para a idolatria.
Sim,
porque, tão logo experimentamos um pouco da Divindade pela contemplação do
universo, em seguida abandonamos o Deus verdadeiro e em Seu lugar erigimos os
sonhos e as imaginações do nosso cérebro. (João Calvino)
Conosco,
hoje, esse mesmo processo acontece. Quando colocamos nossa dependência em
objetos ou pessoas que não são Deus, caminhamos para a idolatria. Queremos algo
palpável. Deus parece “um ser distante”, por isso, preferimos confiar no que
podemos tocar e ver. É mais fácil dizer:
- Foi o
trabalho que me concedeu dinheiro pra pagar a faculdade.
- O
trabalho garantirá meu futuro. Esse negócio de Deus não dá estabilidade
financeira para ninguém. Não posso parar de trabalhar!
- Meu
namoro ou amizades me dão alegria para viver.
- O
estudo da faculdade garantirá o meu futuro!
- A
viagem dos meus sonhos me fará feliz.
- O
sexo me trará prazer total.
- Minha
família me dá segurança e sustento. Se alguém morrer, não sei o que será de
mim!
- Eu
preciso comer isso pra tranqüilizar minha ansiedade.
OBEDIÊNCIA
AO ÍDOLO (Êx 32.5,6)
Já que
o representante de Javé não estava ali, então, o próprio bezerro passou a
receber o nome de Deus. Mais um mandamento quebrado, agora o terceiro: “Não
tomará o nome de YHWH, teu Deus, em vão”. Não bastava colocar sua dependência
em 4 alguém que não fosse Deus. Agora, chamavam o próprio bezerro do nome que
pertencia ao Senhor. E isso implicava não só dependência do bezerro para guiar
o povo (v. 1), mas também dispor o coração em aliança com o bezerro. Agora
reverenciavam o bezerro para fazer a vontade dele e cultuá-lo conforme
aprenderam no Egito. A consequência foi, como parte do culto (sacrifícios,
comida e bebida), uma verdadeira orgia. Um ritual sexual. Eles, realmente,
entregaram-se à farra como era costume nos cultos do Egito. Deus deixou de ser
Senhor. O que ele havia pedido para o povo já não importava mais. O que
importava era curtir o momento. Satisfazer às paixões. Não havia mais absoluto
nem pureza, não havia mais santidade (Êx 19.5,6). Sempre que estabelecemos uma
pessoa ou um objeto no lugar de Deus, a consequência é deixarmos de prestar
reverência a Deus e reverenciarmos e obedecermos ao ídolo.
- Deixo
de ter tempo com Deus (Mt 6.31) e com o povo de Deus (Hb 3.12,13; 10.24) para
dedicar tempo ao meu ídolo trabalho ou estudo, pois ele exige isso de mim. “O
trabalho ou o estudo é o meu pastor e nada me faltará.”
- Passo
a ficar ansioso por algo e deixo de confiar em Deus. “Lancem as suas ansiedades
sobre a comida ou sobre alguém que pode te ajudar, e ela/e cuidará de você”.
-
Desonro a Deus no meu namoro e quebro princípios estabelecidos por Ele por amor
à minha namorada ou ao meu namorado. “Como a corça suspira pelas águas, assim a
minha alma suspira por meu namorado”.
- Minto
ou concordo com coisas erradas, sem me posicionar, porque, se obedecer a Deus,
perderei emprego ou amigos.
CONCLUSÃO
Aprendi
com David Powlison que uma das maneiras de Deus nos libertar do engano dos
ídolos é zombar da insignificância desses ídolos. Isaías 44.9-20 estabelece
uma
situação assim. Eis uma versão atualizada dessa sátira dos ídolos.
A
INSENSATEZ DA IDOLATRIA
Ai que
idiota que fui! Coloquei minha esperança no trabalho, achando que ele me daria
segurança financeira e possibilidades de crescimento.
Trabalhei,
trabalhei e trabalhei até não poder mais, até não ter tempo para Deus e Sua
igreja.
Fiz
vista grossa para as desonestidades que aconteciam porque afinal de contas: “O
trabalho era meu pastor e nada me faltaria!”
Foi,
então, que vi a besteira que fiz!
A
empresa teve de fazer corte nos seus gastos e demitir funcionários.
E
aquilo que me dava segurança chutou meu traseiro e me deixou com a cara na rua!
Como
sou estúpida! Achava que meu namorado era fonte de minha alegria e prazer
Fazia
tudo por ele! Até o que não devia.
Dizia
eu no meu coração: “A quem tenho nos céus senão a ti”?
“E na
terra, nada mais desejo de estar junto a ti”.
Tudo
era maravilhoso até ele conhecer outra moça, mais bonita, inteligente e
simpática.
Todo o
romance acabou e marcada eu fiquei
Fui
mais uma das garotas “ingênuas” que ele enganou.
Como
fui capaz disso! Achava que as formas daqueles corpos me dariam prazer
Revistas,
filmes e mulheres que passavam pela rua,
Afinal,
não prejudicava a ninguém.
Sempre
pensava: “Playboy, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente;
A minha
alma tem sede de ti! “Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e
sem água”.
Tudo
parecia ir bem. Ninguém mais sabia.
Caminhava
eu na estrada da destruição.
Destruí
o relacionamento com minha esposa e filhos,
Perdi a
honra e arruinei oportunidades de ministério.
É o que
só podia se esperar quando desprezei a sabedoria e o ensino.