Jovem Pan e Pavinatto em: quando a cesura é verdadeira, não
serve de palanque moral
Olá, Dionê Machado. Tudo bem contigo? Sim, faz um tempo que
não envio nenhuma carta, peço desculpas, estou envolvido no trabalho de escrita
de meu novo livro, isso tem tomado todo o meu estoque de análises.😅
Mas hoje que aproveitar o tema que está tomando as redes
para fazermos uma reflexão conjunta, vamos lá?
O apresentador Tiago Pavinatto foi desligado do quadro de
comentarista da rede Jovem Pan, após negar-se a pedir desculpas a um membro do
poder judiciário por expor a sua opinião quanto a uma sentença que livrou um
pedófilo da justiça. Durante o encerramento do programa em que participava, ele
declarou:
“A direção da casa está pedindo uma retratação ao
desembargador Airton Vieira e eu não vou fazer. E eu deixo claro aqui: eu não
vou fazer uma retratação para uma pessoa que ganha dinheiro público, livra um
pedófilo, e ainda chama a vítima, de 13 anos de idade, de vagabunda. Eu me nego
a fazer. Estou sendo cobrado insistentemente a me retratar. Eu não vou fazer,
me desculpem. Não tem mais clima. Falar de criança acaba comigo. Espero que
amanhã eu volte pra cá”
O ocorrido ontem com o Pavinatto escancara que estamos, sim,
num estado de censura declarada. O fato de não chamar censura explicitamente
não muda o fato do estado policial já esteja implementado na consciência das
pessoas.
Percebo muitas pessoas colocando a Jovem Pan como a vilã da
história. Não entrarei no mérito do que a empresa deveria fazer, pois ela
também está sendo caçada e com pedido de suspensão da sua concessão, justamente
por dar espaço a todas as opiniões. O verdadeiro culpado por isso é o governo,
e governo em uma democracia é formado por várias mãos, sendo os 3 poderes
aqueles que o compõem, mas além disto, também por aqueles exercem o poder fora
dos cargos nominais.
No Brasil, está em vigência o império do relativismo
cultural de Franz Boas, quando aplicado à política, tudo passa a ser conforme o
poder centralizador de ideias. O grande problema nesta situação, é que este
processo “democratiza” também a responsabilidade pelo estado de coisas, pois
este passa a ser um senso comum autônomo, onde qualquer um pode falar, julgar e
perseguir em seu nome, mas ninguém pode ser acusado como o “pai da criança”.
Nenhuma ditadura moderna estabeleceu-se como ditadura após o
café da manhã. Todas elas foram criadas em nome do povo, de forma democrática,
solidária e pela libertação dos povos. Aqueles que não aceitam, devem ser
perseguidos e silenciados, em nome do povo, pela democracia, deforma solidária
e pela liberdade do povo.
Hoje no Brasil, até mesmo revolucionários de esquerda pensam
duas vezes antes de falar, pois se falarem algo contra este senso coletivo
ditatorial, podem ser a próxima vítima. Em sua defesa prévia, muitos já se
colocam como um “projeto em construção”.
A liberdade de imprensa não é relativa, a liberdade de
expressão não pode ser relativa, a liberdade de expressão não pode ter limites.
Caso alguém sinta-se prejudicado, este possui o direito de buscar reparação
judicial… mas para isso, o verdadeiro estado democrático de direito deve estar
funcionando e aqueles que tem o dever de zelar pelo devido processo legal,
jamais podem utilizá-lo e contorcê-lo da forma que queiram.
Sim, hoje o Brasil vive uma ditadura germinada pacientemente
e de forma coletiva na sociedade, aprofundada nas universidades, que formou uma
geração desde os anos 1990 abertamente com o espírito de guerreiro social, que
tenta a todo custo implantar uma horizontalização forçada da sociedade, onde
dão a isto o nome de humanização.
Esta humanização, em nome do amor coletivo ao próximo, não
possui uma “vítima”, mas apenas uma abstração inalcançável, um espantalho
dialético, que deve ser protegido de qualquer um que se levante contra o
Estado.
“Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do
Estado.”
Os fascistas do presente se declaram antifascistas e
acredite… humanistas e democráticos.
Um forte abraço e até a próxima! (continuo respondendo o
máximo de e-mails possíveis de vocês)
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