Baobá
Por Monik
da Silveira Suçuarana
Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais
(UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)
Ouça este artigo:
O baobá, também chamado de imbondeiro,
embondeiro ou calabaceira, é uma árvore nativa do continente africano e da
Austrália. Possui grande importância para os povos africanos, sendo considerado
símbolo de fertilidade, fartura e cura. Existem muitas lendas e mitos sobre o
baobá, evidenciando sua importância tanto para a cultura africana como para a
cultura afro-brasileira.
Existem oito espécies de baobás, todas pertencentes
ao gênero Andansonia e família Bombacaceae, sendo que sete estão
presentes no continente africano e uma é endêmica da Austrália. Das espécies
presentes no continente africano, seis têm distribuição natural restrita à ilha
de Madagáscar. Mas essas espécies estão presentes também em outros países,
inclusive no Brasil, onde ocorre a espécie Adansonia digitata.
Essas árvores podem alcançar 30 metros de altura e
mais de dez metros de circunferência. São capazes de viver por séculos ou milênios, por
isso são consideradas verdadeiras ancestrais vivas. Apresentam folhas caducas
que caem durante a estação seca, mas se as condições de umidade forem
favoráveis, as folhas continuam na árvore durante o ano inteiro. Folhas novas e
frescas são ricas em vitaminas e podem ser cortadas em pequenos pedaços e cozidas em molho. As folhas
secas podem ser moídas e usadas em sopas e molhos e também no tratamento de
doenças como diarreia, doenças urinárias e no combate da febre.
Baobás da espécie Adansonia grandidieri, em
Madagascar, África. Foto: Bernard Gagnon / Wikimedia
Commons / CC-BY-SA 3.0
O baobá floresce uma vez por ano. As flores são
grandes e solitárias e ficam de cabeça para baixo antes de secarem e caírem no
chão. É pendular branca e pode apresentar um leve tom de lilás. Abrem durante a
noite, exalando um cheiro que atrai morcegos para a polinização. Também exalam um cheiro azedo que atrai moscas e mariposas noturnas polinizadoras. O fruto do baobá é chamado de mukua
e é rico em vitaminas e minerais, é adocicado com uma ligeira acidez e possui
um miolo seco comestível. A polpa é usada para fazer mingau, pirão, engrossar
caldos, entre outros alimentos.
As sementes do baobá podem ser comidas cruas como
castanhas ou podem ser torradas. Podem também ser moídas e usadas no preparo de
sopas. A casca da raiz do baobá é utilizada na medicina tradicional
africana para tratar a febre. A casca da árvore também possui propriedades
medicinais e suas fibras são amplamente utilizadas para fazer fios, cordas,
cordas para instrumentos musicais, linhas de pesca, cestas, redes e armadilhas.
A madeira do baobá pode ser usada na construção de bancos, cadeiras, mesas,
canoas e carros alegóricos.
O tronco do baobá é uma importante fonte de água, podendo armazenar até 120 mil litros de água. Em
algumas regiões, como na Angola e Moçambique, os troncos são escavados e utilizados como cisternas comunitárias. Na Tanzânia o tronco oco é utilizado como banheiro. Na África
do Sul, na fazenda Sunland, existe um bar dentro de uma
árvore de baobá, que possui o tronco oco, mas as paredes são espessas o
suficiente para suportar o tamanho da árvore. Em média, a fazenda recebe cerca
de 5.000 visitantes por ano de todas as partes do mundo para conhecer esse
incrível baobá.
Acredita-se que o baobá chegou ao Brasil no início
da colonização. Ele pode ser encontrado nos seguintes estados do país: Alagoas,
Ceará, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte e Pernambuco, estado que concentra o maior número
de baobás catalogados, com mais de 150 exemplares.
Recentemente novas árvores de baobás de diversos
tamanhos e idades foram registradas no Distrito Federal, São Paulo, Paraná,
Maranhão, Piauí, Minas Gerais e Paraíba. Na cidade de Mossoró (RN) todos os
anos acontece a “louvação a baobá”, uma mobilização realizada pelos ativistas
negros da cidade. Em Fortaleza (CE) todos os anos ocorre um evento em torno do baobá em celebração ao Dia da Consciência Negra. A
programação inclui palestras, oficinas, danças de oferendas e abraço em torno
da árvore.
Curiosidades:
- Não é a maior, mas é a mais longeva árvore do mundo, podendo
vegetar por mais de 5.000 anos (clique aqui)
- Suas folhas servem como ingrediente principal de uma sopa chamada
“miyar kuka”. (clique aqui)
- As folhas jovens e frescas têm um teor de proteínas de 4%, e são
ricas em vitaminas A e C. Em termos de conteúdo mineral, a folha de baobá
é uma excelente fonte de cálcio, ferro, potássio, magnésio, manganês,
molibdênio, fósforo e zinco (YAZZIE et al. 1994). Este indica que, em
termos de qualidade e quantidade, a folha de baobá pode servir como uma
fonte significativa de proteínas e minerais para populações carentes.
(clique aqui)
- Trazidas da África essas árvores são consideradas sagradas e
têm significado importante para as nações de candomblé. (clique aqui)
- O fruto da Adansonia digitata L. (Baobá) é um
importante recurso nutricional e medicinal no tratamento contra
diabetes mellitus, estudos prévios verificaram a atividade
hipoglicémica do fruto. (clique aqui)
- Devido ao elevado teor de gordura, o óleo das sementes tem recebido
particular atenção por parte da comunidade científica na área da farmácia
e da cosmética, devido às suas propriedades terapêuticas em doenças
cutâneas. Pois no óleo das sementes estão descritas as vitaminas A e
C, vitamina E e vitamina D3 , todas são importantes na prevenção do
envelhecimento, promovendo a regeneração celular. (clique aqui)
- Sabe-se que a madeira do Baobá é utilizada com excelência
para fabricar instrumentos musicais. (Clique aqui)
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