Porta-vozes
do crime
Publicado
originalmente em Mídia Sem Máscara, em 01 de março de 2003
Quem
causa maior mal à Sociedade, os bandidos ou aquelas pessoas que, do alto do que
consideram serem suas qualificações, os defendem e, por serem “formadores de
opinião” deixam a população atônita, sem saber como reagir?
Há
muito não leio mais o Luis Fernando Veríssimo por causa de seus comentários
rancorosos e arrogantes. Mas alertado por um amigo li a coluna do dia 27/02,
“Nosso Pânico”. Começa citanda uma carta anônima distribuída aos comerciantes
antes do ataque orquestrado do tráfico: ”Será que entre os presos deste país
existe um que tenha cometido um crime mais hediondo do que matar uma nação de fome
e na miséria?” E prossegue Veríssimo, veladamente dando razão ao facínora
anônimo, que tem a petulância de chamar de filósofo: ”hoje nem o mais
reacionário defensor da tese de que vagabundo nasce feito discute as causas
sociais da delinquência”. Aqui Veríssimo mostra a total arrogância que o
caracteriza: ninguém mais discute, como se o autor soubesse tudo sobre o que
todos dizem e, de quebra, para intimidar, já rotula quem pensa diferente dele
de reacionário.
E vai
mais longe: “Você e eu (você, quem cara-pálida?), que somos pessoas conscientes,
mas sensatas (sic) (…) que já nos perguntamos muito: “como é que essa gente
(quem? Os favelados honestos que trabalham para viver?) não se revolta”?”,
temos medo de dizer isto com clareza, para não contribuir para o clima de
guerra, ou passar por defensor de assassinos”. Interessante é que ele confessa
o que realmente é, dizendo que não é, só tem medo de ser tomado por! Haja
contorcionismo verbal! E ainda inclui o leitor nisto. Bom, aqui ele talvez
tenha razão: quem continua lendo suas venenosas crônicas, só pode pensar
igualzinho mesmo.
Mais
adiante, num cinismo impressionante, declara: “ou, num descuido, dar aos
bandidos slogans prontos para transformar terror cotidiano em terror político,
e aí como é que a gente fica?” Mas é exatamente isto que ele e as ONGs tipo
VivaRindo (rindo dos idiotas que saem às ruas de branco, portando bandeirinhas
brancas e pombinhas, pedindo Paz ao Beira-Mar) fazem. Sugere, finalmente,
silenciar sobre quem verdadeiramente deveria estar preso, “os culpados pelo que
foi feito à nação em anos de insensibilidade e descuido, para não alertá-los de
que estão chegando perto de um discurso aproveitável de retribuição. Portanto:
ssshhhh”.
Mas o
pior é quando pessoas de maior porte do que o Veríssimo assume também, de forma
velada é óbvia, a defesa da bandidagem. Segundo outro maléfico jornalista que
por razões masoquistas continuo lendo, o “Marcito” Moreira Alves, a Deputada e
ex-Juíza Denise Frossard, que tanta esperança levantou na população (não em mim
que percebi imediatamente que se tratava de uma aproveitadora de fama), teria
declarado: “Mais eficiente para o povo do Rio de Janeiro será remover a
corrupção do que remover de lá o Fernandinho Beira-Mar”.
Será
que em sua experiência de Juíza esta senhora não conseguiu perceber a diferença
entre corruptos que roubam dinheiro, e assassinos que matam? Não posso crer,
deve ter aproveitado a “onda” socialista para fazer esta declaração, enquanto
certamente não se manifestou contra o roubo que é um Deputado receber
mensalmente R$ 74.000,00, fora “vantagens”, gráficas, telefônicas, aéreas e de
correio.
Razão
tem o Prefeito César Maia que defende o endurecimento da polícia contra o
narcotráfico e responsabilizou o Secretário Nacional de Segurança Pública de
Lula, Luiz Eduardo Soares, pela situação caótica na “cidade maravilhosa”.
Segundo ele, Soares e o ex-secretário José Paulo Bisol são responsáveis por
desmoralizar as forças públicas. “Ele promiscuiu uma polícia que era exemplar,
a Brigada do RS”, concluiu Maia. Depois de tentar aprofundar o desmantelamento
da estrutura policial do Rio de Janeiro, iniciado por Brizola, foi em boa hora
mandado passear. Para um auto-exílio nababesco com ares de sofredor e vítima.
Não sei se o Prefeito é sincero ou só se aproveitou da “onda” oposta, a da
indignação dos cidadãos de bem, vítimas indefesas, com vistas às próximas
eleições.
O ex-prefeito
de Nova York, Giuliani, fechou os ouvidos aos porta-vozes do crime – padrecos
de esquerda tipo Freis Betos e Boffs e Pastorais Penais, Veríssimos, Frossards,
Marcitos, et caterva – e decretou Tolerância Zero aos criminosos, re-aparelhou
a polícia metropolitana, re-ergueu o moral dos policiais, e hoje a cidade
campeã de crimes, é um exemplo de paz e ordem se comparada com Rio de Janeiro
ou São Paulo.
Como
diz o articulista Lúcio Ballousier: “A TOLERÂNCIA TEM QUE SER ZERO – para os
bandidos e para os responsáveis pela segurança da população”. E eu acrescento:
para os porta-vozes voluntários ou involuntários do crime.
(Se algum
dos aqui mencionados ler este artigo vai logo, arrogantemente, perguntar: quem
é este cara, nunca ouvi falar dele, deve ser um reacionário, tropa de choque do
Olavo de Carvalho e do Sandro Guidalli. OK, este reacionário é um gaúcho que
escolheu o Rio para viver e constituir família, e que ainda não se arrependeu).
Heitor
De Paola
Heitor
De Paola é escritor e comentarista político, membro da International
Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer House Foundation,
Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors da Drug Watch
International.
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