DONA FULÔ:
“Essa exposição trata de amor à vida e vitórias, de
mistérios e transformação”, afirma ministra na abertura de Dona Fulô e Outras
Joias Negras
Mostra é realização do CCBB Salvador e será aberta ao
público nesta quinta-feira (7)
Belíssima e impactante. Foi assim que a ministra da Cultura,
Margareth Menezes, definiu a Exposição Dona Fulô e Outras Joias Negras, lançada
na noite desta quarta-feira (6), no Museu de Arte Contemporânea da Bahia. A
mostra é uma realização do Centro Cultural Banco do Brasil Salvador e será
aberta ao público amanhã.
Com curadoria de Carol Barreto, Eneida Sanches e Marília
Panitz, a exposição é inspirada numa coleção de joias brasileiras conhecidas
como Joias de Crioula. A partir de uma fotografia em que uma mulher negra
aparecia ricamente vestida e ornamentada, revela uma prática implementada pelas
mulheres “escravas de ganho” e mulheres libertas, que evocavam sua história
ancestral africana.
“A primeira vez que tive contato com essas joias, me fixei
nas imagens que adornavam as mucamas africanas. Anos depois, tive a
oportunidade de ser convidada a conhecer uma história inusitada de mulher negra
instalada numa cadeira, irradiando uma energia magnética e uma doçura calma e
profunda no olhar, carregada de ouro, mas, com tanta naturalidade com tudo
aquilo. E se pararmos para pensar, é o ouro que a carrega”, contou a ministra.
A exposição é dividida em três núcleos, que mostram a
história de mulheres como Florinda, Quitéria, Rita, Tia Ciara, Mãe Menininha ou
Mãe Senhora, que compraram sua liberdade com o trabalho nas ruas.
“A imagem de dona
Florinda nos traz um sinal de que aquelas mulheres negras, de alguma forma,
forjaram um caminho a despeito das dores”, completa Margareth Menezes.
Dona Fulô tem curadoria de Carol Barreto, Eneida Sanches e
Marília Panitz. E conta com obras de 22 artistas baianos contemporâneos - fruto
da vasta e rica coleção de Itamar Musse.
“Itamar, você está contribuindo, efetivamente, com um novo
olhar sobre o que significam os colecionadores. Sua contribuição extrapolou o
hobby e o desejo, mas mostrar à Bahia e ao Brasil uma mulher negra que tem uma
história fascinante”, saudou o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.
Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil, afirmou
que essa é “muito mais do que a celebração estética e cultural, é um ato de
resistência, resgate e afirmação da memória negra. Principalmente da mulher
negra, numa sociedade que por tanto tempo tentou silenciar e tornar invisíveis
suas histórias, lutas e conquistas”.
“Ao trazermos à tona essas figuras e suas histórias, estamos
fazendo justiça. Justiça à memória daquelas que ao longo dos séculos moldaram
nossa cultura”, concluiu ao afirmar que esse é o propósito da exposição, honrar
essas mulheres e evidenciar seu protagonismo.
O lançamento do livro Florindas – dividido nos volumes Joias
na Bahia e Preciosa Florinda – completa a homenagem a essas mulheres. Textos e
imagens contam a história de Florinda Anna do Nascimento e apresentam toda a
coleção de joias do acervo de Itamar Musse.
Organizado pelo próprio colecionador, a obra conta com
versos de Gilberto Gil. E ele próprio declamou o poema escrito especialmente
para a publicação no ato que marcou o lançamento da exposição.
Serviço
Exposição Dona Fulô e Outras Joias Negras
Data: 7 de novembro de 2024 a 16 de fevereiro de 2025
Dias/Horários: terça a domingo, das 10 às 20h
Local: Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC) -
Endereço: Rua da Graça, nº 284, Graça, Salvador (BA)
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