. Versos íntimos (1912), de Augusto dos Anjos.
O poema mais famoso de Augusto dos Anjos é Versos íntimos. A
obra foi criada quando o escritor tinha 28 anos e está publicado no único livro
lançado pelo autor (chamado Eu). Pesado, o soneto carrega um tom fúnebre, um ar
de pessimismo e frustração.
Através dos versos podemos perceber como é a relação com
aqueles que estão ao redor e como o sujeito se sente decepcionado com o
comportamento ingrato dos que o cercam. No poema não há uma saída possível nem
uma ponta de esperança.
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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