sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

POESIA

 

 

. Versos íntimos (1912), de Augusto dos Anjos.

O poema mais famoso de Augusto dos Anjos é Versos íntimos. A obra foi criada quando o escritor tinha 28 anos e está publicado no único livro lançado pelo autor (chamado Eu). Pesado, o soneto carrega um tom fúnebre, um ar de pessimismo e frustração.

 

Através dos versos podemos perceber como é a relação com aqueles que estão ao redor e como o sujeito se sente decepcionado com o comportamento ingrato dos que o cercam. No poema não há uma saída possível nem uma ponta de esperança.

 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de sua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

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