sábado, 21 de junho de 2014

Biografia da minha Tia Emília



                Filha de José Dias Machado, português de Póvoa do Varzim, e de Maria Filomena Dias Machado, baiana de Alagoinhas, Maria Emília Machado Rodrigues nasceu em Salvador, em 1º de janeiro de 1914, no Sodré, rua em que viveu o poeta Castro Alves. Batizou-se na Igreja da Candelária, no Rio de janeiro, para onde os pais se mudaram pouco tempo depois do seu nascimento. Ainda criança, voltou para Salvador, residiu, durante a juventude, na Rua dos Perdões e estudou no colégio de mesmo nome. Formou-se nessa instituição, em 1934, obtendo o título de professora. Mas, por sentir-se na obrigação de amparar os pais, àquela altura já necessitados de sua ajuda, somente assumiu uma sala de aula em 1938. Ensinou na capital, em Madre de Deus, Esplanada e no arraial de Taquara, município de Paripiranga. Declara ter sido muito feliz no exercício do magistério.
               Em Paripiranga, enamorou-se de um rapaz distinto, por nome Jairo Dantas, mas o romance não floresceu, em virtude de diferenças religiosas. O moço era filho de pastor protestante, e Maria Emília, com a fé católica estabelecida no coração, anteviu conflitos inconciliáveis. O grande amor de sua vida seria o farmacêutico Cyro Rodrigues Filho, com quem se casou em 19 de março de 1952 (no dia de São José, ela faz questão de frisar) e de quem ficou viúva dezessete anos depois. Não contraiu novas núpcias, preferindo se dedicar à criação da filha Regina Maria Machado Rodrigues e do sobrinho Silas Suzart Machado e se colocar a serviço da vida religiosa, cujo fervor se mantém até hoje.
              Dos seus 95 anos de existência, completados no dia 1º de janeiro, Maria Emília consagrou 63 à Paróquia de São Pedro. Foi colaboradora atuante, dessas que, se pudessem, não se afastariam da igreja de forma alguma. Entre as atividades que desenvolveu, estão as de catequista e de intercessora da Renovação Carismática. Até 2006, coube a ela responder pela tesouraria da Irmandade de Bom Jesus da Paciência. Pertenceu também à Irmandade de Nossa Senhora do Carmo e ao Apostolado da Oração.
              Unanimidade entre seus familiares, amigos e colegas de paróquia, Maria Emília conta com a estima e a admiração de todos. Ela recebe e retribui na mesma medida atenção e carinho, e quando solicitada, ou na maioria das vezes de modo espontâneo, roga o socorro de Deus, em prol daquele parente ou amigo que porventura esteja passando por momento de aflição. É conhecido o poder intercessor de suas orações. Devota do popular Santo Antônio, a oração que mais lhe pedem é o responso.
              Pela intercessão do santo paduano, foge a peste, o erro, a morte. Tratando-se de Maria Emília, fogem, igualmente, os lapsos de memória: é quase impossível ela esquecer a data de aniversário dos parentes e deixar de telefonar felicitando-os pelo dia.  O mesmo ocorre em relação aos amigos e colegas. Eles sabem que, no dia em que inauguram outra idade, o telefone vai tocar e do outro lado estará Maria Emília desejando-lhes do fundo da alma o melhor que a vida pode oferecer.
             Sua vida, contudo, não tem se resumido às orações rezadas em casa. Ela continua comparecendo às missas da Igreja de São Pedro, embora, certamente, não com a frequência com que desejaria. Além disso, participa de um grupo da melhor idade, o qual, segundo o entendimento dela, é o que a mantém viva, forte e lúcida. (Muitos crêem, e não sem razão, que a jovialidade do seu espírito também concorreu para que chegasse até aqui.) Mas a exata explicação para a longevidade saudável de Maria Emília só pode ser oferecida pela fé e seus mistérios.
             Sim, a fé. A velha fé que não costuma falhar. A inteira confiança que dona Emília deposita no infinito poder de Jesus de Nazaré.

                                                                                                 José Raulino (Raul) Genro

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