quarta-feira, 25 de junho de 2014

SÃO FRANCISCO DE ASSIS








DIONÊ MACHADO




Trabalho realizado quando entrei na OTSSF, 1982.
Hoje, sou Presbiteriana do Brasil, com uma visão bíblica diferente.
Respeito todos os que divergem de mim.






 “FAÇA CRESCER O FRANCISCO QUE HABITA EM VOCÊ”


ORDEM TERCEIRA SECULAR DE SÃO FRANCISCO
SALVADOR: BAHIA: 1982

















NOSSO IRMÃO FRANCISCO DE ASSIS


Que não foi sacerdote, mas gerou multidões de sacerdotes;


Que não foi intelectual, e, no entanto contou com celebrações poderosíssimas;



Que foi santo,


Que foi poeta;


Que foi místico,


Que foi, acima de tudo, AMOR.




FRANCISCO DE ASSIS


“Repetitor Christi”
“Hippie de Deus”
“Poverello de Assis”
“Estigmatizado do Monte Alverne”
“Cristo da Idade Média”
“Alter Christus”
“Pelegrino de Deus”
“Cavaleiro do Evangelho”
“Pai Seráfico”
“Espelho de Perfeição”
“Reformador Social”
“Revolucionário”
“Contestador”
“Arauto do Grande Rei”
“Tro9vador de Deus”
“Serafim do Amor Crucificado”
“Novo Evangelista”
“Novo Apóstolo”
“Novo João”
“Filho do Homem”
“O Carismático”
“O Místico”
“Liberte, égalité, fraternité”        (Inspirado no ideal franciscano e Lema da bandeira da Revolução Francesa).

           

Não obstante alguns hiperbolismo subsiste em Francisco o caminho reto no mistério de Deus com tal fidelidade que se descobriu em Jesus Cristo, daí as analogias, extremismos dos seus admiradores e seguidores.

Francisco se constitui em espelho de Cristo. Ao espelhar-se procurou assemelhar-se. Sem perderem suas individualidades Cristo e Francisco chegaram a uma identificação. Um constitui a realidade – fonte, outro a realidade – reflexo. Sua proposta de vida, era imitar a Cristo. Deliberadamente renunciou a toda originalidade.




NASCIMENTO


“Em Assis Belém se renova
Com espantosos sinais
Qual Jesus, Francisco nasce
Entre brutos animais”.

(Fr. Francisco de São Carlos)



(Analogia ao nascimento de Cristo – pertence ao reino da legenda).


            Nasceu em Assis, (26/09/1182) Itália. Descendente de nobre Família. Era um jovem alegre, bem dotado, atraente e comunicativo. Filho de D. Domenica Pica e de Pedro Bernardone, próspero comerciante de tecidos. Esbanjador lamentava-se disso ao avaro Bernardone. Mais tarde viria Francisco a chorar por ter gasto esses preciosos anos em vaidades e prazeres vazios.

            Conta-se que por ocasião do seu nascimento, um peregrino teria percorrido as ruas de Assis, clamando “PAZ E BEM”, teria voltado após sua conversão, repetindo a mesma exclamação.

            Viveu na Idade Média, numa época em que a desagregação expandia-se. A mentalidade da Europa Cristã pervertida, crescia cada vez mais. O apetite dos prazeres terrenos se transformava em ânsia. As diversões, mais suntuosas. Uma vida cheia de deleites, de sensualidades e moleza. Os corações se desprendem de amor ao sacrifício e a vida eterna. Os excessos e avidez de lucros estendiam-se por todas as classes sociais. O próprio espírito da Igreja era vítima dos tempos conturbados. Necessitava de profunda restauração espiritual, Era uma época de transição político-social; o mundo feudal e o mundo burguês.

            Francisco é convocado por Cristo, sua conversão é profunda e total. Nascia um novo homem, para o árduo trabalho da restauração da sua casa. Através do amor fraterno. Francisco lutará para superar essas diferenciações sociais e espirituais.

Fases de conversão

1º - fase – 1204 – Deus fez cair em grave enfermidade a fim de abrir-lhe os olhos para as futilidades dos bens terrenos.

2º - fase – 1205 – Ouve a voz do Senhor no caminho para Apúlia. Dedica-se intensamente ás orações.

3º - fase – 1206 – Ouve do Crucifixo de São Pedro Damião a primeira resposta: “Francisco, se desejas conhecer a minha vontade, é necessário que desprezes e aborreças tudo quanto amaste e desejaste possuir com amor carnal; Logo comeces a proceder assim, tonar-se-ão amargas e insuportáveis as coisas que antes te eram doces e suaves e, ao contrário, terás grande doçura e suavidade naquilo que te causava horror”.

4º - fase – 1206 ou 1207 – Ouve do Crucifixo de São Pedro Damião uma segunda resposta: Não vês, Francisco, a minha casa em ruínas? Vai repará-la (Ele procurou seguir ao pé da letra...)

Sofre as vaias dos moleques e a ira do pai. É colocado num porão a pão e água. A mãe o liberta. O pai recorre aos magistrados para deserdá-lo e exilá-lo.

Intimado a apresentar-se ao Tribunal dos Cônsules, responde: “Estou livre pela graça de Deus e não devo mais conta aos Cônsules, porque me fiz Servo do único e ais alto Senhor”.
Os magistrados declararam ao pai: Se ele se consagrou ao serviço de Deus, está fora da alçada da nossa autoridade.

O pai recorre ao bispo. Diante deste e da multidão, Francisco despoja-se dos bens terrenos e escolhe a Deus como Pai.

“Ouvi todo, ouvi atendei, até agora tenho chamado de pai a Pedro Bernardone, mas como fiz o propósito de servir a Deus, restituo-lhe o direito pelo qual se inquietava e as roupas que me deu, de tal modo que de agora em diante poderei dizer com todo direito: Pai nosso que estais no céu.
Pertencia agora exclusivamente ao amor de Deus.

5º - fase – 1209 – Reconstrói através de doações a Igreja de São Damião. Depois a de São Pedro e a de Santa Maria dos Anjos. Junto a capela em Porciúncula fica morando. Compreende que a Casa de Deus em ruínas era a Igreja Santa.

Como cumprir a missão recebida?

Na festa de São Matias (24.02.1209) ouviu durante a Santa Missa a palavra do Santo Evangelho: Ide, pois, e pregai dizendo: está próximo o reino de Deus... Não leveis ouro, nem prata, nem cobre em vosso cinto, nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sapatos, nem bastão”.

Ele recebeu estas palavra como revelação do céu. “Isto é que eu desejo cumprir com todas as minhas forças”. – Seria ele o cavaleiro do Evangelho? Arrancou o cinto que trazia sobre o hábito de ermitão, fez para si uma túnica desprezível e grosseira e tomou por cíngulo uma corda.
Francisco ermitão e restaurador de igrejas, transformou-se em apóstolo e evangelista. Falava com simplicidade de penitência e dos reinos dos céus. Tanta pobreza, sinceridade, honestidade, e mortificação que a realidade de sua alma impressionava os homens. “Ele não era simplesmente um orante, mas Todo ele feito oração”.

SÃO FRANCISCO FUNDA A ORDEM PRIMEIRA (1209)

            O resultado foi maravilhoso. Almas generosas vinham oferecer-se a viver como ele e com ele. Formou-se a primeira Ordem com 12 irmãos leigos. Seus frades eram pregadores ambulantes, sem conventos, sem estabilidade local.
            O Papa Inocêncio III aprova sua regra de vida (16.04.1209).
            Honório III em solene bula promulga a regra da Ordem dos Frades Menores.
            Porciúncula era o centro comunitário, o ponto de partida dos Missionários de Francisco para a cristianização do mundo.
SÃO FRANCISCO FUNDA A ORDEM SEGUNDA DAS POBRES DAMAS


A alma feminina também sentiu-se atraída pelo espírito de Francisco. A nobre Clara Scifi foge do seu castelo para levar ima vida pobre e penitente. Em Santa Maria, despoja-se dos bens materiais e entrega-se a Jesus Cristo.

Segue-lhe os passos a irmã Inês, e depois Beatriz, e posteriormente a mãe Ortolona.

Cumpria-se a profecia de Francisco. Florecsia um mosteiro de damas pobres, para glorificar o Pai celestial. Era a Ordem das Clarissas.



SÃO FRANCISCO FUNDA A ORDEM TERCEIRA (1221)


Após uma pregação na cidade de Alviano, pensou ele na fundação de uma terceira Ordem. Os habitantes ficaram empolgados com sua palavra e possível conversa com as andorinhas que antes farfalhavam no local, e que ficaram silenciosas a seu pedido.

Aproveitando a boa vontade do povo, procurou firmar sua pregação na penitência e paz.

Luquésio e Bona Dona foi o casal que primeiro entrou na Ordem Terceira, e São Francisco lhes deu o nome de Irmãos da Penitência.

A vida nas ordens era de penitência.





O PRESÉPIO DE GRÉCCIO (1223)


            Após uma cruzada missionária e visitas aos lugares da Terra Santa, voltou Francisco à Itália, e com licença do Papa, pediu a seu amigo Velita, que armasse um presépio igual ao que nasceu o menino Jesus. Em 1223 durante a missa São Francisco cantou o Evangelho, e pregou sobre o menino de Belém. João Velita viu o menino nos Braços de Francisco, adormecido e morto nos nossos corações, mas com os exemplos de Francisco, fora despertado.


AS CHAGAS DE JESUS (1224)

            O Monte Alverne foi o Calvário na vida de São Francisco. Ele subiu seis vezes, a fim de contemplar na absoluta solidão a sagrada Paixão de Cristo.
            Em oração pediu São Francisco que sentisse as dores do corpo e da alma das chagas do Senhor Jesus Cristo; o segundo pedido foi que ardesse em amor por nós miseráveis pecadores. Sua oração foi atendida, apareceu o crucificado em forma de Serafim e suas mãos e seus pés foram transpassados com cravos de carne, negros como ferro, e abriu-lhe no peito uma ferida como lança, vermelha e gotejante.
            Doravante, Francisco seria o Serafim do amor crucificado, sofrendo pelos pecados do mundo.


A BENÇÃO E O TESTAMENTO (1225)


            Estando muito doente, julgando que sua hora tivesse chagado, os frases pediram sua benção e uma lembrança. Com muito esforço, ditou estas palavras: “Abençôo as todos os irmãos, os que já estão na Ordem e os que nela entrarem até o fim do mundo”. E como testamento: “que se amem uns ais outros como os tenho amado ainda – que conservem a senhora pobreza – que sejam fiéis a Madre Igreja... A todos abençôo quanto posso e o mais que posso”.  
A MORTE (1226)

“Adverte, não é Jesus,
É Francisco o que aí jaz,
A quem semelhante faz
“Nascimento, vida e cruz”.
(Fr. Francisco de São Carlos).


Enfraquecido voltou a Assis. Num sábado, Francisco sente a próxima vinda da Irmã Morte Corporal. Despediu-se de todos os frades um por um. Fez-se estender nu sobre a terra nua e pediu para esparzirem cinza sobre ele. Depois recebeu em esmola o hábito das mãos do guardião. Cantou o Salmo 141 até a última estrofe e emudeceu... Entrou na eternidade.
As cotovias vieram trazer-lhe o último adeus refinando as asas chilreando num canto maravilhoso.
Falecimento – 04/10/1226.


A GLORIFICAÇÃO


            Antes de dois anos, já estava canonizado em Assis, na Igreja de São Jorge, no dia 16 de Julho de 12287. No dia seguinte, foi lançada a pedra para a construção da grande Basílica, para o túmulo de São Francisco.
           
            Em 1916 foi declarado Patrono da Ação Católica.

            Em 1939 foi escolhido como Patrono Principal da Itália, juntamente com Santa Catarina de Sena.

            O cadáver de Francisco sumiu por uns tempos, e só foi reencontrado em 1818, dentro de austera tumba, onde até hoje se encontra.

            No Brasil, o dia 04 de outubro é consagrado ao Santo.
SÃO FRANCISCO UM REVOLUCIONÁRIO

      São Francisco de Assis pode ser considerado um dos mais radicais de todos os tempos. Nunca se interessou por política, mas vivia numa época de transição, um momento histórico importante e difícil. Com ele nascia uma era nova, para milhares de seres humanos. Ao despojar-se dos bens terrenos, ao romper com os vínculos do seu passado, não pensava em ser um revolucionário, sua intenção era puramente espiritual, religiosa, sobrenatural. Não havia intenção social, história. Tudo nele era pura consciência nascida do seu diálogo com o Criador. Foi um ato de amor, de dever moral, sem nenhum caráter sectário.
      Francisco de Assis foi exclusivamente um homem de Deus.
Procurou apenas a perfeição, o amor, a caridade. Sua preocupação era atingir a pureza máxima, realizou com isso o tipo de revolucionário integral. Sem querer, mudou a história. Mudou dentro do próprio ritmo do tempo e das renovações históricas. Sua revolução foi sua própria conversão que teve repercussão social e institucional. Francisco foi um libertador. Começou por libertar a si mesmo.
            Toda vez que na História da Humanidade houver transmutações de Valores, ao se passar de um extremo a outro, estaremos fazendo revolução. Francisco é lição para toda a humanidade. Sempre deveremos ser revolucionários no sentido íntimo e moral. Devemos trocar o “homem velho pelo novo”. Não ser indiferentes e sim participantes. Esse, o exemplo que ele nos deixou.

SÃO FRANCISCO UM EXEMPLO PARA TODOS OS TEMPOS
           
São Francisco foi um autêntico ecólogo. Um exemplo que precisa ser imitado, principalmente em nossos dias de destruição do equilíbrio ecológico. O homem moderno não quer conviver, mas dominar a natureza. Francisco fez dos vermes, do sol, da lua, seus irmão. Havia uma “amigável” união que se estabelecia com todas as coisas. A natureza para ele representava um inefável gozo. Conversava com os animais, com as flores, agradecia a todos e ao seu Criador. Sentia-se atraído pela natureza com um estranho e imenso amor.
            As próprias angústias e dores, não as conhecia com o nome de penas, se não com o de irmãs.
            O mundo de Francisco não é um universo morto e inanimado, mas sim personalizado, existem laços de consanguinidade com o homem. Por serem irmãos não podem ser violadas, mas devem ser respeitadas.
            Até as ervas daninhas ele as conserva, pois, anunciavam também o pai de todos os seres.
            Foi um poeta ontológico, um poeta capaz de captar a mensagem transcendente e sacramental que todas as coisas proclamam.
            Deus representava uma fusão cósmica com todos os elementos. Se todos são filhos de Deus, então todos são irmãos entre si. Não há inimigos. Todos tinham a mesma origem. Não se achava senhor da natureza, mas juntava-se a ela formando uma grande família.
            Francisco não optou apenas pela pobreza material, mas, sobretudo, pela renúncia de domínio dos seus próprios valores. A posse é que cria obstáculos à comunicação entre os homens e deste com a natureza. Francisco se subtrai ao fascínio de poder, de domínio de natureza. Só existe liberação do mundo quando o homem liberar a si próprio.
            Imitar São Francisco é buscar a ascese, a renúncia, a pobreza a penitência e a cruz.
            Aquele que conseguir, pela árdua penitência e por um grande despojamento, remover todos os obstáculos que se interporem entre sua pessoa e as criaturas, terá alcançado o ideal franciscano.

O CÂNTICO DO SOL – Certa noite em meio a muitas tribulações e enfermidades, Francisco recorre ao Senhor, pedindo-lhe paciência para suportar as dores; em oração entrou na agonia e ouve em espírito, uma voz que lhe prometia em troca der todas as dores, um tesouro no Reino dos Céus. Francisco com incontida alegria, levanta-se, pondo-se a meditar, e canta hino recém composto.
            Um cântico que surgiu no meio de uma noite escura do corpo e da alma. Um homem cego em meio a dores horríveis cantava a matéria, o sol, a luz, a água e o fogo, um louvor cósmico. O hino é a erupção mística da unidade e irmandade com tidas as coisas de Deus. O sol iluminou sua escuridão interior.

CÂNTICO DO SOL

Altíssimo, onipotente, bom Senhor
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a bênção.

Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
de Te mencionar

Louvado sejas, meu Senhor, com todas as
tuas criaturas,
Especialmente o Senhor Irmão Sol
Que clareia o dia e com sua luz nos alumia.

E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo, é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua
e as estrelas,
Que no céu formaste claras
E preciosas e belas.

Louvado, sejas, meu Senhor, pela irmã água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo
Pelo qual iluminas a noite,
E ele é belo, e jucundo, e vigoroso, e forte.

Louvado sejas, meu Senhor, por nossa
Irmã a mãe terra,
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos e coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.

Bem-aventurados os que as sustentam a paz,
Que por Ti, Altíssimo,
serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã, a morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.

Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar conformes à tua
santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!

Louvai e bendizei ao meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade.
         

(Tradução literal, publicada nos
Opúsculos de São Francisco,
Vozes, 1956, p. 126).

FRANCISCANOS NO BRASIL


            O Brasil nasceu nas mãos do franciscanos, foram os “pregoeiros da aurora” nas terras de Santa Cruz. Foram os únicos missionários nos primeiros 50 anos de colonização. Foram os primeiros a estabelecer contato entre os índios com o cristianismo.
            A primeira imagem de São Francisco foi trazida por Gonçalo Coelho em 1503, hoje encontra-se em Porto Seguro.
            Para a expedição de Pedro Álvares Cabral foram selecionados oito franciscanos, tendo como superior Frei Henrique de Coimbra.
            Os primeiros mártires do Brasil são franciscanos.
            A primeira capela do  Brasil em Porto Seguro foi dedicada ao nosso São Francisco.
            A principal atividade dos franciscanos era a catequese dos índios, o trabalho pastoral, a luta pelos direitos humanos; ensinavam música oral e instrumental, catecismo, primeiras letras.
            Trabalho árduo, cansativo, difícil, mas que alcançou os objetivos propostos pelo espírito franciscano.







ALGUNS PENSAMENTOS DE FRANCISCO DE ASSIS


            - “Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida”.
            - “O desejo de transmitir aos homens minha experiência, levou-me a fundar as ordens, e mostrar que pela penitência ou conversão, poderiam também, chegar a plena alegria e paz”.
            - “Para mim a Irmã Pobreza, é como uma esposa inseparável”.
            - “A grandeza humana é ilusória”.
            - “Sabe o que Cristo fez comigo? Deu-me as Chagas que são sinais da sua Paixão para que eu fosse seu porta-estandarte”.
            -“Perguntam-me: por que andas pelas ruas e campos chorando? Choro a Paixão do meu Senhor Jesus Cristo, por cujo motivo não deveria envergonhar-me de correr todo o mundo chorando em alta voz”.
            -“Como é santo, como é querido, agradável, aprazível, humilde, tranquilizador, doce, amável e sobre todas as coisas, desejáveis ter um tal irmão que entregou sua vida por suas ovelhas”.
            - “A meditação diante do crucificado é, na verdade, a grande escola de espiritualidade”.
A cruz revela-me o mistério do pecado.
A cruz é um livro aberto onde se aprendem todas as virtudes.
“A cruz nos integra ao Cristo”.
            - Tenham em mente, acima de tudo, o desejo de possuir o Espírito do Senhor e de seu santo modo de operar: Orar sempre a Deus de coração puro”.
            -“Não viva somente para si, mas procure ser proveitoso aos outros”.
            -“O’ Glorioso Deus altíssimo, iluminai as trevas do meu coração concedei-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Daí-me Senhor, o (reto) sentir e conhecer, afim de que possa cumprir o sagrado encargo que na verdade acabais de doar-me. Amém”.
            -“ Todas as coisas temporais devem servir ao espírito de oração e piedade”.
            -“Mesmo as almas mais perdidas, tanto dos ricaços apodrecidos pelo vício, como dos indigentes mais relaxados na miséria, em ladrões, bandidos e tiranos, procure descobrir a centelha de divino, e a todos canto as trovas do perfeito amor, a todos ofereço o tesouro escondido que encontrei”.
            -“Minha Escola é o Santo Evangelho e o próprio Cristo”.
            -“A vida, mesmo de um vernezinho, eu respeito como procedente do Pai Celeste”.
            -“Meu lema pé amar, imitar e servir a Cristo”.
            -“Meu Deus é meu tudo”
            -“Devemos viver como se fossemos membros de uma só família”.
            -“Devemos nos guardar de toda soberba, vanglória, inveja, avareza, cuidados e solicitudes deste mundo, detração e murmuração”.  
            -“A pobreza nos faz herdeiros do Reino dos Céus”.
            -“Aqueles que receberam do Senhor a graça de trabalhar, trabalhem com fidelidade e devoção”.
            -“Nunca devemos aspirar sobrepor-nos aos outros, mas antes sejamos por amor de Deus os servos e súditos de toda criatura humana”.










TROVAS MINHAS

PERFEITA ALEGRIA

Lá vem o nosso Francisco,
Ao lado de outro irmão,
É a ovelha de Deus,
Todos o chamam Leão.

Conversam pelo caminho,
Francisco em alto brado,
A cada tempo pergunta:
Qual a perfeita alegria?

O outro impaciente,
Não sabe o que responder:

É saciar os famintos,
Desnudar-se ao tempo,
Ser manso e humilde,
Doar todos os bens?

É muito mais do que isso,
Responde de pronto Francisco:

É suportar injúrias,
Abandonar-se á cruz,
Aceitar em silêncio,
Acreditando em Jesus.




MAIS EXEMPLOS QUE PALAVRAS

Num mundo Burguês nasceu,
O jovem e forte Francisco,
Vivia grandes prazeres,
Até que se converteu.

Chamado a reconstruir,
A casa do Criador,
Que fez sua morada,
Na alma do servidor.

Amigo da natureza,
Ecólogo por vocação,
Vivia perfeita união
Sem domínio ou opressão.

Por amor obedecia,
E também fez-se oração,
Por amor penitência,
Chama a todos de irmãos.

Enviou seus companheiros,
Dois a dois por toda parte,
Provando com seus exemplos,
Pois palavras voam aos ventos.

Espelhando-se no Mestre,
Buscou se identificar,
Seguia o santo Evangelho
Sem omitir qualquer parte.



UMA LIÇÃO MAL APRENDIDA


Francisco o trovador,
Cantou a todos os seres,
Cantar era seu brado,
De amor sem preconceito.

Francisco sua presença,
É forte como o tempo,
Porque mais que palavras,
Deu-nos seu grande exemplo.

Os homens não têm mais tempo,
Só vivem para correr,
A pouca fé nos invade,
Esquecemos de viver.

Lutamos a vida inteira,
Para a terra possuir,
Restaram-nos os sete palmos,
Não adianta aguerrir.

Como medo de cada dia,
Vivemos falsa alegria,
Enganamos a tristeza,
Que em nós fez moradia.

Francisco é tão difícil,
Seus exemplos imitar,
O mundo é falso brilhante,
Que vive a nos ofuscar.


CANTARES

“Andai como filhos da luz”. Paulo
- (Efésios, 8:8)


            Seis dias depois da crucificação, isto é, a 30 de setembro de 1224, o poeta do Amor Fraterno se despede do seu Monte Alverne e dos frades.
            O Irmão Cordeiro o acompanhou pois era seu secretário e confidente mais íntimo. Leão anotava tudo o que o amigo dizia e fazia; graças à sua proficiência e visão, hoje podemos inebriar nossas almas na leitura do Cântico do Adeus, o Cântico do Irmão Sol e muitos outros escritos que o Santo ditava de improviso.
            Eis o “Cântico do Adeus”, dirigido aos frades, ao monte e à luxuriante natureza onde lhe foi possível atingir o mais alto grau de ascensão espiritual:

“Adeus, adeus, adeus, todos vós,
ficai em paz, filhos caríssimos,
Adeus, afasta-se de vós minha pessoa,
mas eu vos deixo o meu coração.
Vou-me com o Irmão Cordeiro de Deus
para Santa Maria dos Anjos
e não mais aqui tornarei.

Parto. Adeus, irmãs árvores, irmãos animais
alados, quadrúpedes e rastejantes.
Adeus, monte! Santa montanha,
Não mais voltarei a visitar-te.

Adeus, penha. Adeus, adeus, penha
Que em tuas vísceras me recebestes,
Escarnecendo dos atormentadores,
Não mais nos tornaremos a ver.

Adeus, Santa Maria dos Anjos do Alverne!
Eu te recomendo estes meus filhos,
Mãe do Verbo “Eterno”.

DE ALMA PARA ALMA


“Tua alma é uma luz – não a extingas...
Rua alma é uma flor – não a deixes murchar...
Tua alma é livre – não a escravizes... Huberto Rohden –
(De Alma para a Alma)

            Irmão Cordeiro andava melancólico e Frei Francisco sentira chegado o momento de cumprir o prometido, pois ele ansiava por ter em seu poder escrito pelo mestre. Guardaria no seu escrínio.
            - Traz-me papel, pena e tinteiro, porque quero escrever os louvores de Deus que meditei no meu coração.
            A mão sangrenta e trêmula mal segurava a pena quando ele traçou esse maravilhoso e extraordinário poema do supra-consciente:
            “Tu és Santo, Senhor Deus único, que operas maravilhas.
            Tu és forte. Tu és grande. Tu és Altíssimo. Tu és rei onipotente.
            Pai santo, rei dos céus e da terra. Tu és trino e uno, Senhor Deus, e todo o bem.
            Tu és o Bem, todo Bem, o Supremo, Senhor Deus vivo e verdadeiro.
            Tu és caridade, és Amor. Tu és sabedoria. Tu és humildade. Tu és paciência. Tu és segurança.
            Tu és tranquilidade. Tu és jubilo e alegria. Tu és justiça e temperança.
            Tu és toda a suficiente riqueza. Tu és beleza. Tu és mansidão. Tu és protetor.
            Tu és guarda e defensor. Tu és fortaleza. Tu és refrigério.
            Tu és a nossa esperança. Tu és a nossa fé, Tu és a nossa grande doçura.
            Tu és nossa vida eterna, grande e admirável Senhor,
            Deus onipotente e misericordioso “Salvador”.

Dionê Machado.

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