“A origem do ser humano dentro da teologia judaico-cristã radica no momento da criação, quando Deus criou Adão como sua imagem e semelhança”. Esta forma de entender a origem do homem se colocou como predominante desde que o cristianismo se tornou a principal religião do Ocidente.
Entretanto, desde o fortalecimento do racionalismo, a partir do Iluminismo no século XVIII, as doutrinas religiosas passaram a ser questionadas e novas teorias explicativas sobre os mais variados assuntos foram desenvolvidas. No caso da origem do ser humano, a influência da análise racional sobre o mundo natural levou Charles Darwin, principalmente, a elaborar a teoria evolucionista, colocando a origem do ser humano como decorrente da evolução das espécies, frente à sua adaptação ao meio em que estavam inseridas.
O dilema sobre as duas teorias explicativas pode manter vivo um questionamento que vem sendo feito há séculos: Adão tinha ou não tinha umbigo?
Esta questão pairou sobre a cabeça dos teólogos durante a Idade Média e o Renascimento, no Ocidente, levando inclusive a intensos debates entre os bizantinos.
No âmbito do criacionismo há duas possíveis versões. Deus tendo criado Adão já adulto não seria necessário a ele ter um umbigo, pois ele não havia sido gerado a partir do útero de uma mulher. Porém, como Deus criou um ser perfeito, mesmo sendo já adulto, Adão foi feito com umbigo, igual aos demais homens e mulheres que ele teria deixado como descendentes.
Pelo lado da visão do evolucionismo é certo que Adão tinha um umbigo, pois mesmo que seja tratado como o primeiro homem propriamente dito, decorrente da evolução dos hominídeos, ele teria sido gerado dentro do útero de uma progenitora, sendo necessária para a sua gestação a alimentação através do cordão umbilical. Com o corte deste cordão após o nascimento, resultaria o umbigo.
Apesar da existência ou não do umbigo de Adão ser uma discussão cujo resultado é estéril, ela gerou algumas controvérsias, durante a Idade Média e o Renascimento, principalmente no que se refere à produção artística. Os pintores que retratavam as cenas do Éden se viam frente a esta questão: representar Adão com ou sem umbigo?
Alguns pintores usavam como recurso para fugir da resposta insolúvel a pintura de folhas grandes na região pélvica de Adão, que além de esconder seus órgãos genitais, tapava também o local onde presumivelmente se localizava o umbigo. O teólogo John MacArthur afirma que Michelangelo ao pintar seu mais famoso afresco na capela Sistina, A Criação de Adão, teria dado um umbigo enorme a Adão, o que lhe valeu observações repressivas por parte de alguns teólogos da época.
Esta questão da existência ou não do umbigo de Adão serve em nossos dias para mostrar o quanto é também conflituosa a explicação da origem do homem frente às duas principais teses explicativas sobre este fato, o criacionismo e o evolucionismo. O debate confrontando fé e ciência pode não gerar respostas absolutas, mas pode ampliar a reflexão e aprofundar nossos conhecimentos sobre a vida e a forma que a desenvolvemos no mundo.
Por Tales Pinto
Homo sapiens"
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