Descendo
para cima - assim caminha a humildade
Deus não se impressiona com nossas fantasias e nunca desiste
de nos ajudar na descoberta de nosso “eu verdadeiro”
Por Reinaldo Percinoto Jr.
“Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha
será engrandecido.” (Lc 18.14b, NTLH)
Lucas é o único evangelista a registrar a “parábola do
fariseu e do cobrador de impostos” (confira no cap. 18, versos 9 a 14), contada
por Jesus “para os que achavam que eram muito bons e desprezavam os outros”.
Podemos passar a vida nos escondendo por trás de fantasias
que projetamos sobre nós mesmos. São verdadeiras “ilusões”, que escondem nossas
fragilidades e imperfeições, e, por isso mesmo, acabam se transformando em
“refúgios” que proporcionam uma falsa sensação de “superioridade”.
Autocentrados, acabamos nos sentindo “por cima” dos outros,
e acima das limitações inerentes aos reles mortais aprisionados em sua
consciência de finitude e transitoriedade.
Até que algo, ou melhor, Alguém, nos chama pelo nome e nos convida
a “descer” do pedestal ilusório! E, na “descida”, começamos a nos dar conta de
que estávamos “protegidos” por uma “casca de cristal”, maquiada com o efêmero
verniz do orgulho e polida diariamente com a satisfação dos desejos pessoais.
E, “descendo”, aos poucos, a dolorosa desilusão vai dando
lugar a um alegre e libertador desapego.
Essa “falsificação do eu” pode nos atingir a todos. E
adquire um agravante extra quando se instala na vida religiosa, na forma
fantasiosa de “superioridade espiritual”. É como se fosse um “pecado de
auréola”!
A boa notícia é que Deus não se impressiona com nossas
fantasias e, melhor ainda, nunca desiste de nos procurar e nos ajudar na
descoberta de nosso “eu verdadeiro”. C. S. Lewis sintetizou esta boa nova com a
costumeira sagacidade: “Chega uma hora em que as pessoas que ficam brincando
com a religião ("a famosa busca do homem por Deus"), de repente,
voltam atrás: ‘Já pensou se nós o encontrássemos mesmo? Não é essa nossa
intenção! E, o pior de tudo, já pensou se ele nos achasse?’” (Um Ano com C. S.
Lewis, p. 11, Ultimato).
Eis o nosso desafio para a vida toda: deixarmo-nos ser
encontrados por Deus, ouvir seu chamado e “descer” para o “andar” da
transformação! Vamos juntos?
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