segunda-feira, 20 de maio de 2024

REFLEXÃO...01

 A LUTA CONTINUA...

 

Tenho 14 exemplares da revista NOSSO SÉCULO, publicação da Abril Cultural, com assuntos de um Brasil de muitas lutas, de patriarcados, da política do café com leite (dominação alternada de mineiros e de paulista no governo do país), do tenentismo (movimento cívico-militar - 1930 - que levou o Brasil a ter interventores em seus estados), descentralização do governo federal - fortalecendo as unidades federativas com exagerada autonomia - o clientelismo, as eleições forjadas, os coronéis: os Accioli no Ceará, Neri no Amazonas, Rosa e Silva em Pernambuco, os Lemos e os Chermont no Pará, os Murtinho e os Ponce no Mato Grosso, os Seabra na Bahia...

A Revista mostra cono éramos: passionais, dominados, incultos, mal assistidos (peste bubônica, febre amarela, malária - grassavam).

É curiosa a possível comparação com o Basil atual. Nada verdadeiramente mudou. Continuamos ligados a nomes fortes, truculentos ou ardilosos, que se firmaram, por vezes, através de engodos. Nossos políticos não servem como referência, salvo honrosas exceções, são em geral mentirosos, enganadores, longes do que seria sua destinação: o bem popular. Tiram proveito dos cargos e deles muitos se locupletam.

À margem, sofrendo abusos de ordem vária, está o esperançoso povo, desinformado e escravizado em face do poderio de um estado centralizador e autoritário,  em desfavor do administrado.

 

Acredita-se ainda no grito revolucionário de 1930: “Aguentae o fogo, que a vitória é nossa”.

 

...Mas, a munição escasseia... Desarmada a nação sucumbe. Carente, sofrida, usada, veste a roupa de suposta idiotia para sobreviver.  

 

Escravização pelo estômago e por outras naturais necessidades. Neste cenário há programas assistenciais, dos quais os governos não se apartam. Antes os incentivam e incrementam, apertando amarras e grilhões.

Os pelourinhos continuam de pé.  

George Orwell, no livro 1984, ficção, mesmo em perspectiva exagerada, sob ângulo intelectual, profetiza: “A constante patrulha digital, a liberdade cerceada, o Grande Irmão (BIG BROTHER, na língua original) estão presentes nas vidas de todos os habitantes deste planeta Terra”, com ressalvas nacionais, claro.  

Ao lado dessas políticas de dominação, diria o ilustre autor, direcionamentos educacionais para determinadas faixas sociais nas escolas e universidades, que fazem cabeças e as tornam fanatizadas.

A revista Nosso Século demonstra a continuada problemática nacional, sufocando vozes ou atitudes que lhe sejam contrárias. 

  

A cultura da Belle Époque, vivida no norte do País em face da riqueza propiciada pela extração da borracha, a cultura do café, o gado, o ouro, os canaviais escravistas na Bahia, o ufanismo ou anti-ufanismo nacionais (complexo de vira-latas na expressão pouco feliz de Nelson Rodrigues), as elites de filhos “europeus”, a revolução de 1930, foram assuntos da Nosso Século, que nos remete a olhar pelo retrovisor da história, sabendo que as vias à frente permanecem, embora com asfalto novo, em luta que  continua pela brasilidade, por imparcialidade, paz, justiça, verdade e valores éticos, unindo os vários brasis, para ter-se nação de homens e de mulheres fortes, conscientes, na ordem constitucional e no progresso, conforme está no maior dos seus símbolos, a Bandeira verde e amarelo.

 

SSA, 17.05.2024

Geraldo Leony Machado 


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