SONETO
DE ANIVERSÁRIO
Passem-se
dias, horas, meses, anos
Amadureçam
as ilusões da vida
Prossiga
ela sempre dividida
Entre
compensações e desenganos.
Faça-se
a carne mais envilecida
Diminuam
os bens, cresçam os danos
Vença o
ideal de andar caminhos planos
Melhor
que levar tudo de vencido.
Queira-se
antes ventura que aventura
À
medida que a têmpora embranquece
E fica
tenra a fibra que era dura.
E eu te
direi: amiga minha, esquece...
Que
grande é este amor meu de criatura
Que vê
envelhecer e não envelhece.
Rio,
1942
Vinicius
de Moraes
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