quarta-feira, 31 de outubro de 2018

BOLSONARO NÃO É MITO!

PEREGRINO ENCONTRA CAPITÃO NO ALVORADA. BOLSONARO NÃO É MITO

A trajetória de Jair Messias Bolsonaro rumo à presidência da República possui todos os ingredientes de uma odisséia alucinante. Esfaqueamento, execração pública e vasculhamento da sua privacidade, uma das maiores blitz midiáticas da história nacional para detê-lo e outros tantos reveses. Uma cruzada que, sem a menor sombra de dúvida, garantiu ao candidato do PSL um lugar de destaque na democracia brasileira, mesmo antes de assumir o poder. Maior, no entanto, do que a toxina dos algozes foi o amor inabalável dos seus eleitores por sua personalidade inegavelmente controversa. As batalhas das redes sociais, a militância dos movimentos em torno da candidatura Jair Bolsonaro, revelaram uma solidariedade destemida, capaz de até mesmo chegar às vias de fato para defender uma espécie de justiceiro do Brasil.
Todos esses fatos não fazem de Bolsonaro um mito. Tampouco as suas respostas espirituosas que deixavam perplexos entrevistadores desavisados. Na opinião de Werner Jaeger, ao analisar a Odisséia de Homero, o grande poeta evocava os mitos da Hélade, tendo em mira assinalar em Ulisses, a idéia de uma conduta universal presente em cada ato daquele herói. O mito e os seus princípios perenes serviam para identificar a nobreza e não o contrário, isto é, o herói não se mitifica, mas o mito faz o herói. Ulisses como Bolsonaro são homens cheios de nuances e pecados, cercados de complexidade, nada retilíneos, asperezas e rudezas intercalam-se às suas doçuras e bravuras. Não são assim os homens? Apenas a mente sitiada por ideais infantis não é capaz de compreender a natureza humana para além da caricatura mordaz, seja ela positiva ou negativa. E por esta razão, as análises de muitos partidários e adversários de Bolsonaro são tão reducionistas, rasas a respeito de um dos maiores fenômenos eleitorais da história recente das democracias modernas. Não é exagero. Acompanhe o restante do artigo e tire as suas conclusões pois é justamente o fato de Bolsonaro não ser mito que se pode entender a tsunami em torno da sua candidatura.
Alguns atribuem mais ao antipetismo a vitória de Jair Bolsonaro do que aos seus méritos propriamente. Há quem diga inclusive, no afã de explicar o fenômeno da ascensão do “ultra-conservadorismo” brasileiro, que foi o PT que criou o “coiso”. Em outras palavras, a pilhagem petista ao Estado gerou o antipetismo na população que, por seu turno, como por geração espontânea, deu à luz o bufão fluminense. No entanto, Bolsonaro também gerou o antipetismo e deu voz a milhares que como ele se decepcionaram com a gestão do partido de Lula. Esses processos se retroalimentaram vezes sem conta ante as barbas dos vermelhos.
Comparam o caminho percorrido por Bolsonaro ao charlatanismo de Fernando Collor de Mello, ao populismo de Donald Trump, à revolta de Hitler e ao voluntarismo de Mussolini. Compará-lo a Collor pretere-se o fato de que o caçador de marajás é filho das elites brasileiras, sócio e amigo da grande imprensa que o promoveu a todo instante. Bolsonaro não. A Globo, Veja, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, enfim toda a grande mídia se juntou contra ele para eleger o candidato de cujo partido sempre acusou a imprensa nacional de boicotar a esquerda. Quanto a Trump, Bolsonaro jamais contou com a história e o aparato impressionante de um Partido Republicano e a sagacidade de jogador de cassino daquele político americano. Bolsonaro não é eloquente. Tem a língua presa, raciocínio curto e queimou mais do que podia os seus cacifes antes e durante a campanha com falas e estratégias equívocas. Se tivesse 5% da fala eletrizante de Mussolini teria ganho as eleições com mais de 70%. Hitler arrebatou com seu discurso sindicatos, igrejas e os empresários, em um jogo midiático sob a liderança de Goebbels. Bolsonaro contou com um equipamento tosco, caseiro, uma piada feita de gambiarras sujas de manteiga e de leite condensado. Ele não é mito, mas no seu coração palpitava o mito. Eis a força de uma bomba de nêutrons, subestimada por todos, até por Bolsonaro.
O dado concreto é que Bolsonaro se fez como um modesto parlamentar, à margem do Congresso brasileiro. Sem a menor instrução política e preparo se viu cercado por um covil de cobras. Restou-lhe as bravatas. Tornou-se figura quixotesca lutando não contra moinhos de vento mas contra engrenagens imperiais de poder. Desconhecendo as táticas da esquerda, usou sua voz moralista anti-institucional para pavimentar o caminho do Lulopetismo. Sim, assista logo abaixo à entrevista na íntegra de 1999, que Haddad usou parte dela para atacá-lo, mas que o rude Bolsonaro declara seu apoio e admiração a Lula, a quem chama de sincero e honesto. Era um empolgado estatista contra as políticas de abertura econômica de Fernando Henrique Cardoso e ainda aplaudiu a ascensão militar de Hugo Chávez na Venezuela. Quanta canelada de um inepto político.
Os anos se passaram no Congresso. Bolsonaro e seu positivismo oriundo da formação militar fizeram dele um defensor da eugenia e de grupos de extermínio. Sua convicção é tamanha que chegou a se vasectomizar. Sim, isto foi ocultado nas eleições atuais e por sorte a esquerda não explorou o lado obscuro do candidato do PSL ( assista ao vídeo logo abaixo). Uma perversão execrável travestida de bondade. No entanto, Bolsonaro foi sempre um pai de família, de uma integridade acima de qualquer suspeita, atestada por suas esposas e filhos. Jamais ficou nos cantinhos do Congresso, confabulando o seu enriquecimento ilícito pois apreciava retornar para casa e mirar em seus filhos que sempre o viam como herói. Com nervos de aço e estômago de ferro suportou o assédio da máquina de compra de legendas petista. Casamentos frustrados, doutrinas escusas, ética escorreita e atuação parlamentar modesta. Nunca foi mito, todavia a sede da verdade que só o mito instiga sempre o alfinetou.
Surge diante dos olhos de Bolsonaro a imponente figura de um filósofo brasileiro que há anos desmacarava o procedimento revolucionário petista: Olavo de Carvalho. Não é possível mensurar a intensidade do vendaval de Olavo de Carvalho sobre o castelo de cartas das esquerdas. O centro de erudição baseado em Richmond dispersou um dilúvio de bibliografias e análises chocantes sobre o povo brasileiro. A inteligência mordaz, os palavrões e o jeito punk de Olavo encantaram Lobão e …Bolsonaro. Conheceu o Foro de São Paulo, o marxismo cultural, George Soros e o que é de fato o Petismo. O casamento com a belíssima Michele desfez a vasectomia e lhe deu Laura, a sua paixão. Evoluiu, pegou em flagrante Haddad com o kit gay e o Capitão deu voz de prisão àquela festa pagã. Bate-boca, palavrões, processos, e uma contundência de fazer corar de vergonha católicos e protestantes intimidados pela imoralidade revolucionária, catapultaram a figura popular de Jair Messias Bolsonaro. O povo acordou junto com ele, com uma energia tão descontrolada em 2013 que black-blocs e os movimentos sociais logo tentaram subverter. O namoro começou com uma tórrida paixão que colocou Dilma Rousseff para fora e a Lava-Jato guilhotinando um a um a quadrilha do planalto. O espectro do mito aparecia com sua face diáfana assustadora e a mídia esnobou, os políticos não levaram a sério. Mas não era Bolsonaro este mito.
As eleições vieram junto com análises imbecis. Queimamos todos a língua. Diziam: ele não tem capilaridade, não tem aparato de mídia, não poderá fazer o presidencialismo de coalisão ( leia-se propinoduto). É rude, despreparado. Direita e esquerda em abstrações: é o mercado. Não. São as políticas desenvolvimentistas para combater a desigualdade. Bolsonaro ergueu a sua voz e disse: o povo não aguenta mais a roubalheira e a insegurança. O que ele quer apenas, seus idiotas, é que seus filhos voltem para casa são e salvos e que os políticos, se de direita ou de esquerda, sejam honestos, talquei?
O paulista simplório de Glicério admitiu sua ignorância, em áreas como economia, sem vangloriar-se por isso como o apedeuta Lula. Escancarou seus erros e mostrou a evolução do seu pensamento ao longo dos anos. Soprou sobre a areia do politicamente correto expondo, sem medo, sem esquemas, as mistificações e hipocrisia dele e de todos nós brasileiros: odiamos a política mas amamos o Estado quando nos beneficia. Não tem dó dos encarcerados mas se enfurece pelo descaso da justiça com as vítimas. Fez chorar pais e filhos marcados por mais de 70000 homicídios no país. Denunciou como a violência faz parte do projeto de poder petista que tem como aliado o narcotráfico. Bingo! Sem jeito, sem doçura, com seu canto torto cortando como faca a carne de vocês (trecho parafrasedo de Belchior) sua mensagem aglutinou a maior manifestação popular espontânea que se tem notícia nos últimos anos.
As eleições vieram. Uma facada separou Laura do papai. Lágrimas escorreram do rosto de Flávio ao ouvir o pai sussurrar: Se deram mal, estou vivo! Adélio prestou o maior serviço à democracia brasileira e lançou Bolsonaro em um bunker inexpugnável, o bunker da Tijuca. Tudo, absolutamente tudo que Haddad fez produzia um efeito reverso. De lá coordenou a campanha e ironicamente, ao contrário de Lula que se refugiou em seu bunker em São Bernardo do Campo, não saiu preso mas vitorioso, rumo ao Alvorada. A campanha contra o ódio se tornou a mais odiosa. A defesa da democracia por pessoas que reduziram o Congresso a uma horda de homens vendidos foi expurgada da vida pública. Novo presidente, novo Congresso. É a força do mito. São valores abraçados pelo frágil Bolsonaro e por milhões de brasileiros. É a força da verdade que o capitão reformado tentou expressar, fora de contexto, ao citar o versículo de João 8.32. Não é um zeitgeist populista que baixou no país. São pessoas, uma a uma, inclusive Bolsonaro que deram atenção a valores universais impressos no mundo por Deus, a sua lei eterna. Bolsonaro não é mito mas a verdade que incendiou o seu coração de amor pelo país se conectou a muitos outros corações. A fúria da verdade venceu a esperança hipócrita.

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