Madre Paula, a freira pouco religiosa e amante do rei Magnânimo
Poder, religião, sexo. Três ingredientes presentes em Madre Paula,
série que estreia hoje na RTP1 sobre uma mulher incomum, Paula (Joana
Ribeiro), amante de D. João V (Paulo Pires), numa época em que os
conventos eram lugares de perdição
Primeira
cena do primeiro episódio: uma freira e frei Martinho de Barros,
confessor de D. João V, mantêm relações sexuais. Já vestidos, o padre
beija a jovem na boca e abençoa-a. É um aviso para o que aí vem.
"Precisávamos de uma cena para dar o tom", explica Patrícia Müller, a
argumentista que adaptou o seu primeiro romance, Madre Paula, que hoje se estreia na RTP1.
O romance entre o rei D. João V e a freira Paula não é obra de ficção. Faz parte de um discurso em voga. Cada vez mais pessoas questionam para que servem os jornais. Perguntem a Patrícia Müller, que foi jornalista antes de enveredar pelas artes da escrita para televisão e, mais recentemente, do romance. E dirá que, pelo menos, lhes deve a inspiração para o seu primeiro trabalho com nome numa lombada. "Li uma notícia algures sobre a mais importante amante de D. João V, que era uma freira. E achei isto extraordinário. A ideia de um rei ter uma amante durante tanto tempo quando tinha várias, faz que uma pessoa pense logo quem era a mulher escolhida. E depois pensar que era uma freira enfiada num convento, sem poder sair. Isto tem todos os ingredientes para ser uma ficção, apesar de baseado numa história real, o rei procura uma mulher reclusa."
Fascinada com o tema, Patrícia Müller passou à ação e investigou sobre o assunto durante um ano, em paralelo ao seu ofício, a escrita de guiões para telenovelas, tendo contado com a ajuda da historiadora Máxima Vaz, especialista no Convento de Odivelas, onde Paula estava confinada.
O romance entre o rei D. João V e a freira Paula não é obra de ficção. Faz parte de um discurso em voga. Cada vez mais pessoas questionam para que servem os jornais. Perguntem a Patrícia Müller, que foi jornalista antes de enveredar pelas artes da escrita para televisão e, mais recentemente, do romance. E dirá que, pelo menos, lhes deve a inspiração para o seu primeiro trabalho com nome numa lombada. "Li uma notícia algures sobre a mais importante amante de D. João V, que era uma freira. E achei isto extraordinário. A ideia de um rei ter uma amante durante tanto tempo quando tinha várias, faz que uma pessoa pense logo quem era a mulher escolhida. E depois pensar que era uma freira enfiada num convento, sem poder sair. Isto tem todos os ingredientes para ser uma ficção, apesar de baseado numa história real, o rei procura uma mulher reclusa."
Fascinada com o tema, Patrícia Müller passou à ação e investigou sobre o assunto durante um ano, em paralelo ao seu ofício, a escrita de guiões para telenovelas, tendo contado com a ajuda da historiadora Máxima Vaz, especialista no Convento de Odivelas, onde Paula estava confinada.
O resultado da investigação e criação, Madre Paula, foi publicado há três anos, pela ASA. E agora chega a um público mais vasto através da série de 13 episódios de 45 minutos realizada por Tiago Alvarez Marques e Rita Nunes, com Joana Ribeiro e Paulo Pires nos papéis principais, tendo Sandra Faleiro (rainha Maria Ana), Miguel Nunes (infante D. Francisco) e André Nunes (Álvaro de Castro) como os atores das personagens que entram em tensão com o par da ligação extraconjugal.
Nesta produção da Vende-se Filmes, que contou com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual em 365 mil euros, salta à vista - melhor, ao ouvido - a linguagem, "assumidamente atual". Patrícia Müller explica a opção. "A linguagem da época é difícil de representar e de perceber, daí a 3.ª pessoa simples. Toda a gente trata o rei por Vossa majestade e o rei trata toda a gente por tu, como de facto fazia, a não ser a rainha."
No que respeita aos adereços e figurinos, a regra foi também a de não seguir a recriação histórica ao detalhe. Por exemplo, os homens não usam peruca, ataviam-se nalgumas cenas com extensões. "A peruca é uma coisa muito ridícula. Uma das séries que adoro é Os Tudors e é uma coisa muito contemporânea. Já é difícil ser transportado para uma série histórica, porque já não é a nossa realidade. Como tal, temos de dar pontos de identificação às pessoas."
E conclui: "Não pusemos ninguém com os dentes podres ou com piolhos. A higiene era horrível no século XVIII, não havia casas de banho, não usavam roupa interior."
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