Gilmar
*”Orgia de promiscuidade”*”afirma Revista de Portugal ao
criticar ‘Gilmarpalooza’
Consultor de políticas anticorrupção chama de obsceno o
lobby no Fórum de Lisboa.
A 12ª edição do Fórum Jurídico de Lisboa, promovido pelo
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, batizado de
'Gilmarpalooza' foi criticado pelo Fórum de Lisboa, revista de Portugal, que
destaca o artigo “O festival do arranjinho”, no qual aponta a “orgia de
promiscuidade” no evento. O artigo foi publicado nesta quarta-feira (3), pelo
colunista João Paulo Batalha, consultor de políticas anticorrupção, licenciado
em História.
“Todos os anos, Lisboa acolhe um encontro de que nunca ouviu
falar, mas que é uma autêntica parada de poderes promíscuos.
Que diria de um juiz que andasse em almoços, jantares e
eventos de charme com empresários que têm processos pendentes junto desse mesmo
juiz?
Diria provavelmente que é corrupto ou que, no mínimo, estava
a violar o seu mais elementar dever de reserva e recato, expondo-se a um
conflito de interesses que põe em causa o seu julgamento.
E se esse encontro de confraternização e palmadinhas nas
costas acontecesse às claras, com datas marcadas e site na Internet, disfarçado
apenas pelo véu (aliás, muito transparente) de um evento académico?
(…) Bem-vindo ao ‘Fórum de Lisboa’.”
Lobby
Batalha descreve o Gilmarpalooza, cuja edição número 12
aconteceu na semana passada, como “uma conferência que é, na verdade, uma
transumância [migração periódica] de lóbis brasileiros para a capital
portuguesa”.
“Só na edição deste ano estiveram representadas 12 empresas
com processos perante o Supremo brasileiro – incluindo um empresário agraciado
com uma decisão favorável do juiz Gilmar Mendes no âmbito da Lava Jato. Cá
estiveram em Lisboa, a conviver com seis dos 11 juízes do mais alto tribunal
brasileiro. O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também cá esteve,
com viagem paga pela Fundação Getúlio Vargas, que tinha sido recentemente alvo
de uma investigação da própria Polícia Federal.
Lisboa é, em suma, o palácio de Verão da elite brasileira
(…), misturando-se juízes, advogados, governantes e empresários.”
Para quê?
Especializado em advocacia social, transparência e
governança, Batalha expõe o ambiente propício aos conchavos na festa
ultramarina da casta longe do povo.
“Para quê, então, fazer os 7 mil quilómetros entre Brasília
e Lisboa, com todos os sobrecustos associados?
Porque o verdadeiro programa do ‘Fórum de Lisboa’ são as
festas privadas, os jantares e cocktails em que a elite se distrai quando não
está na Cidade Universitária a discutir os avanços e recuos da globalização.
Reunido em animado convívio, a milhares de quilómetros do
escrutínio dos seus concidadãos e da sociedade civil, o poder judicial,
político e económico brasileiro discute os problemas do mundo, e resolve os
seus.”
“Escola de poder”
Batalha critica personalidades portuguesas presentes, embora
admita que várias participam “ao engano”, “sem perceberem que se estão a meter
num poço de lóbi descarado”.
“Mais avisada devia estar a Faculdade de Direito de Lisboa,
parceira local da iniciativa. Mas não espanta que uma das Faculdades mais
endogâmicas do país, complacente (senão cúmplice) com casos de assédio,
verdadeira escola de poder (que não necessariamente de Direito) de Portugal se
preste a acolher esta obscenidade.”
“Às claras”
O colunista ironiza a alegação de Gilmar de que “o Fórum de
Lisboa é o Brasil que dá certo”, apontando que dá certo para “todos amigos”, já
que a malandragem do Gilmarpalooza é “precisamente fazer-se às claras”.
“Com agenda pública (e outra, privada, inconfessável), a
festa do arranjinho brasileiro em Lisboa é a institucionalização da
promiscuidade e o triunfo do poder total, em que dinheiro, política e lei se
misturam na mesma agenda.”
https://www.faroldabahia.com.br/noticia/orgia-de-promiscuidade-afirma-revista-de-portugal-ao-criticar-gilmarpalooza
“Com agenda pública (e outra, privada, inconfessável), a
festa do arranjinho brasileiro em Lisboa é a institucionalização da
promiscuidade e o triunfo do poder total, em que dinheiro, política e lei se
misturam na mesma agenda.
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