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Painel do Membro
Quanto menos são os que falam contra o comunismo, menos têm
o direito de falar
Em periódicos regionais, alguns jornalistas denunciam a
opressiva hegemonia que os comunistas conquistaram em nossa imprensa e nos
meios acadêmicos. Em publicações de alcance nacional, tenho sido o único a
tocar no assunto proibido. A extensão e o rigor da proibição podem ser medidos
pela virulência insana de certas reações que suscito. Nada de argumentos, é
claro. São insultos, intrigas, inculpações projetivas, apelos sumários a minha
demissão. Deixam claro que, contra a ascensão esquerdista, nem uma única voz,
por fraca e isolada que seja, pode ser tolerada. A concordância deve ser
unânime, o silêncio da oposição, total. Precioso silêncio: Gramsci ensina que,
na hora H, ele acabará valendo como aprovação popular da tomada do poder pelos
comunistas. É preciso, portanto, produzi-lo, antes que a revolução possa tirar
a máscara democrática e mostrar sua face hedionda, quando as fronteiras
estiverem fechadas e for tarde para fugir. No Rio Grande do Sul, imagem e
projeto do futuro Brasil petista, os principais jornalistas de oposição já
foram calados por pressão do governo estadual.
Tal é a diferença entre o mero autoritarismo e o
totalitarismo. O primeiro contentava-se em calar a maioria, deixando abertas
umas válvulas de escape. O segundo exige a plenitude do silêncio, expressa na
fórmula sinistra: para a minoria de um, tolerância zero.
O mais extraordinário é que muitos artífices desse estado de
coisas proclamam que não são comunistas. Se não são, por que não suportam que
alguém fale contra o comunismo?
Se um sujeito diz que não é comunista, mas vê a sociedade
com olhos marxistas, prega a luta de classes e admite chegar ao poder pelo uso
das armas, o que se pode concluir senão que ele é – ou sonha ser quando crescer
– um fac-símile de Fidel Castro? Não obstante, o senhor João Pedro Stedile, por
exemplo, entre uma inspeção e outra em seus campos de treinamento de
guerrilheiros, assegura, com ar de inocência, que não é sequer esquerdista no
sentido mais genérico da palavra.
O mais velho ardil do diabo é dizer que não existe; o do
comunismo, jurar que é outra coisa. Em plena revolução chinesa, intelectuais
pontificavam que Mao Tsé-tung nada tinha de comunista. Franklin Roosevelt declarou
que o próprio Stálin não era comunista. E a imprensa chique de Nova York impôs
ao mundo a imagem de um Fidel democrata e anticomunista.
Não há limites para a volúpia comunista de mentir.
Comparável a ela, só sua volúpia de matar. Fidel, por exemplo, é um assassino
vocacional que começou a carreira matando um político que mal conhecia, contra
o qual não tinha nada, só para cortejar um inimigo da vítima, de quem esperava
obter favores. E não faltam padres para nos assegurar, com a conveniente unção
e o indefectível trémolo sacerdotal na voz, que se trata de um santo homem, que
o regime do qual um sexto da população cubana fugiu não é o comunismo, mas o
catolicismo. Deve ser mesmo, a julgar pelo rigor dos anátemas que lança sobre
os hereges.
Artigo originalmente publicado em:
https://olavodecarvalho.org/tolerancia-zero/
Olavo de Carvalho
Professor, filósofo, escritor, ensaísta e jornalista.
Escreveu mais de 40 livros, mais de 44 cursos, idealizador do Curso Online de
Filosofia, o COF, contabilizando mais de
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