Pode não sobrar talento, mas falta vergonha
Quase deixo passar uma reportagem muito interessante, de Jotabê Medeiros, que está no Caderno 2 do Estadão de hoje. É a cara do Brasil. Lembram-se outro dia que pedi aqui o fim das leis de incentivo à cultura? Foi quando eu me disse contrário a qualquer tipo de incentivo, seja para produzir feijão, TV digital, […]
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23 fev 2017, 13h33 - Publicado em 30 jan 2007, 18h30
Quase deixo passar uma reportagem muito interessante, de Jotabê Medeiros, que está no Caderno 2 do Estadão de
hoje. É a cara do Brasil. Lembram-se outro dia que pedi aqui o fim das
leis de incentivo à cultura? Foi quando eu me disse contrário a qualquer
tipo de incentivo, seja para produzir feijão, TV digital, teatro ou
música. Pois bem… Sabem quem é que conseguiu autorização do governo
federal para captar incentivos? Ninguém menos que Caetano Veloso, Maria
Bethânia, Ana Carolina, Beth Carvalho, Daniela Mercury… Isso mesmo,
leitor amigo. Se você tiver a “mala” sorte de ir ao show de um desses
bacanas, estará pagando por ele duas vezes. Se você, como eu, fica longe
desse cálice, paga apenas uma. O que é a Lei Rouanet? É renúncia
fiscal. A empresa dá dinheiro a estes pobrezinhos, para que façam suas
turnês, e depois descontam o valor correspondente do Imposto de Renda.
Em suma: nós pagamos.
Como diria a ministra Dilma Rousseff, trata-se de “dinheiro público na veia”. E os ingressos são mais baratos? Os socialistas morenos conseguem assistir aos shows que patrocinam sem saber? Não. Os ingressos variam de R$ 40 a R$ 140.
Vejam estes números: “Para fazer sua turnê por Rio e São Paulo, Ana Carolina requisitou R$ 843 mil à Lei Rouanet, e conseguiu captar R$ 700 mil. Os ingressos para o seu show custavam em média R$ 120. Ana Carolina não é um caso solitário na MPB. Daniela Mercury levantou R$ 814 mil da Lei Rouanet para fazer 12 apresentações. O show Brasileirinho 2, de Maria Bethânia, pediu R$ 1 milhão, e já conseguiu captar R$ 300 mil. A turnê percorre 27 cidades. Beth Carvalho festejou seus 60 anos com uma festa no Teatro Castro Alves, de Salvador, com diversos artistas convidados e na qual gravou um DVD e um CD comemorativos. Para tanto, pediu R$ 1,6 milhão e conseguiu captar R$ 1,3 milhão pelo sistema de renúncia fiscal.” Fiquei sabendo que Beth Carvalho ainda canta. E encanta doadores de verba… pública!
A cada vez que Ana Carolina manda ver no palco versos como “Eu vou de escada/ para elevar a dor” (não sei se perceberam a picardia vocabular), nós estamos pagando por isso. Sabem aqueles vibratos sensuais de Caetano Veloso, que provam sua sensibilidade além-do-homem? Então, custa-nos algum dinheiro. Se Beth Carvalho ameaça o público com os versinhos de destruição em massa de Andança (“Na mão direita a rooooooooooosa”), nós é que estamos pagando pela lambança sonora.
A reportagem informa: “Todo ano, decai um pouco mais o mercado de música no Brasil. Segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), no primeiro semestre de 2006 as vendas de CDs caíram 6,74% em valores totais (e 52% dos discos vendidos são piratas). Em 2005, 3 milhões de brasileiros baixaram música da internet sem pagar por ela.”
Como diria a ministra Dilma Rousseff, trata-se de “dinheiro público na veia”. E os ingressos são mais baratos? Os socialistas morenos conseguem assistir aos shows que patrocinam sem saber? Não. Os ingressos variam de R$ 40 a R$ 140.
Vejam estes números: “Para fazer sua turnê por Rio e São Paulo, Ana Carolina requisitou R$ 843 mil à Lei Rouanet, e conseguiu captar R$ 700 mil. Os ingressos para o seu show custavam em média R$ 120. Ana Carolina não é um caso solitário na MPB. Daniela Mercury levantou R$ 814 mil da Lei Rouanet para fazer 12 apresentações. O show Brasileirinho 2, de Maria Bethânia, pediu R$ 1 milhão, e já conseguiu captar R$ 300 mil. A turnê percorre 27 cidades. Beth Carvalho festejou seus 60 anos com uma festa no Teatro Castro Alves, de Salvador, com diversos artistas convidados e na qual gravou um DVD e um CD comemorativos. Para tanto, pediu R$ 1,6 milhão e conseguiu captar R$ 1,3 milhão pelo sistema de renúncia fiscal.” Fiquei sabendo que Beth Carvalho ainda canta. E encanta doadores de verba… pública!
A cada vez que Ana Carolina manda ver no palco versos como “Eu vou de escada/ para elevar a dor” (não sei se perceberam a picardia vocabular), nós estamos pagando por isso. Sabem aqueles vibratos sensuais de Caetano Veloso, que provam sua sensibilidade além-do-homem? Então, custa-nos algum dinheiro. Se Beth Carvalho ameaça o público com os versinhos de destruição em massa de Andança (“Na mão direita a rooooooooooosa”), nós é que estamos pagando pela lambança sonora.
A reportagem informa: “Todo ano, decai um pouco mais o mercado de música no Brasil. Segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), no primeiro semestre de 2006 as vendas de CDs caíram 6,74% em valores totais (e 52% dos discos vendidos são piratas). Em 2005, 3 milhões de brasileiros baixaram música da internet sem pagar por ela.”
Que coisa, não? Aos destituídos de nosso pobre
capitalismo, Bolsa Família. Aos artistas, vítimas da pirataria,
Bolsa-Apartamento com vista pro mar. E todos eles, é claro, amam o povo e
são contra as injustiças sociais.
Assinante lê íntegra da reportagem aqui
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