LAMPIÃO
– A RAPOSA DAS CAATINGAS é publicação de José Bezerra Lima Irmão, JM
Gráfica e Editora, 736 páginas, acerca do fenômeno, acontecimentos e
circunstâncias do cangaço.
Impressionam os prismas cultural, social
e humano que envolvem a história do Nordeste e do seu povo: O caráter,
em seus aspectos positivos e negativos, o denodo, a coragem, o sentido
extremo de vingança, perpassando as vidas dos denominados cangaceiros.
Em terras sem lei e sem ordem prevaleciam interesses pessoais,
políticos, casuísticos, onde a vida pouco ou nada representava. A
crueldade impunha o tom. O desrespeito à pessoa humana, e – sobretudo -
às mulheres marcava as relações. Tempos difíceis.
Tinha-se um tripé
formado pela policia, fazendeiros e cangaceiros em convivência
promíscua, submetendo aqueles ausentes desse contexto. Pessoas, então,
se atingissem esses três focos de corrupção tinham suas famílias
abusadas, torturadas e assassinadas sem delongas, num vasto círculo
crescente em busca de lucro e de vingança, sentimento marcante em todos
os protagonistas da história do cangaço no Nordeste Brasileiro. Ao lado
disso, a coragem, o destemor, a covardia, a crueldade, o sentimento
religioso sem sua compreensão de fraternidade, o respeito à palavra
empenhada.
O autor, homem de muitos títulos culturais,
bacharel em direito, demonstra seriedade e competência ao analisar os
acontecimentos,
O
interessante e, mesmo, macabro, para mim, foi encarar no rigor exegético
imposto pelo autor, o modo e a possível morte de Lampião e de sua
mulher, Maria Bonita, em Angico/
1. Traído por um dos seus coiteiros de confiança; 2. Morto sem reação
por ação de uma volante (grupo de policiais); 3. envenenado pelo
coiteiro aludido e atingido e desfigurado sem reação porque já sem vida;
4. Trama arquitetada por Lampião, a polícia e o coiteiro, ausência de
envenenamento para a Raposa das Caatingas, fuga para Goiás e posterior
mudança para Minas Gerais.
Impossível nesse espaço, discorrer sobre a realidade bem traçada e analisada por José Bezerra, de modo que levanto apenas a lebre para aqueles que se interessarem pelo assunto, em contribuição à cangaçologia. O certo é que a História do Brasil não estará completa se essa realidade deixar de ser considerada no modo que deve.
EM LAMPIÃO: A RAPOSA DAS CAATINGAS, quando o autor discorre a respeito do assalto à Queimadas procurei, sem sucesso, um fato, que me foi contado por uma senhora de 93 anos, Odete Wehmuth Sampaio, avó de meu genro, Paulo Roberto Vicente Lima, que viveu o drama dos queimadenses. Nele Arnaldo Sampaio, chefe do DONCS, pai de Odete, havia enganado Lampião ao esconder na calha de águas o dinheiro que iria repassar aos funcionários.
Contista, sem pretensões históricas, emoldurei os fatos reais com narrativa ficcional, com o título de “O Malogro de Lampião”, publicado em blogger. Pareceu-me importante dada à relevância funcional de Arnaldo Sampaio. Por certo, estava enganado e o caso não teve evidência ou ficou no âmbito apenas da família de Odete, esposa de Emídio Magalhães Lima, professor emérito da UFBa e artista de porte. Odete, mulher de rara beleza, sua aluna, professora de Desenho Artístico na EBA, também se notabilizou nas artes plásticas.
Geraldo Leony Machado
SSA 13.07.2020
Geraldo Leony Machado |
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