quarta-feira, 29 de julho de 2020

RESPOSTA SENSATA...


  Em resposta à CNBB.
Circulou hoje pela Internet uma carta, convenientemente vazada de maneira apócrifa, atribuída aos Bispos da CNBB. Indignado pelo teor desrespeitoso, não apenas com o Presidente da República, mas com cada cristão católico que votou em Bolsonaro, sinto-me no direito de efetuar minha resposta.
Senhores Bispos, somos apenas uma parcela da população católica desse lindo país. Em boa parte de nós, católicos um pouco mais antigos, está presente de forma vívida a eleição de Karol Wojtilla, após o curto período de João Paulo I. Não tínhamos ideia do que representaria a eleição de um Bispo Polonês para o Trono de São Pedro, mas era possível prever que nada ficaria como antes. João Paulo II mudou a história do mundo. Seu papel na queda do Império Soviético, na libertação, não só da Polônia, mas de todos os países do Pacto de Varsóvia, foi o maior milagre que uma geração inteira presenciou.
Um Padre, que viveu as agruras do Nazismo e do Socialismo, teve a paciência e a coragem de enfrentar o Sistema, colocando em risco a própria vida em troca de um ideal. João Paulo II devotou todo seu honroso papado a libertar povos inteiros do regime totalitário do Socialismo, ao mesmo tempo em que confortou seus fiéis, pacificou a Igreja Católica e divulgou a mensagem cristã de paz, solidariedade e justiça. A Igreja Católica sobreviveu ao Nazismo tendo a inteligência e resiliência de Eugenio Pacelli, nosso Papa Pio XII, que fez do Vaticano uma ilha silenciosa de resistência em pleno território nazi-fascista. A história está cheia de exemplos de virtude da Igreja Católica, assim como temos nossos exemplos perversos de tempos sombrios como a Inquisição. Mas a Igreja sempre se manteve firme no seu plano de evangelizar.
Sim, realmente o Brasil atravessa um difícil período. Atribuir como causa principal dessa “tempestade perfeita” as ações do Presidente da República não é justo! Em que pese toda crise de saúde e econômica, o Governo Federal tem demonstrado extremo zelo e competência até onde foi permitida a abrangência de suas ações. Bilhões de reais distribuídos na maior ajuda econômica da história, bilhões de reais disponibilizados para governadores e prefeitos como auxílio, tanto para o combate do coronavírus, como para manutenção da máquina administrativa. Permanecendo, ao mesmo tempo, com a conclusão de obras públicas, fornecimento de insumos médicos e quase dois anos sem denúncias de corrupção no Governo Federal. Suas ações não puderam ser maiores por conta de empecilho jurídico que alocou as medidas restritivas aos governos estaduais e municipais. Mas vocês sabem de tudo isso!
Os senhores falam de “desmandos, inércia e omissão no combate às mazelas que se abateram sobre o povo brasileiro.” Em que país os senhores viviam nos últimos anos? Onde os senhores estavam quando o país foi saqueado por políticos inescrupulosos ao longo de décadas? Não me recordo de cartas duras divulgadas nacionalmente criticando governos anteriores que levaram o país à beira do caos social e econômico.
Será que, somente agora, se deram conta da falta de leitos de UTI e de respiradores? O déficit de leitos de UTI na rede pública remonta há muitos anos, ou os senhores achavam que isso não existia? O Brasil amarga as últimas posições na avaliação do PISA há muitos anos, mas de uma hora para outra, as nobres eminências se dão conta do grau de analfabetismo de nossa população.
Nasci em berço católico, fiz toda minha formação em colégio jesuíta. Sou um católico atuante em minha comunidade, frequentador assíduo das missas dominicais e ajudo constantemente minha Paróquia. Sempre tive orgulho em ser católico, mas ler essa carta me deu náuseas e nojo. Não apenas pelas inverdades nela contidas, mas pela dupla injustiça cometida. A primeira em atribuir tantas coisas ruins ao melhor Presidente dos últimos anos, além de mostrar uma conveniente indiferença com os anos de petismo no Brasil. A outra injustiça é com seus próprios fiéis. Homens e mulheres honrados como eu, que se sentem desprezados por nossos pastores, que ao invés de zelar por todas suas ovelhas, preferem dar atenção àquelas que lhe são mais caras. Assim como eu, milhões de brasileiros católicos não se sentem representados por essa missiva.
Como católico, respeito o cargo que os senhores representam e humildemente declaro não concordar com o teor da carta. Ainda como católico, acredito que o papel evangelizador da Igreja deve permanecer no plano espiritual, deixando que homens cuidem do plano material. Como cidadão, pai de família, médico, professor, escritor, empresário, enfim como indivíduo independente e ciente de suas obrigações e direitos civis, quero expressar, mais do que nunca, meu orgulho em ser um brasileiro católico. Um homem que ama Deus e sua pátria e respeita o seu Presidente.
Augusto Césare
Cremeb 9623

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