“Espero contar tudo o que sei”. Cientista chinesa fugiu da China para alertar que “não temos muito tempo”
A virologista chinesa Li-Meng Yan, que fugiu para os Estados Unidos, deu uma segunda entrevista à Fox News, na qual alertou que “não temos muito tempo”.
Li-Meng Yan, especialista em virologia e imunologia, era uma das cientistas encarregadas de estudar o coronavírus, até que as suas descobertas a levaram a fugir da China para os Estados Unidos em abril.
Numa primeira entrevista à Fox News, Yan disse que a China e a Organização Mundial de Saúde (OMS) tinham conhecimento da existência e do perigo do novo coronavírus muito antes de anunciarem oficialmente o surto que ocorreu em Wuhan, China.
A especialista contou também que um amigo, cientista no Centro para o Controlo e a Prevenção de Doenças da China, lhe contou em 31 de dezembro de 2019 que a transmissão pessoa a pessoa se apresentava como característica do novo coronavírus, o que tanto a China como a OMS viriam a reconhecer muito tempo depois.
Apesar de alertar o Governo chinês para os perigos do novo coronavírus, Yan garante que essa informação foi ocultada. Assim, a especialista decidiu fugir para Los Angeles, nos Estados Unidos, em 28 de abril, para poder contar o que sabia.
De acordo com a revista Sábado, a ideia da fuga surgiu quando Yan partilhou as suas teorias com o bloguer Lu Deh. Ao chegar aos Estados Unidos, a especialista foi travada pelo serviço de estrangeiros e fronteiras e receou ser deportada. “Tinha de lhes dizer a verdade. Pedi que não me deportassem, que eu tinha vindo contar-lhe a verdade sobre a covid-19. E que, por favor, me protegessem senão o Governo chinês me mataria”, afirmou, numa segunda entrevista à Fox News.
No aeroporto, Yan foi interrogada pelo FBI durante horas e foi-lhe apreendido o telemóvel.
Segundo Yan, há vidas que poderiam ter sido salvas caso o seu trabalho não tivesse sido censurado. “Esta que vemos no mundo é uma pandemia enorme. É maior do que qualquer coisa que conhecemos na história da Humanidade. Por isso, o timing é muito, muito importante. Se a pudermos parar cedo, podemos salvar vidas”, disse.
“Espero contar tudo o que sei, dar todas as provas ao governo dos Estados Unidos. E eu quero que eles compreendam, e eu também quero que o governo dos Estados Unidos perceba quão terrível isto é. Não é como o que viram… Isto é uma coisa muito diferente. Nós temos que ir atrás das provas reais e encontrar as provas reais porque são peças-chave para travar esta pandemia. Não temos muito tempo”, rematou.
A especialista adiantou ainda que o seu apartamento na China foi destruído e os seus pais, que vivem em Quingdao, interrogados por agentes chineses.
A Universidade de Saúde Pública de Hong Kong, onde Yan era epidemiologista, enviou um comunicado à Fox News a dizer que a especialista “já não é membro do pessoal da Universidade”.
A pandemia de covid-19 já provocou a rutura entre a OMS e os Estados Unidos, que acusam a organização de ser inapta na gestão da epidemia e de ser demasiado benevolente com o Governo chinês.
Yan não foi a única médica que quis avisar os cidadãos, mas foi silenciada. O oftalmologista Li Wenliang alertou amigos sobre o raro vírus. Foi detido e pressionado pelo governo para parar de fazer “comentários falsos”. Wenling morreu em dezembro, vítima do novo coronavírus.
A médica Ai Fen, chefe do departamento de emergência do Hospital Central de Wuhan, também foi silenciada. A profissional foi ignorada e repreendida pelos superiores. Mais tarde, acabou por desaparecer.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 581.000 mortos e infetou mais de 13,47 milhões de pessoas, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
ZAP //
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