Resultado foi obtido em rhesus: farmacêutica também testa fórmula em humanos
- AFP / JEAN-FRANCOIS MONIER
Nova vacina contra a covid-19 obtém resultados surpreendentes em macacos
Duas doses de uma vacina experimental para
prevenir a covid-19 induziram respostas imunes robustas e controlaram
rapidamente o coronavírus nas vias aéreas superior e inferior de macacos
rhesus expostos ao Sars-CoV-2. A revelação
foi feita por cientistas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças
Infecciosas (Niaid), parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados
Unidos.
A vacina candidata, chamada
mRNA-1273, foi codesenvolvida por cientistas do Centro de Vacina Niaid e
da empresa Moderna, em Cambridge, Massachusetts. Os resultados dos
estudos em animais, publicados ontem no New England Journal of Medicine,
complementam o ensaio clínico de fase 1 da substância.
Devido à emergência da pandemia, a Moderna foi autorizada a realizar simultaneamente os testes em humanos e em animais. Na
segunda-feira, a farmacêutica deu início aos testes finais da fórmula
com 30 mil voluntários. Já na etapa atual do estudo pré-clínico, três
grupos de oito macacos rhesus receberam duas injeções de 10 ou 100
microgramas (g?) de mRNA-1273 ou placebo. As injeções foram espaçadas
com 28 dias de intervalo.
Os primatas vacinados
produziram altos níveis de anticorpos neutralizantes direcionados à
proteína spike, usada pelo Sars-CoV-2 para se conectar e entrar nas
células do hospedeiro. “Notavelmente”, dizem os pesquisadores, “os
animais que receberam a vacina candidata nas doses de 10g? ou 100g?
produziram anticorpos neutralizantes no sangue em níveis bem superiores
aos encontrados em pessoas que se recuperaram da covid-19”.
A
vacina experimental também induziu respostas de células T Th1, mas não
respostas da Th2. A indução da ativação das células de defesa Th2 tem
sido associada a um fenômeno que desencadeia graves doenças
respiratórias. Além
disso, a imunização experimental desencadeou a ativação de células T
auxiliares foliculares, que podem ter contribuído para a resposta
robusta de anticorpos.
Inédito
Quatro
semanas após a segunda injeção, todos os macacos foram expostos ao
Sars-CoV-2 pelo nariz e pelos pulmões. Dois dias depois, nenhum vírus
replicante foi detectado nos pulmões de sete dos oito macacos nos dois
grupos vacinados, enquanto todos os oito animais que receberam placebo
continuaram a ter vírus replicante no pulmão. Além disso, nenhum dos
oito macacos vacinados com 100g? de mRNA-1273 tinha vírus detectável no
nariz dois dias após a exposição ao vírus.
Essa
é a primeira vez que uma vacina experimental de covid-19 testada em
primatas não humanos demonstrou produzir um controle viral tão rápido
nas vias aéreas superiores, observam os pesquisadores. Uma substância
com essa capacidade limitaria a doença no indivíduo, enquanto reduzir o
derramamento nas vias aéreas superiores potencialmente diminuiria a
transmissão do Sars-CoV-2 e, consequentemente, reduziria a propagação da
doença, acrescentam eles.
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