ENTREVISTA
“Quem diz que a cloroquina não tem evidência científica está mentindo”
Estudioso da Covid-19, médico infectologista Francisco Cardoso faz cruzada em defesa do uso precoce da hidroxicloroquina e denuncia campanha política orquestrada contra o medicamento: “Metade das vidas poderiam ser salvas”
O Dr. Francisco Cardoso é um daqueles heróis inesperados que surgem durante períodos de crise para mostrar a realidade e salvar vidas. Médico assistente da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, onde atua há 15 anos, Cardoso está empreendendo uma verdadeira cruzada em defesa do protocolo da hidroxicloroquina para pacientes de Covid-19.
Quando foram noticiados os primeiros casos da gripe chinesa, no final de 2019, Francisco Cardoso já estava em contato com colegas infectologistas de vários países. Por uma circunstância pessoal — ele está afastado do hospital para o tratamento de um tumor —, ele se pôs a analisar em profundidade os estudos sobre o uso precoce da cloroquina (geralmente em combinação com azitromicina e zinco) para o tratamento de pacientes acometidos do novo coronavírus. Ele fez o que outros médicos heroicos — combatentes da linha de frente do Covid — não tiveram tempo para fazer: estudou as evidências científicas que comprovam a eficácia do medicamento existente há quase 80 anos.
Cardoso é taxativo: a hidroxicloroquina só não está sendo usada em larga escala por uma combinação de razões políticas e financeiras. Políticas, porque o plano das elites mundiais era atingir os governos conservadores ao redor do mundo e substituí-los por mecanismos de controle social — e a substância estraga esse plano. Financeiras, porque alguns gigantes da indústria farmacêuticas querem desencalhar medicamentos que custaram bilhões de dólares e não querem que eles sejam substituídos por um remédio barato, acessível e sem patente. Sem falar nos corruptos que faturam alto com a compra de drogas e equipamentos caríssimos.
Para o infectologista do Emilio Ribas, quem diz que a cloroquina não possui evidência científica ou está mentindo, ou não entende patavina de ciência e apenas repete o mantra que as elites políticas mandaram entoar.
Veja a seguir a entrevista que o Dr. Francisco Cardoso concedeu ao BSM:
Paulo Briguet: Desde quando o sr. vem estudando o protocolo da cloroquina e qual tem sido o resultado com os pacientes?
Francisco Cardoso: Como estou afastado por condição — estou tratando
um tumor —, não tratei diretamente nenhum paciente nos últimos meses.
Mas venho estudando a cloroquina desde dezembro. Justamente por estar
com tempo, e por participar de várias redes internacionais de
infectologistas, vinha discutindo, debatendo e acompanhando esses casos
que começaram a surgir na China. Desde janeiro, médicos chineses
começaram a tentar a cloroquina, baseados em estudos que já existiam.
Depois, começaram a surgir artigos na Europa, na África e nos Estados
Unidos, mostrando efeitos promissores do uso da cloroquina, e depois no
uso da cloroquina com azitromicina, no combate precoce à Covid. Vários
colegas meus, que estão na linha de frente, relataram grandes sucessos
em cortes com 100, 200, 250 pacientes tomando hidroxicloroquina sem
nenhum óbito e com evolução favorável. Isso me levou a continuar
estudando o assunto, formando evidências e fazendo uma leitura crítica
dos estudos — o que às vezes os colegas que estão na linha de frente não
têm tempo para fazer. Li milhares de artigos e papers. Um
momento de destaque foi quando saíram aqueles estudos contrários à
cloroquina; eu tive tempo de me deter nesses estudos e identificar as
falhas nesses estudos. O principal desses estudos foi aquele publicado
na (revista científica britânica) The Lancet; eu e o [virologista] Paolo Zanotto chegamos a enviar uma carta para The Lancet
48 horas depois que o estudo foi publicado, quando parte da comunidade
científica internacional e os jornalistas vibravam, de uma forma
estranha, como se fosse “o fim da cloroquina”. Escrevemos essa carta
apontando uma série de falhas e erros no estudo, e logo em seguida
muitos cientistas europeus e americanos começaram a criticar o estudo. A
própria revista se viu obrigada a pedir os dados aos pesquisadores, e
eles se negaram a entregá-los. A revista retirou o estudo do ar 12 dias
depois. Então meu papel tem sido esse: analiso os estudos e tenho
experiência na linha de frente. Infelizmente, há muita gente que nunca
trabalhou na ponta, fica só no laboratório e deturpa informações a mando
de interesses confiáveis. Meu papel é o de um estudioso crítico que
mostra a realidade dos fatos.
Paulo Briguet: Por que a cloroquina é tão perseguida?
Francisco Cardoso: O motivo está bem claro: é uma droga barata, sem
patente e de fácil acesso. Misturam-se dois interesses claros: primeiro,
há um claro desejo de uma forte indústria farmacêutica internacional de
usar a Covid para despejar no mercado remédios que custaram bilhões de
dólares em pesquisa e estão encalhados. O remdesivir foi usado para o
ebola, e fracassou. Eles agora estão desencalhar essa droga a qualquer
custo — forçando estudos, tentando diminuir ou esconder os efeitos
adversos sobre essa droga. O remdesivir não tem efeito sobre a Covid.
Estudos extremamente falhos estão sendo publicados para dourar a pílula
do remdesivir. Cientistas, pesquisadores e professores estão sendo
remunerados mundo afora para falar mal da cloroquina e falar bem do
remdesivir. Na França, inclusive, soltaram uma lista de cientista pagos
por essa empresa. Não à toa, os autores dos principais estudos que falam
mal da cloroquina receberam dinheiro dessa e de outras empresas. São
estudos muito mal feitos. Por exemplo, um estudo recente abordou o uso
da cloroquina em pacientes já na fase de cicatrização da doença. Nessa
fase, a cloroquina não tem mais efeito, e o que esse estudo mostrou? Que
não fez efeito! Maldosamente usam isso para dizer que a cloroquina não
faz efeito. Na verdade, esse trabalho é composto por seis estudos, todos
desenhados para mostrar o fracasso da cloroquina. Ao interesse
financeiro, juntou-se o interesse político. O país e o mundo estão
divididos politicamente. Não digo que haja uma polarização, porque a
polarização dá uma ideia de igualdade. Há uma franca maioria de direita e
uma ruidosa minoria de esquerda — que é numerosa, mas minoria — que tem
usado de todos os artifícios, de forma legal e ilegal, para impedir a
maioria de direita de governar. A esquerda viu que a cloroquina era uma
oportunidade para atacar os governos de direita. Tanto os governos
democratas, nos EUA, quanto os governos de oposição, aqui no Brasil,
adotaram medidas duras de lockdown para arruinar a economia muito mais
do que para proteger a população — tanto que a população não foi
protegida. São Paulo e Rio, que adotaram as medidas mais duras de
isolamento, têm mais vítimas da Covid. Minas Gerais, que tem uma
população maior que a do Rio, não teve um número de óbitos proporcional.
Nos Estados Unidos, morreram mais americanos que moram nos estados
governados pelo Partido Democrata, que fizeram lockdown. Isso corrobora
estudos recentes, que demonstram que o vírus teve taxa maior de
contaminação dentro de casa do que na rua. Ou seja: trancando a
população em casa, arriscaram-se mais vidas. Por esse motivo, a
cloroquina passou a ser o remédio dos bolsonaristas, dos olavistas, dos
“terraplanistas”, como eles gostam de dizer. Politizaram a medicina e
tentaram mostrar a cloroquina como um veneno — e isso se somou ao
interesse da grande indústria farmacêutica em vender drogas encalhadas.
Paulo Briguet: Como o sr. vê essa guerra de narrativas em torno da cloroquina?
Francisco Cardoso: Eu vejo com tristeza a politização de uma questão
que deveria ser técnico-científica. Tento fugir da discussão “sou a
favor” ou “sou contra”. Não existe essa discussão em medicina. Você não
tem que ser a favor ou contra um tratamento, mas saber se o tratamento é
indicado ou não, se funciona ou não. Para isso existem os estudos e a
decisão clínica, respaldada na autonomia do ato médico e baseada na
fisiopatologia da doença. O que vemos, no entanto, é a deturpação da
narrativa científica, por parte da esquerda, para tentar desqualificar a
droga que é mais indicada, no momento, para combater a Covid. O
objetivo é combater um governo. A esquerda diz que a cloroquina “não é
ciência”, porque não existem estudos de grau máximo de rigor comprovando
a eficácia da droga. Mas esse discurso é uma falácia, porque quando se
analisa a medicina como um todo, apenas 10% dos procedimentos,
tratamentos e eventos são respaldados pelos chamados estudos duplo-cego
randomizados. Ou seja, de cada dez tratamentos em medicina, nove são
respaldados em estudos com menor grau de rigor. E não tem ninguém na
esquerda reclamando disso. Ninguém vai deixar de fazer uma cirurgia por
videolaparoscopia porque há um estudo duplo-cego randomizado comprovando
a prática. Na própria cardiologia, que é a meca da medicina baseada em
evidência, só 10% tem evidência A. O resto é B e C. Ninguém nunca
reclamou disso. A narrativa da esquerda é dizer que tudo que não é
evidência 1A é crendice, charlatanismo. Desqualificar a cloroquina, de
forma parcial, é o verdadeiro charlatanismo da esquerda. Ao mesmo,
qualquer esquerdista toma dipirona para dor de cabeça, mesmo que não
haja nenhum estudo duplo-cego randomizado comprovando a eficácia do
medicamento. A medicina baseada em evidências tem suas limitações
éticas. Em certos casos, você não pode submeter o paciente de uma doença
potencialmente grave a um tratamento com placebo, quando há um
histórico clínico suficiente para mostrar que o medicamento é eficaz.
Imagine um nova droga para HIV. Você vai deixá-lo sem tratamento para
HIV, só para verificar se a nova droga é melhor que a atual? Você vai
fazer testes em crianças? Todos os tratamentos em pediatria não são por
duplo-cego randomizado, porque não dá para usar placebo com crianças. A
discussão científica da cloroquina deveria ser séria, mas está sendo
usada como porrete político para atacar o político de quem você não
gosta. A cloroquina tem uma boa evidência científica de uso. Mais de 60
estudos dão a ela uma evidência 2A, nível de recomendação B, o que é um
excelente nível de recomendação, para o tratamento precoce até o 5º dia
do início dos sintomas. Isto é evidência científica e quem está falando o contrário atualmente está mentindo. Mas
o fato de que eu disse isso recentemente numa aula para o Ministério
Público de São Paulo me transformou num pária. Estou sendo atacado por
tudo que é gente. Ou seja, a discussão deixou de ser científica para se
tornar uma discussão de fé. E nessa discussão, a primeira vítima tem
sido a verdade.
Paulo Briguet: Fale mais sobre as perseguições que o senhor vem sofrendo.
Francisco Cardoso: Mesmo afastado temporariamente do Hospital Emilio
Ribas, para tratamento de saúde, tenho sofrido uma perseguição brutal
dos colegas. Fazem contra mim uma campanha de difamação, violaram meu
sigilo médico, espalharam na rede que nem sequer era médico do Emilio
Ribas, tentaram me constranger. A própria diretoria do hospital soltou
nota para a Folha de S. Paulo dizendo que eu não era médico do
Emilio Ribas; mas depois que eu ameacei processá-los, levaram seis dias
para corrigir a nota e reconhecer que eu era médico do hospital, só
estava afastado por motivos de saúde. Depois dessa aula para o
Ministério Público, soltaram uma mensagem dizendo que eu estou afastado
há dois anos e meio do Emilio Ribas, o que é mentira. O Instituto Emilio
Ribas não pode proibir nenhum médico a negar o protocolo da cloroquina;
se eu descobrir que o instituto fez isso, vou processá-lo. Gente do
governo estadual tem insinuado que eu deveria parar de dizer que sou
médico do Estado. Mas os médicos do Estado que fazem a narrativa
mentirosa contra a cloroquina podem falar tranquilamente que são médicos
do Emilio Ribas. Uma doutora da USP disse que o protocolo do Remdesivir
estava aprovado pela USP, eu tive que desmenti-la na frente dos
promotores públicos de São Paulo. Eu sou um servidor público e não posso
dizer isso! Estou sofrendo uma campanha de assassinato de reputação.
Paulo Briguet: Quantas vidas poderiam ser salvas caso o protocolo de
uso precoce de hidroxicloroquina fosse adotado em larga escala?
Francisco Cardoso: Os principais estudos de tratamento precoce
mostram que há a possibilidade de salvar 50% a mais de vidas. Sabemos
que a doença evolui sem gravidade em 80% dos casos e com alguma
gravidade em 20%, sendo que, destes 20%, cerca de 15% evoluem para
internação hospitalar, dos quais 5% evoluem para UTI, com mortalidade de
3%. Devido à alta taxa de transmissibilidade, esses 3% já correspondem a
80 mil casos no Brasil. O que os estudos com terapia precoce demonstram
é que conseguiríamos evitar metade das internações em UTI. Com isso
evitaríamos metade das mortes, pois é incomum a morte por Covid fora do
ambiente hospitalar de UTI. Normalmente, quando a morte ocorre fora da
UTI, é por falta da assistência em tempo real, alguma falha de protocolo
do hospital, alguma falha na entubação ou quando o paciente chega tarde
demais ao pronto-socorro.
Paulo Briguet: Qual a sua opinião sobre as políticas de lockdown?
Francisco Cardoso: No início, o discurso da quarentena parecia até
crível — mas uma quarentena para os doentes ou potenciais doentes.
Quando o veio o discurso da quarentena radical (ou lockdown),
ficou claro que as pessoas estavam se perdendo e que havia um
enviesamento político do discurso. Porque não faz sentido prender as
pessoas em unidades fechadas pequenas, que são os mais comuns nos
grandes centros urbanos, uma quantidade enorme de pessoas, que não vão
ficar o tempo todo dentro de casa, pois precisam sair para comer e
procurar comida, para trabalhar e ganhar dinheiro. Assim elas vão
contrair o vírus e passar para todo mundo dentro de casa; é assim que
está se dando a contaminação. O lockdown foi um fracasso, como mostram os estudos. Os governadores fizeram o lockdown que quiseram, com a autorização do STF, sem que o governo federal pudesse interferir em nada — e o lockdown fracassou. O lockdown vai acabar matando mais gente que a Covid, porque com ele vem a quebra econômica. Nunca vi tanta gente na rua em São Paulo.
Paulo Briguet: E quanto ao uso de máscaras?
Francisco Cardoso: A questão da máscara é um pouco diferente. Faz
sentido usar a máscara em caso de doença respiratória, em ambientes de
aglomeração. E mesmo assim ela pode ser usada por um período curto de
tempo. A máscara cirúrgica, depois de duas ou três horas, não serve para
mais nada, fica umedecida e passa a favorecer o contágio. A máscara de
pano não tem nenhum estudo comprovando a sua eficácia. Estima-se que
alguma proteção ela deva oferecer, mas não se sabe quanto. O uso
indiscriminado de máscara vai fazer com que a pessoa use a máscara o dia
todo. A pessoa acabará usando a máscara em locais desnecessários; e
quando estiver no ambiente mais perigoso, a máscara vai estar inútil. Se
houvesse uma política inteligente de uso de máscaras, as pessoas a
usariam somente onde realmente precisam usar e não precisaria gastar as
máscaras em locais desnecessários, sem aglomeração. É fácil mandar todo
mundo usar máscara, mas na verdade isso é jogar no escuro. Há outro
aspecto que envolve a engenharia social: as pessoas se identificam por
reconhecimento facial, e a máscara tira isso de nós. Era preciso saber
quando se deve e quando não se deve usar a máscara.
Paulo Briguet: Qual a mensagem que o sr. deixaria para os leitores do Brasil Sem Medo sobre a Covid-19?
Francisco Cardoso: A Covid-19 é uma doença benigna na maioria dos
casos. O que as precisam saber, para que a doença não se torne perigosa,
é a necessidade de iniciar o tratamento precoce logo aos primeiros
sintomas da doença. Outro aspecto importante, que não está sendo
divulgado pela mídia, é que a faixa de risco mais perigosa não são os
idosos, não são as gestantes, não são os pacientes com imunidade baixa,
nem os pacientes hipertensos — são os obesos. A obesidade está altamente
relacionada à taxa de mortalidade — e os obesos não estão sabendo
disso. Não sei qual é a dificuldade da imprensa em mostrar que, de
acordo com os estudos, a faixa de risco maior para mortalidade por
Covid-19 é a dos obesos. Obesos que tiverem sintoma precisam
imediatamente iniciar o tratamento precoce, pois eles têm maior
propensão a desenvolver síndrome inflamatória, síndrome respiratória
aguda grave e sepse. As pessoas não podem ter torcida favorável
ou contrária à hidroxicloroquina. É uma droga usada há anos para tratar
malária, artrite, lúpus e outras doenças inflamatórias. É um medicamento
seguro. Claro, qualquer medicamento tomado em dose elevada pode causar
problemas, mas as doses indicadas para tratamento precoce não são
elevadas. Em estudos falhos que saíram no Brasil na semana passada, a
dose era o dobro do recomendado pelo Ministério da Saúde: é óbvio que
vai causar problemas. Por que deram o dobro? Só consigo pensar em um
motivo: o estudo foi feito para destruir a reputação da droga. Nenhum
médico, em sã consciência, pode prescrever uma dose de medicamento que
ele sabe que fará mal ao paciente. Muitos médicos precisam parar de se
vestir com a capa de vestal da ciência... Ficar repetindo o mantra de
que “a cloroquina foi morta”, “a cloroquina está enterrada”, parece
agradar algum tipo de vaidade, mas simplesmente é uma mentira. Os
estudos contra a cloroquina divulgados até agora ou são uma fraude ou
são mal feitos. A eficácia da cloroquina já está definida por mais de 60
estudos, como eu disse. A questão agora é saber até onde pode ir essa
terapia ou se no futuro vamos ter drogas melhores para tratamento de
Covid. Cuidado com as manchetes de jornais. Olhem a quantidade de
pessoas que tomaram cloroquina e estão se salvando — é só isso que eu
peço.
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