2-Lidando de forma bíblica com a homossexualidade
A Bíblia revela que o sexo foi criado por Deus e é
bom. Foi ideia dele. Logo as primeiras palavras de Deus registradas e dirigidas
à humanidade encapsulam os ensinamentos da Bíblia sobre o sexo: “Sede fecundos,
multiplicai-vos, enchei a terra” (Gênesis 1.28). Este mandamento positivo
demonstra que o sexo foi designado para glorificar a Deus, fortalecer o vínculo
entre marido e mulher, ser experimentado exclusivamente entre um homem e uma
mulher no relacionamento conjugal e propagar a raça humana.
Neste lado da queda, o sexo e a sexualidade são
distorcidos em graus menores ou maiores. No entanto, hoje existe a controvérsia
intensa sobre a homossexualidade nos círculos evangélicos e, cada vez mais, nas
igrejas reformadas também. Não somente a homossexualidade é frequentemente
apresentada como boa, mas também é apresentada como algo a ser buscado com a
bênção de Deus. É alarmante que a aceitação do comportamento homossexual entre
evangélicos professos esteja aumentando. Nós ouvimos de algumas pessoas que o
tipo de relações homossexuais que vemos hoje (amorosas, monogâmicas) não são
abordadas nas Escrituras. Embora essa tendência pareça continuar, essas visões
revisionistas devem ser rejeitadas pelos seguidores de Jesus Cristo.
A Palavra de Deus é firme em sua visão negativa da
homossexualidade e do desejo sexual pelo mesmo sexo. A Bíblia é o padrão
infalível pelo qual devemos ver a homossexualidade e entender o remédio do
evangelho para isso. Infelizmente, a confiabilidade da Bíblia nessa área tem
sido questionada atualmente por muitos que reivindicam a fé cristã. Os cristãos
que veem a Escritura como autoritativa e inspirada não devem aceitar esta visão
diluída da Palavra de Deus. A Bíblia revela a posição de Deus a respeito dos
problemas do coração humano, sendo a homossexualidade um dentre muitos.
Como os cristãos devem pensar sobre a
homossexualidade? Nós precisamos compreendê-la de três maneiras. Primeiramente,
a homossexualidade nas Escrituras é sempre mencionada em termos de uma ação,
algo feito fisicamente com outra pessoa ou um padrão de pensamento interno e
ativo da mente e do coração. A palavra grega mais usada para descrever a
homossexualidade no Novo Testamento é arsenokoitēs, que se refere a um homem
deitado com outro homem. Portanto, sempre que é mencionada, é sempre definida
em termos de uma atividade, um comportamento ou uma pessoa que se envolve nesse
comportamento do coração e corpo.
Em segundo lugar, a homossexualidade é chamada de
pecado em todas as passagens onde é mencionada. É proibida e é expressamente
considerada como contrária à vontade de Deus. As Escrituras afirmam isso
claramente em Gênesis 19.4-9; Levítico 18.22, 20.13; 1Timóteo 1.9-10 e Judas 7.
Romanos 1.24-27 também descreve a atividade da paixão e da luxúria centradas no
coração, bem como o comportamento. Isto se refere a homens e mulheres. O
comportamento é listado em 1Coríntios 6.9-11, onde também aprendemos que esta
foi a história de alguns cristãos na igreja primitiva. Entre os que tinham
experimentado a salvação havia ex-praticantes da homossexualidade.
Portanto, não só o comportamento homossexual do
corpo e do coração é definido como pecado, mas também é retratado como
consequência e efeito da queda. Referindo-se à realidade do sexo ilícito,
Levítico 18.6-19 lista mais de uma dúzia de formas de pecado sexual, incluindo
a homossexualidade e o sexo com animais. Novamente, a gravidade do pecado
sexual, particularmente da homossexualidade, é fortemente declarada em Romanos
1.24-26, usando frases vívidas e terríveis como “concupiscências de seu próprio
coração”, “paixões infames” e ter uma “disposição mental reprovável”. Isso em
adição aos versículos em Judas que falam de “transformar em libertinagem a
graça de nosso Deus” e de pessoas que “havendo-se entregado à prostituição…
seguindo após outra carne”. Esta última designação está especificamente ligada
ao que aconteceu em Sodoma e Gomorra.
Mas, Deus realmente deve comunicar que o mau uso do
sexo nas formas acima mencionadas (e, por inferência, os desejos que levam a
esse mau uso) é proibido e considerado como pecado? É claro. Nossos desejos,
especialmente os nossos desejos sexuais, nunca são neutros. Ver o desejo pelo
mesmo sexo como neutro, especialmente quando esse desejo objetifica a outra
pessoa sexualmente ou vê a pessoa meramente como um objeto de paixão sexual, é
entender mal a profundidade e a complexidade do pecado. Na Escritura, o coração
é muitas vezes visto como o centro dos nossos desejos. Em Marcos 7.21, Jesus descreve
o coração como o centro de toda imoralidade sexual e sensualidade. Essas
inclinações são retratadas como coisas vis que vêm do interior. Ele está
falando sobre desejo, seja o objeto desse desejo alguém do sexo oposto ou do
mesmo sexo. Tiago 1.14-15 nos diz que somos atraídos e seduzidos por nossos
desejos e que o desejo dá à luz o pecado. O desejo não é uma parte neutra do
nosso ser, mas uma parte muito ativa dele.
Certamente essas perspectivas da Escritura são
amplamente rejeitadas. Há um fator essencial na tentativa de legitimar a
homossexualidade biblicamente. Em termos simples, na cultura de hoje, nossa
sociologia está cada vez mais interpretando, definindo e determinando a nossa
teologia. O que quero dizer com isso? Houve um tempo em que os crentes
rotineiramente olhavam para a Bíblia, tanto para saber como pensar sobre as
questões da vida quanto para encontrar soluções para os dilemas que
enfrentavam, incluindo questões relacionadas ao sexo e à sexualidade. Isso não
é mais assim. Hoje, o impacto e a influência da rede social de alguém e da
experiência com amigos e familiares substituíram o que a Bíblia poderia dizer
sobre esse assunto. Outro termo para entender esta transferência de autoridade
e credibilidade para longe da Palavra de Deus em direção à experiência pessoal
é a acomodação cultural. Hoje, parece que muitas pessoas acreditam que as
Escrituras devem se curvar às nossas experiências ou às dos outros.
Devemos também notar que a homossexualidade nunca é
descrita na Escritura como uma condição ou estado de existência. Ao contrário
da ideia moderna de uma “orientação” homossexual inata — um termo usado
frequentemente nos últimos vinte e cinco anos ou mais — esse conceito não é
encontrado na Escritura. É assumido na Bíblia que podemos nos tornar inclinados
ou “orientados” para qualquer coisa a que continuamente entregamos as nossas
mentes e corações. Faça algo em pensamento ou em ação muitas vezes e por um
período bastante longo, e isso se tornará enraizado em nós.
Contudo, precisamos ter cuidado com o pensamento
simplista aqui, especialmente quando refletimos em nossa responsabilidade —
algo que muitos não acreditam que têm quando se trata dos seus desejos pelo
mesmo sexo ou do seu comportamento. Nós somos o produto das interações
complexas de muitos fatores durante muitos anos. Por que alguns são propensos a
qualquer número de persuasões psicossociais, incluindo ira, depressão ou
dependência química? Eis a resposta: nem sempre escolhemos as nossas lutas ou
tentações, embora assumamos a responsabilidade pelo que fazemos com elas. Elas
se desenvolvem em nós através de uma interação complexa de temperamento,
influências internas e externas, e de nossos próprios eus desejosos, arruinados
e pecaminosos.
Nós facilmente e por natureza cooperamos com essas
influências de modo que os hábitos do coração e o comportamento se tornem
fortes e dominantes. Em certo sentido, somos a soma de milhares de pequenas
decisões que tomamos. Nós temos cooperado com os nossos desejos cultivados.
Assim, apesar dos fatores externos que podem ter estado envolvidos no
desenvolvimento daquelas tentações que achamos particularmente atraentes, ainda
assim somos responsáveis por ter vidas
piedosas, inclusive na área
da sexualidade.
Finalmente, precisamos entender que Deus oferece
perdão, um testemunho limpo e restauração por meio de Jesus Cristo para todos
os pecadores arrependidos, incluindo aqueles que têm um histórico de
comportamento homossexual e outros pecados. Ele não somente nos perdoa por
sermos propensos a abusar do seu dom do sexo e sexualidade, mas a sua graça
verdadeiramente nos educa “para que, renegadas a impiedade e as paixões
mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tito
2.11-12). Isso não significa necessariamente que podemos fingir que não usamos
o sexo como parte de nossa história ou que os desejos sexuais ilícitos não
continuarão a nos incomodar ou ser uma fonte de tentação, mas isso significa
que a graça de Deus nos dá poder para viver de modo transformado como
seguidores de Jesus Cristo. Ele nos capacita a resistir à tentação e a viver
para sua glória.
Cristo é mediador dessa graça e capacita os
crentes; mas a igreja, o corpo de Cristo, também desempenha um papel crucial.
Ouvi um pastor dizer: “O arrependimento mata aquilo que está me matando, sem
matar a mim mesmo”. Eu não conheço alguém que possa fazer isso sozinho.
Aprender a andar em obediência e a mortificar o nosso pecado e nossa natureza
pecaminosa nunca é algo a ser tentado sozinho ou isoladamente. A mudança
bíblica é uma atividade comunitária. O chamado da igreja é oferecer apoio e
encorajamento àqueles que experimentam atrações pelo mesmo sexo e outras
tentações sexuais. Caminhar com aqueles que são tentados dessa maneira significa
que ajudamos a suportar os fardos das suas lutas e tentações, oferecendo
amizade e companheirismo, e ajudando-os a crer pela primeira vez ou crer
novamente no evangelho todos os dias. Isso é o que Cristo faz por nós e é o que
precisamos fazer por outros que estão lidando com o pecado sexual. Ao fazer
isso, também seremos lembrados de que nós também somos perdoados por nossas
transgressões.
Por: John
Freeman.
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