CASAMENTO 1ª. Parte
''A família e o casamento são projetos de Deus,
apesar das dificuldades que enfrenta''. Esta foi a ideia que o Rev. Hernandes
Dias Lopes busca propor a todos que têm visto e ouvido suas palestras sobre
relacionamento. Autor do livro ''Casados e Felizes'', o pastor da Primeira
Igreja Presbiteriana de Vitória tem orientado pessoas de todo o Brasil, com seminários
e encontros que tratam de temas como o que foi abordado em Fortaleza (CE), nos
últimos dias 11 e 12 de Janeiro, em um treinamento para Líderes e Pastores,
organizado pela Livraria Bíblia e Opções e a Ordem dos Ministros Evangélicos do
Ceará (ORMECE).
Em entrevista exclusiva ao Guia-me, o teólogo e
escritor compartilhou um pouco de sua experiência como conselheiro matrimonial,
falou sobre superficialidade no casamento, sexualidade saudável, o poder da
pornografia dentro dos lares e a dificuldade de se falar sobre sexo dentro das
igrejas.
A família
foi instituída por Deus ou é uma ideia humana?
Rev. Hernandes Dias Lopes: A Família foi criada por
Deus. A família preexiste, - obviamente falando do casamento e desembocando em
família - ela preexiste à igreja e ao estado. É instituição divina, então o
casamento e a família não são ideias do homem, são ideias de Deus. Por isso a
família é uma instituição indefectível, mesmo que ela enfrente turbulências e
crises até o Senhor Jesus voltar, haverá família.
Existem limites para a intimidade sexual dentro do
casamento?
Rev. Hernandes Dias Lopes: O casamento implica em
intimidade. Ele legitima e santifica a intimidade. Do ponto de vista da
sexualidade, eu entendo à luz da Bíblia que o corpo é santo. Não existe uma
parte do corpo mais santa ou menos santa. Todo o corpo é santo. Então Deus
santificou o nosso corpo e ele é habitação de Deus, foi comprado por Deus e
deve glorificar a Deus. Essa liberdade pode ir até o limite da legitimidade O
que penso eu, ser ilegítimo e inconveniente é quando nós tentamos alterar o
projeto da criação. Por exemplo: Deus fez as nossas narinas para baixo. Se
fossem feitas para cima, nós morreríamos afogados. Então, por exemplo, a
questão do sexo anal, que está se tornando comum dentro da propagação da
pornografia é uma agressão à mulher, é um sexo que não é limpo - porque o ânus
não foi feito para receber a penetração, é um órgão criado por Deus para a
excreção - de tal forma que quando a pessoa entra por esse caminho está agredindo
o cônjuge ele está promovendo um sexo que não tem a característica da pureza e
ele se torna viciante e degradante. E mais: a pessoa tem a tendência de não se
satisfazer mais com aquilo que é natural. Então é uma degradação e tudo aquilo
que degrada o ser humano, ofende ao criador, se choca contra o projeto de Deus
e é nocivo.
A pornografia tem demonstrado um poder devastador
nos lares de todo o mundo. Por que uma pessoa casada busca ter contato com
esses materiais?
Rev. Hernandes Dias Lopes: I sso acontece da mesma
maneira que uma pessoa saudável procura drogas. Por que um jovem que tem um
corpo saudável vai se destruir, se arruinar. A pornografia gera dependência. Há
muitas pessoas, por exemplo, que, sendo dependentes de masturbação se casam e,
mesmo tendo o privilégio do relacionamento sexual de forma legítima, mantém o
vício da masturbação. Uma pessoa que é viciada em ver cenas de nudismo ou
relação sexual se torna viciada naquilo. Só ter a relação sexual já não a
satisfaz, então ela precisa ver e o pior: daqui a pouco ela quer importar para
a relação sexual, para o seu leito conjugal, toda aquela situação que viu no
vídeo, na internet. Então ela vai importar toda aquela sujeira e vai querer
repetir na relação sexual de seu casamento todas aquelas práticas - sejam
sodomitas, sejam de prostituição, sejam de múltiplos parceiros. Vai quebrando o
preceito dos absolutos, da ética da moralidade, da santidade, vai derrubando,
destruindo os fundamentos da ética e da moralidade. Como o homem é atraído pelo
olhar, ele viu e quer ver de novo, mas amanhã o ver já não o satisfaz, ele
também quer fazer e, quando ele faz, aquela ação também já não satisfaz, ele
tem que crescer e vai gerando um processo de degradação. Aí vai para o fundo do
poço. Eu conheço casos de pessoas que se degradaram a tal ponto de se
suicidarem, da vida não fazer sentido e ele se vê em um atoleiro, uma prisão da
qual não consegue sair. Essa pessoa entra em colapso nesse mar.
Em suas palestras sobre relacionamento, você fala
que o casamento não é uma ''varinha de condão'' que muda tudo. Por que as
pessoas acham no casamento tudo vai ser melhor, vai ser diferente?
Rev. Hernandes Dias Lopes: Porque as pessoas não
querem refletir. Nós estamos vivendo em uma geração - fruto da pós-modernidade
- na qual as pessoas querem sentir, não querem pensar. Elas querem emoções, não
querem reflexão. E às vezes elas mantém relacionamentos superficiais e pensam,
jogando sempre para o amanhã, que ''amanhã tudo vai se resolver'', ''amanhã vai
ser melhor'', ''amanhã a solução vai chegar''. Em vez delas resolverem a
relação no namoro, no ''pré-casamento'', elas não querem pensar , conversar,
refletir. Aí o namoro está ruim, o noivado está péssimo e pensam que a solução
vai vir no casamento. Então nós não temos que adiar para o futuro, a solução do
hoje. Nós temos que resolver o problema hoje. Se o namoro não for estruturado,
se o noivado não for consciente, o casamento vai ser um colapso. Eu diria para
você que falta berço, falta base, a juventude de hoje está invertendo os
papeis. Olha em Gênesis 2:24: ''Deixará o homem, o seu pai e sua mãe, se unirá
a sua mulher, se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne''. O que
está acontecendo hoje, é que começam tornando-se uma só carne, para depois se
unir, para depois deixar pai e mãe - e às vezes nem deixa pai e mãe. Então eles
estão querendo ''construir a casa começando pelo telhado'', sem lançar os
fundamentos. Aí é tragédia na certa.
Apesar dos cristãos terem o melhor manual para
alcançar o relacionamento sexual santo, da melhor forma possível, falar sobre
sexualidade dentro das igrejas ainda é tabu. Por quê?
Rev. Hernandes Dias Lopes: É tabu porque nós
herdamos uma cultura católico-romana muito forte, que traz a ideia de que o
sexo é uma coisa que não é santa. Talvez a maior dificuldade de que eles tenham
de aceitar o fato de Maria ter dado à luz outros filhos, se dê pelo fato deles
acharem que Maria não poderia ser uma mulher santa se teve relacionamento
sexual - ainda que com o marido dela. Passou-se a ideia de que o sexo não é
santo, não é puro. Então muitas pessoas tiveram o sentimento de culpa pelo
relacionamento sexual entre marido e mulher. E essa ideia foi passada aos
filhos. Aí passa-se a ideia de que o sexo é proibido, é sujo, que não agrada a
Deus e não tratam o assunto com naturalidade. Vira tabu. Aí é proibido falar na
igreja, dentro de casa e as pessoas tendo uma ideia equivocada de sexo e vão
cometer os desvios, porque não trataram do assunto com a legitimidade
necessária, com a clareza necessária, com a abordagem direta, sensata e
adequada à luz da Palavra de Deus.
Dionê Leony Machado
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