Natal
Baianês...
O
Salvador e a Salvador: já é Natal em baianês. (Texto de Louti Bahia, da
@amoahistoriadesalvador, publicado originalmente em 19/12/2020)
Ó paí,
véio! O cara mora em Salvador e não tá nem aí pra história da cidade. Já tá
chegano ôtro fim de ano e os uzoto inda não caiu a ficha do que tem a ver Natal
com Salvador. Paroano vai ser a merma merda. Já tô veno essa crocodilagem, Aí,
só Jesus na causa.
Aliás,
só Jesus de com força porque a criatura tem “estauta” na Barra, tem igreja no
Bonfim, tem procissão no mar, e ainda assim tem um bucado de gente que não sabe
que o nome da cidade é por causa Dele. Colé de mermo? Vá estudar, miséra.
Adiante seu lado.
Que mal
lhe perrunte: tá ligado no nome que Tomé de Sousa deu pra cidade? Sabe de nada,
inocente: você só quer tudo de mão beijada, né? Pois nem te conto. Foi “Cidade
do Salvador”. E não teve esse mimimi de enquete no stories, não! O Rei de
Portugal botô pra lenhar e deu a real: vai ser o nome do homi. Viva Jesus e
amém.
Né
culhuda não, tá lá nas cartas “rezistrado”. Isso foi na faixa etária de 1549,
mas em 1551 rolou um migué que até hoje aperta a mente de muita gente. O papa
passou batido e deu o nome de “São Salvador da Bahia” pra primeira diocese do
Brasil. Aí, embolou o baba. Esculhambou. Rolou aquele bolodório pra ver se o
vacilo foi de fulano ou de sicrano. Consumição da porra, mas não deu em nada:
abafa o caso. Moral de jegue: até hoje, muita gente pensa que o nome da cidade
era São Salvador.
Quer
ver outra? Tá pensando que aquele Cristo da Barra tá ali na beira do mar só
tirando onda? Se ligue, mermão. Aquela obra foi de um escultor italiano para
homenagear a cidade. De lenhar, né? Foi Pasquale De Chirico e o nome da obra
foi “O Monumento a Jesus – o Salvador”. E né imitação do Cristo do Rio, não,
vú? O da gente ficou pronto 11 anos antes, em 1920. Entendeu ou quer que eu
desenhe?
Simbora
que tem mais. Quem é esse tal de Senhor do Bonfim? É Ele também, seu burro. É
Jesus de novo: a imagem veio de Lisboa em 1745. Mas falô em Bonfim, você fica
logo se bulino, só pensa na lavage e cumê água. Namoral, só quer saber de
prezepada.
Tome
jeito, pomba lerda. Por isso que quando você ia, eu já tava voltando. Só te
digo uma coisa: no último dia de um ano, e no primeiro do outro, tem Jesus pra
lá e Maria pra cá nas águas do mar. Não é querendo me gabar não, mas ô festa
bunita na Baía de Todos os Santos. Vai da Boa Viagem até a Conceição e volta da
Conceição pra Boa Viagem. É de lei: Nossa Senhora da Boa Viagem e Bom Jesus dos
Navegantes na galeota Gratidão do Povo.
Tá veno
ai? Eu tava entalado pra fazer esse desabafo. Tem Jesus Cristo de tudo quanto é
lado na nossa cidade e na nossa história, mas você fica aí, de quina pra lua, à
toa, abestalhado, e ainda come pilha de Papai Noel. Se liga, painho; se liga,
mainha: Natal tem que ter Jesus na sua casa.
Nada
contra o veinho gordão que se veste de vermelho, é gente boa, dá presente e as
porra. Mas eu largo logo o doce: tá ligado que ele foi uma invenção da Coca
Cola, né? E Jesus, não. Jesus foi uma invenção de Deus e é o aniversariante,
mermão. Dia 25 foi o nascimento do minino que deu nome à nossa Cidade do
Salvador. Né pouca merda não. Ó que nome massa o da nossa cidade! Respeite
Salvador e respeite o homem que ele é Filho de Deus.
Então,
véio, coma seu peru, seu “chest”, seu frango; misture com sua farofa com passas
comaporra; beba sua champanhe, sua cidra ou sua tubaína; faça seu amigo
secreto, mas não esqueça de parar meia noite, pensar na vida, na família, nos
amigos, na saúde, pegá a visão e dar uma espiadinha nas estrelas do céu pra
agradecer ao verdadeiro dono dessa festa, em bom baianês: Valeu, meu Rei.
(Texto de Louti Bahia, da @amoahistoriadesalvador, publicado originalmente em
19/12/2020)
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