quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

NATAL BAIANÊS...

 

Natal Baianês...

 

O Salvador e a Salvador: já é Natal em baianês. (Texto de Louti Bahia, da @amoahistoriadesalvador, publicado originalmente em 19/12/2020)

 

Ó paí, véio! O cara mora em Salvador e não tá nem aí pra história da cidade. Já tá chegano ôtro fim de ano e os uzoto inda não caiu a ficha do que tem a ver Natal com Salvador. Paroano vai ser a merma merda. Já tô veno essa crocodilagem, Aí, só Jesus na causa.

 

Aliás, só Jesus de com força porque a criatura tem “estauta” na Barra, tem igreja no Bonfim, tem procissão no mar, e ainda assim tem um bucado de gente que não sabe que o nome da cidade é por causa Dele. Colé de mermo? Vá estudar, miséra. Adiante seu lado.

 

Que mal lhe perrunte: tá ligado no nome que Tomé de Sousa deu pra cidade? Sabe de nada, inocente: você só quer tudo de mão beijada, né? Pois nem te conto. Foi “Cidade do Salvador”. E não teve esse mimimi de enquete no stories, não! O Rei de Portugal botô pra lenhar e deu a real: vai ser o nome do homi. Viva Jesus e amém.

 

Né culhuda não, tá lá nas cartas “rezistrado”. Isso foi na faixa etária de 1549, mas em 1551 rolou um migué que até hoje aperta a mente de muita gente. O papa passou batido e deu o nome de “São Salvador da Bahia” pra primeira diocese do Brasil. Aí, embolou o baba. Esculhambou. Rolou aquele bolodório pra ver se o vacilo foi de fulano ou de sicrano. Consumição da porra, mas não deu em nada: abafa o caso. Moral de jegue: até hoje, muita gente pensa que o nome da cidade era São Salvador.

 

Quer ver outra? Tá pensando que aquele Cristo da Barra tá ali na beira do mar só tirando onda? Se ligue, mermão. Aquela obra foi de um escultor italiano para homenagear a cidade. De lenhar, né? Foi Pasquale De Chirico e o nome da obra foi “O Monumento a Jesus – o Salvador”. E né imitação do Cristo do Rio, não, vú? O da gente ficou pronto 11 anos antes, em 1920. Entendeu ou quer que eu desenhe?

 

Simbora que tem mais. Quem é esse tal de Senhor do Bonfim? É Ele também, seu burro. É Jesus de novo: a imagem veio de Lisboa em 1745. Mas falô em Bonfim, você fica logo se bulino, só pensa na lavage e cumê água. Namoral, só quer saber de prezepada.

 

Tome jeito, pomba lerda. Por isso que quando você ia, eu já tava voltando. Só te digo uma coisa: no último dia de um ano, e no primeiro do outro, tem Jesus pra lá e Maria pra cá nas águas do mar. Não é querendo me gabar não, mas ô festa bunita na Baía de Todos os Santos. Vai da Boa Viagem até a Conceição e volta da Conceição pra Boa Viagem. É de lei: Nossa Senhora da Boa Viagem e Bom Jesus dos Navegantes na galeota Gratidão do Povo.

 

Tá veno ai? Eu tava entalado pra fazer esse desabafo. Tem Jesus Cristo de tudo quanto é lado na nossa cidade e na nossa história, mas você fica aí, de quina pra lua, à toa, abestalhado, e ainda come pilha de Papai Noel. Se liga, painho; se liga, mainha: Natal tem que ter Jesus na sua casa.

 

Nada contra o veinho gordão que se veste de vermelho, é gente boa, dá presente e as porra. Mas eu largo logo o doce: tá ligado que ele foi uma invenção da Coca Cola, né? E Jesus, não. Jesus foi uma invenção de Deus e é o aniversariante, mermão. Dia 25 foi o nascimento do minino que deu nome à nossa Cidade do Salvador. Né pouca merda não. Ó que nome massa o da nossa cidade! Respeite Salvador e respeite o homem que ele é Filho de Deus.

 

Então, véio, coma seu peru, seu “chest”, seu frango; misture com sua farofa com passas comaporra; beba sua champanhe, sua cidra ou sua tubaína; faça seu amigo secreto, mas não esqueça de parar meia noite, pensar na vida, na família, nos amigos, na saúde, pegá a visão e dar uma espiadinha nas estrelas do céu pra agradecer ao verdadeiro dono dessa festa, em bom baianês: Valeu, meu Rei. (Texto de Louti Bahia, da @amoahistoriadesalvador, publicado originalmente em 19/12/2020)

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