5ª. // História
de um Amor Incrível (pdf)
Ela
nasceu incrivelmente feia. Ninguém aguentou olhar para ela, nem os próprios
pais. Tiveram nojo dela e não conseguiram imaginar a vida criando aquela
criança. Os pais, por serem pessoas mal criadas, não sentiram aquele amor
transbordante típico de pais, nem foram tomados por um desejo de proteger sua
filhinha. No mesmo dia em que ela nasceu, literalmente foi tocado pelos
próprios pais.
Assim
começa uma história contada pelo profeta Ezequiel no começo do século VI a.C.
Já voltaremos à história desta menina rejeitada e abandonada, que se encontra
em Ezequiel 16. Este capítulo conta, na minha opinião, uma das histórias mais
lindas do Antigo Testamento. O capítulo 16 de Ezequiel contém uma das histórias
mais feias nas Escrituras. É em Ezequiel 16 que encontramos uma das histórias
mais lindas já contadas. Se esses comentários parecem loucos e contraditórios,
continue lendo! A mensagem de Ezequiel 16 passa de linda para feia e volta para
um final incrivelmente lindo. É uma história da profundidade do amor divino.
Vamos
conhecer esta história, e considerar a aplicação dela aos leitores originais e
uma segunda aplicação que nos ajuda a apreciar o verdadeiro amor de Deus.
Agora
voltaremos à história. . .
A
menina foi abandonada em campo aberto, sem nenhum cuidado. Não cortaram o
umbigo, nem limparam o sangue do parto, e muito menos colocaram nela roupa ou
cobertor. Certamente imaginei que ela morresse em poucas horas naquele campo, e
que fosse esquecida para sempre.
Um
homem passou e viu o bebê se confundir. Ele socorreu a criança imediatamente,
fazendo tudo para que ela vivesse. Sob os cuidados deste “pai adotivo”, uma
menina cresceu bem. Foi bem tratado e próspero. Amadureceu e chegou a ser uma
moça com idade suficiente para se casar. Mas, ainda contínua descoberta.
O
começo desta história fala sobre a “infância” do povo de Israel. Fala da terra
dos cananeus, dos amorreus e dos heteus, para relembrar o povo de suas raízes.
Até Deus separar os descendentes de Abraão, eram pessoas comuns, iguais a
outros povos gentios. E os outros povos não se preocupavam com o bem-estar dos
israelitas.
Deus
separou, protegeu e cuidou deste povo. Durante todo o período dos patriarcas –
de Abraão até Moisés – Deus permitiu que o povo não somente sobrevivesse, mas
que crescesse e ficasse mais forte. Porém ainda não tinha feito sua aliança
especial com o povo. Neste sentido, Israel continua descoberto.
Na
próxima fase da história, o papel de Deus muda. Ele não é mais um pai adotivo.
Ele assumiu o papel de marido. Vamos continuar. . .
O homem
viu que a moça estava com idade para casar, e ele se casou com ela. Fez a
aliança com ela e estendeu a sua proteção, cobrindo a nudez dela. Ele a lavou e
a vestiu com roupas finas de boa qualidade. Joia Colocou. Deu-lhe uma coroa.
Ela passou a comer as melhores comidas, dando-lhe saúde e beleza. Passou a ser
uma mulher extremamente bonita, porque o marido lhe deu a sua glória. Por ser
casada com o rei do universo, ela passou a ser a rainha mais honrada do mundo.
Que
história linda! Esta segunda fase da história representa o que Deus fez quando
chamou o povo do Egito. Ele fez uma aliança com Israel, e aquele povo passou a
ser uma nação especial. Deus protegeu o povo no deserto, e circulou por uma
nova nação numa terra rica. Deu-lhe todas as condições para uma vida de
conforto. É importante observar que esta noiva conquistou a beleza do noivo.
Isso não é normal, pois sabemos que uma noiva geralmente chega ao casamento
enfeitada e radiante. É comum comentar sobre a beleza da noiva, mas nem tão
comum alguém comentar sobre a beleza do noivo! É importante entender que toda a
glória e beleza de Israel veio do Senhor.
Se o
relato terminar aqui, seria uma das histórias mais bonitas já contadas. Mas,
infelizmente, a próxima parte da história se torna extremamente feia. Vamos ver
o que esta noiva tão abençoada fez. . .
Ela
gostou da beleza e da fama que ganhou, e decidiu aproveitar a situação. Usava
as coisas que o marido lhe dava para atrair outros homens. Ela traiu o marido
num caso adúltero. Na verdade, não foi só um. Ela começou a ter vários casos com
diversos homens. Deu tudo para eles, até os próprios filhos (quer eram os
filhos legítimos do marido). Ela perdeu toda a vergonha e se ofereceu a todos
os homens que passavam perto da casa dela.
O
marido tentou corrigir essas atitudes erradas da mulher, mas ela não mudou. Ele
sofreu o sustento dela, e deixou que ela sofresse na mão dos outros, mas ela
ainda não aprendeu. Ela gastou tudo e foi entregue à imoralidade. Tornou-se
pior do que uma prostituta, pois ela chegou ao ponto de pagar os homens para ter
relações com ela! Neste ponto da história, parece que o desgaste de sua vida
imoral era tão grande que ninguém mais desejava essa mulher. Ela envelheceu e
se tornou feia no seu pecado. Nenhum dos “homens” do mundo dava valor para ela.
Esta
fase da infidelidade representa séculos da história de Israel. A prostituição
da mulher simboliza a idolatria do povo. Israel se envolve com as nações pagãs
e com seus falsos deuses. Fez oferendas e sacrifícios – até sacrificando seus
próprios filhos – aos ídolos. Uma vez que Israel já tinha marido (Deus), as
suas relações com outros homens (ídolos) eram uma forma de adultério
espiritual. Ao invés de viver grata ao marido, ela usou as vitórias que Deus
lhe deu para servir aos falsos deuses. Os ídolos impotentes, porém, não
valorizavam e não protegiam o povo. Vai piorar ainda mais. . .
Depois
de tudo que o marido fez para sua mulher infiel, ela não se arrependeu e não
demonstrou gratidão. Ele chegou ao ponto de desistir dela. Deixou que os
amantes perceberam a feiúra dela e fizeram a sua vontade. Eles nunca procuraram
o bem dela, mesmo quando ela era uma jovem bonita. Agora olharam para a mulher
velha, feia e cheia de rugas, e a desprezaram. Talvez ela se achasse melhor do
que outras prostitutas, mas o marido falou que era igual ou pior. Mesmo quando
sofreu, esta mulher adúltera continua teimosa contra o marido.
As
nações semelhantes que tiveram relações ilícitas com Israel voltaram contra seu
“amante”. O Egito, a Assíria e a Babilônia atacaram, despojaram e deixaram
Israel para morrer. A triste ironia é que o pecador sofre nas mãos dos seus
parceiros de crime! Quantas moças já foram desprezadas e até abandonadas pelos
“namorados” que aproveitaram delas para o prazer passageiro e depois fugiram
das suas responsabilidades? Quantos jovens já perderam tudo antes de considerar
que os “amigos” do mundo não são verdadeiros amigos? O diabo e seus aliados
oferecem liberdade, mas levam a vítima à escravidão (2 Pedro 2:19-22).
Agora
vemos a parte mais incrível desta história. Eu não conheço nenhum homem que
tomaria de volta uma mulher tão exageradamente infiel como Israel. Mas é isso
que Deus fez. . .
Depois de tudo que a mulher adúltera havia
feito, e depois da destruição total pelos amantes dela, o marido olhou com
compaixão. Não pela beleza dela, que já não tinha mais, mas pela misericórdia
dele, o marido toma a mulher para casa, renova a aliança do casamento, e
promete cuidar dela.
Que
final incrivelmente lindo! Deus perdoou o povo de Israel e restaurou a nação à
terra abençoada. O amor dele foi maior do que a feiúra do pecado deste povo
infiel!
Aplicações
para nós
Ezequiel
escreveu sobre coisas de uma outra época e sobre um outro povo. Mas há lições
importantes para nós neste capítulo. Consideremos algumas:
(1)
Deus não nos salva pela nossa beleza. O pecador é como aquela criança coberta
de sangue e tão feia que ninguém queria olhar para ela. Quando Deus olhou para
mim, e para você, no nosso pecado, não viu pessoas bonitas que trariam prazer
para ele. Ele viu toda a feição do nosso pecado. Mesmo assim, nos ofereceram a
salvação pela sua graça e misericórdia.
(2)
Toda a beleza do cristão vem de Deus. Quando entramos numa relação especial com
Deus – ao tornamos cristãos – ele nos veste com justiça e retidão (Efésios
3:16-21; 4:22-23; 5:25-27).
(3) O
pecado é uma ofensa contra Deus, uma traição. Não é apenas uma questão de
quebra de alguma regra impessoal. Quando o cristão peca, ele trai o Criador e
Redentor, o marido da igreja.
(4)
Quando Deus aceita de volta o cristão que se desviou, ele salva uma pessoa que
não merece sua graça, da mesma maneira que aceitou de volta sua mulher
adúltera, Israel. Leia Atos 8:20-24 e Tiago 5:19-20.
“... e
assim, habite Cristo no seu coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados
em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura,
e o comprimento, e a altura , e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo entendimento, para que sejam tomados de toda a plenitude de Deus”
(Efésios 3:17-19).
– por Dennis Allan
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