A cobra vai fumar: o Brasil
entra na 2ª Guerra
Publicado
por Eudes Bezerra 18/04/2017 , atualizado em
16/03/2019
O pracinha Francisco de Paula com
um cartucho de artilharia onde se lê “A cobra está fumando”. Costumeiramente,
atribui-se a de Paula o mérito de primeiro tiro brasileiro disparado na guerra,
embora esta afirmação pareça improceder. Créditos: Lawrence V. Emery.
A famosa expressão se tornou lema da Força Expedicionária Brasileira
(FEB), durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), e deve sua popularização
ao então Presidente Getúlio Vargas que, diante do inimaginável caso de o Brasil
entrar na guerra contra a Alemanha de Adolf Hitler, teria dito: “é mais fácil
uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil entrar na guerra”… Algum tempo depois
tudo mudou, a cobra fumou e o Brasil foi à guerra!
1. Por que a cobra não fumaria?
Embora
não se tenha certeza de que a frase realmente pertença à Vargas, o mesmo não se
pode duvidar sobre a possibilidade de o Brasil participar de uma campanha
militar tão longe de casa, visto que suas Forças Armadas não se encontravam
minimamente preparadas para combates no teatro de guerra europeu, ainda mais
contra a poderosa máquina de guerra alemã. Além disso, dizia-se que os próprios
brasileiros não acreditavam na mais simples das possibilidades.
É mais
fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil entrar na Guerra.”
— Getúlio Vargas.
— Getúlio Vargas.
Ainda,
até o início da guerra, em 1939, Getúlio Vargas possuía afinidade com o
Nazifascismo, tendo, inclusive, instituído o chamado Estado Novo (1937–1945),
onde compartilhava certas características com os regimes totalitários, como o
anticomunismo.
Entretanto,
muito do pensamento mudou com o próprio rumo da guerra, quando esta começou a
favorecer os Aliados em desfavorecimento do Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Ainda, a
entrada dos norte-americanos na guerra no fim de 1941, o que trouxe uma série
de benefícios logísticos e financeiros ao Brasil, e os ataques de submarinos alemães
– u-boot’s – a embarcações brasileiras levaram a opinião pública a uma
drástica mudança de sentindo, empurrando o governo à declaração de guerra
contra a Alemanha. E assim se diz: a cobra fumou…
A
expressão — A Cobra Vai Fumar — se tornou lema da Força Expedicionária
Brasileira, que contou com um gigantesco apoio militar dos Estados Unidos para
desembarcar na Itália e lutar contra a famosa Linha Gótica, que era defendida
pelos alemães (Mussolini já havia sido destituído do poder italiano).
Aproximadamente
25 mil soldados brasileiros compuseram a FEB, sendo enviados a partir de julho
de 1944. Cerca de 450 pracinhas não regressaram com vida ao Brasil.
O Brasão bordado da Força
Expedicionária Brasileira (FEB): A cobra fumando um cachimbo, criação do
Tenente-Coronel Senna Campos. A
cobra vai fumar de Walt Disney (sim, ele mesmo!). A imagem (da esquerda) foi
originalmente publicada em 22 de fevereiro de 1945, no jornal Globo e mostra o
símbolo da Força Expedicionária Brasileira aguerrida e, de certa forma, bem
parecida com os caubóis do Velho Oeste norte-americano (Disney era
norte-americano). Créditos: O Globo.
2. O autor do primeiro tiro de
artilharia
Embora
possa ser irrelevante a discussão acerca de quem efetuou ou não o primeiro
disparo da artilharia brasileira na guerra, faz-se necessário explicar o que
teria acontecido (ao menos até onde se sabe).
Costumeira
e erroneamente, atribui-se ao soldado Francisco de Paula a autoria do primeiro
disparo de artilharia da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra
Mundial. Contudo, o primeiro tiro (e tantos outros) já havia sido dado quase
duas semanas antes. Além disso, a artilharia não é composta por apenas um
soldado, mas de um grande conjunto coordenado, também sendo reconhecido que o
pracinha De Paula era municiador, e não atirador.
A
fotografia do soldado Francisco de Paula só teria sido registrada dia 29 de
setembro de 1944 e, de acordo com as referências, a criação da “autoria do
primeiro disparo de canhão” foi pura invenção da imprensa brasileira, tentando
elevar o espírito nacional, assim como afastar críticas negativas de que os
soldados brasileiros não estariam desempenhando funções de destaque na guerra.
Registro onde é possível ver o
soldado Francisco de Paula ocupando sua posição operacional padrão de C3
(carregador de peça de artilharia). Créditos: Lawrence V. Emery.
O
primeiro tiro da artilharia da FEB, por sua vez, rugiu ao norte da província
italiana de Lucca, na Toscana (parte da região central da Itália continental),
onde, aos pés do Monte Bastione, o alvo foi atingido com precisão: soldados
alemães guarnecidos na cidade de Massarosa. Era 16 de setembro de 1944 e o
disparo teria sido realizado pelo cabo atirador Adão Rosa da Rocha, após ordem
do tenente Alceu Grisólia que, entusiasmadamente, gritou “2ª peça fogo!!”.
O disparo
também entrou para história como o primeiro tiro da Artilharia Brasileira fora
da América do Sul. Aliás, acerca dos disparos efetuados na guerra, teria dito o
Chefe e General Oswaldo Cordeiro de Farias, o Comandante da Artilharia
Divisionária na Itália:
Acerca do
disparo, teria dito Cordeiro de Farias, comandante da Artilharia Divisionária
na Itália:
A melhor artilharia que operou na Itália foi a minha e isso foi dito por
oficiais americanos e prisioneiros alemães. Quando os americanos queriam fazer
uma nova experiência sempre contavam com a minha tropa”.
(CAMARGO, apud, NASCIMENTO, 2016, s/p)
(CAMARGO, apud, NASCIMENTO, 2016, s/p)
Notas
alemãs conteriam conteúdo que respaldam o afirmado pelo comandante Cordeiro de
Farias: “Uma nova artilharia revelou-se na frente de combate”, referindo-se à
brasileira.
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DIONÊ LEONY MACHADO
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