sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

A COBRA VAI FUMAR...!


A cobra vai fumar: o Brasil entra na 2ª Guerra
Publicado por Eudes Bezerra 18/04/2017 , atualizado em 16/03/2019

O pracinha Francisco de Paula com um cartucho de artilharia onde se lê “A cobra está fumando”. Costumeiramente, atribui-se a de Paula o mérito de primeiro tiro brasileiro disparado na guerra, embora esta afirmação pareça improceder. Créditos: Lawrence V. Emery.
A famosa expressão se tornou lema da Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), e deve sua popularização ao então Presidente Getúlio Vargas que, diante do inimaginável caso de o Brasil entrar na guerra contra a Alemanha de Adolf Hitler, teria dito: “é mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil entrar na guerra”… Algum tempo depois tudo mudou, a cobra fumou e o Brasil foi à guerra!
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1. Por que a cobra não fumaria?
Embora não se tenha certeza de que a frase realmente pertença à Vargas, o mesmo não se pode duvidar sobre a possibilidade de o Brasil participar de uma campanha militar tão longe de casa, visto que suas Forças Armadas não se encontravam minimamente preparadas para combates no teatro de guerra europeu, ainda mais contra a poderosa máquina de guerra alemã. Além disso, dizia-se que os próprios brasileiros não acreditavam na mais simples das possibilidades.
É mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil entrar na Guerra.”
— Getúlio Vargas.
Ainda, até o início da guerra, em 1939, Getúlio Vargas possuía afinidade com o Nazifascismo, tendo, inclusive, instituído o chamado Estado Novo (1937–1945), onde compartilhava certas características com os regimes totalitários, como o anticomunismo.
Entretanto, muito do pensamento mudou com o próprio rumo da guerra, quando esta começou a favorecer os Aliados em desfavorecimento do Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Ainda, a entrada dos norte-americanos na guerra no fim de 1941, o que trouxe uma série de benefícios logísticos e financeiros ao Brasil, e os ataques de submarinos alemães – u-boot’s – a embarcações brasileiras levaram a opinião pública a uma drástica mudança de sentindo, empurrando o governo à declaração de guerra contra a Alemanha. E assim se diz: a cobra fumou…
A expressão — A Cobra Vai Fumar — se tornou lema da Força Expedicionária Brasileira, que contou com um gigantesco apoio militar dos Estados Unidos para desembarcar na Itália e lutar contra a famosa Linha Gótica, que era defendida pelos alemães (Mussolini já havia sido destituído do poder italiano).
Aproximadamente 25 mil soldados brasileiros compuseram a FEB, sendo enviados a partir de julho de 1944. Cerca de 450 pracinhas não regressaram com vida ao Brasil.
O Brasão bordado da Força Expedicionária Brasileira (FEB): A cobra fumando um cachimbo, criação do Tenente-Coronel Senna Campos. A cobra vai fumar de Walt Disney (sim, ele mesmo!). A imagem (da esquerda) foi originalmente publicada em 22 de fevereiro de 1945, no jornal Globo e mostra o símbolo da Força Expedicionária Brasileira aguerrida e, de certa forma, bem parecida com os caubóis do Velho Oeste norte-americano (Disney era norte-americano). Créditos: O Globo.
2. O autor do primeiro tiro de artilharia
Embora possa ser irrelevante a discussão acerca de quem efetuou ou não o primeiro disparo da artilharia brasileira na guerra, faz-se necessário explicar o que teria acontecido (ao menos até onde se sabe).
Costumeira e erroneamente, atribui-se ao soldado Francisco de Paula a autoria do primeiro disparo de artilharia da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Contudo, o primeiro tiro (e tantos outros) já havia sido dado quase duas semanas antes. Além disso, a artilharia não é composta por apenas um soldado, mas de um grande conjunto coordenado, também sendo reconhecido que o pracinha De Paula era municiador, e não atirador.
A fotografia do soldado Francisco de Paula só teria sido registrada dia 29 de setembro de 1944 e, de acordo com as referências, a criação da “autoria do primeiro disparo de canhão” foi pura invenção da imprensa brasileira, tentando elevar o espírito nacional, assim como afastar críticas negativas de que os soldados brasileiros não estariam desempenhando funções de destaque na guerra.
Registro onde é possível ver o soldado Francisco de Paula ocupando sua posição operacional padrão de C3 (carregador de peça de artilharia). Créditos: Lawrence V. Emery.
O primeiro tiro da artilharia da FEB, por sua vez, rugiu ao norte da província italiana de Lucca, na Toscana (parte da região central da Itália continental), onde, aos pés do Monte Bastione, o alvo foi atingido com precisão: soldados alemães guarnecidos na cidade de Massarosa. Era 16 de setembro de 1944 e o disparo teria sido realizado pelo cabo atirador Adão Rosa da Rocha, após ordem do tenente Alceu Grisólia que, entusiasmadamente, gritou “2ª peça fogo!!”.
O disparo também entrou para história como o primeiro tiro da Artilharia Brasileira fora da América do Sul. Aliás, acerca dos disparos efetuados na guerra, teria dito o Chefe e General Oswaldo Cordeiro de Farias, o Comandante da Artilharia Divisionária na Itália:
Acerca do disparo, teria dito Cordeiro de Farias, comandante da Artilharia Divisionária na Itália:
A melhor artilharia que operou na Itália foi a minha e isso foi dito por oficiais americanos e prisioneiros alemães. Quando os americanos queriam fazer uma nova experiência sempre contavam com a minha tropa”.
(CAMARGO, apud, NASCIMENTO, 2016, s/p)
Notas alemãs conteriam conteúdo que respaldam o afirmado pelo comandante Cordeiro de Farias: “Uma nova artilharia revelou-se na frente de combate”, referindo-se à brasileira.
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DIONÊ LEONY MACHADO

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