Psiquiatra alerta para o risco
de dependência de anfetaminas, indutores do sono e analgésicos
A
dependências de certos remédios, sem acompanhamento médico adequado, preocupa
os especialistas
Tomar
anfetamina para emagrecer. Fazer uso de analgésico para “relaxar”. Consumir sempre
um indutor de sono para uma boa noite depois de um dia intenso de trabalho. A
dependências de certos remédios, sem acompanhamento médico adequado, preocupa
os especialistas.
Nesta
quinta-feira, 20, é celebrado o Dia Nacional de Combate às Drogas. O 3º Levantamento
Nacional sobre o Uso de Drogas, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
e divulgado em agosto do ano passado, apontou que o uso de medicamentos está em
segundo lugar no ranking do consumo de substâncias legais e ilegais que causam
dependência – perde apenas para a maconha.
Os
entrevistados foram questionados a respeito do uso e do abuso de substâncias
como tabaco, álcool, cocaína, maconha, crack, solventes, heroína, ecstasy,
tranquilizantes benzodiazepínicos (diazepam, clonazpam, alprazolam), esteroides
anabolizantes, sedativos barbitúricos, estimulantes anfetamínicos, analgésicos
opiáceos, anticolinérgicos, LSD, quetamina, chá de ayahuasca e drogas
injetáveis.
Nos 30
dias anteriores à pesquisa, as substâncias foram consumidas de forma não
prescrita, ou de modo diferente àquele recomendado pela prescrição médica, por
nada menos que 0,6% e 0,4% da população brasileira, respectivamente.
O
Conselho Regional de Farmácia de São Paulo estima que 77% dos brasileiros tomam
remédio por conta própria. Para a psiquiatra Alessandra Diehl, esse resultado
demonstra um padrão de risco e requer alerta.
“A
automedicação é um fenômeno preocupante e bastante comum na nossa cultura. A
busca de um alívio imediato pode retardar um adequado diagnóstico e consequentemente
uma resolução adequada de um quadro clínico. Vivemos em uma sociedade que tem
pressa e não parece suportar qualquer dor e frustração”, diz.
A
psiquiatra acrescenta que há uma grande preocupação clínica em relação ao uso
do zaleplon, zolpidem e zopiclone (“drogas-Z”) em relatos científicos nos
últimos anos. “Esse medicamento, que para muitos parece inofensivo e visto como
um aliado para driblar a insônia, possui efeito sedativo e hipnótico. Muitos
casos de uso indevido de zolpidem vem sendo relatado na literatura até o
momento. Na maioria deles, já havia um histórico de abuso de álcool ou drogas.
As pesquisas revelam que as pessoas que tomam o medicamento podem ter
sonambulismo, crescente prejuízo cognitivo, principalmente de memória e,
sobretudo, tolerância e consequente dependência”, afirma Alessandra Diehl.
Diante das evidências científicas, o FDA,
agência reguladora de alimentos e remédios dos Estados Unidos, passou a alertar
a comunidade médica e pacientes sobre os efeitos colaterais das “drogas-Z”,
compostas desde 2013. Deve-se tomar cuidado ao prescrever essas substâncias,
especialmente para pacientes com doenças psiquiátricas e/ou histórico de abuso
de drogas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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