Capítulo 2
A glória futura do Israel espiritual – v. 1-5.
• Is 2: 1-5: “Palavra que, em visão, veio a Isaías, filho de Amoz, a respeito
de Judá e Jerusalém. Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor
será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros [NVI:
‘colinas’], e para ele afluirão todos os povos [NVI: ‘e todas as nações
correrão para ele’]. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do
Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e
andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor,
de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações [NVI:
‘resolverá contendas de muitos povos’]; estas converterão as suas espadas em
relhas de arados e suas lanças, em podadeiras [NVI: ‘foices’]; uma nação não
levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Vinde, ó
casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor”.
Aqui o profeta faz menção ao futuro reino do
Messias e ao chamamento dos gentios para serem Seu povo, pois o templo do
Senhor estaria sobre os montes, e para lá os povos iriam para aprender a Sua
lei. Este texto se refere aos tempos do evangelho, quando Jesus estaria no
templo em Jerusalém ensinando a todos os que quisessem conhecer a verdade de
Deus. No templo do Senhor os povos seriam ensinados a jogar fora as armas de
guerra e a aprender a paz.
O futuro reino do Messias é chamado pelo profeta de ‘os últimos dias’,
dando a entender uma mudança importante no âmbito espiritual para a humanidade.
O monte da Casa do Senhor, em muitas passagens, é chamado de Monte Sião. ‘Sião’
significa ‘lugar seco’, ‘banhado de sol’, ou ‘cume’. O Monte Sião é o nome
de uma das colinas de Jerusalém e que pela definição bíblica é a Cidade de
Davi, e mais tarde se tornou sinônimo da Terra de Israel. Sião (em hebraico ציון – Tzion ou
Tsion; em árabe, Ṣuhyūn) era o nome dado especificamente à fortaleza Jebusita que ficava na colina a sudeste de Jerusalém, chamada de Monte Sião, e que foi conquistada por Davi. Após sua morte, o termo ‘Sião’ passou a se referir ao monte onde se encontrava o Templo de Salomão (no
Monte Moriá, 2 Cr 3: 1, ao norte do Monte Sião, onde estava a fortaleza
Jebusita tomada por Davi), e depois, ao próprio templo e aos seus terrenos.
Depois disso ainda, a palavra ‘Sião’ foi usada para simbolizar Jerusalém e a
terra de Israel.
Monte Sião
A rejeição dos judeus por sua idolatria e orgulho;
a majestade e poder de Deus – v. 6-22.
• Is 2: 6-22: “Pois, tu, Senhor, desamparaste o teu povo, a casa de Jacó,
porque os seus se encheram da corrupção do Oriente [NVI: ‘de superstições dos
povos do leste’] e são agoureiros como os filisteus [NVI: ‘praticam
adivinhações como os filisteus’] e se associam com os filhos dos estranhos
[NVI: ‘fazem acordos com pagãos’]. A sua terra está cheia de prata e de ouro, e
não têm conta os seus tesouros; também está cheia de cavalos, e os seus carros
não têm fim. Também está cheia a sua terra de ídolos; adoram a obra das suas
mãos, aquilo que os seus próprios dedos fizeram. Com isso, a gente se abate, e
o homem se avilta [NVI: ‘a humanidade será abatida e o homem será humilhado’];
portanto, não lhes perdoarás [no original: ‘não os exaltes]. Vai, entra nas
rochas e esconde-te no pó, ante o terror do Senhor e a glória da sua majestade.
Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada; só
o Senhor será exaltado naquele dia. Porque o Dia do Senhor dos Exércitos será
[NVI: ‘O Senhor dos Exércitos tem um dia reservado’] contra todo soberbo e
altivo e contra todo aquele que se exalta, para que seja abatido; contra todos
os cedros do Líbano, altos, mui elevados; e contra todos os carvalhos de Basã;
contra todos os montes altos e contra todos os outeiros elevados; contra toda
torre alta [NVI: ‘imponente’] e contra toda muralha firme [NVI: ‘muro
fortificado’]; contra todos os navios de Társis [NVI: ‘navio mercante’] e
contra tudo o que é belo à vista [NVI: ‘e todo barco de luxo’]. A arrogância do
homem será abatida, e a sua altivez será humilhada; só o Senhor será exaltado
naquele dia. Os ídolos serão de todo destruídos. Então, os homens se meterão
nas cavernas das rochas e nos buracos da terra, ante o terror do Senhor e a
glória da sua majestade, quando ele se levantar para espantar a terra. Naquele
dia, os homens lançarão às toupeiras [NVI: ‘aos ratos’] e aos morcegos os seus
ídolos de prata e os seus ídolos de ouro, que fizeram para ante eles se
prostrarem, e meter-se-ão pelas fendas das rochas e pelas cavernas das penhas,
ante o terror do Senhor e a glória da sua majestade, quando ele se levantar
para espantar a terra. Afastai-vos, pois, do homem cujo fôlego está no seu
nariz [NVI: ‘Parem de confiar no homem, cuja vida não passa de um sopro em suas
narinas’]. Pois em que é ele estimado?”
O profeta descreve as causas do abandono de Deus em
relação ao Seu povo: eles se associavam com ímpios; eram feiticeiros (agoureiros);
davam valor demasiado à riqueza, geralmente adquirida de maneira ilícita; a
terra de Israel e Judá estava cheia de ídolos feitos por mãos humanas; eles
eram arrogantes e orgulhosos e não mostravam arrependimento no coração. Por
isso, o profeta os advertia que o Dia do Senhor estava próximo e Ele puniria a
todos por causa dessas coisas, principalmente aqueles que eram altivos. Ele os
humilharia, assim como destruiria tudo o que parecia motivo de orgulho para o
Seu povo. Não apenas a arrogância e a altivez dos homens seriam abatidas, como
também os ídolos seriam destruídos. Ante o terror de Deus, os homens se
esconderiam nas cavernas das rochas ou nos buracos da terra, e nem se
lembrariam de carregar seus ídolos consigo, pois eles não teriam nenhum
proveito para eles e nem poderiam defendê-los da ira de Deus.
Como esse trecho se segue à profecia sobre a chegada do Messias ‘nos últimos
dias’, podemos pensar que essa destruição da idolatria e da arrogância do Seu
povo, restaurando o direito e fazendo vingança contra a injustiça, viria,
segundo a concepção do profeta, de uma maneira aterradora e um tanto violenta,
pois eles mereciam isso. Não está relacionada com nenhum império conquistando
Judá como um instrumento de juízo de Deus, e sim com a vinda do Messias, que
destruiria a idolatria do Seu povo.