A TERRA
DE ISRAEL
Em
termos de extensão territorial, seria do Rio do Egito ao Rio Eufrates (na
região do mar Morto e do mar de Quínerete), o que hoje compreenderia aos atuais
territórios do Estado de Israel, Palestina, Cisjordânia, Jordânia Ocidental,
sul da Síria e sul do Líbano.
O
pedaço da terra mais disputado do mundo talvez seja a terra de Canaã. Este
lugar, hoje chamado de Israel, ocupa uma faixa bem estreita entre o mar
Mediterrâneo e o rio Jordão. Canaã é pequena, contendo uma área bem menor que o
estado de Sergipe e menos de uma metade dos metros quadrados de Alagoas. Mesmo
assim, esse território tem sido almejado e contestado desde a antigüidade. O
que a Bíblia nos ensina sobre esta terra, a quem pertence hoje, e quais são os
planos que o Senhor tem para seu futuro?
A
História da Terra
Quando
Deus chamou Abraão para que deixasse a parentela e fosse para uma determinada
terra (Gênesis 12:1), este foi para Canaã. Ali, ele peregrinou e criou sua
família. O Senhor prometeu que daria aos descendentes de Abraão "esta
terra" (Gênesis 12:7), e repetiu a promessa para Abraão (Gênesis 13:14-15,
17; 17:8), Isaque (Gênesis 26:3-4) e Jacó (Gênesis 28:13). O Senhor explicou
que o cumprimento ia demorar uns quatrocentos anos (Gênesis 15:13-16). De fato,
430 anos depois (Êxodo 12:40-41), o Senhor levantou Moisés que libertou o povo
do Egito e o conduziu à terra prometida. Por causa da incredulidade do povo, a
realização da promessa demorou mais uma geração (Números 13-14). Mas
finalmente, Israel entrou e conquistou a terra (veja Josué).
Israel
tomou conta de toda a terra que Deus prometeu. "Assim o Senhor deu aos
israelitas toda a terra que tinha prometido sob juramento aos seus
antepassados, e eles tomaram posse dela e se estabeleceram ali ... De todas as
boas promessas do Senhor à nação de Israel, nenhuma delas falhou; todas se
cumpriram" (Josué 21:43, 45). O próprio Josué afirmou num discurso aos
líderes de Israel: "Vocês sabem, lá no fundo do coração e da alma, que
nenhuma das boas promessas que o Senhor, o seu Deus, lhes fez deixou de
cumprir-se. Todas se cumpriram; nenhuma delas falhou" (Josué 23:14b; veja
também 1 Reis 4:21; Neemias 9:7-8).
Deus
deu a terra para o povo de Israel de forma incondicional. Logo antes da entrada
do povo na terra prometida, o Senhor explicou: "Não é por causa de sua
justiça ou de sua retidão que você conquistará a terra delas. Mas é por causa
da maldade destas nações que o Senhor, o seu Deus, as expulsará de diante de
você, para cumprir a palavra que o Senhor prometeu, sob juramento, aos seus
antepassados, Abraão, Isaque e Jacó" (Deuteronômio 9:5). Os israelitas
receberam a terra apenas porque Deus havia garantido aos patriarcas que a daria
aos seus descendentes. Mas eles iriam continuar na terra somente por sua
fidelidade ao Senhor. Em Deuteronômio 28 e Levítico 26, Deus salientou as
maldições que o povo ia sofrer caso quebrasse a aliança, inclusive a expulsão
da terra: "Vocês serão desarraigados da terra em que estão entrando para
dela tomar posse" (Deuteronômio 28:63b). Eles desobedeceram ao acordo que
fizeram com Deus múltiplas vezes e apesar de longanimidade enorme, finalmente o
Senhor concretizou as maldições contra a nação: Assíria e Babilônia levaram-na
em cativeiro.
Depois
do exílio, porém, Deus se comprometeu que deixaria o povo retornar para a terra
prometida (Deuteronômio 30:5). De fato, sob a liderança de Josué e Zorobabel, o
povo voltou para a terra de Canaã (veja Esdras). Infelizmente, o povo novamente
se afastou do Senhor, e Jesus anunciou que seria expulso da terra mais uma vez.
Depois de ter passado um capítulo salientando os erros dos líderes, Jesus
decretou: "Eis que a casa de vocês ficará deserta ...Eu lhes garanto que
não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas" (Mateus 23:38;
24:2). Ele falou que Jerusalém seria destruída naquela geração (Mateus 24:34),
e assim aconteceu. No ano 70 d.C. o general Tito com o exército romano cercou,
conquistou e aniquilou a cidade de Jerusalém.
A Terra
Hoje
Não
resta mais nenhuma promessa de Deus referente a Canaã. Deus já cumpriu a
promessa de dar a terra aos descendentes de Abraão e para deixar o povo voltar
após o cativeiro. Quando o povo perdeu a terra pela segunda vez, perdeu todo o
seu direito a ela. Em 1948, alguns judeus retornaram, mas este evento não é cumprimento
de nenhuma profecia bíblica; é simplesmente um acontecimento político.
As
escrituras afirmam nitidamente que não há mais distinção entre judeus e gentios
perante o Senhor. "Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo
Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam"
(Romanos 10:12; veja Colossenses 3:11). Qualquer promessa possuída pelos judeus
hoje aplica-se igualmente aos gentios, porque Deus não mais diferencia os dois
em nada. Todos os servos fiéis ao Senhor são contados como Israel hoje.
"Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos
são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e
herdeiros segundo a promessa" (Gálatas 3:28-29). O Israel de Deus inclui
todos os servos dele independente da sua nacionalidade (Gálatas 6:16; Romanos
4:11-17).
O
propósito de Deus na própria escolha de Abraão foi justamente isso: através do
seu descendente abençoar todas as famílias da terra. A eleição de Abraão,
portanto, não foi destinada a favorecer a família dele, mas a utilizá-la para
salvar o mundo. Os profetas do Velho Testamento indicaram que haveria uma época
em que judeu e gentio seriam indistinguíveis. "O Senhor dos Exércitos os
abençoará, dizendo: 'Bendito sejam o Egito, meu povo, a Assíria, obra de minhas
mãos, e Israel, minha herança'" (Isaías 19:25, veja 19:16-25). Em Cristo,
o uso especial de Israel físico cessou, e o povo de Deus se tornou um corpo
unido, composto tanto do judeu como do grego.
Resposta
a Objeções
Algumas
pessoas pensam que Deus tem-se comprometido a dar a terra a Israel hoje por
causa da promessa a Abraão: "Toda a terra de Canaã, onde agora você é
estrangeiro, darei como propriedade perpétua a você e a seus descendentes; e
serei o Deus deles" (Gênesis 17:8). A noção da perpetuidade da possessão
da terra leva algumas pessoas a concluir que o judeu ainda tem o direito a esta
terra hoje. Porém, a palavra 'perpétua' no Antigo Testamento não significa algo
que nunca cessa. Se fosse assim, os anos que Israel ficou fora da terra no
exílio e no intervalo entre 70 e 1948 teriam violado a promessa. 'Perpétuo' em
hebraico significa um bom tempo. Note que a circuncisão era 'aliança perpétua'
(Gênesis 17:13), mas sabemos que hoje circuncisão não tem mais nada a ver com
nosso relacionamento com Deus (Gálatas 5:1-4; 6:15). Também o sábado era
'aliança perpétua' (Êxodo 31:16), mas hoje o sábado não faz mais parte das
nossas obrigações perante o Senhor (Colossenses 2:16-17). Os sacerdotes
levíticos eram 'sacerdócio perpétuo' (Números 25:13), mas o sacerdócio hoje
está mudado porque foi impossível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio
levítico (Hebreus 7:11-12). Então a idéia de perpetuidade no Velho Testamento
se limitava a continuidade naquela época.
Outras
pessoas notam as profecias que dizem que o povo de Deus viverá na terra para
sempre; por exemplo, "Viverão na terra que dei ao meu servo Jacó, a terra
onde os seus antepassados viveram. Eles e os seus filhos e os filhos de seus
filhos viverão ali para sempre, e o meu servo Davi será o seu líder para
sempre" (Ezequiel 37:25). Os profetas geralmente expressaram as bênçãos
espirituais em Cristo em termos ligados com as coisas já conhecidas. Existem
várias profecias do Velho Testamento que não se entendem em termos materiais.
Neste próprio trecho o Davi que seria o líder para sempre não se referiu ao
literal Davi, mas a Jesus, o grande descendente de Davi (Atos 2:25-36). Jeremias previu a continuidade do sacerdócio,
mas não se referiu ao sacerdócio literal, mas a Jesus, nosso sumo sacerdote
(Hebreus 7-10). "Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do
grande e temível dia do Senhor" (Malaquias 4:5). O Elias não era Elias
literal, mas João Batista, um parecido com Elias (Lucas 1:17; Mateus 11:14; 17:13). Os profetas disseram que animais seriam
oferecidos em sacrifício pelo pecado (veja Ezequiel 43:19, 22, 25; 45:15, 17),
mas não se oferecem animais literalmente hoje. Cristo é o Cordeiro de hoje
(João 1:29). As pessoas aceitas por Deus, de acordo com os profetas, seriam
circuncisas (Ezequiel 44:9), mas a circuncisão em questão é espiritual, do
coração (Romanos 2:28-29). Os profetas ensinaram que os sábados precisariam ser
santos (Ezequiel 44:24), mas os sábados literais não fazem mais parte das
nossas obrigações perante o Senhor (Colossenses 2:16-17). As profecias escritas
no Velho Testamento devem ser interpretadas de forma figurada (espiritual), e
não de forma literal (material). Por isso, quando lemos que pessoas viveriam na
terra para sempre, devemos entender que a terra significa à terra espiritual
dos lugares celestiais em que vivemos com Cristo, não a terra literal de Canaã.
Não
resta nenhuma promessa de Deus quanto à terra física de Canaã. As promessas de
hoje tratam da pátria celestial onde temos nossa cidadania (Filipenses
3:20-21); almejemo-la.
-por Gary Fisher
[Obs.: As citações bíblicas neste artigo são
da Nova Versão Internacional (NVI).]
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