domingo, 18 de fevereiro de 2024

ANJOS...7a.Parte

 

  

                           


7-A Organização Angelical

 

A organização angelical abrange as várias categorias ou classes de anjos. À semelhança das organizações políticas existentes no mundo, com graduações e poderes maiores e menores, as cortes angelicais também possuem a sua hierarquia. Estudaremos o assunto de um modo genérico, mas obedecendo a certa ordem.

 

I – UMA HIERARQUIA ESPECIAL DE ANJOS

 

A Bíblia dá a entender que os anjos de Deus (!) se acham organizados de forma hierárquica, isto é‚ numa forma de graduação, de autoridade. Essa graduação ‚ destacada pelo tipo de atividade que os anjos exercem em todo o Universo e na presença de Deus.

 

Arcanjo. A palavra “arcanjo” representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. 0 prefixo “arc”, do grego “arch”, sugere tratar-se de um chefe, um príncipe, um primeiro- ministro. Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece nos livros canônicos da Bíblia que usamos é o do arcanjo Miguel (Jd 9). Esse arcanjo se destaca biblicamente como uma espécie de administrador e protetor dos interesses divinos em relação a Israel) (Jd 9; Dn 12.1). 0 arcanjo Miguel ‚ denominado ” príncipe dos filhos de Israel ” porque é o guardião dessa nação. Na visão apocalíptica e escatológica (futura) que João teve na Ilha de Patmos, o arcanjo Miguel surgirá como o grande comandante dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas, representadas pelo dragão, símbolo de Satanás (Ap 12.7-12). Na vinda pessoal de Jesus Cristo, na primeira fase de convocação dos remidos do Senhor, a escritura não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do arcanjo será ouvida pelos mortos santos, os quais ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para ir ao encontro do Senhor nos ares (I Ts 4.16).

 

Querubins. Essa classe de anjos criados por Deus se destaca pela ligação que eles têm com o trono de Deus. A palavra querubim, no original hebraico “querub” , tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia em Gn 3.24 no Jardim do Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse acesso ao caminho da árvore da vida. 0 que aprendemos acerca dos querubins ‚ que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente ligados ao trono de Deus (I Sm 4.4; II Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16). Em Ezequiel 10, os querubins aparecem cheios de olhos e o trono de Deus está acima deles. A ligação dos querubins com o trono de Deus nos ensina que eles guardam o acesso á presença de Deus. Só nos é possível entrar no Santo dos Santos ou ” Lugar Santíssimo ” com o sangue da aliança em nossas vidas (Hb 10.19-22).

 

Serafins. O vocábulo serafim deriva do “saraph” e significa ardente, refulgente ou brilhante, nobres ou afogueados. Esta classe de anjos aparece uma só vez na Bíblia em Isaías 6.1-3. Nesta escritura, os serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus. Na visão de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada serafim tinham funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas, eles voavam. Essa visão de seres alados não significa que todos os anjos, obrigatoriamente, têm de Ter asas. As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus. É uma forma materializada que os seres espirituais usam para serem compreendidos, porque, de fato, os anjos são incorpóreos.

 

II – CLASSIFICAÇÃO GENÉRICA DOS ANJOS

 

Denominamos “classificação genérica” porque entendemos que dentro da ordem apresentada em Romanos 8.38 e Colossenses 1.16, o apóstolo Paulo não quis dogmatizar a ordem angelical segundo o seu entendimento. De fato, o seu interesse foi o de tornar mais clara a compreensão sobre as várias classes angelicais. Outro fato importante é que algumas das classes apresentadas como arcanjos, querubins e serafins se confundem dentro dos títulos apresentados por Paulo. Os teólogos antigos tentaram classificar os anjos reunindo todas as graduações. O teólogo Dioníso, areopagita, apresentava três classes de anjos.

 

(1) Tronos , querubins e serafins, como pertencentes a uma classe ligada diretamente ao trono de Deus.

 

(2) Poderes, domínios e potestades e

 

(3) Principados, arcanjos e anjos comuns.

 

Entretanto, essa classificação não tem respaldo bíblico, dada a diversidade das várias ordens angelicais.

 

Apresentaremos uma classificação segundo a ordem dos textos Cl 1.16 e Rm 8.38 , sem nos preocupar com uma ordem definitiva, pois não é esse o objetivo dos nossos estudos apresentados nessa Home Page.

 

1. Tronos (Cl 1.16) Conforme está no original grego, “thronoi” tem um sentido especial porque se refere a uma classe de anjos que está diretamente ligada à majestade e soberania de Deus. É possível que os “querubins” estejam diretamente ligados a esse tipo de atividade real, pois alguns textos identificam os querubins como os seres sobre os quais Deus está assentado e reinando ( I Sm. 4.4 ; II Rs 19.14 ; Sl 80.1 ; 99.1). É interessante fazer uma ligação tipológica dos anjos-tronos com os “carros” nos quais Deus anda e ostenta sua glória no Universo (Sl 68.17). Também encontramos essa mesma linguagem figurada acerca dos anjos comparando-os e tipificando-os “aos carros da salvação” e ainda destaca o Senhor “montado sobre cavalos” (Hc 3.8). Não há nenhum tom negativo ou humilhante nessa tipologia sobre anjos como cavalos, porque na mente antiga, os cavalos são símbolos de força e serviço. Quiséramos ser os “tronos” de Deus! Entretanto, Deus ostenta sua glória através de nós mediante a permanência do Espírito Santo em nosso ser.

 

2. Domínios (Cl 1.16) . Em algumas versões, o termo grego “kuriothes” ou “kuriotethoi” tem o sentido de soberanias ou dominações (Ef 1.21). A classe especial de anjos dominadores tem como função principal executar as ordens de Deus sobre as coisas criadas. Paulo diz que esses anjos executam as ordens divinas sob autoridade de Cristo. Subentende-se pelo contexto doutrinário do papel dos anjos, que essa classe denominada “dominadores” age de forma executiva sobre o Universo e sobre determinadas esferas espirituais.

 

3. Principados (Cl 1.16). Mais uma vez aquelas categorias especiais dos querubins e serafins se confundem com essas classificações de tronos, domínios, principados e potestades. Por isso, é difícil estabelecer uma ordem específica; porém, o que está revelado acerca dessas classes de anjos nos é suficiente para entender a sua importância e o seu ministério. A palavra “principados” no grego bíblico é “archai”, e refere-se a uma classe de anjos que têm poderes de príncipes. Nos reinos terrestres, os principados regem sobre territórios pertencentes ao reino. Podemos ver isto na história de Lúcifer, o qual havia sido estabelecido como “querubim ungido para proteger” e estava no monte santo antes de sua queda. Ao mesmo tempo, parece-nos que sua posição de “querubim” é fortalecida e acrescida por outra posição de “principado”. Supõe-se que ele governava o planeta na posição de “principado”, e só perdeu essa posição quando se rebelou contra o Criador e Senhor (Is 14.13 ; Ez 28.16 ; Ap 12.9). Devemos também considerar um outro “príncipe” chamado Miguel , referido na Bíblia como “um dos primeiros príncipes” de Deus (Dn 10.13).

 

4. Potestades (Cl 1.16). Potestades referem-se a anjos especiais que executam tarefas especiais da parte de Deus. Não se trata de poderes angelicais isolados, mas são chamados de “potestades” porque foram investidos de uma autoridade especial. Vários exemplos se destacam na Bíblia das ações poderosas dessa classe de anjos. Um destes anjos foi enviado por Deus para destruir a cidade de Jerusalém e só parou sua destruição quando Deus lhe ordenou que guardasse a sua espada (I Cr 21.15-27). O salmista Davi destaca anjos que são “magníficos em poder” (Sl 103.20). Isto revela que esses anjos pertencem a uma classe de seres poderosos, mas não onipotentes. A onipotência é atributo único do Deus Trino, por isso, nenhuma criatura jamais teve nem terá poderes totais. A magnitude do poder dessas potestades se limita ao nível da capacitação dada por Deus para o cumprimento de suas obrigações.

 

Todo o conteudo acima foi extraido da home page http://www.geocities.com/Athens/Academy/7049/ipic.htm

 

Uma boa matéria se começa com um bom assunto para as pessoas que queiram debater.

 

A SEXUALIDADE DOS ANJOS

SEBEMGE – SEMINÁRIO BATISTA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

 

TRABALHO DE PNEUMATOLOGIA

 

Aluno : Anísio Renato de Andrade

 

Professor : Pr. Delmo Gonçalves

 

Período : Sexto – Curso : Bacharel em Teologia Ministerial

 

Data : 14 de outubro de 1996 – Local : Belo Horizonte – MG

 

INTRODUÇÃO

 

A SEXUALIDADE DOS ANJOS

 

A Bíblia nos dá a entender que muitas vezes os anjos apareceram em forma humana. Partindo desse ponto, muitas pessoas vincularam definitivamente os seres celestiais à forma humana e passaram a associá-los a diversas características e limitações do ser humano. Entre esses aspectos está a questão da sexualidade. Os anjos têm sexo? Procurando respostas a essa pergunta nos dedicamos ao exame das escrituras e de alguns comentários, conforme apresentamos na seqüência.

 

DEFESA DA SEXUALIDADE DOS ANJOS

 

Russel Norman Champlin, no Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, ao comentar a epístola de Judas, afirma que os anjos cometeram o pecado da concupiscência e se prostituíram com mulheres. Tal argumento está baseado na interpretação de que os “filhos de Deus” mencionados em Gênesis 6 são anjos. Entretanto, em sua Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, o mesmo autor vacila em suas colocações e chega a dizer que os anjos não têm sexo, citando Mateus 22:30.

 

Quanto ao texto de Gênesis 6, são muitos os teólogos que afirmam que aqueles “filhos de Deus” são anjos. Este é o principal ponto de apoio para os que defendem que os anjos são seres sexuados.

 

Bancroft afirma que, segundo Mateus 22:30, os anjos no céu não se casam, mas isto não significa que eles não tenham sexo. Diz ainda, que as escrituras ensinam a sexualidade dos anjos ao referir-se a eles através de termos masculinos. O mesmo teólogo conclui que todos os anjos são do sexo masculino e que o casamento não está no plano de Deus para eles. O assunto é encerrado nesse ponto, sem apresentar nenhuma finalidade para a aludida “mono-sexualidade” angelical.

 

OBJEÇÕES À SEXUALIDADE DOS ANJOS

 

Myer Pearlman afirma que “os anjos são sempre descritos como varões, porém não têm sexo; não propagam a sua espécie”.

 

Severino P. Silva entende, pelos textos de Col.1:16-17 e Gn.2:1 , que os anjos foram criados simultaneamente. Assim, depois disso nenhum anjo foi acrescentado ao número inicial. Desse modo, estaria descartada a possibilidade de reprodução angelical e, conseqüentemente, eliminada a necessidade de sexo. Afirma ainda que, os anjos não constituem uma raça. Cada anjo é uma criação original. Os anjos compõem uma companhia ou diversas companhias. Por esta causa não propagam a sua espécie; eles não têm sexo, ainda que citados no sentido masculino, porém neste campo são neutros. As escrituras jamais inferem aos anjos pronomes femininos. Seus nomes são poucos e limitados nas escrituras, mas os que são dados são nomes masculinos. Miguel, Gabriel, Maravilhoso, entre os bons; e Satanás, Abadon e Apolion, entre os maus. Na Bíblia sempre lemos frases assim : “filhos de Deus”, “filhos dos homens”, “filha das mulheres”, mas nunca lemos “filhos dos anjos”. Severino P. Silva opõe-se veementemente à tese de que os “filhos de Deus” citados em Gênesis 6 possam ser anjos, pelo fato de tal argumento não comungar com o ensino bíblico geral.

 

Louis Berkhof diz apenas que os anjos não têm corpos e não se casam.

 

O Manual de Doutrinas da Igreja Metodista Wesleyana afirma que os anjos não têm sexo.

 

CONCLUSÃO

 

Os anjos não têm sexo. O texto usado para defender a sexualidade dos anjos, Gênesis 6, é um texto obscuro, e, por isso, é interpretado erroneamente. Entretanto, o texto que nega tal sexualidade é cristalino em sua clareza. Jesus disse em Mateus 22:30 : “Porque na ressurreição nem casam nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu.” Dizer que os anjos têm sexo apesar de não poderem se casar é, no mínimo, absurdo.

 

Como já dissemos, a questão da sexualidade dos anjos é fruto de uma imaginada equivalência entre seres humanos e celestiais. Este tipo de associação mitológica é uma fraqueza do ser humano, que o leva a fazer imagens de escultura e distorcer até mesmo conceitos a respeito da pessoa de Deus. É a tentativa de encaixar as realidades espirituais nas pequenas fôrmas da realidade natural.

 

O antropomorfismo utilizado pelos anjos em suas aparições não nos autoriza a concluir que eles possuam sexo. Da mesma forma como a aparição de serafins com asas não constituem informação suficiente para concluirmos que eles possam botar ovos.

 

Quem pensa que anjo tem sexo, segue o tipo de “lógica” que pode levá-lo a crer que o próprio Deus possa ser sexuado pelo fato de ter um Filho. Sabemos, porém, que nada disso faz sentido. Os seres humanos podem ser filhos de Deus ou filhos do Diabo sem que isso signifique a existência de alguma sexualidade espiritual.

 

BIBLIOGRAFIA

 

TEOLOGIA ELEMENTAR – Bancroft, E. H

 

TEOLOGIA SISTEMÁTICA – Berkhof, Louis – Edição Luz Para o Caminho

 

MANUAL DE DOUTRINAS BÍBLICAS DA IGREJA METODISTA WESLEYANA

 

CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA – Pearlman, Myer – Editora Vida

 

OS ANJOS, SUA NATUREZA E OFÍCIO – Silva, Severino P. – CPAD

 

ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA TEOLOGIA E FILOSOFIA – Champlin, Russel Norman – Editora Milenium

 

BÍBLIA SAGRADA – Versão Revista e Atualizada – Tradução de João Ferreira de Almeida Sociedade Bíblica do Brasil

 

O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO – Champlin, Russel Norman – Editora Milenium

 

ANGEOLOGIA BÍBLICA

Introdução

 

Ao nosso redor há um mundo espiritual poderoso, populoso e de recursos superiores ao nosso mundo visível. Bons e Maus espíritos passam em nosso meio, de um lugar para o outro, com grande rapidez e movimentos imperceptíveis. Alguns desses espíritos se interessam pelo nosso bem estar, outros porém, estão empenhados em fazer-nos o mal. Muitas pessoas questionam se existem realmente tais espíritos ou seres, quem são, onde se encontram e o que fazem.

 

A palavra de Deus é a única fonte de informação que merece confiança, e que possui respostas para estas perguntas. Ela deixa claro que há outra classe de seres superiores ao homem. Esses seres habitam nos céus e formam os exércitos celestiais, a inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus. Esses são os anjos de Deus, os quais estão sujeitos ao governo divino, e o importante papel que têm desempenhado na história da humanidade torna-os merecedores de referência especial. Existem também aqueles, pertencentes a mesma classe de seres, que anteriormente foram servos de Deus mas que agora se encontram em atitude de rebelião contra seu governo.

 

A doutrina dos anjos segue logicamente a doutrina de Deus, pois os anjos são fundamentalmente os ministros da providência de Deus. Essa doutrina permite-nos conhecer a origem, existência, natureza, queda, classificação, obra e destino dos anjos.

 

A origem dos anjos

 

A época de sua criação não é indicada com precisão em parte alguma, mas é provável que tenha se dado juntamente com a criação dos céus (Gn 1:1). Pode ser que tenham sido criados por Deus imediatamente após a criação dos céus e antes da criação da terra, pois de acordo com Jó 38:4-7, rejubilavam todos os filhos de Deus quando Ele lançava os fundamentos da terra. Que os anjos não existem desde a eternidade é mostrado pelos versículos que falam de sua criação (Ne 9:6, Sl 148:2,5; Cl 1:16). Embora não seja citado número definido na Bíblia, acredita-se que a quantidade de anjos é muito grande (Dn 7:10; Mt 26:53; Hb 12:22).

 

3. A natureza dos anjos

 

3.1- São seres espirituais e incorpóreos.

 

Os anjos são descritos espíritos, porque diferentes dos homens, eles não estão limitados às condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem, e movimenta-se com uma rapidez imperceptível sem usar meios naturais. Apesar de serem espíritos, têm o poder de assumir a forma de corpos humanos a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do homem (Gn 19:1-3).

 

Que os anjos são incorpóreos está claro em Ef 6.12, onde Paulo diz que “a nossa luta não é contra a carne nem sangue, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. Outras referências: Sl 104:4; Hb 1:7,14; At 19:12; Lc 7:21; 8:2; 11:26; Mt 8:16; 12.45. Não têm carne nem ossos e são invisíveis (Cl 1:16).

 

3.2- São um exército e não uma raça.

 

As Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem ou do plano de Deus para os anjos (Mt 22:30; Lc 20:34 -36), portanto não se caracteriza uma raça. No Velho Testamento por cinco vezes os anjos são chamados de “filhos de Deus” (Gn 6:2,4; Jó 1:6; 2:1; 38:7) mas nunca lemos a respeito dos “filhos dos anjos”. Os anjos sempre são descritos como varões, porém na realidade não tem sexo, não propagam sua espécie (Lc 20:34-35).

 

Várias passagens das Escrituras indicam que há um número muito grande de anjos (Dn 7:10; Mt 26:53; Sl 68:17; Lc 2:13; Hb 12:22), e são repetidamente mencionados como exércitos do céus ou de Deus. No Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que queria defendê-los dos que vieram prendê-lo: “Acaso pensas que não posso rogar ao meu pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos”? (Mt 26:53). Portanto, seu criador e mestre é descrito como “Senhor dos Exércitos”.

 

É evidente que eles são criaturas e portanto limitados e finitos. Apesar de terem mais livre relação com o espaço e o tempo do que o homem, não podem estar em dois ou mais lugares simultaneamente.

 

3.3- São seres racionais morais e imortais.

 

Aos anjos são atribuídas características pessoais; são inteligentes dotados de vontade e atividade. O fato de que são seres inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato de que são espíritos (2 Sm 14:20; Mt 24:36, Ef 3:10; 1 Pe 1:12; 2 Pe 2:11). Embora não sejam oniscientes, são superiores ao homens em conhecimento (Mt 24:36) e por ter natureza moral estão sob obrigação moral; são recompensados pela obediência e punidos pela desobediência.

 

A Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais como “santos anjos” (Mt 25:31; Mc 8:38; Lc 9:26; At 10:22; Ap 14:10) e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores (Jo 8:44; 1 Jo 3:8-10).

 

A imortalidade dos anjos está ligada ao sentido de que os anjos bons não estão sujeitos a morte (Lc 20:35-36), além de serem dotados de poder formando o exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor mandar (Sl 103:20; Cl 1:16; Ef. 1:21; 3:10; Hb 1:14) enquanto que os anjos maus formam o exército de Satanás empenhados em destruir a obra do Senhor (Lc 11:21; 2 Ts 2:9; 1 Pe 5:8).

 

Ilustrações do poder de um anjo são encontradas na libertação dos apóstolos da prisão (At 5:19; 12:7) e no rolar da pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo (Mt 28.2)

 

4. A classificação dos anjos

 

4.1- Anjos bons e anjos maus

 

Há pouca informação sobre o estado original dos anjos. Porém no dia de sua obra criadora Deus viu tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Pressupõe-se que todos os anjos tiveram um boa condição original (Jo 8:44; 2 Pe 2:4; Jd 6). Os anjos bons são chamados “anjos eleitos” (1 Tm 5:21) e evidentemente receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição de perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são incapazes de pecar . São chamados também de “santos anjos ou anjos de luz” (2Co 11:14). Sempre contemplam a face Deus (Lc 9:26), e tem vida imortal (Lc 20:36). Sua atividade mais elevada é a adoração a Deus (Ne 9:6; Fp 2:9-11; Hb 1:6; Jó 38:7; Is 6:3; Sl 103:20; 148:2 Ap 5:11).

 

4.2- Quatro tipos de anjos bons:

 

1. Anjos: Tanto no grego quanto no hebraico a palavra “anjo” significa “mensageiro”. São exércitos como seres alados (Dn 9:21; Ap 14:6) para nos favorecer. Desde a entrada do pecado no mundo, eles são enviados para dar assistência aos herdeiros da salvação (Hb 1:14). Eles se regozijam com a conversão de um pecador (Lc 15:10), exercem vigilância protetora sobre os crentes (Sl 34:7; 91:11), protegem os pequeninos (Mt 18:10), estão presentes na igreja (1 Tm 5:21) recebem aprendizagem das multiformes riquezas da graça de Deus (Ef 3:10; 1 Pe 1:12) e encaminham os crentes ao seio de Abraão (Lc 16:22,23). A idéia de que alguns deles servem de anjos da guarda de crentes individuais não tem apoio nas Escrituras. A declaração de Mt 18:10 é geral demais, embora pareça indicar que há um grupo de anjos particularmente encarregado de cuidar das criancinhas. At 12:15 tampouco o prova, pois esta passagem mostra apenas que, naquele período primitivo havia alguns, mesmo entre discípulos, que acreditavam em anjos guardiães.

 

Embora os anjos não constituam um organismo, evidentemente são organizados de algum modo. Isto ocorre do fato de que ao lado do nome geral “anjo”, a Bíblia emprega certos nomes específicos para indicar classe de anjos. O termo grego “angelos” (anjos = mensageiros) também e freqüentemente aplicado a homens (Mt 11:10; Mc 1:2; Lc 7:24; 9:52; Gl 4:14). Não há nas Escrituras um nome geral, especificamente distintivo, para todos os seres espirituais. Eles são chamados filhos de Deus, (Jó 1:6; 2:1) espíritos (Hb 1:14), santos (Sl 89:5,7; Zc 14:5; Dn 8:13), vigilantes (Dn 4:13,17). Contudo, há nomes específicos que indicam diferentes classes de anjos.

 

2. Querubins: São responsáveis pela guarda da entrada do paraíso (Gn 3:24), observam o propiciatório (Ex 25:18,20; Sl 80:1; 99:1; Is 37:16; Hb 9:5) e constituem a carruagem de que Deus se serve para descer à terra (2Sm 22:11; Sl 18:10). Como demonstração do seu poder de majestade, em Ez 1º e Ap 4º são representados simbolicamente como seres vivos em várias formas. Mais do que outras criaturas, eles foram destinados a revelar o poder, a majestade e a glória de Deus, e a defender a santidade de Deus no jardim do Éden, no tabernáculo, no templo e na descida de Deus à terra.

 

3. Serafins: Mencionados somente em Is 6:2,6, constituem uma classe de anjos muito próxima dos querubins. São representados simbolicamente em forma humana com seis asas cobrindo o rosto, os pés e duas prontas para execução das ordens do Senhor. Permanecem servidores em torno do trono do Deus poderoso, cantam louvores a Ele e são considerados os nobres entre os anjos.

 

4. Arcanjos: O termo arcanjo só ocorre duas vezes nas escrituras (1 Ts 4:16; Jd 9), mas há outras referências para ao menos um arcanjo, Miguel. Ele é o único a ser chamado de arcanjo e aparece comandando seus próprios anjos (Ap 12.7) e como príncipe do povo de Israel (Dn 10:13,21; 12.1). A maneira pela qual Gabriel é mencionado também indica que ele é de uma classe muito elevada. Ele está diante da presença de Deus (Lc 1:19) e a ele são confiadas as mensagens de mais elevada importância com relações ao reino de Deus (Dn 8:16; 9:21).

 

Obs.:

 

Principados, potestades, tronos e domínios: A Bíblia menciona certas classes de anjos que ocupam lugares de autoridades no mundo angélico, como principados e potestades (Ef 3:10; Cl 2:10), tronos (Cl 1:16), domínios (Ef 1:21; Cl 1:16) e poderes (Ef 1:21, 1 Pe 3:22). Estes nomes não indicam espécies de anjos, mas diferenças de classe ou de dignidade entre eles. Embora em Ef 1:21 a referencia parece incluir tanto anjos bons quanto os maus, nas outras passagens essa terminologia se refere definitivamente apenas aos anjos maus (Rm 8:38; Ef 6:12; Cl 2:15).

 

4.3- Anjos Maus

 

Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado, e como o homem dotado de livre escolha. Sob a direção de Satanás, muitos pecaram e foram lançados fora do céu (2 Pe 2:4; Jd 6). O pecado, no qual eles e seu chefe caíram foi o orgulho. Alguns tem pensado que a ocasião de rebelião dos anjos foi a revelação da futura encarnação do Filho de Deus e a obrigação deles o adorarem.

 

Segundo as Escrituras, os anjos maus passam o tempo no inferno (2 Pe 2:4) e no mundo, especialmente nos ares que nos rodeiam. (Jo 12:31; 14:30; 2 Co 4:4; Ap 12:4,7-9). Enganando os homens por meio do pecado, exercem grande poder sobre eles (2 Co 4:3,4; Ef 2:2; 6:11,12); este poder está aniquilado para aqueles que são fieis a Cristo, pela redenção que ele consumou (Ap 5:9; 7:13,14).

 

Os anjos não são contemplados no plano da redenção (1 Pe 1:12), mas no inferno foi preparado o eterno castigo dos anjos maus (Mt 25:41).

 

Os anjos maus são empregados na execução dos propósitos de Satanás, que são opostos aos propósitos de Deus, e estão envolvidos nos obstáculos e danos contra a vida espiritual e o bem estar do povo de Deus.

 

5. A queda dos anjos

 

5.1- O fato da sua queda

 

Tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em estado de perfeição. No capitulo 1º de Gênesis, lemos sete vezes que o que Deus havia feito era bom. No ultimo versículo deste capitulo lemos “Viu Deus tudo o quanto fizera, e eis que era muito bom”. Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade quando originalmente criados. Algumas pessoas acham que Ez 28:15 se refere a Satanás. Se for assim, ele é definitivamente mostrado como tendo sido criado perfeito. Mas diversas passagens mostram alguns dos anjos como maus (Sl 78:49; Mt 25:41; Ap 9:11; Ap 12:7-9). Isto se deve ao fato de terem deixado seu próprio principado e habitação apropriada (Jd 6) e pecado (2 Pe 2:4). Não há duvida que Satanás tenha sido o chefe da apostasia. Is 14:12 e Ez 28:15-17 parece lamentar a sua queda.

 

5.2- A época de sua queda

 

Nas Escrituras não há referência de quando ocorreu a queda dos anjos, mas deixa claro que se deu antes da queda do homem, já que Satanás entrou no jardim na forma de serpente e induziu Eva a pecar (Gn 3).

 

5.3- A causa de sua queda.

 

De acordo com as Escrituras o universo e a criatura eram originalmente perfeitos. A criatura tinha originalmente a capacidade de pecar ou não. Ela foi colocada na posição de poder fazer qualquer uma das duas coisas sem ser obrigada a optar por uma delas. Em outras palavras, sua vontade era autônoma.

 

Portanto, conclui-se que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta deliberada e autodeterminada contra Deus. Grande prosperidade e beleza parecem ser apontadas como possíveis causas. Em Ez 28:11-19, o rei de Tiro parece simbolizar Satanás e diz-se que ele caiu devido a essas coisas.

 

Ambição desmedida e o desejo de ser mais que Deus parecem ser outra causa. O rei da Babilônia é acusado de ter essa ambição, ele também parece simbolizar Satanás (Is 14.13-14).

 

Em qualquer um dos casos o egoísmo, descontentamento com aquilo que tinha e o desejo de ter tudo o que os outros tinham, foi a causa da queda de Satanás e de outros anjos que o seguiram.

 

5.4- O resultado de sua queda

 

Todos eles perderam a sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta (Mt 10:1; Ef 6: 11-12; Ap 12:9);

Alguns deles foram lançados no inferno e estão acorrentados até o dia do julgamento (2 Pe 2:4);

Alguns deles permanecem em liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons (Ap 12:7-9; Dn 10:12,13,20,21; Jd 9);

Pode também ter havido um efeito sobre a criação original. A terra foi amaldiçoada ao pecado de Adão (Gn 3:17-19) e a criação está gemendo por causa da queda (Rm 8:19-22). Não é improvável, portanto, que o pecado dos anjos tenha tido algo a ver com a ruína da criação original no capítulo 1º de Gênesis;

Eles serão, no futuro, atirados para a terra (Ap 12:8-9), e após seu julgamento (1 Co 6:3), no lago de fogo e enxofre (Mt 25:41; 2 Pe 2:4; Jd 6).

Os demônios

As Escrituras não descrevem a origem dos demônios. Essa questão parece ser parte do mistério que rodeia a origem do mal. Porém, as Escrituras dão claro testemunho da sua existência real e de sua posição (Mt 12:26-28). Nos Evangelhos aparecem os espíritos maus desprovidos de corpos, que entram nas pessoas, das quais se diz que têm demônios. Os efeitos desta possessão se evidenciam por loucura, epilepsia e outras enfermidades, associadas principalmente com o sistema mental e nervoso (Mt 9:33; 12:22; Mc 5:4,5). O indivíduo sob a influência de um demônio não é senhor de si mesmo; o espírito fala através de seus lábios ou emudece à sua vontade; leva-o aonde quer e geralmente o usa como instrumento, revestindo-o às vezes de uma força sobrenatural.

 

Quando examinam as Escrituras, algumas pessoas ficam em dúvida se os demônios devem ser classificados juntamente com os anjos ou não; mas não há dúvida de que na Bíblia, há ensino positivo concernente a cada um dos dois grupos.

 

Ainda que alguns falem em “diabos”, como se houvesse muitos de sua espécie, tal expressão é incorreta. Há muitos “demônios”, mas existe um único “diabo”. Diabo é a transliteração do vocábulo grego “diabolos”, nome que significa “acusador” e é aplicado nas Escrituras exclusivamente a Satanás. “Demônio” é a transliteração de “daimon” ou “daimonion”.

 

6.1- A natureza dos demônios

 

São seres inteligentes (Mt 8:29,31; 1 Tm 4:1-3; 1 Jo 4:1 e Tg 2:19), possuem características de ações pessoais o que demonstra que possuem personalidade (Mc 1:24; Mc 5:6,7; Mc 8:16; Lc 8:18-31);

São seres espirituais (Lc 9:38,39,42; Hb 1:13,14; Hb 2:16; Mt 8:16; Lc 10:17,20);

São reputados idênticos aos espíritos imundos, no Novo Testamento;

São seres numerosos (Mc 5:9) de tal modo que tornam Satanás praticamente ubíquo por meio desses seus representantes;

São seres vis e perversos – baixos em conduta (Lc 9:39; Mc 1:27; 1 Tm 4:1; Mt 4:3);

São servis e obsequiosos (Mt 12:24-27). São seres de baixa ordem moral, degenerados em sua condição, ignóbeis em suas ações, e sujeitos a Satanás.

6.2- As atividades dos demônios

 

Apossam-se dos corpos dos seres humanos e dos irracionais (Mc 5:8, 11-13);

Afligem aos homens mental e fisicamente (Mt 12:22; Mc 5:4,5);

Produzem impureza moral (Mc 5:2; Ef 2:2);

7 – SATANÁS

 

7.1- Sua origem

 

Alguns afirmam que Satanás não existe, mas observando-se o mal que existe no mundo, é lógico que se pergunte: “Quem continua a fazer a obra de Satanás durante a sua ausência, se é que ele não existe?”

 

Satanás aparece nas Escrituras como reconhecido chefe dos anjos decaídos. Ele era originalmente um dos poderosos príncipes do mundo angélico, e veio a ser o líder dos que se revoltaram contra Deus e caíram. De acordo com as Escrituras, Satanás era originalmente Lúcifer (“o que leva a luz”), o mais glorioso dos anjos. Mas ele orgulhosamente aspirou a ser “como o Altíssimo” e caiu “na condenação (Ez 28:12,19; Is 14: 12-15). O nome “Satanás” revela-o como “o adversário”, não do homem em primeiro lugar, mas de Deus. Ele investe contra Adão como a coroa da produção de Deus, forja a destruição, razão pela qual é chamado Apolion (destruidor), Ap 9:11, e ataca Jesus, quando Este empreende a obra de restauração. Depois da entrada do pecado no mundo ele se tornou “diabolos” (acusador), acusando continuamente o povo de Deus, Ap 12:10. Ele é apresentado nas Escrituras como o originador do pecado (Gn 3:1,4; Jo 8:44; 2 Co 11:3; 1 Jo 3:8; Ap 12:9; 20:2,10) e aparece como reconhecido chefe dos que caíram (Mt 25:41; 9:34; Ef 2:2). Ele continua sendo o líder das hostes angélicas que arrastou consigo em sua queda, e as emprega numa desesperada resistência a Cristo ao seu reino. É também chamado “príncipe deste mundo” (Jo 12:31; 14:30; 16:11) e até mesmo “deus deste século” (2 Co 4:4). Não significa que ele detém o controle do mundo, pois Deus é quem o detém, e Ele deu toda autoridade a Cristo, mas o sentido é que Satanás tem sob controle este mundo mau, o mundo naquilo em que está separado de Deus (Ef 2:2).

 

Ele é mais que humano, mas não é divino; tem poder, mas não é onipotente; exerce influência em grande escala, mas restrita (Mt 12:29; Ap 20:2), e está destinado a ser lançado no abismo (Ap 20:10).

 

7.2- Seu caráter:

 

Presunçoso (Mt 4:4,5);

Orgulhoso (1 Tm 3:6; Ez 28:17);

Poderoso (Ef 2:2);

Maligno (Jó 2:4);

Astuto (Gn 3:1; 2 Co 11:3);

Enganador (Ef 6:11);

Feroz e cruel (1 Pe 5:8).

7.3- Suas atividades:

 

1. A natureza das atividades:

 

Perturbar a obra de Deus (1 Ts 2:18);

Opor-se ao Evangelho (Mt 13:19; 2 Co 4:4);

Dominar, cegar, enganar e laçar os ímpios (Lc 22:3; 2 Co 4:4; Ap 20:7,8; 1 Tm 3:7);

Afligir e tentar os santos de Deus (1 Ts 3:5).

2. O motivo de suas atividades: Ele odeia até a natureza humana com a qual se revestiu o Filho de Deus. Intenta destruir a igreja porque ele sabe que uma vez perdendo o sal da terra o seu sabor, o homem torna-se vítima nas suas mãos inescrupulosas.

 

3. Suas atividades são restritas: Ao mesmo tempo que reconhecemos que Satanás é forte, devemos ter cuidado de não exagerar o seu poder. Para aqueles que crêem em Cristo, ele já é um inimigo derrotado (Jo 12:31), e é forte somente para aqueles que cedem à tentação. Apesar de rugir furiosamente ele é covarde (Tg 4:7). Não pode tentar (Mt 4:1), afligir (1 Ts 3:5), matar (Jó 2:6), nem tocar no crente sem a permissão de Deus.

 

7.4- Sua atuação

 

Não limita sua operações aos ímpios e depravados. Muitas vezes age nos círculos mais elevados como “um anjo de luz” (2 Co 11:14). Deveras, até assiste às reuniões religiosas, o que é indicado pela sua presença no ajuntamento dos anjos (Jó 1:6), e pelo uso dos termos “doutrina de demônios” (1 Tm 4:1) e “a sinagoga de Satanás” (Ap 2:9). Freqüentemente seus agentes se fazem passar como “ministros de justiça” (2 Co 11:15).

 

7.5- Sua derrota:

 

Deus decretou sua derrota (Gn 3:14,15). No princípio foi expulso do céu; durante a grande tribulação será lançado da esfera celeste à terra (Ap 12:7-9); durante o milênio será aprisionado no abismo (Ap 20:1-3), e depois de mil anos será lançado no lago de fogo (Ap 20:10). Dessa maneira a Palavra de Deus nos assegura a derrota final do mal.

 

Bibliografia:

 

Teologia Sistemática – 3ª edição – 1990

 

Louis Berkhof

 

Editora Luz para o Mundo

 

Teologia Elementar – 8ª edição – 1995

 

E.H. Bancroft, D.D.

 

Editora Batista Regular

 

Palestras Introdutórias à Teologia Sistemática – 3ª edição – 1994

 

Henry Clarence Thiessen

 

Editora Batista Regular

 

Conhecendo as Doutrinas da Biblia – 23ª edição – 1996

 

Myer Pearlman

 

Editora Vida

 

Autor: Daniel Vieira de Jesus

 

Adaptação: Mário de Jesus Arruda

 

Angeologia 2

INTRODUÇÃO

 

Muito se tem escrito no mundo secular e religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as à conceitos errados e falsos sobre o mundo espiritual. Nestas lições, procuraremos esclarecer a verdade e a realidade do assunto segundo a revelação feita pela Bíblia Sagrada.

 

As Escrituras ensinam que há uma ordem de seres celestiais distinto da humanidade e da divindade. Quando consideramos os anjos, como em outras divisões da teologia sistemática, existe um vastíssimo campo para uso da razão, porque desde que o universo foi ordenado, esses seres entram em foco e continuarão presente pela eternidade.

 

Os Anjos não são humanamente visíveis, cremos na veracidade da sua existência e cremos em tudo quanto a Bíblia afirma a seu respeito. Há um processo ordenado na história da criação que apresenta-se em três fases distintas como segue:

 

l. A criação das coisas espirituais.

 

Jó 38: 1 – 7 Deus ao responder para Jó, que, quando os anjos foram criados nem o mundo material havia sido criado.

 

2. A criação das coisas materiais.

 

A criação material abrange todo o universo onde sua extensão nos dá uma visão da grandeza de Deus.

 

3. A criação da vida sobre a terra.

 

Deus formou o homem com uma vida material em combinação com o imaterial. Os anjos são apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais e materiais.

 

DEFINICÕES

 

O vocábulo “ANJO” tal qual aparece nas versões correntes, vem de um termo hebraico “MAL’ AKH” (malaque), no grego foi traduzido como” ANGELLOS”

 

Em ambos os testamentos o termo ” ANGELLOS” tem o significado de MENSAGEIROS DE DEUS.

 

ANGELOLOGIA = ANGELLOS + LOGIA

 

ANGELLOS = ANJOS

 

LOGIA = ESTUDO

 

Portanto, ANGELOLOGIA significa ” Doutrina dos anjos “

 

I NOMES APLICADOS AOS ANJOS

 

O termo anjo aplica-se a todas as ordens dos espíritos criados por Deus (Hb 1.14). Existem muitas outras citações similares com outros apelativos que expressam o mesmo significado.

 

O termo Anjo expressa todo ser celestial criado por Deus.

 

Gênesis 3: 24 – Querubim

 

Gênesis 18: 2 – Varão

 

Josué 5: 13 – 15 – Príncipes

 

Isaías 6: 2 – Serafim

 

Jó 1: 6 – Filhos de Deus

 

Salmos 104: 4 – Ministros

 

Efésios 1: 20-21 – Principados Potestades Domínios

 

Hebreus 1:14 – Espíritos Ministradores

 

Judas 9 – Arcanjo

 

II- A CRIAÇÃO DOS ANJOS

 

Os anjos são reais.

 

Eles exercem atividades importantes no mundo espiritual, mas não são independente nessas atividades, pois as fazem dentro dos limites a que foram criados.

 

A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra da criação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb.2.2);

 

No nascimento de Jesus (Lc 2.13); Na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascenção de Cristo (At l.10). Quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt 4.11 ).

 

Sua manifestação é incorpórea; eles são seres espirituais e morais. A realidade dos anjos se comprova mediante os atributos de personalidade que eles demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo.

 

Entretanto, os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, tomam para se incorporarem corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos. ( I Cor. 15: 40 – 44 )

 

Anjos não são meros espíritos sem corpos. Como podemos saber através da declaração do Nosso Senhor de que os filhos da ressurreição serão iguais aos Anjos.

 

São revestidos de corpos espirituais tais como os que nos são prometidos se formos havidos por dignos de alcançar a ressurreição ( Fil. 3: 21 ). O corpo espiritual corresponde ás necessidades da vida espiritual. No arrebatamento o nosso corpo não será o mesmo corpo terreno e corrupto mas espiritual que participará da natureza espiritual.

 

2. Existem anjos bons e maus. Na criação original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça bondade e santidade (2 Pe 2.4; Jd 5).

 

O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados como seres morais com livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16;Ez 28.12-19).

 

A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2 Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21 ). Aos anjos que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição celestial e para sempre estarão na sua presença, contemplando e executando a vontade do Criador (1 Tm 5.21; Mt 18.10).

 

3. A habitação dos anjos. Ao estudarmos as várias classes angelicais, entendemos que estas são distintas por várias atividades e se manifestam no vastíssimo espaço das “regiões celestiais”. A Bíblia declara ainda que os anjos de Deus são organizados em milícias espirituais que povoam os céus e são distribuídos em distintas ordens e graus (Lc 2.13; Mt 26.53). Trata-se, portanto, de uma habitação numa dimensão celestial.

 

4. O número de anjos. A quantidade existente de anjos é única e incontável, porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. ( Marcos 12: 25 )

 

O propósito do sexo é a reprodução do ser humano, essa necessidade não existe no meio celestial, portanto são assexuais ou seja não possuem sexo.

 

A Bíblia utiliza expressões variadas para designar “milhares de milhares “, “multidão dos exércitos celestiais “, “muitos milhares de anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). É impossível determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo número em todos os tempos, desde que foram criados (Sl 148.2-5).

 

Eles foram criados em multidões que ultrapassam nossa imaginação.

 

Os Anjos são filhos de Deus numa condição original, visto que Deus os criou. ( Col. 1: 16 )

 

Esta passagem nos traz informações de que há no mundo invisível grande variedade de seres celestiais, da qual nosso mundo visível é uma pálida reprodução, ou seja Deus não criou somente uma classe de Anjo.

 

III – NATUREZA GERAL DOS ANJOS

 

1. Os anjos são criaturas. No princípio de todas as coisas, antes da criação do mundo físico, Deus criou os anjos. A expressão “exército do céu”, dependendo do contexto, pode ter duas interpretações. Em Gênesis 2.1, Salmos 33.6 e Neemias 9.6, refere-se aos anjos.

 

É impossível fixar o tempo em que foram criados os anjos, mas a resposta de Deus a Jó declara que eles foram criados antes de todas as outras coisas(Jó 38.4,7)

 

2.Os anjos são seres espirituais. Os corpos espirituais não possuem limitações físicas, por isso a “lei da gravidade” não exerce qualquer influência ou poder sobre coisas espirituais. Por serem superiores à matéria, os anjos podem tomar formas humanas para se fazerem perceptíveis aos sentidos físicos do homem, se houver necessidade. Não sofrem ação da natureza ( Juízes 13: 19 – 20 )

 

Hebreus 1:14 Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?

 

Não envelhecem Marcos 16: 5

 

Porque não envelhecem? Não sofrem a ação do tempo

 

Várias aparições de anjos feitas a Abraão, Ló, Jacó, Josué, Pedro e Paulo são exemplos indiscutíveis da Bíblia(Gn 18.1-10; 28.10-22 etc) Ainda em nosso tempo, os anjos aparecem aos servos de Deus na terra.

 

3. Os anjos são seres poderosos. O salmista os descreveu como “valorosos em poder” que executam as ordens de Deus e lhe obedecem (Sl 103.20) .

 

II Pedro2: 11 Enquanto os Anjos, sendo maiores em força e …

 

Quando os pais de Sansão levantaram um altar ao Senhor, um anjo desceu sobre as chamas do altar sem sofrer qualquer dano(Jz 13.19,20).

 

Um só anjo matou a 185 mil soldados do exército assírio (Is 37.36). Um só anjo destruiu com fogo as cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 19). Um só anjo removeu a pedra do sepulcro onde Jesus foi sepultado, quando se exigia vários homens para remover aquela enorme pedra(Mt 28.2) Embora os anjos tenham poderes, eles são limitados (2 Sm 24.16; Ap 18.1,21; Gn 19.13).

 

Seus poderes sobrepujam grandemente aos dos homens, entretanto estes poderes são estritamente limitados.

 

Poder sobrenatural Atos 12: 7 – 10; Mateus 28: 2; II Reis 19 :35

 

Poder sobre a natureza Apocalipse 7: ; Apocalipse 14 :18; Apocalipse 16: 5

 

4 Os anjos são seres pessoais. Na experiência com os homens, os anjos falam, orientam, ouvem e determinam. A Bíblia dá a entender que os anjos possuem uma inteligência superior à dos homens, mas não igual ou superior à de Deus (2 Sm 14.20; 1 Pe 1.12) Dotados de sentimentos, anjos podem experimentar emoções quando rendem culto a Deus (Sl 148.2) .

 

Eles conhecem suas limitações e se contentam com tudo o que fazem e podem fazer (Mt 24.36).

 

5.Os anjos são seres imortais. Os homens podem morrer, mas os anjos são espíritos imortais (Lc 20.34-36). Significa que eles não estão sujeitos à dissolução, ou putrefação orgânica, visto que seus corpos são imateriais. A imortalidade deriva da pura espiritualidade.

 

N.B. Imortalidade é diferente de Eternidade.

 

III. CARACTERÍSTICAS ESPECIASIS

 

O Senhor deu aos anjos conhecimento, poder e mobilidade mais elevados do que aos homens. Por esses elementos descobrimos algumas características especiais capazes de fazer-nos compreender alguns aspectos da revelação bíblica e das relações pessoais com os homens.

 

Santidade No Apocalipse, os anjos são identificados como santos. Isto implica em que eles foram colocados em estados eterno de santidade (Ap. 14.10).

 

Outros textos das Escrituras os identificam como “santos” (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22) para os distinguir dos anjos caídos Jo 8.44 e 1 Jo 3.8-10.

 

Reverência Uma das características principais das atividades angelicais é o louvor e a adoração (Sl 29.1,2; 89.7; 103.30; 148.2). Jesus declarou que os anjos de Deus sempre estão na presença do Pai e vêm a sua face (Mt 18.10).

 

De modo geral, todos os anjos de Deus o louvam e o adoram, mas há uma classe específica das hostes angelicais cuja função principal é louvar e adorar a Deus. Reverência é respeito e veneração marcado pelo temor. Esse temor não é medo, mas significa reconhecimento do poder superior de Deus. Serviço.

 

O autor da Epístola aos Hebreus denomina os anjos de “espíritos ministradores” (Hb 1.14), indicando que eles exercem serviços especiais aos interesses do Reino de Deus.

 

Os anjos executam a vontade de Deus O próprio sentido da palavra “anjo” é mensageiro. Portanto, é função precípua dos anjos servir aos interesses de Deus, obedecendo-lhe em toda a sua soberana vontade. Mais uma vez o autor de Hebreus indica essa função angelical de serviço quando diz: “Ainda quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos e a seus ministros labaredas de fogo”(Hb 1.7). Os escritor sagrado os destaca como “ministros” para identificar o serviço que prestam a Deus em favor dos santos em Cristo.

 

Os anjos cuidam e protegem os fiéis Há um texto nos Salmos que declara que “o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”(Sl 34.7). Elias, ameaçado de morte pela rainha Jesabel, mulher de Acabe, precisou fugir da cidade para escapar com vida. Elias fugiu para o deserto e assentou-se debaixo de uma pequena árvore chamada zimbro. Estava triste e decepcionado, por isso, pediu a morte. Deitado debaixo daquele zimbro, veio um anjo da parte de Deus e o tocou e lhe disse: “Levanta-te e come. E olhou, e eis que à cabeceira estava um pão cozido sobre brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu e tornou a deitar-se. E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e tocou-o, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho”(1 Rs 19.5-7)

 

Os anjos punem os inimigos de Deus Os inimigos de Deus agem de muitas maneiras, mas nada passa despercebido pelo Senhor. Houve um rei da Assíria, chamado Senaqueribe, que desafiou ao Deus de Ezequias, rei de Judá. Imediatamente Deus enviou um anjo poderoso o qual destruiu o exército assírio de 185 mil soldados. Para preservar o seu povo e o seu nome, Deus puniu aqueles inimigos (2 Rs 19.35). No período dos juízos finais da história da humanidade, os anjos serão os emissários de Deus para executarem o seu juízo contra aqueles que rejeitam a Jesus como Salvador do mundo e se constituem em inimigos declarados do soberano Senhor (mt 13.50).

 

OUTRAS CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS

 

Alguns possuem asas Êxodo25: 20, Isaías 6: 2-6

 

N.B. Na esfera espiritual as asas não são órgãos necessários para voar. Daniel 9: 21-Atos 1: 9

 

Protetor II Reis 6 :17

 

Influenciam nos pensamentos Joâo 13: 2

 

Muito rápido Daniel 9: 21

 

Não são Oniscientes Gênesis 19 :12; Marcos 13 :32

 

Submisso II Samuel 24: 16

 

Não aceitam adoração Apocalipse 19: 10

 

Regozijam Lucas 15: 7 – 10

 

Servem Salmo 103: 20

 

Observam I Coríntios 4: 9; Efésios 3: 9 – 10

 

Recebem nosso espírito Lucas 16: 22

 

Reunirão os escolhidos Mateus 24: 31

 

IV – CLASSIFICAÇÃO ANGELICAL

 

No tocante à categoria ou classificação Angelical, as Escrituras dão testemunhos mais abundante, citando seus postos e até funções. Cada aspecto da personalidade dos Anjos foi estabelecido pelo Criador, isto é, cada Anjo em si mesmo se contenta com aquilo que é.

 

A organização angelical abrange as várias categorias ou classes de anjos. À semelhança das organizações políticas existentes no mundo, com graduações e poderes maiores e menores, as cortes angelicais também possuem a sua hierarquia. Estudaremos o assunto de um modo genérico, mas obedecendo a uma certa ordem.

 

1 – UMA HIERARQUIA

 

A Bíblia dá a entender que os anjos de Deus se acham organizados de forma hierárquica, isto é‚ numa forma de graduação, de autoridade. Essa graduação ‚ destacada pelo tipo de atividade que os anjos exercem em todo o Universo e na presença de Deus.

 

O ARCANJO MIGUEL

 

A palavra “arcanjo” representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. O prefixo “arc”, do grego “arch”, sugere tratar-se de um chefe, um príncipe, um primeiro- ministro.

 

Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece nos livros canônicos da Bíblia que usamos é o do arcanjo Miguel.

 

Judas 9 Mas o Arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele, mas disse O Senhor te repreenda.

 

Esse arcanjo se destaca biblicamente como uma espécie de administrador e protetor dos interesses divinos em relação a Israel) ( Dn 12.1). O arcanjo Miguel ‚ denominado ” príncipe dos filhos de Israel ” porque é o guardião dessa nação.

 

Daniel 10:13 … e eis que Miguel, um dos primeiros Príncipes, veio para ajudar-me.

 

Miguel sempre aparece em conotação com Israel, trazendo a imagem de um guerreiro.

 

Daniel 12 :1 E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos de teu povo,

 

Na visão apocalíptica e escatológica que João teve na Ilha de Patmos, o arcanjo Miguel surgirá como o grande comandante dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas, representadas pelo dragão, símbolo de Satanás (Ap 12.7-12). Na vinda pessoal de Jesus Cristo, na primeira fase de convocação dos remidos do Senhor, a escritura não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do arcanjo será ouvida pelos mortos santos, os quais ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para ir ao encontro do Senhor nos ares (I Ts 4.16).

 

O ANJO GABRIEL

 

Lucas 1:19 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar – te estas alegres novas.

 

Gabriel significa o ” Varão de Deus “

 

É primordialmente o mensageiro da misericórdia e da promessa de Deus.

 

Ele aparece 4 vezes na Bíblia e em todas aparece trazendo boas noticias.

 

Daniel 8 :16, Daniel 9 :21 — Lucas 1:19, Lucas 1:26

 

Gabriel também é visto como um Embaixador Celestial, em razão de suas aparições terem caráter especial de um embaixador:

 

– Trouxe a Daniel a noticia do futuro de Israel.

 

– Avisou Zacarias do nascimento de João Batista

 

– Trouxe ao mundo a notícia do nascimento de Jesus Cristo.

 

Gabriel é tido como um anjo de elevado poder angelical, da mais alta confiança da corte celestial.

 

OS QUERUBINS

 

Essa classe de anjos criados por Deus se destaca pela ligação que eles têm com o trono de Deus. A palavra querubim, no original hebraico “querub” , tem o sentido de guardar, cobrir.

 

Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia em Gênesis no Jardim do Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse acesso ao caminho da árvore da vida.

 

Gênesis 3: 24 E havendo lançado fora o homem, pôs Querubins ao oriente do Jd. Eden.

 

O que aprendemos acerca dos querubins‚ é que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente ligados ao trono de Deus (I Sm 4.4; II Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16). Em Ezequiel 10, os querubins aparecem cheios de olhos e o trono de Deus está acima deles. ( Significa a onividência de Deus )

 

A ligação dos querubins com o trono de Deus nos ensina que eles guardam o acesso á presença de Deus.

 

Sua função, é proteger, para que o pecado não venha poluir a santa presença de Deus.

 

Novamente encontramos estes seres como protetor sobre a arca da aliança (representa a presença de Deus) Só nos é possível entrar no Santo dos Santos ou ” Lugar Santíssimo ” com o sangue da aliança em nossas vidas (Hb 10.19-22).

 

Êxodo25: 20 Os Querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com as suas asas o propiciatório; as faces deles uma de fronte da outra; as faces dos Querubins estarão voltadas para o propiciatório.

 

Em outros textos encontramos os Querubins representando as coisas celestiais e sempre associado à Glória de Deus.

 

Salmos 99:1 O Senhor reina; tremam as nações; ele está entronizado entre os Querubins;…

 

Hebreus 9: 5 E sobre a Arca os Querubins da glória…

 

Ezequiel 9: 3a, 10: 2b E a Glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava…

 

OS SERAFINS

 

O vocábulo serafim deriva do “saraph” e significa ardente, refulgente ou brilhante, nobres ou afogueados. Esta classe de anjos aparece uma só vez na Bíblia em Isaías 6.1-3. Alguns escritores judeus tem procurado sustentar que os Serafins são brilhantes.

 

Isaías 6: 2 Os Serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas com duas cobriam seus rostos, e com duas cobriam os seus pés e com duas voavam.

 

Nesta escritura, os serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus. O termo Serafim fala de adoração incessante, do seu ministério de purificação.

 

Na visão de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada serafim tinham funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas, eles voavam. Essa visão de seres alados não significa que todos os anjos, obrigatoriamente, têm de Ter asas. As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus. É uma forma materializada que os seres espirituais usam para serem compreendidos, porque, de fato, os anjos são incorpóreos.

 

Isaías 6: 3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; toda terra está cheia da sua Glória.

 

Seu louvor constantemente é dirigido à Trindade. Santo ( Deus), Santo ( Jesus), Santo ( E. Santo)

 

Neste texto devemos observar o pronome ( nós ) no verso 8.

 

Isaías 6: 4 E os umbrais das portas se moveram com a voz do que clamava, e a casa se encheu de fumo.

 

A Bíblia nos apresenta ainda mais alguns termos aplicados aos anjos.

 

Col. 1: 16 porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele

 

Rom. 8: 38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades,

 

Segundo alguns teólogos a divisão ficaria assim: Tronos, ( querubins e serafins ), Poderes, ( domínios e potestades), Principados, ( arcanjos e anjos comuns ).

 

Apresentaremos uma classificação segundo a ordem dos textos Cl 1.16 e Rm 8.38 , sem nos preocupar com uma ordem definitiva.

 

TRONOS

 

(Cl 1.16) Conforme está no original grego, “thronoi” tem um sentido especial porque se refere a uma classe de anjos que está diretamente ligada à majestade e soberania de Deus.

 

É possível que os “querubins” estejam diretamente ligados a esse tipo de atividade real, pois alguns textos identificam os querubins como os seres sobre os quais Deus está assentado e reinando ( I Sm. 4.4 ; II Rs 19.14 ; Sl 80.1 ; 99.1).

 

Quiséramos ser os “tronos” de Deus! Entretanto, Deus ostenta sua glória através de nós mediante a permanência do Espírito Santo em nosso ser.

 

DOMÍNIOS

 

(Cl 1.16) . Em algumas versões, o termo grego “kuriothes” ou “kuriotethoi” tem o sentido de soberanias ou dominações (Ef 1.21).

 

A classe especial de anjos dominadores tem como função principal executar as ordens de Deus sobre as coisas criadas. Paulo diz que esses anjos executam as ordens divinas sob autoridade de Cristo.

 

Subentende-se pelo contexto doutrinário do papel dos anjos, que essa classe denominada “dominadores” age de forma executiva sobre o Universo e sobre determinadas esferas espirituais.

 

PRINCIPADOS

 

(Cl 1.16). Mais uma vez aquelas categorias especiais dos querubins e serafins se confundem com essas classificações de tronos, domínios, principados e potestades. Por isso, é difícil estabelecer uma ordem específica; porém, o que está revelado acerca dessas classes de anjos nos é suficiente para entender a sua importância e o seu ministério.

 

A palavra “principados” no grego bíblico é “archai”, e refere-se a uma classe de anjos que têm poderes de príncipes. Nos reinos terrestres, os principados regem sobre territórios pertencentes ao reino.

 

Podemos ver isto na história de Lúcifer, o qual havia sido estabelecido como “querubim ungido para proteger” e estava no monte santo antes de sua queda. Ao mesmo tempo, parece-nos que sua posição de “querubim” é fortalecida e acrescida por outra posição de “principado”. Supõe-se que ele governava o planeta na posição de “principado”, e só perdeu essa posição quando se rebelou contra o Criador e Senhor (Is 14.13 ; Ez 28.16 ; Ap 12.9).

 

Devemos também considerar um outro “príncipe” chamado Miguel , referido na Bíblia como “um dos primeiros príncipes” de Deus (Dn 10.13).

 

POTESTADES

 

(Cl 1.16). Potestades referem-se a anjos especiais que executam tarefas especiais da parte de Deus. Não se trata de poderes angelicais isolados, mas são chamados de “potestades” porque foram investidos de uma autoridade especial. Vários exemplos se destacam na Bíblia das ações poderosas dessa classe de anjos. Um destes anjos foi enviado por Deus para destruir a cidade de Jerusalém e só parou sua destruição quando Deus lhe ordenou que guardasse a sua espada (I Cr 21.15-27).

 

O salmista Davi destaca anjos que são “magníficos em poder” (Sl 103.20). Isto revela que esses anjos pertencem a uma classe de seres poderosos, mas não onipotentes. A onipotência é atributo único do Deus Trino, por isso, nenhuma criatura jamais teve nem terá poderes totais. A magnitude do poder dessas potestades se limita ao nível da capacitação dada por Deus para o cumprimento de suas obrigações.

 

REINO DOS ANJOS MAUS

 

No estudo de Angelologia não só as Escrituras focalizam os Anjos do bem que segundo se diz, se movimentam neste vasto reino de luz, mas ela também de igual modo, nos informa sobre o vasto reino de seres tenebrosos, isto é, o mundo dos espíritos malignos que se opõem tanto a Deus como à sua obra.

 

Eles são chamados tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, por vários nomes e títulos que representam suas disposições hostis.

 

Um destes seres é Satanás que iremos observar a luz de cada contexto. Vejamos:

 

Apocalipse 12: 9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.

 

Há muitos “demônios”, mas existe um único “diabo”. “Diabo” é transliteração do vocábulo grego “diábolos”, nome sempre usado no singular, que significa “acusador” e é aplicado nas Escrituras exclusivamente a Satanás. “Demônio” é transliteração de “daimon” ou “daimonion”, o plural é “daimonia”.

 

Tanto o Senhor Jesus Cristo como os escritores do Novo Testamento, usaram este nome empregando a pessoa de Satanás por muitas vezes.

 

Sendo Satanás uma criatura maligna, porque Deus o criou?

 

Ezequiel 28 :14 Tu eras Querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

 

Quando Deus o criou, este era perfeito nos seus caminhos, perfeito em formosura, cheio de sabedoria, era o auge da criação.

 

1- A TRANSFORMAÇÃO DESTE QUERUBIM

 

Ezequiel 28 :18 – 19 Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comercio, profanaste os teus santuários; Eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para sempre.

 

— Transformado como cinza, Deterioração da aparência, Sem residência

 

2- ALGUNS NOMES ATRIBUIDOS A SATANAS

 

O grande inimigo de Deus é visto por toda a Bíblia. sempre em conexão com o mal, os nomes que lhe são atribuídos, representam em si mesmo, a personificação da maldade.

 

Vejamos:

 

Diabo — Caluniador — Acusador Apocalipse 12: 9

 

Satanás — Adversário Apocalipse 20: 2

 

Dragão — Serpente — Falsidade Apocalipse 12: 3

 

Príncipe dos demônios — Líder dos demônios Mateus 12: 24

 

O tentador — Leva o homem a pecar Mateus 4: 3

 

Apolion — Destruição — Ruína Apocalipse 9:11

 

Belzebu — Maioral dos demônios Mateus 12: 24

 

Pai da mentira — Enganador João 8: 44

 

Em Apocalipse 2: 13, fala-se dele como contendo um trono no qual exerce poder, como se fora rei, e considerado o chefe dos anjos maus ( demônios)

 

3- A PRESENTE POSIÇÃO DE SATANÁS

 

– Tem um reino de demônios Mateus 12: 24

 

– Controle geral I João 5 :19

 

– Controle político João 12: 31

 

– Controle eclesiástico II Coríntios 4: 4

 

– Controle espiritual Mateus 13: 38

 

Este vasto reino das trevas centraliza sua estratégia contra a humanidade (principalmente contra os salvos)

 

Apocalipse 12: 9 ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.

 

4-O DESTINO DE SATANÁS

 

Podemos traçar brevemente a história de satanás, do começo ao fim.

 

Vemo-lo primeiro no céu Isaías 14: 12

 

Ninguém pode dizer por quanto tempo ele viveu gozando o favor de Deus, mas veio a hora em que ele e muitos outros anjos caíram.

 

Encontramos a seguir no Jardim do Éden Gênesis 3 1 – 15

 

Por intermédio da serpente ele se tornou o agente da queda do homem

 

Em seguida encontramos no céu Jó 1: 6 – 7

 

Tendo acesso tanto ao céu como na terra, aparece diante de Deus e tem a permissão de tentar a Jó.

 

No futuro será lançado à terra Apocalipse 12: 9

 

Aparentemente isto acontecerá no período da Grande Tribulação.

 

Podemos nos alegrar ao observar que sua presença na terra será curta.

 

Da Terra será lançado no abismo Apocalipse 20 :1 – 3

 

Isto se dará quando Cristo retornar à terra com poder e grande glória para implantar o seu reino milenar.

 

Satanás será acorrentado e confinado ao abismo por mil anos.

 

Será solto por pouco tempo Apocalipse 20: 3

 

Durante este período tentará frustrar os planos de Deus, mas seus planos não darão certo.

 

Em seguida será lançado no Lago de Fogo Apocalipse 20:10

 

Fogo descerá dos céus e os destruirão e todos serão lançados no lago de fogo.

 

As escrituras não autorizam a idéia de que o Inferno ou Lago de Fogo é um reino onde ele manda ou reina.

 

Satanás não será nenhum “REI “no Lago de Fogo

 

A QUEDA (PARCIAL) DO MUNDO ANGELICAL

 

Para a imaginação humana, o presente assunto e difícil de ser elucidado, a não ser aquilo que se pode depreender dos textos e contextos que focalizam o significado do pensamento.

 

1-O FATO DE SUA QUEDA

 

Entretanto, tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em estado de perfeição.

 

Quando nos referimos ao relato da criação lemos sete vezes que o que Deus havia feito era bom.

 

Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade quando originalmente criados, mas diversas passagens mostram alguns dos anjos como maus. Mat. 25:41

 

Não pode haver dúvidas, portanto, de que houve realmente uma queda dos anjos.

 

2-A EPOCA DE SUA QUEDA

 

A Escritura silencia quanto a este assunto, mas deixa claro que a queda dos anjos se deu antes da do homem, já que Satanás entrou no jardim sob a forma de serpente e induziu Eva a pecar.

 

Sugerimos que ela ocorreu algum tempo após a criação dos céus, e que foi a causa principal da condição descrita em Gênesis 1: 2

 

3- A CAUSA DE SUA QUEDA

 

Este é um dos profundos mistérios da teologia. Mostramos acima que os anjos foram criados perfeitos. Isto significa que toda a afeição era dirigida a Deus.

 

A questão é: como pode tal ser cair? É bom lembrar que a criatura tinha originalmente o que os teólogos chamam “posse pecare et posse non pecare”, isto é a capacidade de pecar e a capacidade de não pecar, ou seja o livre arbítrio.

 

Devemos ter em mente três pontos importantes no que diz respeito ao peca-do original destes seres espirituais.

 

A – O pecado original dos Anjos foi o ter seguido a Satanás em sua revolta quando tentou derrubar a Deus.

 

Isaías 14 :13 Nesta interpretação não existe previsão de tempo.

 

B – Os judeus tinham uma tradição, com base em Gênesis 6: 2

 

Os anjos desejaram as mulheres humanas (concupiscência) Nesta interpretação a queda dos anjos ocorreu depois da queda do homem no jardim do Éden.

 

C – Outra possibilidade, se baseia no terceiro capítulo de Gênesis, onde se narra a história da tentação.

 

Evidentemente o pecado cometido por Adão e Eva, indiretamente atingiu os seres angelicais.

 

Romanos 5: 12 Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.

 

Devemos, portanto, concluir que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta deliberada e auto determinada contra Deus.

 

Se indagarmos que motivo em particular pode ter estado por trás dessa rebelião, parecemos obter diversas respostas das Escrituras.

 

Conf. Ezequiel 28 e Isaías 14 citaremos algumas possíveis causas: Ambição desmedida e o desejo de ser mais que Deus, Prosperidade e beleza, Egoísmo e descontentamento

 

4-O RESULTADO DE SUA QUEDA

 

Diversos resultados de sua queda aparecem nas Escrituras.

 

— Perderam sua santidade e se tornaram corruptos em natureza e conduta.

 

— Serão, em um dia no futuro, após seu julgamento, lançados no Lago de Fogo.

 

— Condenados a viverem sem moradas Efésios 6: 12

 

— Condenados a viverem sem corpos Mateus 12: 43 – 45, Marcos 5 :10 – 11

 

DOIS GRUPOS DISTINTOS

 

1 – Os anjos que estão em liberdade.

 

Efésios 6: 12 Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os

 

principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as

 

hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

 

Estes são normalmente mencionados em conexão com Satanás.

 

— Submissos a Satanás Mateus 12:24

 

— Atormentam os homens Marcos 5:1 – 4

 

— Procuram separar o cristão de Cristo Romanos 8: 38-39

 

— Grande Quantidade Marcos 5: 9

 

— Várias categorias Mateusl7:21

 

— Efésios 6:12 – Principados – Potestades – Hostes

 

— De todos os tipos

 

Rastejam no chão Marcos 9: 20

 

Mudos e surdos Marcos 9: 25

 

Como poucos Mateus 8: 32

 

Bandos Lucas l1: 26

 

2 – Os anjos que são mantidos aprisionados.

 

11 Pedro2 :4 Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo.

 

Judas 6 E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grandedia;

 

Parece que todos concordam que Pedro e Judas se refere aos mesmos anjos.

 

Pedro simplesmente diz que eles pecaram e que Deus os precipitou no Tártaro, entregando-os a abismos de trevas e reservando-os para juízo.

 

Judas apresenta seu pecado como sendo o de haver abandonado seu próprio principado.

 

Assume-se que Deus tenha nomeado um ou mais anjos para cada uma das nações.

 

( Daniel 10 :13,20 ) Deixar seu principado poderia significar infidelidade, também poderia significar que eles tentaram obter outro principado mais cobiçado

 

Tártaro é um lugar sombrio abaixo do inferno.

 

– Estão presos em cadeias II Pedro2 :4

 

– Grande quantidade Apocalipse 9 :15 – 16

 

– São violentos Apocalipse 9:15

 

DEMÔNIOS

 

Quando examinam as Escrituras, algumas pessoas ficam em dúvida se os demônios devem ser classificados juntamente com os anjos ou não; mas não há dúvida de que, na Bíblia, há ensino positivo concernente a cada um dos dois grupos.

 

A origem dos demônios não é revelada nas Escrituras. Quem são os demônios é uma questão mais ou menos desconcertante, porém faremos algumas colocações.

 

Espíritos Desencarnados Talvez de alguma raça ou ordem de seres pré-adamicos; ou, quem sabe, da própria raça adâmica. Se forem realmente espíritos desencarnados, isso explicaria o fato que procuram encarnar-se, pois, ao que parece, quando desencarnado são incapazes de operar na plena forca de sua maldade.

 

Não será que esses demônios são os espíritos daqueles que palmilharam esta terra na carne, antes da ruína descrita no segundo versículo do Gênesis, e que, por ocasião daquele grande cataclismo, foram desencarnados por Deus.

 

Por conseguinte, os demônios são uma ordem de seres espirituais; que parecem ser distintos e separados dos anjos: pelo que fica subentendido por algumas passagens, parecem estar em estado de desencarnação, tendo existido em algum período anterior, quando possuíam forma corpórea.

 

São anjos caídos que não estão confinados ao Tártaro.

 

Este é o ponto de vista tradicional e há muito a recomenda-lo. Estes seriam os anjos que aderiram a rebelião provocada por Lúcifer, e desta forma teriam sido desencarnado. Da mesma forma que o exposto no item anterior, eles necessitam de corpos para poderem se manifestar neste mundo.

 

Tem a vantagem de ser simples e de remover a necessidade de maiores pesquisas quanto à origem dos demônios.

 

1. Sua existência

 

A – Reconhecida por Jesus.

 

Mt 12.27,28 – E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juizes. Se, porém eu expulso os demônios, pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.

 

Jesus Cristo reconheceu a existência dos demônios falando a respeito deles e para eles.

 

B – Reconhecida pelos setenta.

 

Lc 10.17 – Então regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome!

 

Os setenta, aos quais Jesus nomeou e enviou de dois em dois, tiveram de enfrentar os demônios, e retornaram com o relatório que os demônios se lhes tornavam sujeitos através do nome de Cristo.

 

C – Reconhecida pelos apóstolos.

 

Por Paulo. 1 Co 10.20,21 – O Apóstolo Paulo reconheceu a realidade da existência dos demônios em seus dias, e fez advertência a respeito deles.

 

Por Tiago. Tg 2.19 – Tiago reconheceu a existência dos demônios, revelando que eles, por crerem na existência de Deus, estremecem.

 

2. Sua Natureza.

 

Inteligências pessoais. Mt 8. 29,31 – E eis que gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?… Então os demônios lhe rogavam: Se nos expeles, manda-nos para a manada dos porcos.

 

Características e ações pessoais são atribuídas aos demônios, o que demonstra que possuem personalidade e também inteligência.

 

Seres espirituais. Lc 9.38,39,42 – E eis que, dentre a multidão, surgiu um homem, dizendo em alta voz: Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque é o único; um espírito se apodera dele e, de repente, grita e o atira por terra, convulsiona-o até espumar, e dificilmente o deixa, depois de o ter quebrantado… Quando se ia aproximando, o demônio o atirou no chão e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai.

 

Os demônios são seres espirituais; são reputados idêntico aos espíritos imundos, no Novo Testamento.

 

Ao que parece, espíritos destituídos de seus corpos. Mt 12.43,44- Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra. Por isso diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada.

 

Muitos em número. Mc 5.9 – E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.

 

“Uma Legião, no exército romano, totalizava, quando completa, seis mil soldados; mas aqui essa palavra é usada a respeito de um número indefinido e elevado – suficientemente elevado, contudo, para, assim que tiveram licença, ocupar os corpos do dois mil porcos e destruí-los”.

 

Os demônios são de tal modo numerosos que tornam Satanás praticamente ubíquo por meio desses seus

 

CARACTERÍSTICAS GERAIS

 

Eles causa moléstias Mateus 9: 33

 

Eles causam distúrbios mentais Lucas 8: 35

 

Eles levam muitos á impureza moral Lucas 8: 2

 

Eles disseminam falsas doutrinas 1 Timóteo 4:1

 

Eles se opõem aos cristãos Efésios 6: 2

 

Eles possuem seres humanos Mateus 4: 24

 

Temos que fazer uma distinção, entre mera influência demoníaca e possessão demoníaca: A primeira é uma operação temporária externa dos demônios em certas áreas; A segunda a operação mais permanente interior.

 

Adivinhação – Predizer o futuro por meio de sortilégios

 

Deuteronômio 18:10 Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro.

 

A hidromância Adivinhação através do movimento da água Gênesis44 :5

 

A astrologia A influência dos astros no destino da pessoa Daniel 2: 27

 

Belomância Adivinhação por meio de flechas sacudindo-as até uma cair. Ez. 21: 21

 

Cartomancia Adivinhação através das cartas de jogar

 

Búzio Adivinhação com pequenas conchas jogadas pelo Babalaô.

 

Espiritismo – A crença de que os vivos podem se comunicar com os espíritos dos mortos. Também chamada de Necromância.

 

Deuteronômio 18: 9 – 14 Nesta passagem e em muitas outras, Israel é claramente avisado para não consultar aqueles que professam comunicar com os mortos.

 

Veremos alguns exemplos Bíblicos de médiuns.

 

A pitonissa de En-Dor 1 Samuel 28: 3 – 14

 

Simão, o Mágico Atos 8: 9 – 24

 

Elimas, o Mágico Atos 13 :6 – 12

 

A jovem com o espírito de adivinhação Atos 16:16 – 18

 

Com relação ao todo do problema do demonismo, as Escrituras nos exortam a testar os espíritos para saber se são da parte de Deus ou não.

 

1 João 4:1 Amados, não crejais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus;…

 

Devemos colocar a armadura de Deus para o conflito com esses espíritos, e nos

 

dedicarmos à oração e à súplica em todo o tempo, com toda perseverança.

 

BIBLIOGRAFIA

 

OS ANJOS SUA NATUREZA E OFICIO – Severino Pedro da Silva – CPAD

 

OURO PARA TE ENRIQUECER – Myer pearlrnan  IBAD

 

DANIEL E APOCALIPSE – Antônio Gilberto CPAD

 

PEQUENA ENCICLOPEDIA TEMATICA DA BIBLIA – Geziel Gomes – CPAD

 

PALESTRAS EM TEOLOGIA SISTEMATICA – Henrv Clarence Thiessen – IBRB

 

PEQUENA ENCICLOPEDIA BIBLICA – Orlando Boyer – IBAI)

 

MANUAL BÍBLICO – Henry H. Halley – Ediçoes Vida Nova

 

NOVO COMENTARIO DA BIBLIA – F. Davidson Ediçoes Vida Nova

 

Autor: Ev. José Ferraz

 

Angelologia 3

Anjos A criação

 

INTRODUÇÃO

 

Muito se tem escrito no mundo secular e religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as à conceituações erradas e falsas sobre o mundo espiritual. Nestas lições, procuraremos aclarar a verdade e a realidade do assunto segundo a revelação feita pela Bíblia Sagrada.

 

I – A DECLARAÇÃO BÍBLICA DA CRIAÇÃO

 

O ponto de partida está na declaração de que todas as coisas criadas foram feitas “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”(Ef 1.11b). Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesis se constitui como o princípio e a base de toda a revelação divina e, consequentemente, a base da relação do homem com Deus.

 

Quatro grandes verdades estabelecem os fundamentos da obra da criação.

 

l. A obra da criação é autoria única do Deus Triúno. A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da criação (Gn 1.1;Is 40.12;44.24;45.12). O apóstolo Paulo destaca a segunda Pessoa da Trindade, Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que “todas as coisas são de Deus, o Pai ” (1 Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1.15-17). A terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, participa da obra da criação em harmonia perfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gn 1.2; Jo 26.13;33.4; Sl 104.30; Is 40.12,13).

 

Não há na Trindade Divina qualquer resquício de competição. As três Pessoas são distintas mas formam uma só essência divina indivisível

 

2. A obra da Criação foi feita por um ato livre da parte do Criador. A Bíblia deixa claro que Deus é auto-suficiente e não tem qualquer relação de dependência de nada e de ninguém

 

(Jó 22.3,13; At 17.25). Ao realizar a obra da criação, Ele o fez não por necessidade, mas por sua soberana e livre vontade de fazer o que quer e o que lhe apraz. Ora, a única dependência divina é a de sua própria e soberana vontade. A Bíblia Sagrada refuta essa idéia e fortalece o fato de que “Deus fez todas as coisas segundo o conselho da sua vontade ” (Ef 1.11; Ap 4.11).

 

3. A obra da Criação teve um começo. A criação teve um princípio, um começo para tudo, nas coisas visíveis e invisíveis. A prova irrefutável do ponto de vista bíblico está no primeiro está da Bíblia:

 

“No principio criou Deus os céus e a terra” (Gn l.l). A expressão “no princípio” no hebraico é bereshith , que literalmente significa “começo”. O sentido da palavra é indefinido e sugere que a criação teve um início, um começo (Sl 90.2; 102.25). Por essas escrituras, entende-se que num momento específico, conforme sua soberana vontade, Deus criou a matéria e a substância que antes nunca existiram. Quanto à existência do mundo espiritual, o princípio é omesmo estabelecido para a criação da matéria, pois Deus criou tudo do nada.

 

4. A obra da criação foi produzida do NADA. Esta é uma doutrina que se choca frontalmente com as teorias materialistas que acreditam na eternidade da matéria. Os que rejeitam essa verdade, dizem que é impossível “criar alguma coisa do nada”, mesmo para o Deus Onipotente, porque não tem elemento causante. Porém, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas pela Palavra do seu Poder (Sl 33.6,9 e 148.5). A escritura mais forte paraaceitar a idéia de que a criação foi feita do nada está em Hb 11.3 que diz:

 

“Pela fé entendemos que os mundos , pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”

 

Ora, podemos entender de modo claro que pertence à natureza divina a capacidade de trazer à existência aquilo que não existe.Ele, somente Ele, pode criar qualquer coisa do nada, segundo o seu arbítrio .

 

II – O PROCESSO DA OBRA DA CRIAÇÃO

 

A criação dos anjos só será entendida plenamente depois de conhecermos os fundamentos da doutrina da criação. Há um processo ordenado na história da criação que apresenta-se em trás fases distintas como se segue: (1) a criação espiritual; (2) a criação material; (3) a criação da vida sobre a terra.

 

l. A criação das coisas espirituais. Ao responder aos questionamentos do patriarca Jó, o Criador disse-lhe, de modo enfático e poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem o mundo material havia sido criado, os seus anjos, que são espíritos criados por Ele, já estavam presentes na criação do mundo material (Jó 38.1-7). Nesta escritura, Deus procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador da terra e a rege com justiça e que, ao criar o mundo material, as estrelas da alva alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam”

 

(Jó 38.7). Na linguagem figurada da Bíblia, tanto “as estrelas da alva” quanto “os filhos de Deus” são figuras dos seres espirituais criados pelo Senhor.

 

2. A criação das coisas materiais. A base dessa declaração está na narrativa bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis. Entretanto, a criação material é imensa e abrange todo o sistema solar e outros sistemas existentes e descobertos pelo homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no espaço sideral, fazendo parte da Via Láctea, com muitos sóis, planetas e satélites, nos dá uma visão apenas limitada de toda a grandeza da criação material (Ne 9.6).

 

3. A criação da vida sobre a terra. Na criação da terra, o Criador formou a vida física numa combinação do imaterial com o material (Gn 1.11,20-22). Nesta ordem da criação, são incluídos o homem, os animais nas mais variadas espécies, além da vida vegetal. Há uma certa reciprocidade entre anjos c homens como seres espirituais. Porém, é preciso distinguir ambas as criações, porque os anjos são apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais e materiais. A vida dos anjos é apenas espiritual. A vida dos homens é espiritual e física. A vida física foi criada para propagar-se, por isso, os homens procriam e geram outros homens. A vida dos anjos é única e eterna; não pode propagar-se, isto é , os anjos não procriam.

 

III – A REALIDADE DA CRIAÇÃO ESPIRITUAL

 

A experiência humana testemunha a existência de seres espirituais aos quais são dados os mais variados nomes: espíritos, deuses e semideuses, gênios, heróis, demônios e tantos outros nomes. Porém, é a Bíblia Sagrada que revela a verdade sobre o mundo espiritual. Independentemente das idéias e fantasias mitológicas das religiões do mundo , a revelação aceitável no mundo religioso se encontra na Bíblia.

 

l. Os anjos são reais. A palavra anjo no hebraico é ma’ak e no grego é angellus que significam a mesma coisa: mensageiro, enviado. O termo anjo aplica-se a todas as ordens dos espíritos criados por Deus (Hb 1.14). Eles exercem atividades importantes no mundo espiritual, mas não são independente nessas atividades, pois as fazem dentro dos limites a que foram criados. A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra da criação do mundo físico(Jó 38.6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb.2.2); no nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt 4.11 ); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascenção de Cristo (At l.10). Outras manifestações podem ser listadas neste ponto em toda a Bíblia. Sua manifestação é incorpórea; eles são seres espirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjos se comprova mediante os atributos de personalidade que eles demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo. Muitas das suas manifestações são feitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto, os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, tomam para se incorporarem corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomamformas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos.

 

2. Existem anjos bons e maus. Na criação original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça bondade e santidade (2 Pe 2.4; Jd 5). O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados como seres morais com livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16;Ez 28.12-19). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2 Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21 ). Aos anjos que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição celestial e para sempre estarão na sua presença, contemplando e executando a vontade do Criador (1 Tm 5.21; Mt 18.10).

 

3. A habitação dos anjos. Ao estudarmos as várias classes angelicais, entendemos que estas são distintas por várias atividades e se manifestam no vastíssimo espaço das “regiões celestiais”. A Bíblia declara ainda que os anjos de Deus são organizados em milícias espirituais que povoam os céus e são distribuídos em distintas ordens e graus (Lc 2.13; Mt 26.53). Trata-se, portanto, de uma habitação numa dimensão celestial.

 

4. O número de anjos. A quantidade existente de anjos é única e incontável, porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia utiliza expressões variadas para designar “milhares de milhares “, “multidão dos exércitos celestiais “, “muitos milhares de anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). É impossível determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo número em todos os tempos, desde que foram criados (Sl 148.2-5).

 

Anjos

 

A natureza dos anjos

 

Antes da criação do homem, Deus criou os anjos dando-lhes personalidade, inteligência e responsabilidade moral. Porém, a despeito da similaridade moral e espiritual com o homem, os anjos possuem algumas características peculiares. Ao estudarmos a natureza dos anjos, poderemos entender suas atividades.

 

I -OBJEÇÕES À DOUTRINA BÍBLICA DOS ANJOS

 

Em toda a história da humanidade, a realidade dos anjos tem sido discutida, contestada por uns e acreditada por outros. Por essa razão tem-se criado outras doutrinas com o fim de negar a existência dos anjos, ou de admiti-la fantasiosa e ficticiamente. Dentre essas falsas doutrinas, destacamos algumas:

 

1. A doutrina dos saduceus. Eles não acreditavam na existência dos anjos nem na ressurreição dos mortos (At 23.8). A essência da doutrina dos saduceus era materialista, por isso, para eles, a doutrina dos anjos não passava de uma mera alegoria.

 

2. A doutrina racionalista. Os racionalistas entendem que a crença na existência dos anjos é absurda, pois acreditar que os anjos existem significa entrar na ficção e abandonar a razão. Eles vêem na doutrina dos anjos uma forma de politeísmo primitivo que com o tempo, foi tomando forma na vida dos hebreus. Ora, a acusação de que a crença nos anjos seja uma forma de politeísmo primitivo se choca frontalmente com o monoteísmo pregado pelo povo hebreu. Os anjos não são deuses; são apenas seres espirituais criados por Deus para o servirem.

 

3.A doutrina materialista. Essa doutrina nega tenazmente a existência do mundo espiritual, e por conseguinte, os anjos. Acreditam apenas na matéria e nada que vá além da matéria.

 

4.A doutrina espírita. O espiritismo ensina que os anjos são as almas dos mortos que alcançaram um grau máximo de perfeição. Essa doutrina nega a existência distinta dos anjos como criaturas de Deus, bem como a existência dos demônios, os quais, segundo ensinam, são almas desencarnadas dos maus.

 

II.QUEM SÃO OS ANJOS

 

No ponto anterior, tivemos uma idéia superficial das doutrinas falsas acerca dos anjos e quanto à origem, existência e realidade destes. A partir desse ponto, estudaremos o assunto do ponto de vista da Bíblia.

 

1. Os anjos são criaturas. No princípio de todas as coisas, antes da criação do mundo físico, Deus criou os anjos. A expressão “exército do céu”, dependendo do contexto, pode ter duas interpretações. Em Gênesis 2.1, Salmos 33.6 e Neemias 9.6, refere-se aos anjos. É impossível fixar o tempo em que foram criados os anjos, mas a resposta de Deus a Jó declara que eles foram criados antes de todas as outras coisas(Jó 38.4,7)

 

2.Os anjos são seres espirituais. Os corpos espirituais não possuem limitações físicas, por isso a “lei da gravidade” não exerce qualquer influência ou poder sobre coisas espirituais. Pela falta de gravidade de seus corpos espirituais, os anjos podem locomover-se de um lugar para outro com extrema rapidez. Por serem superiores à matéria, os anjos podem tomar formas humanas para se fazerem perceptíveis aos sentidos físicos do homem, se houver necessidade. Várias aparições de anjos feitas a Abraão, Ló, Já có, Josué, Pedro e Paulo são exemplos indiscutíveis da Bíblia(Gn 18.1-10; 28.10-22 etc) Ainda em nosso tempo, os anjos aparecem aos servos de Deus na terra.

 

3. Os anjos são seres poderosos. O salmista os descreveu como “valorosos em poder” que executam as ordens de Deus e lhe obedecem (Sl 103.20) . Quando os pais de Sansão levantaram um altar ao Senhor, um anjo desceu sobre as chamas do altar sem sofrer qualquer dano(Jz 13.19,20). Um só anjo matou a 185 mil soldados do exército assírio (Is 37.36). Um só anjo destruiu com fogo as cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 19). Um só anjo removeu a pedra do sepulcro onde Jesus foi sepultado, quando se exigia vários homens para remover aquela enorme pedra(Mt 28.2) Embora os anjos tenham poderes, eles são limitados(2 Sm 24.16) ; Ap 18.1,21; Gn 19.13).

 

4 Os anjos são seres pessoais. Na experiência com os homens, os anjos falam, orientam, ouvem e determinam. A Bíblia dá a entender que os anjos possuem uma inteligência superior à dos homens, mas não igual ou superior à de Deus (2 Sm 14.20; 1 Pe 1.12) Dotados de sentimentos, anjos podem experimentar emoções quando rendem culto a Deus (Sl 148.2) . Eles conhecem suas limitações e se contentam com tudo o que fazem e podem fazer (Mt 24.36).

 

5.Os anjos são seres imortais. Os homens podem morrer, mas os anjos são espíritos imortais (Lc 20.34-36). Significa que eles não estão sujeitos à dissolução, ou putrefação orgânica, visto que seus corpos são imateriais.A imortalidade deriva da pura espiritualidade.

 

III. CARACTERÍSTICAS DISTINTAS DOS ANJOS

 

O Senhor deu aos anjos conhecimento, poder e mobilidade mais elevados do que aos homens. Por esses elementos descobrimos algumas características especiais capazes de fazer-nos compreender alguns aspectos da revelação bíblica e das relações pessoais com os homens. Santidade. No Apocalipse , os anjos são identificados como santos. Isto implica em que eles foram colocados em estados eterno de santidade(Ap. 14.10). Outros textos das Escrituras os identificam como “santos” (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22) para os distinguir dos anjos caídos Jo 8.44 e 1 Jo 3.8-10. Reverência. Uma das características principais das atividades angelicais é o louvor e a adoração (Sl 29.1,2; 89.7; 103.30; 148.2). Jesus declarou que os anjos de Deus sempre estão na presença do Pai e vêm a sua face (Mt 18.10). De modo geral, todos os anjos de Deus o louvam e o adoram, mas há uma classe específica das hostes angelicais cuja função principal é louvar e adorar a Deus; são os serafins. Essa classe de anjos permanece ao redor do trono como servos do Todo-Poderoso, para executarem a sua vontade (Is 6.3). Reverência é respeito e veneração marcado pelo temor. Esse temor não é medo, mas significa reconhecimento do poder superior de Deus. Serviço. O autor da Epístola aos Hebreus denomina os anjos de “espíritos ministradores” (Hb 1.14), indicando que eles exercem serviços especiais aos interesses do Reino de Deus.

 

a) Os anjos executam a vontade de Deus. O próprio sentido da palavra “anjo” é mensageiro. Portanto, é função precípua dos anjos servir aos interesses de Deus, obedecendo-lhe em toda a sua soberana vontade. Mais uma vez o autor de Hebreus indica essa função angelical de serviço quando diz: “Ainda quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos e a seus ministros labaredas de fogo”(Hb 1.7). Os escritor sagrado os destaca como “ministros” para identificar o serviço que prestam a Deus em favor dos santos em Cristo.

 

b)Os anjos cuidam e protegem os fiéis. Há um texto nos Salmos que declara que “o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”(Sl 34.7). Elias, ameaçado de morte pela rainha Jesabel, mulher de Acabe, precisou fugir da cidade para escapar com vida. Elias fugiu para o deserto e assentou-se debaixo de uma pequena árvore chamada zimbro. Estava triste e decepcionado, por isso, pediu a morte. Deitado debaixo daquele zimbro, veio um anjo da parte de Deus e o tocou e lhe disse: “Levanta-te e come. E olhou, e eis que à cabeceira estava um pão cozido sobre brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu e tornou a deitar-se. E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e tocou-o, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho”(1 Rs 19.5-7)

 

c)Os anjos punem os inimigos de Deus. Os inimigos de Deus agem de muitas maneiras, mas nada passa despercebido pelo Senhor. Houve um rei da Assíria, chamado Senaqueribe, que desafiou ao Deus de Ezequias, rei de Judá. Imediatamente Deus enviou um anjo poderoso o qual destruiu o exército assírio de 185 mil soldados. Para preservar o seu povo e o seu nome, Deus puniu aqueles inimigos (2 Rs 19.35). No período dos juízos finais da história da humanidade, os anjos serão os emissários de Deus para executarem o seu juízo contra aqueles que rejeitam a Jesus como Salvador do mundo e se constituem em inimigos declarados do soberano Senhor(Mt 13.50).

 

Anjos: Um Serviço Secreto Muito Especial

Jorge Pinheiro

 

A partir de 1994, o Brasil começou a viver uma moda mística, a febre dos anjos. Sem dúvida, quem deu início a essa moda foi uma jovem senhora que antes trabalhava com orixás e depois, através da Fraternidade Branca, com gnomos, duendes, silfos, ondinas, fadas e salamandras. O nome dela é Mônica Buonfiglio. Seus dois sucessos editoriais foram Anjos Cabalísticos e A Magia dos Anjos Cabalísticos.

 

Mas, apesar de seu aspecto bombástico, essa moda teve um lado positivo, colocar em pauta a discussão sobre a existência ou não dos anjos. E é sobre isso que desejamos falar.

 

Muitas pessoas, em nome da racionalidade, lançam fora a água e a criança. Negam não somente o misticismo eclético da Nova Era, mas também a realidade do mundo espiritual. Criticam um erro, a superstição, e despencam em outro, o agnosticismo racionalista.

 

O maior e mais antigo tratado sobre anjos é a Bíblia. No Antigo Testamento, cujos escritos vão do segundo milênio aos anos quatrocentos antes de Cristo, temos 109 referências a anjos. A palavra hebraica para anjo é mal’akh, cuja idéia básica é de um mensageiro sagrado, humano ou sobrenatural. Já no Novo Testamento, cujos escritos vão dos anos 49 a 100 depois de Cristo, temos 186 referências a anjos. Em grego a palavra usada é ângelos, que também tem o sentido de mensageiro, de intermediário.

 

É interessante que na Bíblia os anjos não tem nada a ver com a angelologia proposta pela Nova Era. Segundo Mônica Buonfiglio, por exemplo, os anjos são entidades etéreas, que não tem memória e nunca julgam. São como bebês…nus, com asas, bochechudos e com um sorriso maroto de criança arteira [Mônica Buonfiglio, Anjos Cabalísticos, São Paulo, Oficina Cultural Esotérica, 1993, p. 64].

 

INTELIGENTES E PODEROSOS

 

Embora o assunto seja extenso, vejamos três aspectos da doutrina cristã sobre anjos, que responde à pergunta central sobre estes seres. Por que existem os anjos?

 

Os anjos são seres espirituais.

Têm atividades definidas pelo próprio Deus.

Protegem os filhos de Deus.

Em relação ao primeiro item, é interessante ver que a Bíblia nos apresenta os anjos como seres espirituais, geralmente invisíveis. “Então, o que são os anjos? Todos são espíritos que servem a Deus e são mandados para ajudar os que vão receber a salvação”. Hebreus 1.14 [Nas citações bíblicas foram utilizadas duas versões: A Bíblia Sagrada, tradução na Linguagem de Hoje, São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil, 1988; e A Bíblia de Jerusalém, São Paulo, Edições Paulinas, 1985].

 

Os anjos têm personalidade e inteligência. “Ele fez isso para resolver este caso. O senhor é sábio como um anjo de Deus e sabe tudo o que acontece”. 2 Samuel 14.20.

 

Têm também direito de escolha e sentimentos, e isso fica claro quando se refere a Satanás, um anjo rebelado. “Você ficou ocupado, comprando e vendendo, e isso o levou à violência e ao pecado. Por isso, anjo protetor, eu o humilhei e expulsei do monte de Deus, do meio das pedras brilhantes. Você ficou orgulhoso por causa da sua beleza, e a sua fama o fez perder o juízo”. Ezequiel 28.16-17.

 

E o próprio Jesus fala da alegria dos anjos. “Pois digo que assim também os anjos de Deus se alegrarão por causa de uma pessoa de má fama que se arrepende”. Lucas 15.10.

 

A primeira conclusão é de que são seres espirituais, a serviço de Deus, para ajudar aqueles que serão salvos. Geralmente aparecem como adultos, têm capacidades especiais, memória, uma inteligência aguçada e sentimentos. De certa forma, não são muito diferentes de nós.

 

Esses seres ministradores tem atividades específicas. Adoram e servem a Deus. “Louvem ao Deus eterno todos os anjos do céu, que o adoram e fazem a sua vontade”. Salmo 103.21.

 

Participarão do juízo divino, conforme explica o apóstolo Paulo: “Porque Deus fará o que é justo. Ele trará sofrimento sobre aqueles que fazem vocês sofrerem e dará descanso a vocês e também a nós que sofremos. Ele fará isso quando o Senhor Jesus vier do céu e aparecer junto com seus anjos poderosos”. 2Tessalonicenses 1.6-8.

 

Eles trazem importantes notícias, instruem e guiam os filhos de Deus. Segundo o escritor da carta aos Hebreus, os mandamentos foram entregues a Moisés por anjos. “Por isso devemos prestar mais atenção nas verdades que temos ouvido, para não nos desviarmos delas. Ficou provado que a mensagem que foi dada pelos anjos é verdadeira, e aqueles que não a seguiram nem lhe obedeceram receberam o castigo que mereceram”. Hebreus 2.2.

 

Ao contrário do que a vulgarização sobre angelologia prega, eles não estão debaixo da nossa vontade. Mas agem de acordo com a justiça de Deus nos julgamentos divinos. Participaram dos juízos de Sodoma e Gomorra, do Egito opressor, da destruição do exército de faraó na travessia do Mar Vermelho e em muitos outros eventos. E estarão com Cristo por ocasião do grande julgamento final.

 

MISSÃO ESPECIAL

 

E por fim, protegem e cuidam dos filhos de Deus. “O anjo do Deus Eterno fica em volta daqueles que O temem e os livra do perigo”. Salmo 34.7.

 

Dessa maneira, uma de suas principais tarefas, é acompanhar os filhos de Deus, em todos os momentos de suas vidas, mas especialmente naqueles de dificuldades. Não damos ordens aos anjos, já que eles são ministros de Deus, agentes secretos do Criador para proteção e guarda de seus filhos.

 

É interessante que a angelologia mística da Nova Era propõe um relacionamento com os anjos através de práticas esotéricas, via astrologia, numerologia e ancoragem (magia branca). São utilizadas dezenas de invocações, velas, incensos e talismãs. Tudo para manipular os anjos. Estamos, de fato, diante de uma cosmovisão gnóstica e espírita. Conforme, explica o teólogo Scott Horrell, esta é “uma angelologia sem Deus definido, sem estrutura moral e sem explicação sobre o porque da própria existência dos anjos” [J. Scott Horrell, Anjos Cabalísticos, in Vox Scripturae, São Paulo, AETAL, 1995, p. 245].

 

Diante das modas místicas, todos aqueles que se aproximam de Deus devem se lembrar do que diz Paulo, o apóstolo: “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos”. 1Timóteo 2.5.

 

Jorge Pinheiro, pastor batista, é professor do Depto. de Teologia Sistemática da Faculdade Teológica Batista de São Paulo e do Departamento de Antigo Testamento da Faculdade Teológica Batista Paulistana. É também professor convidado da Missão Antioquia (SP) e do Centro de Ensino Teológico -CETEOL (SC).

 

Anjos – o que está escrito na palavra de Deus, a Bíblia

Estarei escrevendo agora a respeito dos anjos, e estarei sempre mencionando textos escritos na Bíblia, que creio sendo a palavra de Deus, por isso, as minhas páginas na net em sua maioria contém textos da Bíblia.

 

Os anjos são espíritos ministradores, enviados para servir a favor de todos aqueles irão herdar a salvação. Hebreus 1:14.

 

Os anjos são servos, tem a responsabilidade de executar muitas das ordens de Deus e favor dos salvos, dos filhos de Deus, que são todos aqueles que tem a fé em Jesus Cristo, crendo em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de sua vida.

 

Anjos não devem ser adorados, evocados, reverenciados, nem cultuado, mas somente Deus é digno de adoração, somente o Deus Pai, o Deus Filho Jesus Cristo, e o Espírito Santo, ou seja, somente DEUS.

 

Hebreus 1: 5-14

 

“Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?

 

E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.

 

Ora, quanto aos anjos, diz: Quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo.

 

Mas do Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos, e cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.

 

Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros; e: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos; eles perecerão, mas tu permaneces; e todos eles, como roupa, envelhecerão, e qual um manto os enrolarás, e como roupa se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão.

 

Mas a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?

 

Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?

 

Exemplos dos serviços executados por anjos de Deus na Bíblia:

 

Êxodo 14:19-20 “Então o anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e se pôs atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles e se pôs atrás, colocando-se entre o campo dos egípcios e o campo dos israelitas; assim havia nuvem e trevas; contudo aquela clareava a noite para Israel; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro.”

 

Daniel 6:22 “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, e eles não me fizeram mal algum; porque foi achada em mim inocência diante dele; e também diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.”

 

Atos 12:7 “E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.”

 

Atos 27:23-24 “Porque esta noite me apareceu um anjo do Deus de quem eu sou e a quem sirvo, dizendo: Não temas, Paulo, importa que compareças perante César, e eis que Deus te deu todos os que navegam contigo.

 

Atos 5:18-20 “deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública. Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse: Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida”

 

Atos 12:6-11 “Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão. 7 E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias. 8 Disse-lhe ainda o anjo: Cinge-te e calça as tuas sandálias. E ele o fez. Disse-lhe mais; Cobre-te com a tua capa e segue-me. 9 Pedro, saindo, o seguia, mesmo sem compreender que era real o que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma visão. 10 Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e tendo saído, passaram uma rua, e logo o anjo se apartou dele. 11 Pedro então, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo dos judeus.”

 

Os anjos servem a Cristo:

 

Mateus 24:31 ” E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos  desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.”

 

Mateus 25:31 “Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;”

 

Mateus 26:53 “Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de

 

doze legiões de anjos?”

 

Lucas 2:13-15 “Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade.E logo que os anjos se retiraram deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos já até Belém, e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.”

 

Lucas 22:42-44 “E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava. E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.”

 

João 1:51 “E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.”

 

II Tessalonicenses 1:4-7 “De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa constância e fé em todas as perseguições e aflições que suportais; o que é prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis; se de fato é justo diante de Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo,

 

Somente podemos ter contato direto com Deus por meio do seu Filho Jesus Cristo, e não por anjos, espíritos, mortos, santos, imagens, ídolos, boas obras, caridades:

 

João 14:6,13-14 “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei.”

 

João 20:30-31 “Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”

 

I Timóteo 2:5 “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,”

 

I João 2:1-2 ” Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”

 

Atos 4:12 “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.”

 

ANJOS E DEMÔNIOS

 

Os anjos são seres espirituais que foram criados por Deus, portanto finitos, que possuem um propósito definido na obra e criação de Deus, possuindo personalidade, podendo ser de vários tipos, obedecendo a uma hierarquia, podendo também ser bons “anjos de Deus”, ou maus “demônios”.

 

O termo hebraico “malãk” tem como significado “mensageiro”. No Antigo Testamento encontraremos esta palavra para significar os anjos. Contudo levar mensagem não era apenas única designação, mas também desincumbir-se de alguma outra atividade específica, e representar de modo oficial aquele a quem o enviara.1

 

No Novo Testamento a palavra que designa esses seres é “angelos” que tem o mesmo significado “mensageiro”, ou servidores.

 

A Bíblia fala em anjos bons e anjos maus, sendo que originalmente todos foram criados bons e santos já que em Gênesis tudo que Deus criou, Ele viu que era bom. Contudo alguns se rebelaram e escolheram se voltar contra o criador o que os levou a uma condição de “anjos decaídos”, também possuem propósitos, e estão sob o controle de um chefe “Lúcifer”.

 

ANJOS BONS

 

No período pré-exílico o anjo do Senhor (mal’akh yahweh) é o agente direto da vontade de Deus, preservando uma personalidade sem nome e sem se revelar nominalmente aos homens. Alguns argumentam que as aparições a Hagar como em (Gn 16:7-13), e a Abraão no monte Moriá (Gn 22:11-18), a Moisés na sarça ardente (Ex.3:2), como também a Gideão em Ofra (Jz 6:11), são apenas a tentativa aparente de suavizar o relato do antropomorfismo do registro sagrado. 2 Além de mensageiros da vontade divina, podem prestar socorro aos homens(1 Rs 19:5-7), prestar ajuda militar (2 Rs 19:35). Os conceitos são muito rudimentares na literatura rabínica quanto aos anjos guardiães ou o anjo da morte, pois a visão desses seres ainda não é clara quanto a sua originalidade.3

 

Já no período exílico e posterior esses seres ganham traços mais firmes no sentido de propósito como também passa a ser reconhecidos por nomes como vemos no livro de Daniel.

 

No Novo Testamento também encontramos a mesma designação dos seres com relação a missão dos mesmos. “No entanto o conceito de anjo guardião é aguçado como na literatura rabínica (Mt 18:10)”. Também estão associados na transmissão da lei e quase sempre ligados a questão apocalíptica, ou seja, do julgamento final.4

 

A bíblia fala numa variedade de anjos bons, apesar de somente Miguel e Gabriel terem seus nomes registrados (Dn 12:1, Ap 12:7), estão divididos em diferentes categorias como querubins (Ez 10:1-3), serafins (Is 6:2), anjos com autoridade e domínio(Ef 3:10,Cl 1:16), e espíritos ministradores angelicais (Hb 1:13-14 , Ap 5:11).

 

Entre as suas funções está a adoração a Deus como vemos em Salmo 103:20,21:

 

“Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens, obedecendo a voz da sua palavra! Bendizei ao Senhor, vós todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais a sua vontade!”

 

Os anjos apesar de exercerem essa adoração na presença de Deus, em um momento, essa atividade se deu na terra por ocasião do nascimento de Jesus Cristo, como está descrito em Lucas 2:13,14. 5

 

Eles revelam, comunicam a mensagem divina aos homens, e ainda estão profundamente envolvidos com o ministério da mediação das leis no Antigo Testamento como vemos em At.7:53, Gl 3:19; Hb 2;2. Apesar de não terem desempenhado função semelhante no Novo Testamento, contudo são portadores da mensagem divina no caso de Maria (Lc 1:26-38), Filipe (At.8:26) e etc. Eles protegem, livram, socorrem aos servos de Deus nos momentos de aflição em Atos 5:19 um anjo livrou da prisão pública os apóstolos que ali estavam, para que eles fossem ao templo com o propósito de falar de Cristo ao povo, assim também aconteceu a Pedro como vemos em At.12:6-11, eles estão permanentemente cuidando de nossas necessidades espirituais, travando por nós as batalhas espirituais, no que diz respeito a anjos da guarda, ou seja, o anjo específico que cuida de cada indivíduo ao longo de sua vida, Erickson citando A.J.Maclean, diz que essa idéia fazia parte da crença popular judaica nos tempos de Jesus, mas que foi transferida para o pensamento cristão, contudo não existe prova suficiente nas escrituras que provem esse conceito.6 Os anjos executam julgamento sobre os inimigos de Deus, ou sobre o próprio povo de Deus, trazendo destruição e morte como diz a escritura (2 Rs 19:35; 2 Sm 24:26; At.12:23).7

 

A figura do “Anjo do Senhor” aparece algumas vezes no Antigo Testamento, esse anjo é representado como o ser celestial enviado por Deus para tratar com os homens como Seu agente pessoal e porta-voz. Algumas vezes ele é identificado como Deus, sendo assim uma extensão da personalidade divina, falando não somente em nome de Deus, mas fala como o próprio Deus usando a primeira pessoa do singular como vemos em Gn.16:7; 22:11; 31:13. No Novo Testamento não existe nenhuma identificação, já que ele é personalizado como Gabriel (Lc.1:19), ou o Espírito Santo (At.8:26-29).8

 

ANJOS MAUS

 

Com relação aos demônios, ou seja, os anjos maus a escritura pouco relata a respeito de como se tornaram maus, como também sua origem. No Antigo Testamento existem referências sobre os demônios em Lv.17:7; 2 Cr.11:15 sob os nomes no hebraico de sã’ir ou em Dt.32;17;Sl.106:37 o termo shedh, significando ambas por cabeludo ou sátiro.

 

“Nessas passagens há o pensamento que as deidades que foram ocasionalmente servidas por Israel não são verdadeiros deuses, mas em realidade eram demônios (Cf 1 Co.10:19 e Seg.).Contudo o assunto não se reveste de grande interesse no Antigo Testamento, enquanto que as passagens relevantes são poucas.” 9

 

No Novo Testamento o termo grego usado é daimonion, o que seria um diminutivo de daimon. No Novo Testamento essa expressão sempre se refere aos seres espirituais que são hostis a Deus e aos homens, estes anjos maus estão sob o comando de Belzebú, também conhecido por Satanás o acusador.

 

Suas atividades estão ligadas a todas formas de tentação e engano, como também a infligir doenças como vemos em (mc 9:17;9:25;Mt 12:22; At.8:7), contudo uma das funções mais destacadas desses seres é a de impedir o progresso espiritual do povo de Deus (Ef.6:12). 10

 

Hoje alguns advogam que a possessão demoníaca era apenas a forma como os antigos viam a enfermidade ou a loucura, já que em muitos casos a possessão provocava como já dissemos sintomas não muito diferentes de doenças como mudez, paralisia, epilepsia, cegueira e etc.,ou então da loucura como recusa em vestir roupas, viver em sepulcros. Só que a Bíblia distingue possessão de enfermidade ou loucura como vemos em Mt.4:24; Lc 13:32.

 

Segundo Erickson os demônios podem até falar usando a voz da pessoa possessa, e habitar não somente em seres humanos mas também animais como se vê em Mt.8:29,31; Mc cap.5.

 

Diabo ou diabolos no grego é a forma comum para designar o chefe dos demônios. Ele é identificado como a antiga serpente e dependendo da interpretação que se faça de Ezequiel 28:12-16 da profecia contra o rei de Tiro, é visto como um anjo poderoso que por causa do seu orgulho intentou ser igual a Deus, sendo expulso do jardim de Deus. Mesmo tendo perdido sua posição Satanás continuou a exercer poder sobre a terra e a ter acesso ao céu na condição de hassãtan, ou seja, o “acusador” (Jó 1:9;2:4; Zc 3:1) exercendo o papel de um promotor público. Contudo com a morte e ressurreição de Cristo, Satanás foi lançado fora dos céus para não mais acusar (Jo 12:31; Ap 12:10).11

 

Mesmo possuindo poder, o Diabo é limitado, não pode fazer contra Jó nada que Deus não tivesse permitido, o homem pode resistir ao Diabo através do poder que há no Espírito Santo (Tg.4:7; Rm 8:26; 1Co 3:16).12

 

CONCLUSÃO

 

Os cristãos atuais na sua maioria ignoram a atividade destes seres, sejam eles bons ou maus, por isso muitos tem submetido a derrotas no campo espiritual. Outros contudo pela sua curiosidade tem colocado os anjos no lugar de Cristo como intermediadores entre Deus e o homem o que leva também a heresia.

 

“Tanto o Antigo como o Novo Testamento relutam em dar proeminência a esses servos celestiais do Senhor, mesmo porque seria uma proeminência indevida. Mas o crescente interesse nos agentes espirituais negativos, demoníacos e outros, e o fascínio popular pelas várias fantasias de ficção científica devem levar o crente a meditar às vezes sobre os “milhares e milhares de anjos”, esses abençoados e radiosos cidadãos das hostes celestiaisque, entre outras coisas, se ocupam dos nossos interesses, (Hb 1:14; 12:22).” 13

 

Wagner de Castro Pinna (Formado em Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil com especialização na área pastoral, membro da 1ª Igreja Batista em Alcântara, atualmente trabalha na Frente Missionária em Mutondo em São Gonçalo – RJ)

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

HARRIS, R. Laird: Dicionário Internacional de Teologia do A.T.p.762

 

DOUGLAS, J.D: O Novo Dicionário da Bíblia. p.80

 

Ibid. p. 80

 

Ibid. p. 81

 

ERICKSON, Millard J.: Introdução à Teologia Sistemática. p.196

 

Ibid. p. 197

 

Ibid.p.196

 

DOUGLAS, J.D: O Novo Dicionário da Bíblia. p.81,82

 

Ibid.p.398

 

ERICKSON, Millard J.: Introdução à Teologia Sistemática. p.199

 

HARRIS, R. Laird: Dicionário Internacional de Teologia do A.T.p.1474-5

 

ERICKSON, Millard J.: Introdução à Teologia Sistemática. p.199

 

MILNE, Bruce: Estudando as Doutrinas da Bíblia p.81

 

BIBLIOGRÁFIA

 

ERICKSON, Millard J.: Introdução à Teologia Sistemática.  Trad. Lucy Yamakami, São Paulo; Ed. Vida Nova, 1997.

 

MILNE, Bruce: Estudando as Doutrinas da Bíblia  São Paulo: ABU Editora, 4ª ed., 1995.

 

DOUGLAS, J.D.: O Novo Dicionário da Bíblia   São Paulo: Ed.Vida Nova, 2ª ed. 1995.

 

 HARRIS, R.Laird: Dicionário Internacional de Teologia do A.T.  São Paulo; Ed. Vida Nova, 1998.

 

BÍBLIA SAGRADA :De acordo com melhores textos  Rio de Janeiro; JUERP, 1994

 

ANJOS NO NOVO TESTAMENTO

Augustus Nicodemus Lopes

 

A crença em anjos no Novo Testamento

 

Os cristãos não eram o único grupo do primeiro século que acreditava na existência de anjos. A maioria das seitas do judaísmo, berço do cristianismo, pro-fessava a crença nesses mensageiros celestes, á exceção provável dos saduceus (At 23.8). 0 interesse dos judeus por anjos havia crescido de forma notável durante o período intertestamentario, quando o segundo templo foi construído, após o retorno do cativeiro babilônico. É provável que esse aumento de interesse pelos anjos tenha ocorrido como resultado da ênfase nesse período á idéia de que Deus havia se distanciado do seu povo, já que não havia mais profetas. A ausência de profetas, os mensageiros oficiais de Deus ao seu povo, provocava a necessidade de outros mediadores da vontade divina. Os anjos vieram ocupar esse espaço no judaísmo do segundo templo. 0 aumento do interesse pelo mundo celestial e pelos seus habitantes, os anjos, nota-se nos escritos judaicos produzidos antes ou logo após o nascimento do cristianismo. Exemplos desta tendência se percebem em alguns livros apócrifos (4 Esdras 2.44-48; Tobias 6.3-15; 2 Macabeus 11.6). 0 mesmo se vê em alguns dos escritos dos sectários do Mar Morto achados nas cavernas do Wadi Qumran, como o rolo da Batalha entre os Filhos das Trevas e os Filhos da Luz. Alguns dos escritos produzidos pelo movimento apocalíptico dentro do judaísmo, mais que os escritos de outros movimentos, enfatizava o ministério dos anjos (1 Enoque 6. 1 ss; 9. 1 ss), 0 interesse pelos anjos se nota até mesmo nos escritos rabínicos datados a partir do século III (com exceção do Mishnah), e que possivelmente representam a linha principal do judaísmo no período do segundo templo.

 

Fora das fronteiras do judaísmo, a crença em anjos, encontrava-se não somente nas religiões que fervilhavam no mundo greco-romano, mergulhado no misticismo helênico, como também nas obras dos filósofos e escritores gregos famosos, como Sófocles, Homero, Xenofonte, Epicteto e Platão. A biblioteca de Nag Hammadi, descoberta em nosso século (1945) nas areias quentes do deserto egípcio, apresenta material gnóstico datando do século IV, com uma elaborada angelologia, onde a distância entre Deus e os homens é coberta por trinta “archons”, seres intermediários, possivelmente anjos, que guardam as regiões celestes. Os “Papiros Mágicos” desta coleção contém fórmulas para atrair os anjos. Embora datando do século IV, estes escritos possivelmente refletem crenças que já estavam presentes de forma incipiente no mundo greco-romano desde antes de Cristo. Em contraste aos escritos produzidos cm sua época, a literatura do Novo Testamento é bem mais discreta e reservada em seus relatos da atividade angélica.

 

As palavras mais comuns para “anjos” no Novo Testamento

 

A palavra mais usada no Novo Testamento para “anjo” é aggelos, que é a tradução regular na Septuaginta da palavra hebraica Mala’k. Ambas significam ‘mensageiro”. Aggelos é usada umas poucas vezes no Novo Testamento para mensageiros humanos, como por exemplo os emissários de João Batista a Jesus (Lc. 7.24; veja ainda Tg 2.25; Lc 9.52). Na maioria esmagadora das vezes, a palavra refere-se aos mensageiros de Deus, que povoam o mundo celeste e assistem em sua presença. Aggelos é usada tanto para anjos de Deus quanto para os anjos maus.

 

Existe outro termo no Novo Testamento para se referir aos anjos, o qual só Paulo emprega: “principados e potestades”. Em duas ocasiões é usado em referência aos demônios (Ef 6.12; Cl 2.13) e em três outras aos anjos de Deus (Ef 3.10; Cl 1.16; 1 Pe 3.22). Em todos os casos, refere-se ao poder e á hierarquia que existe entre esses espíritos. Uma outra palavra usada no Novo Testamento para anjos e pneuma, geralmente no plural (pneumata), que se traduz por espíritos”. Embora o termo seja empregado geralmente para os anjos maus e decaídos (quase sempre qualificado pelo adjetivo “imundo”, cf. Mt 12.43; Lc 4.36; At 8.7), é usado pelo menos uma vez para os anjos de Deus, como sendo “espíritos administradores” (Hb 1. 14). Alguns estudiosos têm sugerido que “espíritos” também se refere a anjos em outras passagens onde a palavra pneumata aparece, como por exemplo 1 Co 14.12. Neste versículo o apóstolo Paulo aprova e incentiva o desejo dos membros da igreja por pneumata, expressão quase que universalmente traduzida como “dons espirituais”, devido ao contexto. De acordo com E. Earle Ellis, Paulo, na verdade, não se refere a dons espirituais, mas aos anjos que estavam presentes aos cultos (1 Co 11. 10). Sua tese é que existe uma relação estreita entre as manifestações sobrenaturais que estavam acontecendo na igreja de Corinto e o ministério angélico. Tais manifestações, ou parte delas, não eram produzidas pelo Espírito Santo, e nem também por espíritos malignos, mas por estes espíritos bons. Outras passagens onde “espíritos” significa “anjos”, segundo Ellis, são 1 Co 14.32; 1 Jo 4.1-3; Ap 22.6.1(1). Embora esta sugestão seja interessante e provocativa, fica difícil ver como “espíritos” produtores de dons espirituais se encaixam no contexto de 1 Co 14.12 e no ensino de Paulo de que os dons são dados pelo Espírito Santo. 0 uso de pneumata em 1 Co 14.12 (bem como nas demais passagens mencionadas acima) pode ser explicado á luz de 1 Co 12.7, onde Paulo afirma que há diferentes manifestações do Espírito Santo. Ou seja, o mesmo Espírito manifesta-se de formas diferentes através de pessoas diferentes. Paulo refere-se a estas manifestações como “espíritos”. Elas equivalem aos dons espirituais. E difícil admitir que Paulo aprovaria um desejo dos crentes de Corinto de buscar estas entidades celestiais.

 

Anjos através dos livros do Novo Testamento

 

A presença e a atividade de anjos registrados nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) indicam invariavelmente a intervenção direta de Deus. Como mensageiros fiéis de Deus, que têm acesso a presença divina (Lc 1. 19; cf 12.8; Mt 10.32; Lc 15.10), a visita ou a intervenção de um deles equivale a uma manifestação divina. A encarnação e o nascimento de Jesus foram marcados pela presença de anjos, indicando a participação direta de Deus no nascimento do Messias (Mt 1.20; 2.13,19; Lc 1 . 11; 1.26-38). Embora os evangelhos não registrem quase nenhuma participação direta dos anjos assistindo a Jesus em seu ministério (o que poderia ter ocorrido, se Jesus quisesse, Mt 26.52), os anjos acompanharam o Senhor e se rejubilaram a medida em que pecadores se arrependiam (Lc 15.10). As poucas vezes em que se manifestaram visivelmente tinham como propósito demonstrar que Ele era amado e aprovado por Deus (Mt 4.11; Lc 2143). Os anjos ainda participaram da sua ressurreição, da anunciação ás mulheres, e da anunciação aos discípulos de que Jesus havia de voltar (Mt 28.2-5; At 1.9-11). E o próprio Jesus também mencionou varias vezes que os anjos participariam) da sua segunda vinda e do Juízo final (Mt 13.4 1; 16.27; 24.3 l).

 

Embora nos evangelhos a atividade dos anjos praticamente se concentre em tomo da pessoa de Jesus, ele mesmo menciona uma atividade deles relacionada aos homens, “cuidado para não desprezarem nenhum destes pequeninos. Eu afirmo que os anjos deles estão sempre na presença do meu Pai que está no céu” (Mt 18. 10, NVI). Aqui Jesus fala do cuidado vigilante de Deus pelos “pequeninos ‘, através dos anjos. A quem Jesus se refere por pequeninos” tem sido debatido pelos estudiosos, já que o termo pode ser tomado literalmente (crianças) ou figuradamente (os discípulos). Talvez a última possibilidade deva ser a preferida, já que Jesus usa regularmente pequeninos” para se referir aos discípulos, cf Mt 10.42; 18.6; Mc 9.42; Lc 17.2. Qualquer que seja a interpretação, a passagem não está ensinando que cada crente ou criança tem seu próprio “anjo da guarda”, como era crido popularmente entre os judeus na época da igreja primitiva. Fazia parte desta crença que o anjo guardião” poderia tomar a forma do seu protegido (cf. At 12.15). Jesus está ensinando nesta passagem que Deus envia seus anjos para assistir aos “pequeninos”, e que, portanto, nós não devemos desprezar estes “pequeninos”. Esse ministério angélico para com os “pequeninos” faz parte do cuidado geral que os anjos desempenham, pelo povo de Deus (cf. SI 9 1.11; Hb 1. 14; Lc 16.22). A passagem, portanto, não deve ser tomada como suporte á crença popular em “anjos da guarda”.

 

E importante notar que o Evangelho de João faz pouquíssimas referências á atividade dos anjos, embora, segundo João, Jesus tenha dito aos seus discípulos, no início do seu ministério, que eles veriam, os anjos subindo e descendo sobre si (Jo 1. 5 1 ). Possivelmente esta passagem não deva ser entendida literalmente no que se refere aos anjos, mas apenas como uma alusão ao sonho de Jacó (Gn 28.12) e ao seu cumprimento na pessoa de Cristo (unindo o céu á terra). No relato de João das boas novas, os anjos só revelam a sua presença ao lado da sepultura de Jesus (Jo 20.12)(2).

 

Estes fatos indicam que as aparições angélicas durante o período cm que Jesus esteve presente fisicamente entre nós foram relativamente poucas, e quase todas associadas com o seu nascimento, ministério, morte e ressurreição. Era conveniente que a vinda do Filho de Deus ao mundo fosse marcada por esta atividade angélica especial.

 

Apesar de a narrativa do livro de Atos abranger um período marcado por intensa manifestação sobrenatural, que foi o nascimento da igreja cristã, as aparições angélicas registradas pelo autor são relativamente poucas. Não há aparição de anjos em grupos, á exceção dos dois homens em vestes resplandecentes no local da ascensão (At 1. 10- 11). Nas intervenções angélicas, é sempre um único anjo que aparece, o qual é chamado de “um anjo do Senhor” (At 5.19; 8.26; 12.7,15) ou “um anjo de Deus” (10.3; 27.23). A expressão “anjo do Senhor” não tem. em Atos a mesma conotação que no Antigo Testamento, onde ás vezes este anjo é identificado com o próprio Deus. Em Atos a expressão sempre designa um mensageiro angelical. Os anjos aparecem em Atos com a mesma função principal, que no Antigo Testamento e nos Evangelhos, ou seja, trazer uma mensagem oficial da parte de Deus (At 5.19; 10.’ 10.22; 27.23). A isto se acresce a função protetora, pois por duas vezes um anjo do Senhor libertou apóstolos da prisão (At 5.19; 12.7). Uma outra missão de um anjo foi punir o rei Herodes (At 12.23) missão esta já mencionada no Antigo Testamento (cf Ex 12.13; 2 Sm 24.17) A atividade dos anjos em Atos, além de bastante discreta, é voltada quase que exclusivamente para o progresso do Evangelho. Um ponto de grande relevância para nos hoje é que ela se concentra, em torno dos apóstolos (At 5.19; 12.7 27.23) ou dos seus associados, como Filipe (8.26). A única exceção foi a aparição á Cornélio (At 10,3). Mesmo assim ocorreu una ponto crucial do nascimento da Igreja Cristã, que foi a inclusão do gentios na Igreja. Á exceção deste caso não há registro de aparições de anjos ao crentes em geral, nem para lhes trazer mensagens de Deus, nem para protege-los, embora certamente eles estivessem ocupados em desempenhar esta última; função, provavelmente de forma não perceptível aos crentes.

 

0 apóstolo Paulo é bastante ponderado no que escreve sobre os anjos, se com parado com outros autores religiosos não cristãos da sua época. Ele emprega a palavra aggelos apenas catorze vezes em suas treze cartas. Ele se refere aos anjos de Deus, não tanto como mensageiro: celestes ou protetores dos crentes, mas como participantes do progresso do plano de Deus neste mundo, que participaram da entrega da Lei no Sinai (G1 3.19) e que virão com Cristo para executar juízo sobre a humanidade (2 Ts 1.7). Estes são os “anjos eleitos”, que assistem diante de Deus (I Tm 5.2 1; cf. Gl 4.14). Uma possível explicação para a atitude reservada de Paulo é que, para ele, o Senhor Jesus, é a manifestação suprema de Deus, que suplanta todas as demais, diante das quais as manifestações angélicas perdem em importância e relevância (Ef 1.21; Cl 1. 16; cf. Hb 1. 1-2). Em nenhum momento Paulo menciona em suas cartas encontros angélicos que porventura teve, nem encoraja os crentes a buscar tais encontros. Some-se a isso a preocupação que demonstra em suas cartas com aparições e visões de anjos. 0 apóstolo teme que anjos caídos, passando-se por anjos de Deus, manifestem-se em visões com o

 

alvo de enganar os crentes. Ele menciona a possibilidade de que um anjo do céu venha pregar outro evangelho (G1 1. S), e que Satanás apareça dissimulado de “anjo de luz” (2 Co 11.14). Ele alerta aos crentes de Colossos a que não se deixem arrastar para o culto aos anjos propagado pelos líderes da heresia que ameaçava a igreja, e que se baseava cm visões (C1 2.18).

 

Uma passagem surpreendente sobre anjos é Gl 3.19, em que Paulo diz que a Lei de Deus foi entregue ao povo de Israel por meio de anjos. Esse fato no é mencionado na narrativa da entrega da Lei a Moisés no livro de Êxodo. Sua veracidade foi aceita possivelmente durante o período do segundo templo, quando os anjos receberam cada vez mais lugar destacado na teologia do judaísmo,. ao ponto de serem. reconhecidos como mediadores no Sinai, na hora da entrega da Lei a Moisés por Deus. 0 fato foi aceito como verídico por judeus cristãos como Estêvão (At 7.53), o autor de Hebreus (Hb 2.2), e por Paulo. Só que, enquanto que para os judeus da sua época, a presença de anjos no Sinai era algo que exaltava a glória da Lei, para Paulo, a presença destas criaturas era apenas um sinal da inferioridade da Lei em comparação ao Evangelho, que havia sido trazido pelo próprio Filho de Deus, sem mediação de criaturas.

 

Uma outra passagem difícil de entender nas cartas de Paulo é a enigmática expressão de 1 Co 11. 10. “Por esta razão, e por causa dos anjos, a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal de autoridade”. 0 que tem os anjos, a ver com o uso do véu nas igrejas de Corinto? A resposta está ligada a um aspecto da situação histórica específica da Igreja de Corinto no século I, que nós desconhecemos. Havia uma idéia estranha na época de Paulo de que Gn 6.1-2 se referia a anjos que se deixaram atrair pelos encantos femininos (uma tradição rabínica acrescenta que foram os longos cabelos das mulheres que tentaram os anjos), A falta de decoro e propriedade por parte das mulheres na igreja de Corinto poderia novamente provocá-los. 0 mais provável é que Paulo se refira a outro conceito corrente que os anjos bons eram guardiões do culto divino, o que exigiria decoro e propriedade por parte de todos os adoradores. Este conceito se encaixa perfeitamente no ensino do Novo Testamento de que os anjos observam e acompanham o desenvolvimento do evangelho no mundo (ver Ef 3. 10, 1 Tm 5.12; 1 Pe 1. 12; Hb 1. 14).

 

Não há menção de anjos cm Tiago, e nem nas três cartas de João. Pedro menciona apenas que os anjos anelam compreender os mistérios do Evangelho (1Pe 1. 12), e que estão subordinados a Cristo (3,22). Em Judas encontramos mais uma referência enigmática aos anjos, desta feita cm relação ao confronto do arcanjo Miguel com Satanás, em disputa pelo corpo de Moisés (Jd 9). Esse incidente não é narrado no Antigo Testamento, mas aparece num livro apócrifo que era bastante popular entre os judeus chamado A Ascensão de Moisés. Neste livro o autor narra que, após a morte de Moisés, sozinho no monte, Deus encarregou o arcanjo Miguel de dar-lhe sepultura. 0 diabo veio disputar o corpo, alegando que Moisés era um assassino (havia matado o egípcio), e que, portanto, seu corpo lhe pertencia. De acordo com a Ascensão, Miguel limitou-se a dizer que o Senhor repreendesse os intentos malignos de Satanás. Embora narrado num livro apócrifo, o incidente deve ter ocorrido, e Deus permitiu que, através de Judas, viesse a alcançar lugar no cânon do Novo Testamento.

 

A carta aos Hebreus menciona os anjos nada menos que 13 vezes, 11 das quais nos dois primeiros capítulos, onde o autor procura estabelecer a superioridade de Cristo sobre os anjos (Hb 1.4-7,13; 2.2,15,16). A razão para esta abordagem foi possivelmente a exaltação dos anjos por parte de muitos judeus no século I. 0 autor, escrevendo a judeus cristãos sentiu a necessidade de diferenciar a mensagem do evangelho trazida por Cristo, e as muitas mensagens e mensageiros angelicais que infestavam a crendice popular judaica no século I.

 

E no livro de Apocalipse que temos a maior concentração no Novo Testamento do ensino sobre anjos. É o livro do Novo Testamento que mais emprega a palavra aggelos (67 vezes). Aqui os anjos aparecem como agentes celestes que executam os propósitos de Deus no mundo, como proteger os servos de Deus (Ap 7.1-3) e administrar os juízos divinos sobre a humanidade incrédula e impenitente (Ap 8.2; 15.1; 16.1). Apocalipse está cheio das visões que o apóstolo João teve do céu, e os anjos aparecem como habitantes das regiões celestes, ao redor do trono divino, em reverente adoração a Deus e ao Cordeiro (Ap 5.11; 7.11), mediando ao apóstolo João as visões e as instruções divinas (Ap 1.1).

 

Uma questão que tem atraído o interesse dos intérpretes é o sentido da palavra “anjo” em Ap 1.20, “os anjos das sete igrejas” (cf Ap 2.1,8,12,18; 3,1,7,14).Alguns acham que João se refere aos pastores das igrejas às quais endereça suas cartas, já que em Malaquias os líderes religiosos são chamados de anjos (MI 2.7). Ou então, aos mensageiros (aggelos) das igrejas que haveriam de levar as cartas às suas comunidades. 0 problema com estas interpretações é que a palavra aggelos em Apocalipse nunca é usada para seres humanos, mas consistentemente para anjos. Por este motivo, outros, como Origenes no século II, acham que João se refere a anjos reais, já que este é o uso regular que ele faz da palavra no livro. Estes anjos seriam os anjos de guarda de cada igreja a quem João manda uma carta. A dificuldade óbvia com esta interpretação é que as advertências e repreensões das cartas seriam dirigidas a anjos, e não aos membros da igreja. Além do mais, fica claro pelo

 

fim de cada carta que elas foram endereçadas aos membros das igrejas (2.7,11,17 etc). Assim, outros estudiosos têm sugerido que “anjos” representam o estado real de cada igreja, o “espírito” da comunidade. Esta idéia, que no deixa de ser curiosa e estranha, tem sido adotada por alguns que defendem que igrejas têm suas próprias entidades espirituais malignas, que se alimentam dos pecados não tratados das mesmas(3). Fica difícil tomar uma decisão. Mas, já que é evidente que os anjos e as igrejas são uma mesma coisa nestas passagens, a ” interpretação que talvez traga menos dificuldades é que aggelos (anjos) se refere aos pastores das igrejas.

 

Anjos em batalha espiritual

 

Uma outra passagem cm Apocalipse que merece destaque é a que descreve uma batalha no céu entre Miguel e seus anjos, contra o dragão e seus anjos, onde Satanás é derrotado e lançado á terra (Ap 12.7-9). A que evento histórico esta guerra celestial corresponde tem sido bastante discutido. Para alguns, refere-se á queda de Satanás no principio, quando se revoltou contra Deus e foi expulso dos céus. Para outros, a vitória final de Cristo, ainda por ocorrer no fim dos tempos. 0 contexto, entretanto, parece favorecer outra interpretação, ou seja, que esta derrota de Satanás nas regiões celestiais corresponde à vitória de Cristo, ao morrer e ressuscitar, já que ela aconteceu, “por causa do sangue do cordeiro” (Ap 12. 10; cf. Jo 12.3 1; 16.1 l).À semelhança do Antigo Testamento, o Novo é igualmente reservado em narrar estas pelejas celestiais, e limita-se a registrar dois confrontos do arcanjo Miguel com Satanás (Jd 9; Ap 12.7-9). Não temos condições de saber quais as razões para estes embates entre anjos, e nem quão frequentemente eles ocorrem no misterioso mundo celestial.

 

Digno de nota é o fato que Miguel, que no Antigo Testamento aparece como guardião de Israel, surge aqui em Ap 12.7-9 como defensor da Igreja, liderando as hostes angélicas contra Satanás e seus demônios, que procuram destruir a obra de Deus. Sua área de ação não e mais o território de Israel, mas o mundo, onde quer que a Igreja esteja. A constatação deste fato deveria moderar a fascinação de muitos hoje pela idéia de espíritos territoriais, maus ou bons, que seriam supostamente responsáveis por determinadas regiões geográficas, e que se embatem em busca da supremacia sobre aqueles locais. É possível que as nações ou outras regiões tenham seus príncipes angélicos, bons ou maus, mas esta idéia não exerce qualquer função ou influência no ensino do Novo Testamento, quanto aos anjos e á sua participação na luta da igreja contra os “principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 6.12). Enquanto que em Daniel os principados e as potestades aparecem relacionados com determinados territórios, no Novo Testamento eles aparecem não mais relacionados com regiões, mas com este mundo tenebroso. 0 conflito regionalizado do Antigo Testamento tomou caráter universal e cósmico com a vitória de Cristo. 0 diabo e seus príncipes malignos são vistos agora como dominadores, não de determinadas regiões geográficas, mas “deste mundo tenebroso”. E os anjos agora servem aos servos de Deus, em qualquer região geográfica do planeta, onde se encontrem.

 

Notas de rodapé

 

1 Ver E. Earle Ellis, Spiritual GIffs in the Pauline Community, em New Testment Studies 20 (1973-1974) 134.

 

2 Existe séria dúvida da parte de muitos especialistas em manuscritologia bíblica de que a passagem de João 5,4, que menciona a decida de um anjo para mover a água da piscina de Betesda, seja de fato autêntica, visto que não aparece nos manuscritos mais antigos importantes. ,

 

3 Neuza ltioka, por exemplo, afirma que os anjos das cartas de Apocalipse (Ap 2-3 são anjos literais que Incorporam e absorvem o estado espiritual da Igreja, e que alguns deles são substituídos por demônios, devido á decadência espiritual da comunidade que representam. Ela baseia-se nas sugestões (sem exegese) de Walter Wink e R. Linthicum em Ap 2-3, cf. A Igreja e a Batalha Espiritual: Você Está Em Guerra em Série Batalha Espiritual (São, Paulo: Editora SEPAL 1994) 36,39,40-41,67,11

 

Fonte: Revista Fides Reformata

 

Os Anjos – Estudos e Apontamentos

 

Pr. Carlos V. Ricas

ÍNDICE

 

I. INTRODUÇÃO

 

II. A NATUREZA DOS ANJOS

 

a. Os anjos foram criados por Deus

 

b. O Ser Gerado e os seres criados

 

c. As características dos anjos

 

III. AS APARIÇÕES DOS ANJOS NAS ESCRITURAS

 

IV. AS CLASSES ANGELICAIS

 

A. O Anjo do Senhor

 

B. O Arcanjo

 

C. Os Serafins

 

D. Os Querubins

 

E. O Anjo Gabriel

 

V. A HIERARQUIA CELESTE

 

VI. O TRABALHO DOS ANJOS

 

A. São Agentes da Obra de Deus

 

. Os anjos são Ministradores dos Santos

 

. O Anjo da Guarda

 

. Os Anjos das Nações

 

B. São executores da Justiça de Deus

 

VII. A CONSPIRAÇÃO DE LÚCIFER

A. A origem de Satanás

 

B. O Caos da Queda de Lúcifer

 

C. Os Anjos Caídos e os Demônios

 

D. O Trabalho dos Anjos maus

 

1. Pela Mentira

 

a. Fazer-se passar pelo que não é

 

b. Ocultar a verdade sobre seu passado

 

c. Apresentar o mau como sendo o bem

 

VIII. A AUTORIDADE SOBRE OS DEMÔNIOS

Bibliografia

 

O Autor

 

Os Anjos

 

 

 

Estudos e Apontamentos

 

I. INTRODUÇÃO

 

“NINGUÉM VOS DOMINE A SEU BEL-PRAZER COM PRETEXTO DE HUMILDADE E CULTO DOS ANJOS, METENDO-SE EM COISAS QUE NÃO VIU; ESTANDO EM VÃO INCHADO NA SUA CARNAL COMPREENSÃO” Colossenses 02.18

 

O presente comentário se dá devido à grande necessidade da igreja e do povo de Deus em saber responder com segurança, e dentro da Palavra de Deus, às freqüentes ondas de promoção, exaltação e até invocação dos anjos, seres superiores aos homens e fascinantemente mais conhecedores dos mistérios de Deus, ondas essas, que invadem todos os meios adicionados de toda sorte de misticismos e distorções doutrinárias que não poupam nem mesmo os meios evangélicos.

 

 Longe da consciência de ter esgotado o assunto, saliento que o apresentado neste pequeno estudo não é senão o tido como mais próximo da verdade, devido à grande profundidade e realidade de Deus e do mundo espiritual, que fazem do mais sábio e ciente estudioso das Escrituras um débil aprendiz.

 

Pr. Carlos V. Ricas

 

II. A NATUREZA DOS ANJOS

 

a. Os anjos foram criados por Deus

 

Não se sabe quando Deus os criou, mas as Escrituras revelam que quando os céus e a terra foram criados os anjos já existiam e assistiram à Obra da Criação (Jó 38.04,07).

 

“NA RESSURREIÇÃO NÃO HAVERÁ CASAMENTO, POIS SERÃO COMO OS ANJOS DE DEUS NO CÉU” S. Mateus 22.30. Nesta base se tem que os anjos foram criados individualmente, o que os descaracteriza como raça, não sendo solidários biológica ou moralmente como os homens. Desta maneira entendemos como o pecado do primeiro homem afetou toda a sua descendência, enquanto que no tocante aos anjos, que foram criados individualmente, e cada um sendo responsável pelos seus atos, a rebeldia de um grupo não condenou os demais.

 

 

 

b. O Ser Gerado e os seres criados

 

A Bíblia também diz que Cristo é o Filho Unigênito de Deus, revelando que tudo o mais foi criado e continua sustentado por Ele através de sua Palavra (Hebreus 11.03). Aqui está o conceito que diferencia o Único Ser gerado dos inumeráveis seres criados pelo Senhor.

 

 Assim temos que não é coerente nem correta certa linha de pensamento quando afirma que qualquer dos anjos conhecidos seria ou poderia ser o próprio Jesus Cristo ou vice-versa em qualquer tempo, salvo um caso particular que abordaremos mais adiante, pois tal falha seria um erro de gênero, previsto nas cartas de Paulo aos Romanos e a Timóteo, nas quais encontramos completa descrição profética da sociedade humana nos últimos tempos, a qual, dentre outros erros, julgaria a glória do Deus Criador aos níveis das criaturas (Romanos 01.23,25; 1Timoteo 04.01-05; e 2Timoteo 03.01-09).

 

 Deste modo, vemos também como é absurda a doutrina espírita quando ensina que os anjos são as almas dos homens chegados ao grau máximo de perfeição do ser humano, negando assim a criação distinta dos anjos, bem como a realidade dos demônios, afirmando que estes são as almas desencarnadas dos homens maus.

 

c. As Características dos Anjos

 

Semelhantes ao homem no sentido de serem pessoas responsáveis por seus atos, com liberdade para servir a Deus ou não, os anjos são diferentes dos homens em vários pontos:

 

A.  Os anjos são seres reais, porém, espirituais. Por isso vemos nas Escrituras a definição dos anjos como sendo “ESPÍRITOS MINISTRADORES ENVIADOS PARA SERVIÇO, A FAVOR DOS QUE HÃO DE HERDAR A SALVAÇÃO” (Hebreus-01.14).

B.  Por serem espirituais não são sujeitos às variações dos elementos: a água, o fogo e o calor não podem molestá-los e o fator tempo não os preocupa: nunca se encontrou qualquer registro de idade, juventude ou velhice de anjos ou qualquer outro ser espiritual nas Escrituras.

C.  A Bíblia revela que os anjos tem inteligência (IISamuel 14.20), raciocínio (IPedro 01.12) e que são maiores que nós em força e poder (IIPedro 02.11).

D.  O salmista os descreveu como “- VALOROSOS EM PODER, QUE EXECUTAM AS ORDENS DE DEUS E LHE OBEDECEM À VOZ” (Salmos 103.20).

E.   Quanto à sabedoria, podemos salientar que apesar de serem muito mais sábios que nós, contudo, não são oniscientes, ou seja, não sabem todas as coisas (como não sabem o dia nem a hora da vinda de Jesus – S. Mateus 24.36).

F.   Quanto à força e ao poder, não são onipotentes: apesar de muito poderosos, os encontramos a serviço e em obediência e sujeição a Deus (Salmos 103.20).

G.  A Escritura mostra que eles são numerosíssimos quando os apresenta em “milhares de milhares, milhões de milhões” (Apocalipse 05.11, Daniel 07.10, Deuteronômio 33.02).

H.  Eles não “geram” outros anjos, por isso, tantos quantos foram criados na eternidade, o são ainda hoje e o serão sempre, uma vez que não possuem o poder de procriação e, entrando no entendimento humano do termo, são seres assexuados como todos os demais seres espirituais. As Escrituras apresentam a criação macho-fêmea, singular e unicamente empregada no universo físico, onde todos deveriam crescer, se multiplicar e encher a terra (Gênesis 01.22,28).

I.    Até mesmo o homem, quando estiver diante de Deus, será como os anjos que “não se casam nem se dão em casamento, veja S. Mateus 22.30 e S. Marcos 12.25.

J.   Encontramos os anjos enviados por Deus, muitas vezes materializados e com aparência humana, o que os levou a serem confundidos com seres humanos algumas vezes, como o foi por Josué (Josué 05.13-15) e pelos Sodomitas (Gênesis 19.04-05) e a serem hospedados como homens em algumas casas (Hebreus 13.02).

K.  Apenas algumas classes de anjos possuem suas asas declaradas nas Escrituras, como os Querubins (Ezequiel 01.06) e os Serafins (Isaías 06.02), mas não são mencionadas com os outros anjos, nem mesmo em Daniel 09.21 onde Gabriel “voa” até o profeta, nem em Apocalipse 14.06 quando prediz que um anjo voará pelo céu anunciando os juízos de Deus; as únicas passagens bíblicas que os apresenta-“voando”.

L.   Justificamos o item anterior considerando que normalmente associamos o vôo à existência necessária de asas, mas mesmo no mundo físico isto já não é mais regra, e que para terem sido confundidos com seres humanos, os anjos não poderiam ter aparecido aos homens com asas.

M.  Em S.Lucas 20.34-36 vemos que os anjos são criaturas eternas, isto é, não podem morrer. Verdade esta tão real que naquela passagem aparece como exemplo para ilustrar a imortalidade que será herdada pelos que serão salvos.

III. AS APARIÇÕES DOS ANJOS NAS ESCRITURAS

 

Na Bíblia encontramos os anjos se comunicando com os homens de forma pessoal e corpórea, por sonhos e por visões, nas seguintes passagens (dentre outras):

 

01. a Agar (serva egípcia de Sara mulher de Abraão) Gênesis. 16.07;

 

02. a Abraão, Gênesis 18.02; 22.11-18;

 

03. a Ló, Gênesis 19.01-17;

 

04. a Jacó, Gênesis 28.12; 32.01;

 

05. a Moisés, Êxodo 03.02;

 

06. aos Israelitas, Êxodo 14.19; Juizes 2.1;

 

07. a Balaão, Números 22.31;

 

08. a Josué, Josué 05.15;

 

09. a Gideão, Juizes 06.11-22;

 

10. a Manoá, (pai de Sansão), Juizes 13.06,15-20;

 

11. a Davi, 2Samuel 24.16-17;

 

12. a Elias, 1Reis 19.05;

 

13. a Ezequiel, Ezequiel 01;

 

14. a Daniel, Daniel 06.22;

 

15. a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, Daniel 03.25;

 

16. a Zacarias, S.Lucas 01.11;

 

17. a Maria (mãe de Jesus), S.Lucas 01.26-38;

 

18. a José, (pai de Jesus), S. Mateus 01.20-23;

 

19. aos pastores no campo, S.Lucas 01.11;

 

20. a Cristo, S. Mateus 04.11 (dentre outras vezes);

 

21. aos enfermos no tanque de Betesda, S. João 05.04;

 

22. às mulheres no sepulcro, S. Mateus 28.02-05;

 

23. aos discípulos na ascensão, Atos 01.10;

 

24. a Pedro e João, Atos 05.19;

 

25. a Felipe, Atos 08.26;

 

26. a Pedro, Atos 12.07;

 

27. a Cornélio, (centurião Romano), Atos 10.03;

 

28. a Paulo, Atos 27.23;

 

29. a João, Apocalipse 01.01.

 

IV. AS CLASSES ANGELICAIS

 

As Escrituras deixam transparecer que há uma organização entre os anjos a qual os distingue pelas suas funções, poder e atribuições.

 

Por ordem de grandeza, conforme aparecem na Bíblia, temos:

 

A. O Anjo do Senhor

 

A forma como “o Anjo do Senhor” aparece nas Escrituras o coloca acima de todos os demais.

 

A respeito dele encontramos:

 

1. que tem o poder de perdoar ou reter pecados (Êxodo 23.20-22);

 

2. que o nome de Deus está nele (Êxodo 23.21);

 

3. que é tido como sendo o próprio rosto de Jeová (Isaías 63.09);

 

4. ele mesmo admitindo ser Deus (Gênesis 32.28);

 

5. Jacó declarando-o como sendo o próprio Deus (Gênesis 32.30).

 

Estas características fazem concordar a maioria dos cristãos que tal majestade e poder não são conferidos a nenhuma criatura senão ao Filho legítimo e único do Altíssimo, constituindo-se por isso o único caso verdadeiro em que se poderia admitir de um anjo ser ou poder ser Jesus ou vice-versa.

 

 O fato de encontrarmos o Anjo do Senhor apenas no Velho Testamento parece querer reforçar que realmente aquele ser glorioso era o Messias à serviço do Pai desde os tempos da Velha Aliança.

 

B. O Arcanjo

 

No original grego o prefixo ARCH que aparece no nome tem a função de elevá-lo a maioral, líder ou príncipe dos anjos (Daniel 10.13).

 

Este título é dado a Miguel, o único arcanjo com seu nome declarado na Bíblia, apesar dos vestígios que parecem mostrar ter Lúcifer ostentado o mesmo título antes de sua rebelião (os livros apócrifos também mencionam os nomes de Rafael e Uriel). O nome Miguel aparece em Daniel 10.13;12.01, Judas 09 e Apocalipse 12.07.

 

C. Os Serafins

 

O vocábulo vem do hebraico SARAPH que significa “ardente”, “refulgente” ou “brilhante”.

 

A única vez que aparecem nas Escrituras é em Isaías 06.01-03 diante do Trono de Deus proclamando Sua santidade.

 

 Pouco se sabe sobre eles, exceto o que a passagem declara: que possuem seis asas das quais duas usam para cobrir seus rostos, duas para cobrir seus pés e duas para voar, e o seu serviço de aclamação já mencionado.

 

À despeito da pouca informação, são considerados anjos muitos elevados por servirem diante do Trono com o ministério de louvar a Deus e promover Sua santidade.

 

Encontramos também naquela passagem um serafim fazendo uma obra de santificação no profeta Isaías tocando-lhe com uma brasa nos lábios.

 

D. Os Querubins

 

Os querubins aparecem de forma detalhada em várias passagens bíblicas.

 

Sua imagem foi muito utilizada no Tabernáculo do V.T. (dois querubins de ouro no propiciatório – Êxodo 25.18, querubins bordados nas cortinas do santuário – Êxodo 26.01 e dois querubins sobre a arca da Aliança 1Reis 08.07).

 

As descrições físicas dos querubins parecem querer mostrar que podem mudar de forma ou que o nome querubim é uma classe que envolve mais do que um tipo de criatura celeste, uma vez que os querubins que aparecem minuciosamente detalhados em Ezequiel 01.01-24 e 10.01-22 não se assemelham a nada conhecido na terra, ao passo que os descritos no livro de Êxodo, excetuando-se pelas asas, se parecem muito com o tipo humano (em Ex 25.20 eles tem uma face ao passo que em Ezequiel são mencionados com quatro faces). Muitos supõem sobre o objetivo das multifaces dos querubins: alguns explicam que os mesmos seriam uma perfeição de criaturas exibindo força de leão, inteligência de homem, o habitat nas alturas como a águia e o dom de servir do boi, e outros que, concomitante aos evangelhos (que apresentam cada um dos quatro uma face do ministério de Jesus), os querubins exaltam o Filho de Deus que soube ser homem, ser rei, ser Deus e ser servo (uma visão mais atraente e mais embasada). Mas embora possíveis, são apenas suposições.

 

 Os querubins aparecem em várias passagens bíblicas, as quais constituem por si só, cada uma, um assunto:

 

Gênesis 03.24. Salmos 18.10

 

1Samuel 04.04. 1Reis 08.07

 

2Samuel 22.11

 

Lúcifer foi chamado querubim ungido antes de sua queda (Ezequiel 28.14).

 

 

 

E. O Anjo Gabriel

 

Mereceu menção por alguns autores a nobreza de Gabriel, anjo que segundo suas próprias palavras, habita diante de Deus (Lucas 01.19).

 

Ele foi enviado para elucidar a visão de Daniel (Dn. 08.16), depois novamente para explicar-lhe a visão das Setenta Semanas (Dn. 09.21) e bem mais tarde para anunciar os nascimentos de João Batista e de Jesus Cristo (Lucas 01.19, 26).

 

Entretanto, apesar da opinião afirmativa de algumas pessoas, não encontramos o título de arcanjo associado a Gabriel, em qualquer tempo, em nenhuma passagem bíblica.

 

 

 

V. A HIERARQUIA CELESTE

 

“POIS NELE FORAM CRIADAS TODAS AS COISAS QUE HÁ NOS CÉUS E NA TERRA, VISÍVEIS E INVISÍVEIS, SEJAM TRONOS, SEJAM DOMINAÇÕES, SEJAM PRINCIPADOS, SEJAM POTESTADES; TUDO FOI CRIADO POR ELE E PARA ELE” Colossenses 01.16

 

 Alguns estudiosos usam a passagem acima para ensinar que existem ordens que classificam as autoridades espirituais em Tronos, Dominações, Principados e Potestades.

 

 Entretanto, por faltar maiores evidências, nos reservamos a deixar apenas a menção da possibilidade, lembrando com reverência que de tudo o que podemos conhecer a Bíblia resume como sendo PARTE da realidade (veja 1 Corintios 13.09-10).

 

VI. O TRABALHO DOS ANJOS

 

A. São Agentes da Obra de Deus

 

Vemos na Bíblia que Deus operou por muitas vezes no passado através dos anjos, quer para anunciar Sua obra, quer para integrá-la ou mesmo para executá-la.

 

 Os anjos são provavelmente as criaturas mais ativas no contexto da história da humanidade depois do homem, e Deus os utilizou de tal forma que enumerar as vezes em que aparecem nas Escrituras seria um trabalho exaustivo e extenso.

 

 Por isso classificaremos por natureza as principais atuações e atribuições dos anjos de acordo com o texto Sagrado:

 

Os anjos são Ministradores dos Santos

 

 É a atividade angélica mais bem declarada na Bíblia. O versículo-chave é Hebreus 01.14:

 

“NÃO SÃO TODOS ELES ESPÍRITOS MINISTRADORES, ENVIADOS PARA SERVIR A FAVOR DOS QUE HÃO DE HERDAR A SALVAÇÃO?”

 

 Nesta passagem vemos que eles nos foram enviados PARA SERVIR em nosso favor. Isto não quer dizer que são nossos escravos para atender nossos pedidos, mesmo porque, não os podemos ver senão por visões em ocasiões muito especiais, e porque temos ordens para pedir tudo AO PAI em nome de Jesus – S.João 14.13-14; 15.16.

 

 Parece claro no versículo de Hebreus 1.14 que os anjos foram enviados para SERVIR A DEUS a favor dos que hão de herdar a salvação, ou seja, que Deus conjugou o serviço que os anjos lhe prestam, à sua providência às necessidades humanas.

 

 Encerrando, anotamos aqui mais alguns apontamentos sobre as atividades dos anjos:

 

os anjos são enviados para sustentar (S.Mateus 04.11; S.Lucas 22.43; 1Reis 19.05);

para preservar (Gênesis 16.07; 24.07; Êxodo 23.20; Apocalipse 07.01)

para resgatar (Números 20.16; Salmos 34.07; 91.11; Isaías 63.09; Daniel 06.22)

para interceder (Zacarias 01.12; Apocalipse 08.03-04)

para servir aos justos depois da morte (S.Lucas 16.22).

 

 

O Anjo da Guarda

 

Deixando de lado o preconceito, sobra de nossa antiga vida de idolatria, e examinando a Palavra de Deus, vemos que o próprio Jesus deixou escrito sobre as crianças que “OS SEUS ANJOS VEEM CONSTANTEMENTE A FACE DE MEU PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS” (S.Mateus 18.10).

 

 Isso não prova que cada criança tenha o seu anjo da guarda, mas indica que há anjos que se ocupam desse serviço, o que é uma idéia muito aceitável se lembrarmos do texto de Hebreus 01.14 e Salmos 34.07.

 

 Existem vários indícios deste serviço angélico a favor dos homens nas Escrituras: Lembremos de Pedro, que solto das cadeias (por um anjo inclusive), bateu à porta no lugar onde os irmãos da igreja oravam por ele, e que, incrédulos e buscando uma explicação para a voz que ouviam, arriscaram dizer: ” – É O SEU ANJO! ” – Atos 12.15.

 

 As igrejas não tem se esforçado em divulgar esta doutrina, temerosas da idolatria e do culto aos anjos, o que não é grande perigo se houver um ensinamento santo, e nem mais perigosa que a idolatria e culto ao homem, como infelizmente temos observado existir em muitos lugares.

 

 A descrença nos anjos bons corre parelhas com a pouca importância que se dá à crença no diabo, e tanto este como aqueles são claramente ensinados nas Escrituras.

 

 Aqui porém deixamos claro que embora o anjo da guarda seja um fato, é um assunto que não possui detalhamento nem ensinamento registrado por nenhum dos grandes apóstolos e nem mesmo por Jesus Cristo, que dê a alguém material suficiente para legislar qualquer doutrina a respeito.

 

 Nos reservamos a relembrar o verso-chave e a recomendação Bíblica de Deuteronômio 29.29 que diz:

 

“AS COISAS ENCOBERTAS PERTENCEM AO SENHOR NOSSO DEUS, PORÉM AS REVELADAS PERTENCEM A NÓS E A NOSSOS FILHOS PARA SEMPRE, PARA QUE CUMPRAMOS TODAS AS PALAVRAS DESTA LEI”

 

 

 

Os Anjos das Nações

 

 Semelhante à doutrina do anjo da guarda pessoal, temos também o ensinamento dos anjos das nações.

 

 Os versículos de Daniel 10.13, 20-21 tem levado a maioria dos cristãos a concordarem que cada nação do mundo tem um anjo que serve a Deus em seu favor e que intercede por ela.

 

 Nestas passagens encontramos declarados os guardiões: dos Persas (v.13), dos Gregos (v.20) e dos judeus (v.21), este último reconhecido como sendo o arcanjo Miguel (Daniel 12.01, Salmos 121.04).

 

 Mas estes “principados” possuem sua réplica maligna, ou seja, crê-se que cada nação tem também o seu acusador que busca sua destruição e degradação, contra o que e contra os quais nós também fomos arregimentados para batalhar – Efésios 03.10; 6.12 e Colossenses 02.15).

 

B. São executores da Justiça de Deus

 

Os anjos aparecem na Bíblia como verdadeiras ferramentas pelas quais Deus atua nas esferas física e espiritual e os encontramos em ação nos seguintes eventos (dentre muitos outros):

 

1.   os anjos foram responsáveis pela destruição de Sodoma e Gomorra – Gênesis 18.17-22; 19.01,24-25.

2.   Um anjo aplicou o juízo de Deus sobre o exército Sírio e seu rei quando este tentou afrontar Israel e humilhar o rei Ezequias – 2Reis 19.35.

3.   Em ameaça de iminente destruição de Jerusalém nos dias de Davi: por causa de seu pecado um anjo de Deus se pôs entre o céu e a terra com uma espada desembainhada e estendida contra Jerusalém. O rei orou e fez um sacrifício que foi aceito pelo Senhor que ordenou ao anjo da destruição que retirasse a sua mão de sobre o povo, mas já haviam sido mortas 70 mil pessoas (2Samuel 24.15,16; 1Crônicas 21.14-27).

4.   No N.T. vemos a ação de um anjo contra o rei Herodes AgripaI que não deu glória a Deus, mas teve a presunção de imaginar-se um deus. A sua autolatria e blasfêmia receberam o imediato juízo divino porque Deus o feriu e o rei morreu comido por vermes – Atos 12.22,23.

5.   Os anjos têm sido vistos atualmente, (ainda que em situações muito peculiares) e muitos cristãos tem testemunhado a forma como eles são usados por Deus para operarem bênçãos em suas vidas (a glória é tributada evidentemente a Deus, claro!)

6.   A expressão maior no assunto deste tópico se encontra nas profecias do livro de Apocalipse onde estão relatados os juízos vindouros e como os anjos participarão ativa e organizadamente em cada evento, deixando para nós o alerta e recomendação muito bem expressados no último capítulo da Bíblia (leia-se Apocalipse 07.01-08; 08.11; 12.07-09; 14.06-07, 09-11; 20.01-03).

 

 

VII – A CONSPIRAÇÃO DE LÚCIFER

 

 

 

A. A origem de Satanás

 

A Escritura mostra que Satanás chamava-se a princípio Lúcifer (nome este que apesar de não aparecer em nenhum lugar na Bíblia de forma nominal, contudo, ocorre em sua forma traduzida, que significa “o portador da Luz”), o qual segundo o texto de Ezequiel 28.11-19 fora a mais espetacular CRIATURA de Deus, à qual conferiu-se força, sabedoria, beleza, glória e autoridade como a nenhuma outra até então.

 

 Mas a Escritura registra: “PERFEITO ERAS NOS TEUS CAMINHOS, DESDE O DIA EM QUE FOSTE CRIADO, ATÉ QUE SE ACHOU INIQÜIDADE EM TI” – Ezequiel 28.15.

 

 Os textos de Ezequiel e Isaías 14.01-20 compõem juntos toda a saga que culminou com a queda daquele outrora chamado “querubim ungido” (Ezequiel 28.14) e “estrela da Alva” (Isaías 14.12).

 

 Como o homem e os demais anjos, tinha o livre arbítrio, e um dia, olhando para si mesmo e tudo quanto tinha, maquinou em seu coração:

 

“- EU SUBIREI AO CÉU, ACIMA DAS ESTRELAS DE DEUS (os anjos) EXALTAREI O MEU TRONO, E NO MONTE DA CONGREGAÇÃO ME ASSENTAREI, DA BANDA DOS LADOS DO NORTE.

 

SUBIREI ACIMA DAS MAIS ALTAS NUVENS, E SEREI SEMELHANTE AO ALTÍSSIMO” – Isaías 14.13-14.

 

 Mas o nome do Senhor é Altíssimo e acima dele não há outro nome e tudo está debaixo de seus pés. Em Ezequiel 28.18-19 vemos a providência de Deus, tomada sem maiores esforços:

 

“…EU POIS FIZ SAIR DO MEIO DE TI UM FOGO, QUE TE CONSUMIU, E TE TORNEI EM CINZA SOBRE A TERRA, AOS OLHOS DE TODOS OS QUE TE VEEM. TODOS OS QUE TE CONHECEM ENTRE OS POVOS ESTÃO ESPANTADOS DE TI: EM GRANDE ESPANTO TE TORNASTE, E NUNCA MAIS SERÁS PARA SEMPRE”

 

 Parece-nos coerente que a passagem de Apocalipse 12.07-09 registra o momento da expulsão do anjo rebelde e seus seguidores, dada à sua exatidão e envergadura.

 

 Tendo caído, Lúcifer se tornou inimigo de Deus e de tudo que lhe é querido, incluindo o seu povo, e desde então tem sido chamado pelas Escrituras por diversos nomes:

 

. O príncipe das potestades do ar. O maioral dos demônios

 

. Homicida desde o principio. O deus deste mundo

 

. O pai da mentira. A antiga serpente

 

. Abadom.Apoliom

 

. Belzebu. Belial

 

. O malignoSatanás

 

. Diabo O adversário

 

. O enganador . O dragão

 

. O tentador. O sedutor

 

. O acusador. O destruidor

 

 É evidente que Satanás não tem mais a formosura que tinha antes, mas a aparência envilecida por chifres, pés de bezerro, cauda de lança e tridente, tem sua origem em Dante Alighieri, poeta italiano do século XIII que se tornou famoso com a sua obra ” A Divina Comédia” onde se encontra tal descrição, e pela qual esta se divulgou e encontrou aceitação global entre os homens.

 

B. O Caos da Queda de Lúcifer

 

 A Bíblia não diz quando se deu a rebelião do antigo querubim, mas parece-nos seguro afirmar que quando o primeiro casal humano foi colocado no Éden, este já estava destituído de sua formosura e em posição ofensiva à obra de Deus.

 

 Muitos estudiosos de respeito defendem a teoria de ter havido um cataclismo entre os versos 01 e 02 do primeiro capítulo de Gênesis, reparando que no primeiro verso temos que Deus haveria criado os céus e a Terra, e que já no segundo, esta já se apresenta sem forma e vazia.

 

 Seguindo este raciocínio, teria havido uma Terra anterior a esta com glória e majestade afinadas com as de Lúcifer. Em Ezequiel 28.13 lemos que aquele querubim estava no Éden de forma gloriosa, o que tem se constituído material para a teoria que prossegue afirmando ter existido uma dispensação anterior à raça humana na qual aquela Terra teria também um Éden próprio, mas tudo fora destruído com a queda do anjo.

 

 Mencionamos a teoria aqui no propósito de fazer conhecer sua existência, observando que tudo isto é possível, mas que nos ateremos às coisas reveladas, como anteriormente meditamos.

 

C. Os Anjos Caídos e os Demônios

 

 Baseados em Apocalipse 12.03-04 a maioria dos cristãos concordam que os versos contam que Satanás conseguiu aliança com 1/3 (um terço) dos anjos do céu, os quais receberam por isso o mesmo destino que seu líder (vide o verso 09).

 

 Como mencionamos antes, sendo responsáveis pelos seus atos, todos os seres racionais criados por Deus tem o poder de escolha, e tendo aqueles anjos escolhido, lhes foi imediatamente manifesto o fruto do que plantaram, o que nos lembra com tristeza que o mesmo ocorrerá com o homem (Gálatas 06.07-08).

 

 Tendo sido lançados na Terra, estas hostes (exércitos) a tem habitado e Satanás organizou-as a seu serviço numa ordem que parece ser a de Efésios 06.12: principados, potestades, príncipes das trevas e hostes espirituais. (vide Apocalipse 12.12). Por isso, muitas vezes são mencionadas em formação, como:

 

. Belzebu, príncipe dos demônios (S.Mateus 12.24);

 

. diabo e seus anjos (S.Mateus 25.41);

 

. dragão e seus anjos (Apocalipse 12.07).

 

Popularmente tem-se que anjos caídos e demônios são a mesma coisa. Porém, deixamos também registrado que muitas autoridades nas escrituras acham que os anjos caídos estão presos gozando de uma liberdade relativa aguardando o juízo (2Pedro 02.04; Judas 06) enquanto que os demônios são seres igualmente perversos mas que tem sua origem desconhecida, embora sejam tão ativos e mencionados no contexto bíblico.

 

 Desta maneira o interesse por entender a origem e significado dos demônios tem sido tal através dos tempos que encontramos registros como o de Platão, filósofo grego que estudando-os concluiu serem seres sobre-humanamente inteligentes embasando-se na etimologia da palavra DAIMON que literalmente significa “conhecedor” ou “inteligente”.

 

 Que eles existem não há sombra de dúvida, pois na Bíblia encontramos que:

 

eles conhecem Jesus (S.Marcos 01.24; Atos 19.11-17)

eles se inclinam diante d’Ele e o reconhecem como o “Filho do Deus Altíssimo” (S.Marcos 05.06-07)

podem distinguir os selados de Deus dos que não o são (Apocalipse 09.04).

estão conscientes de sua inevitável condenação futura (S.Mateus 08.29)

eles crêem em Deus a ponto de estremecer (Tiago 02.19).

 A diferenciação entre anjos caídos e demônios reside na opinião de que os demônios são seres ávidos por se apossarem de corpos humanos e até de animais (S.Mateus 08.28-34).

 

Tem-se verificado que a obra de possessão de uma pessoa por um destes espíritos é progressiva e segue um caminho composto de cinco passos:

 

1.   Tentação – a pessoa é atraída à vontade dele;

2.   Obsessão – a pessoa absorve parte da natureza dele e demonstra variações em suas preferências;

3.   Crise ou Transição – primeiras manifestações como uma luta pelo controle das emoções e do corpo;

4.   Possessão – Manifestações periódicas de uma outra personalidade que escraviza e subjuga o hospedeiro levando-o a agir com violência e grande força física além de posturas e comportamento alheios aos conceitos humanos;

5.   Capacidade Demoníaca – à guisa de imitar a Deus que abençoou seus filhos com os dons do Espírito Santo, o adversário tem trazido seus dons para os seus seguidores, que os encaram como dotes de pessoas privilegiadas para fazerem o bem, mesmo que para isso tenham que ferir, abater emocionalmente ou até fisicamente aqueles que se interporem aos seus interesses. (leia S.João 10.10).

 

 

D. O Trabalho dos Anjos maus

 

Para podermos prosseguir, trataremos como “anjos maus” todos os súditos satânicos, quer sejam anjos caídos ou demônios, conservando uma linha moderada de interpretação, uma vez que, como em pontos anteriores, temos escassez de evidências, embora lembremos que os demônios não são mencionados por este nome na condenação eterna, parecendo mostrar-nos que não existe uma terceira entidade maligna além de “Satanás e seus anjos” :

 

“- APARTAI-VOS DE MIM, MALDITOS, PARA O FOGO ETERNO, PREPARADO PARA O DIABO E SEUS ANJOS” S. Mateus 25.41

 

Estes anjos tem sido considerados pelos cristãos como o exército do mal que ocupam lugar no inferno, na Terra e nos ares e estão empenhados, como seu líder, a ludibriar os planos de Deus e a se vingar, maculando a raça humana com a corrupção, malícia, depravação e ódio que talvez ela mesma, podendo escolher, não seria capaz de formular, sendo grande alvo no plano de Deus que de tal maneira a amou que não poupou sequer seu Filho Unigênito (S.João 03.16) para salvá-la.

 

 Neste empenho de ludibriar, já entendemos porque o ser humano é alvo-chave para a obra maligna: porque o é para a obra Divina. E por ludibriar e enganar, estas hostes infernais tem conseguido êxito na vida de muita gente, num século em que não se dá valor às Escrituras que têm tanto a explicar e a revelar à maioria dos seres humanos, que são por isso, presa fácil.

 

 Note-se como as Escrituras são precisas quando descrevem a corrupção humana, a grande obsessão dos demônios, que tem feito com que os homens percam na luta carne-espírito (Gálatas 05.16-17) e caiam nas teias de sua própria inclinação (Efésios 02.02-03).

 

Tais níveis de corrupção tem suas raízes desterradas pela Bíblia em diversas passagens, que nos proporcionam argumentos suficientes para organizar os métodos de trabalho destes anjos maus e seu líder, os quais se fazem perceber:

 

1. Pela Mentira

 

Jesus disse que o adversário, quando mente, faz o que lhe é natural, pois mente desde o princípio e que aqueles que mentem se fazem seus filhos (S. João 8.44).

 

Com efeito, esta foi, como ainda tem sido, a principal ferramenta utilizada nas obras malignas do passado reveladas pela Bíblia: desde o princípio o adversário e seus anjos têm se utilizado da mentira para:

 

a. Fazer-se passar pelo que não é

 

Este é o método, sem dúvida, mais usado pelas hostes da maldade: freqüentemente os encontramos, como desde o início, tentando se passar por anjos de Deus, por exemplo (2 Coríntios 11.14), método responsável pelas principais heresias e apostasias da fé cristã, pelo qual muitos homens ignorando a recomendação do apóstolo Paulo (Gálatas 1.8) deram ouvidos a estes supostos “anjos do céu”, como Joseph Smith, fundador da seita mórmon em atenção às ordens do anjo Moroni em 1823, e como Alan Kardec, que fundamentou toda a doutrina espírita em informações obtidas por supostos “espíritos bons”, tomando como base e prova da verdade o confronto de informações por estes fornecidas a vários médiuns em todo o mundo, ensinando o homem a invocar espíritos estranhos e aos mortos (como se fosse possível), coisas que fizeram Deus punir a muitos povos com a morte, no passado.

 

Aqui então lembramos mais uma vez a recomendação de Paulo em Gálatas 1.8:

 

“MAS AINDA QUE NÓS MESMOS OU UM ANJO DO CÉU VOS ANUNCIE OUTRO EVANGELHO ALÉM DO QUE JÁ VOS TENHO ANUNCIADO, SEJA ISTO ANÁTEMA”.

 

 

 

b. Ocultar a verdade sobre seu passado

 

Uma das táticas de guerra mais recomendáveis e eficientes se consiste em fazer com que no campo de batalha o inimigo pense que você está longe dele, ou mesmo inexista, quando estiver prestes a assaltá-lo.

 

Parece que o adversário conhece bem esta manobra, mas Paulo, por revelação de Deus, também, e ao recomendar a armadura cristã, iniciou seu texto observando:

 

“REVESTÍ-VOS DE TODA A ARMADURA DE DEUS, PARA QUE POSSAIS ESTAR FIRMES CONTRA AS ASTUTAS CILADAS DO DIABO” Efésios 6.11

 

Satanás através de várias seitas e religiões, tem procurado ironicamente se apresentar como: irmão mais velho de Jesus, como um amigo não compreendido, como uma autoridade a serviço do homem, como uma oposição necessária ao equilíbrio do universo, etc…

 

Mas a sua fachada hipócrita desde há muito e vem sendo denunciada e condenada pelas Escrituras, onde encontramos Jesus repreendendo-o e dando autoridade aos apóstolos e à igreja para repreendê-lo (S. Marcos 16.17) e resistir-lhe:

 

“SUJEITAI-VOS POIS A DEUS, RESISTÍ AO DIABO E ELE FUGIRÁ DE VÓS” Tiago 4.7

 

Encerramos lembrando que assim é que soubemos contra quem devemos lutar (Efésios 6.12).

 

 

 

c. Apresentar o mau como sendo o bem

 

Aqui, como palavras finais deste estudo voltamos então ao primeiro verso apresentado na introdução (pag.1):

 

“NINGUÉM VOS DOMINE A SEU BEL-PRAZER COM PRETEXTO DE HUMILDADE E CULTO DOS ANJOS, METENDO-SE EM COISAS QUE NÃO VIU; ESTANDO EM VÃO INCHADO NA SUA CARNAL COMPREENSÃO” Colossenses 2.18

 

Complementamos ainda com Isaías 5.20:

 

“AI DOS QUE AO MAL CHAMAM BEM, E AO BEM MAL: QUE FAZEM DA ESCURIDADE LUZ, E DA LUZ ESCURIDADE; E FAZEM DO AMARGO DOCE, E DO DOCE AMARGO!”

 

Assim, revelamos finalmente o principal objetivo desta apostila: desmascarar uma trama maligna engenhosamente preparada e baseada na inquietação e curiosidade humana pelo oculto e o desconhecido:

 

Nosso adversário tem infiltrado na moda, nos costumes, nos meios de comunicação, na publicidade pelos livros, jornais e revistas e nos materiais de consumo do homem, uma nova guinada contra o mesmo:

 

Uma pregação com motivos ecológicos, esotéricos, místicos e cabalísticos onde entidades espirituais da maldade aparecem com carapaças gentis, amáveis e infantis onde figuram com nomes suaves, tais como os “elementais” (autoridades espirituais relacionadas aos elementos), os quais se dividem em:

 

. salamandras (governantes do fogo);

 

. silfos (governantes do ar);

 

. ondinas (governantes das águas);

 

. e os gnomos (governantes da terra), divididos em elfos, duendes, dríades e fadas.

 

Divisões e atribuições estas que lembram diversas crenças pagãs do passado e do presente.

 

Conjugado a tudo isto figuram anjos apresentados como intercessores e ajudadores que apreciam certas cores de velas, certos horários do dia e da noite, certos dias da semana, certos incensos e certas pedras energéticas, informações oriundas da cabala judaica (uma seita mística ocultista) e outras aberrações espirituais. Tal linha de heresia ainda apresenta aqueles anjos em número tamanho que cada ser humano teria um ao seu lado, designado pelo dia do ano em que nascera.

 

Daí não se tardou em implantar uma verdadeira corrente de culto e adoração aos anjos, demonstrando a total ignorância do homem atual às Escrituras e à vontade de Deus, além da falta de temor ao Seu Nome (Romanos 3.10-13), que é qual jóia preciosa para o homem de Deus (Salmos 111.10, Jeremias 32.40 e Hebreus 12.28) que conhece ao Senhor e sabe que somente a Ele se deve servir e somente a Ele se deve prestar culto (S. Mateus 4.10).

 

 

 

VIII. A AUTORIDADE SOBRE OS DEMÔNIOS:

 

 Disse Jesus: “EM MEU NOME EXPULSARÃO OS DEMÔNIOS” (S.Marcos 16.17). A autoridade do nome de Jesus sobre os demônios lhe é inerente pois foi o Pai que o revestiu:

 

“PELO QUE TAMBÉM DEUS O EXALTOU SOBERANAMENTE, E LHE DEU UM NOME QUE É SOBRE TODO O NOME; PARA QUE AO NOME DE JESUS SE DOBRE TODO O JOELHO DOS QUE ESTÃO NOS CÉUS, E NA TERRA, E DEBAIXO DA TERRA” (Filipenses 02.09-10)

 

 E esta autoridade, que não é conferida a qualquer um, tem contudo uma aplicação muito confortadora: é destinada a todo aquele que crer:

 

“E ESTES SINAIS SEGUIRÃO AOS QUE CREREM: EM MEU NOME EXPULSARÃO OS DEMÔNIOS; FALARÃO NOVAS LÍNGUAS; PEGARÃO NAS SERPENTES; E SE BEBEREM ALGUMA COISA MORTÍFERA, NÃO LHES FARÁ DANO ALGUM; E PORÃO AS MÃOS SOBRE OS ENFERMOS, E OS CURARÃO”. (S.Marcos 16.17-18).

 

 Tudo planejado por Deus com vistas à salvação e para que a Sua obra não pare, e para que não faltem forças aos cristãos na reconciliação dos homens, apesar do poder e escuridão que envolve o mundo, e para que sigamos o modelo do apóstolo Paulo:

 

“… – FIZ-ME TUDO PARA TODOS, PARA POR TODOS OS MEIOS CHEGAR A SALVAR ALGUNS” (I Corintios 09.22)

 

 

 

Bibliografia:

 

Bíblia de Referência Thompson Ed. Contemporânea;

O.S.Boyer – Pequena Enciclopédia Bíblica;

A. R. Buckland, M. A. – Dicionário Bíblico Universal;

Elienai Cabral – Lições Bíblicas Out-Dez/1988 (E.B.D.);

Raimundo de Oliveira – As Grandes Doutrinas da Bíblia – CPAD;

Myer Pearlman – Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Ed. Vida;

Alfredo Borges Teixeira – Dogmática Evangélica – Ed. Pendão Real;

Aurélio Buarque de Holanda Ferreira – Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Ed. Nova Fronteira.

O Autor

 

O Pastor Carlos Vinicio Ricas, nascido em 31 de Dezembro de 1962 em Manhuaçú – MG, é membro da igreja Evangélica Pentecostal O Brasil para Cristo desde seus 11 anos de idade, na qual cresceu, e, sob a operação misericordiosa do Senhor, conseguiu testemunho entre seus irmãos e companheiros na fé.

 

Em 1987 assumiu o pastorado da igreja na Parada XV de Novembro, na capital de São Paulo, deixando a igreja de Itaquera, onde congregava desde então, sob o discipulado do Pastor Luis Fernandes Bergamin, de

 

cujo exemplar pastorado recebeu a credencial do presbitério e, logo depois, a de pastor dirigente, sempre com o apoio de sua esposa, irmã Vera e suas filhas Martha, Miriã e Sarah.

 

Atualmente, Parada XV de Novembro já se encontra como um campo de trabalho composto pela sede e mais duas igrejas: a de Vila Progresso, na capital, e a de Santa Mercedes, no interior de São Paulo.

 

Recentemente agregou-se à pasta ministerial do autor, a participação na Junta de Educação Cristã do Conselho Nacional de nossa igreja, onde atua como um dos seus diretores, desde sua fundação, e como um dos redatores das lições bíblicas da “Nossa Revista”, cuja tiragem e abrangência já alcançou envergadura nacional.

 

Correspondências e Pedidos:

 

Conselho Nacional das I. E. P. O Brasil para Cristo

 

Rua Carlos Vicari, 124 – Pompéia

 

CEP 05033-070 – São Paulo – SP

 

ou a residência do autor:

 

Rua Jamile Japur, 15 – Itaquera

 

CEP 08290-490 – São Paulo – SP

 

1a. edição – Nov/93

 

2a. edição – Fev/96

 

3a . ediçao – Set/96

 

ESPÍRITOS MINISTRADORES

Pr. Walter Santos Baptista

 

“Quanto aos anjos, diz: Quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo. … Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.6,7,14)

 

Anjos constituem uma raridade em nossos púlpitos, por isso estas páginas foram escritas. Além disso, a insistência com que se explora essa temática, especialmente pelos adeptos dessa onda de misticismo que tem invadido as praias dos nossos dias, a ênfase dada pelo movimento da Nova Era, que tem levado às raias do absurdo mais absurdo o assunto do mundo angelical, e a exploração comercial em torno da ingenuidade e das carências emocionais e afetivas do povo, é outro bom motivo para que se reflita biblicamente sobre o tema.

 

Muita idéia de anjos vem de cartões de Natal, de procissões da Semana Santa, de romances ou da mitologia grega (não fala de um anjinho, Cupido, que lança uma flecha a qual, atingindo alguém, o torna enamorado de outro? Muita idéia vem dessas fontes, e também do Movimento Aquariano colocando no mesmo cesto fadas, duendes, gnomos, ondinas e anjos.

 

PRIMEIRAS IDÉIAS

 

Os seguidores da atual onda mística afirmam que se pode incorporar os anjos aos programas de autodesenvolvimento e auto-ajuda, do mesmo modo com fazem com as fadas, os duendes e outros seres míticos. E se é o caso de teremos uma descrição dos anjos de acordo com a Nova Era, dirão eles o seguinte: “carinha linda, asas, roupas esvoaçantes e halo sobre a cabeça”(1) E completam dizendo que apreciam uma abordagem direta, têm grande senso de humor (gostam de rir, portanto), são felizes, alegres, brincalhões, amigáveis; o tempo não é um dos seus pontos fortes, e, desta maneira, perdem-se em divagações, ou seja, a cabeça dos anjos não funciona muito bem, não têm muita memória.(2) Essas afirmações não se assemelham, nem de longe, a qualquer das descrições ou características dos anjos de acordo com a Bíblia Sagrada. E menos ainda, quando os místicos os confundem com o que chamam de “elementais”, e fazem a classificação dos seres no ar, na terra, na água e no fogo:

 

No ar: fadas e silfos;

 

na terra: gnomos, duendes, elfos, dríades e ninfas;

 

na água: ninfas da água, náiades e ondinas;

 

no fogo: salamandras.(3)

 

Na verdade, essas esdrúxulas idéias e suas elaborações vêm de uma fonte chamada gnosticismo, movimento filosófico-teológico que já nos primeiros dias da Igreja Cristã deu muito trabalho. E isso porque enfatizava, como enfatiza ainda hoje, a idéia de que os anjos são expressões ou extensões de Deus, e pregam, também, que eram e são intermediários entre os homens e Deus.

 

Uma coisa é certa: a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, trata esse assunto com muita seriedade, com o máximo de seriedade a ponto de dar a melhor definição de quem sejam os anjos, a qual se encontra em Hebreus 1.14;

 

“Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?”

 

Ou como diz a Bíblia na Linguagem de Hoje:

 

“Então, o que são os anjos? Todos eles são espíritos que servem a Deus e são mandados para ajudar os que vão receber a salvação”.

 

Martinho Lutero, o Reformador, expressou isso parafraseando Hebreus:

 

“O anjo é uma criatura espiritual sem corpo, criada por Deus para o serviço da Cristandade e da Igreja”(4)

 

OUTROS CONCEITOS

 

A palavra anjo não é portuguesa. Na verdade, vem da língua grega através do latim. Em grego, dizem aggelos, daí para o latim angelus e para o português anjo. No Antigo Testamento, o vocábulo hebraico correspondente é malach.(5) Significam todas elas “aquele-que-traz-mensagem”, “aquele-que-é-enviado”, “mensageiro”. O Pr. Vassílios Constantinides, Diretor nacional da APEC e grego de origem, confirmou-nos o que havia sido lido no dicionário. Disse: “em grego, ‘carteiro’ é “anjo”, “o-que-traz-uma-mensagem”. Palavra, portanto, que indica uma função. E, na Bíblia, vemos que Deus envia profetas como seus mensageiros,(6) envia sacerdotes(7), diz que homens enviam outros homens(8). De sorte, que a Bíblia apresenta o fato de que anjos são personalidades com função determinada, ou seja, a de trazer uma mensagem de Deus para nós.

 

A Bíblia não apresenta qualquer descrição detalhada dos anjos. Eu, na verdade, nunca vi um anjo (apesar de Ariete dizer que estou vivendo com um há 36 anos). A Bíblia menciona sua existência como um fato, mostrando que têm eles uma parte relevante no plano de Deus para o ser humano(9).

 

Voltando à Carta aos Hebreus: “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?” (1.14). Quero tomar duas palavras deste texto para servir de base para esta mensagem. Primeiramente, “espírito”, e, em seguida, “ministradores”.

 

ESPÍRITOS…

 

A idéia básica da palavra “espírito”, por incrível que possa parecer, vem de “vento, ar”. Realmente, tanto na língua hebraica quanto na grega, os vocábulos que se traduzem por “vento, ar, hálito, alento, respiração, fôlego e espírito” são os mesmos. Tanto faz dizer ruach, que é a palavra hebraica, quanto dizer pneuma, que é grega. Sim; o ar é algo muito real, mas não podemos vê-lo a olhos vistos, com perdão da redundância. Podemos? Mas ele é real: sabemos que ele nos circunda, mas não o vemos. Assim são os espíritos, e assim são os anjos: reais, mas não os vemos, puros espíritos. Filon de Alexandria os chamava de “incorpóreos” (apesar de poderem aparecer em certas ocasiões com corpos humanos)(10). Mas a Bíblia prefere chamá-los de “espíritos”, como em hebreus 1.14, “espíritos ministradores”.

 

Aprendemos com a Bíblia que são superiores ao ser humano em inteligência, em vontade e em poder (11). Têm personalidade e responsabilidade moral como nós o temos. No entanto, apesar de sua inteligência ser sobre-humana, é limitada. Ou seja, não são oniscientes (só Deus o é), não conhecem o futuro (isso pertence a Deus), não conhecem os segredos de Deus(12). Por causa da vontade livre deles, alguns anjos pecaram, e a Bíblia faz referência a essa Queda de um grupo de anjos(13). O poder dos anjos que é delegado, nos supera em muito conforme tantos testemunhos na Escritura Sagrada(14). Isso quer dizer, então, que os anjos têm todos os elementos essenciais da personalidade, e além dos acima mencionados, possuem sensibilidade, emoções, e são capazes de adorar a Deus com inteligência (Sl 148.2).

 

E porque o Deus Vivo e Verdadeiro é Deus de ordem e não de confusão(15), os anjos estão organizados em uma hierarquia. E, realmente, amado, quando fazemos o estudo dos anjos, distinguimos três etapas. Primeiramente, o que fala a Bíblia até o Exílio na Babilônia; em seguida, do Exílio ao Novo Testamento, quando veio Jesus e ministrou entre nós; e, por último, o Novo Testamento.

 

É interessante que do início da História Sagrada até o Exílio (c. 527 a.C.), observamos que não há uma angelologia elaborada. O que temos são narrativas, bem lineares, até. E há uma presença marcante: a de uma figura chamada “o Anjo do Senhor”. Vemos no Gênesis, em Êxodo e outros dessa primeira fase, a sua presença ostensiva e marcante.

 

Do Exílio em diante, a crença, a princípio simples, vai tomar um desenvolvimento muito especial. Existe, inclusive o surgimento de toda uma literatura chamada pelos estudiosos do assunto de intertestamentária, que surgiu entre o último profeta da Antiga Aliança (Malaquias) e o primeiro da Nova Aliança (João, o Batista). Não são anos de tanto silêncio, como geralmente se ensina. Há uma literatura denominada intertestamentária, como já destacado, notadamente encontramos literatura dessa época nos livros de Daniel e Zacarias, livros que mencionam a presença de anjos.

 

O Novo Testamento, por sua vez, reflete os principais ensinos do Antigo Testamento, e categorias e conceitos da literatura intertestamentária.

 

Anjos são organizados como um exército. Interessante e bonito isso! No topo estão os arcanjos, anjos comandantes, chefes(16). Menciona em seguida tronos, dominações, principados, potestades, virtudes, que sejam designações hierárquicas dos anjos numa elaboração de um esquema bem organizado (cf. Cl 1.16; Rm 8.38; Ef 1.21).

 

Paulo, em Efésios 6, coloca essas categorias ou hierarquias no exército do Maligno também (17). Existe o exército de Deus, mas o Maligno tem igualmente o seu com os mesmos princípios: um arcanjo, que é Lúcifer, encontrando-se, do mesmo modo, principados, potestades, dominações, etc. Paulo, mesmo, declara que Jesus Cristo já desarmou e venceu essas forças da malignidade:

 

“e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; e, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz” (Cl 2.14,15).

 

Na verdade, ainda sentimos os efeitos dessa força maligna porque ainda estamos nesta carne, porque ainda estamos no tempo, mas a Bíblia já declara a vitória do Senhor sobre as forças do Inferno. Jesus cravou na cruz a nossa malignidade, o nosso pecado! Por essa razão, os crentes não podem se desencaminhar pelo culto dos anjos, e Paulo fala disso também nesse mesmo capítulo: “Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal” (v.18). Esse culto aos anjos estava sendo levado pelos gnósticos para dentro das igrejas, ensinando que os anjos eram intermediários entre a pessoa e Deus. Está, aliás, retornando com toda força como o faziam os gnósticos dos tempos apostólicos, como influência do platonismo, e das escolas teosóficas que desaguaram no gnosticismo, assim como influência da Cabala. Querem fazer os anjos superiores a Cristo e ao Espírito Santo (Ele que é o nosso guia, e não os anjos(18); querem elevar os anjos a divindades, mesmo que sejam divindades menores, os devas(19).

 

E os querubins e os serafins? Falamos há pouco sobre a hierarquia, e não foram mencionados. Querubins e serafins não são, a rigor, anjos. Nunca são apresentados na Bíblia como portadores de mensagens. Querubins são símbolos dos atributos divinos. Onde há querubins, o divino está presente ou está perto, razão porque são guardiães do jardim(20), da arca da aliança(21), do trono de Deus(22). Defendem a santidade de Deus de qualquer pecado(23).

 

E os serafins? A palavra serafim é interessante porque em hebraico o verbo saraph significa “arder, pegar fogo, queimar”. O serafim é “aquele-que-queima”; o que queima purifica: é, então, “aquele-que-purifica”. São guardiães, também, da santidade do Eterno lembrando o fogo e sua obra de purificação. E, realmente, só aparecem os serafins uma vez em Isaías 6, na visão do profeta, com seis asas. A propósito, anjo tem asas? Não; a figura das asas em anjos é para mostrar graficamente a presteza, a velocidade com que executam as ordens de Deus. No entanto, não vamos encontrar os mensageiros de Deus com asas em Sodoma, ou guiando Agar no deserto, ou o povo de Deus na peregrinação no deserto. A única menção é a dos serafins, e outra no Apocalipse a respeito de anjos alados(24).

 

E o arcanjo? Na Bíblia só aparece o nome de um que é Miguel(25). E tem ele sempre papel combativo. Quem é Miguel? Qual a diferença de Miguel para Gabriel? Miguel é aquele que está relacionado a missões guerreiras; é quem comanda as batalhas do Senhor. Então, sempre que lerem ou ouvirem o nome Miguel, lembrem-se que é ele o anjo guerreiro por excelência(26). É o mensageiro da lei e do julgamento(27), e seu próprio nome que é, aliás, uma pergunta retórica, é um grito de batalha e significa “QUEM É COMO DEUS?”e tem como resposta: “Ninguém!” Quem pode ser como Deus? Um hineto muito apreciado em nossas igrejas canta:

 

“Quem é deus acima do Senhor?

 

Quem é rocha como o nosso Deus?”

 

A resposta só pode ser uma: “Ninguém!” É isso o que Miguel, que sempre aponta para Deus, nos está lembrando!

 

E Gabriel? Agora é diferente. Se Miguel é o anjo guerreiro por excelência, Gabriel é o que está relacionado com missões de paz. É o contrário: Gabriel é o mensageiro das boas notícias, é o mensageiro das mensageiro, o mensageiro da promessa de Deus, é o anjo da revelação, é quem explica mistérios a respeito de futuros acontecimentos, até políticos(28). É mencionado quatro vezes na Bíblia, e sempre como mensageiro: Daniel 8.16; 9.21, e novamente no Evangelho de Lucas, capítulo 1 notificando a Isabel e a Maria, sobretudo, que ela vai ser a mãe do Salvador(29). Gabriel é um nome muito sugestivo e significa “Herói de Deus”, “Valente de Deus”, “Campeão de Deus”.

 

…MINISTRADORES

 

Voltemos a Hebreus 1.14:

 

“Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?”

 

O texto diz que, além de “espíritos”, são os anjos “ministradores” a favor dos salvos. Qual é, então, o seu ministério?

 

Há uma ministração celestial e uma ministração terrena. Há um serviço litúrgico, cultual dos anjos na adoração ao Criador:

 

“Louvai-o, todos os seus anjos;

 

louvai-o, todas as suas hostes!” (30)

 

Ministério cultual, ministério de louvor. Também assistem o Senhor. Estavam presentes na Criação(31); estavam presentes na revelação da Lei(32); estavam no nascimento de Jesus(33); na tentação(34); no Getsêmani(35); na ressurreição(36); e na ascensão(37). Em todos esses eventos, os anjos estiveram presentes, e estarão, igualmente, na Parousia, a Segunda Vinda de Cristo(38).

 

Há uma ministração aos salvos. No programa divino para nós, os anjos estão envolvidos em quatro tipos de atividades: proteção, transporte, comunicação e vigilância.

 

Proteção ou guarda. Temos um grande conforto na Palavra Santa, que usa a abençoada expressão “O anjo do Senhor acampa-se ao redor daqueles que o temem e os livra”(39). Porém, não estamos nos referindo ao chamado “anjo da guarda”. Esse é um conceito que vem da Igreja Majoritária. Basílio e Jerônimo, teólogos da Igreja Antiga lançaram a idéia de que quando nasce uma criança, a ela é atribuído um anjo para a guardar durante toda vida. Interessante é que quando Orígenes disse que, ao mesmo tempo que um anjo é colocado ao lado da criança, um demoniozinho também lhe é atribuído. De um lado fica um anjinho tomando conta e do outro lado fica um diabinho espicaçando cada um de nós. Essa é a razão porque nas histórias em quadrinhos ou em desenhos animados aparece, numa hora de tentação, o diabinho procurando tentar de todo jeito.

 

Essa idéia de anjo da guarda, então, está baseada no papel de um arcanjo chamado Rafael, não mencionado na Bíblia, mas no livro apócrifo de Tobias. Eu não creio em “anjo da guarda”, mas creio, sim, em um “anjo-que-guarda”. Creio no anjo do Senhor que nos guarda, de acordo com o que a Bíblia diz no Salmo 34.7. Ou ainda em Daniel 6.22 que diz, “O meu Deus enviou o Seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não cometi delito algum”.

 

Temos outros exemplos notáveis no Antigo Testamento. No Segundo livro dos Reis 6.15ss, há um exemplo dessa guarda. No Novo Testamento, no capítulo cinco de Atos, também. Nesse ponto, alguém pode perguntar, “Pastor, acontece hoje também essa guarda dos anjos, ou isso aconteceu somente nas páginas da Bíblia?” Isso ocorre ainda hoje. Na história de John Patton, missionário do século passado nas Novas Hébridas, há uma página onde ele conta que quando foi pregar o evangelho, era muito hostilizado. As tribos que ali havia eram canibais e tentaram matá-lo com toda a família. Patton diz que cercaram a sua casa e ele e a família começaram a orar durante toda a noite. Fizeram uma vigília de oração porque estavam literalmente no vale da sombra da morte. E eles oraram, e oraram, e quando um terminava de orar o outro começava, o outro depois, o outro depois. Orou ele, a esposa, os filhos oraram, quando terminava voltava toda aquela corrente de orações. Os homens foram embora, saindo sem tocá-los. Cerca de um ano depois dessa noite de terror, o chefe da tribo converteu-se ao evangelho, e conversando com o missionário Patton, perguntou-lhe “Eu queria saber uma coisa: nós estivemos cercando a sua casa para matá-los. E não podíamos, porque durante a noite víamos aquele exército. Onde é que você escondia aqueles homens todos durante o dia? Por que só apareciam à noite?”. E então o missionário respondeu que não havia mais ninguém, somente ele e sua família. O chefe disse, “Não, de jeito nenhum, havia homens, sim. Eram de grande estatura, estavam vestidos de branco e com espadas na mão. Os nativos ficaram com medo e fugiram…” E o Pastor Patton entendeu que Deus havia mandado os Seus anjos para proteger a família naquele vale da sombra da morte de acordo com o que diz o Salmo 23.

 

Uma outra função dos anjos é de transporte. Mas não é quando há engarrafamento. Alguém pode pensar, “Bom, eu acho que o pastor está atrasado porque houve um engarrafamento; não vai haver problemas porque um anjo pega o pastor e traz para a igreja. Afinal, são colegas, são dois anjos…” Não é assim. Essa função de transporte acontece na nossa morte. Está na Bíblia, Lucas 16.19-22:

 

“Havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele, e desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico. Morreu o mendigo e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão”.

 

Ele não foi acompanhado não, ele foi transportado segundo a Escritura Sagrada.

 

Uma outra função é a de comunicação(40). Mas não para aumentar a Bíblia. Nada de chegar um anjo ensinando um novo evangelho para completar, como acontece com os mórmons que ensinam que um anjo chamado Moroni passou uma nova revelação a Joseph Smith. A Bíblia diz que é anátema (maldição), se alguém aparecer querendo pregar um novo evangelho. Por isso, não aceitamos o mormonismo, ou o islamismo que diz a mesma coisa, o espiritismo com um evangelho à sua moda ou qualquer acréscimo ao bel-prazer de qualquer tribunal canônico. Fujam de quem vem com uma mensagem nova. Fujam de quem vem com uma nova revelação, seja pregador, pregadora, ou um ser disfarçado de anjo(41).

 

Há uma outra função. É a de observação. Porque os anjos observam aquilo que nós fazemos, os anjos são testemunhas do drama da salvação, os anjos estão interessados na conduta dos crentes. O apóstolo Paulo diz, “Tenho para mim que Deus a nós apóstolos, nos pôs por últimos como condenados a morte. Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens”(42). Os anjos são testemunhas do drama da salvação; estão interessados na conduta dos crentes segundo 1Coríntios 4.9 vêem o que nós fazemos. Eles estão especialmente o declara. A Bíblia ensina que os anjos louvam e nos observam. Eles estão observando cada um de nós porque são ministradores. Não é observar para dizer, “Ah, fulaninho está fazendo tal coisa. Vou anotar e dizer a Deus”. Anjo não é alcagüete de Deus mas são nossos observadores, e a Bíblia diz que são até chamados como testemunhas(43).

 

NO FUTURO

 

Há um futuro papel dos anjos. Está em Mateus 24. Diz que “Quando o Senhor vier, Ele mandará Seus anjos para reunir os Seus eleitos de todos os quadrantes do mundo”. Onde houver um crente em Jesus Cristo, o anjo vai lá e o trás no momento do grande Arrebatamento. Quando isso acontecer, a palavra de Jesus ensina que são os anjos que virão nos buscar.

 

Há valores teológicos inigualáveis nas declarações bíblicas sobre os anjos. Preciosíssimas lições:

 

Ø A primeira é que a Bíblia declara que ao lado do mundo que nós vemos Deus criou um outro mundo de espíritos invisíveis, de seres puros que O servem. A Deus e a nós também. No Salmo 103.20 está dito, “Bendizei ao Senhor, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, que obedeceis à sua voz”(44).

 

Ø A segunda lição que tiramos é que Deus não perdoa a rebeldia. Que é desobediência, orgulho, e atentado à ordem dos Seus planos(45). Por esse motivo, Deus não perdoou os anjos que se rebelaram, os quais foram condenados à eterna separação Dele. Deus não perdoa a nossa rebeldia também, a nossa insensatez, e a nossa desobediência. E a Bíblia declara que “O salário do pecado é a morte”(46).

 

Ø O ministério dos anjos na Bíblia é doutrina importante, doutrina essencial para que entendamos a providência de Deus e a direção soberana da Sua criação. Nós sabemos que a intervenção guiadora dos anjos na dispensação da Lei é substituída pela direção do Espírito Santo na dispensação do Novo Testamento. O Senhor não autoriza o culto aos anjos. E a idéia de anjos medianeiros também é um absurdo porque eles usurpam o lugar de Jesus Cristo. Os anjos são poderosos, mas não são Deus; são poderosos, mas não são a Trindade; são poderosos, mas não são o Espírito Santo; têm poder, mas não são Jesus Cristo, não são mediadores, não têm o atributos de Deus, não possuem qualquer capacidade de regenerar o ser humano.

 

Ø O estudo dos anjos nos enche com uma nova visão e assombro pela grandeza de Deus. Especialmente quando pensamos que os anjos, poderosos como são, adorando a Deus, cumprindo a Sua vontade, são um exemplo para nós. Isso nos dá agora um senso de humildade diante de Deus e de gratidão porque os anjos estão ao nosso redor.

 

Ø A quinta lição é que os anjos apontam para a nossa dignidade no futuro porque nós seremos iguais aos anjos de Deus, a Bíblia diz.

 

Ø E a sexta, é que tudo isso nos encoraja e estimula a servir a Deus com a totalidade do nosso ser.

 

Ø E mais: Os anjos se alegram quando alguém se volta para Cristo. A palavra de Deus acerca disso nos ensina em Lucas 15.10, “Há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende”.

 

Que Deus nos auxilie a compreender e viver a reverência, a submissão e o serviço que os anjos desempenham para que, deste modo, o que Jesus expressou na Oração do Senhor seja pura realidade: “Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu!”

 

 

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