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Confira!
Desvendando
o Foro de SP
Investigação
das causas
Viver a
Filosofia e tê-la como a atividade principal de sua vida traz um inconveniente:
socialmente, parece que você não faz nada de relevante. A Filosofia, no
imaginário popular, é vista como um tipo de hobby, uma atividade muito
específica, que algumas pessoas praticam por mero pendor particular. Não seria,
nesse sentido, muito diferente da dedicação à jardinagem ou à coleção de
carrinhos.
O
desprezo vulgar pela Filosofia torna difícil convencer as pessoas de sua
importância, de sua necessidade à vida privada e pública. Nenhum argumento
parece ser convincente o suficiente. No máximo, podem achar que falar de
filosofia e ensiná-la é algo bonitinho, apreciável, louvável inclusive, mas
jamais como uma atividade crucial.
Não é
por acaso, porém, que a Filosofia é incompreendida. Enquanto as pessoas estão
acostumadas a julgar tudo por suas aparências, ela insiste que se deve olhar
para além delas, mais especificamente, para as suas causas.
Se eu
insisto no ensino da Filosofia é só porque tenho a convicção de que o pensar
filosófico é a base fundamental para a compreensão correta de qualquer coisa,
inclusive de outras disciplinas, como a Teologia, o Direito, a Biologia etc. E
isso exatamente porque ela busca as causas, afinal, como dizia Aristóteles,
conhecer é conhecer as causas.
Ao
trazer ao conhecimento as origens, motivações e fundamentos, a Filosofia deixa
mais claro o que o fenômeno é. Se eu sei, por exemplo, o que a caneta com a
qual escrevo é, isso é possível porque eu tenho ciência de algumas de suas
causas: sei do que ela é feita, para quê ela foi feita, de que forma foi feita.
Com isso, sei qual é a sua posição neste mundo. E quanto mais causas dela eu
conhecer, mais a compreenderei.
Dizer
que a Filosofia investiga causas é o mesmo que dizer que sua atividade
principal é perguntar o que as coisas são. Isso faz todo sentido porque uma
coisa é formada pelas qualidades que já existiam antes da própria coisa formada
por elas, o que faz dessas qualidades causas da própria coisa.
Há
tantos intermediários entre o fenômeno e nossa percepção deles que, se não nos
perguntarmos sobre suas causas, seremos facilmente enganados por sua aparência.
Sem o questionamento dos motivos, somos incapazes de compreender qualquer
coisa. Perguntar por que algo é torna-se um exercício de superação, afastando
aquilo que confunde e se aproximando da essência do que observamos. Forçamos a
revelação dos motivos para desmascarar as falsidades.
Há
filosofias que abandonaram esse espírito investigativo e tornaram-se
herméticas, fechando-se dentro de seu recorte de mundo e de seus pressupostos
inquestionáveis. Nesse sentido, apenas tomam emprestado o nome ‘Filosofia’, mas
não o são, de fato. São apenas disciplinas específicas, ideologias, que podem
ter sua utilidade e valor, mas que não ajudam a compreender nada além do que
aquele pequeno mundo onde se encerram.
Um
verdadeiro ensino de Filosofia pode incluir muitos elementos de ciências
específicas, de abordagens particulares e de história da filosofia. Porém, seu
principal objetivo deve ser sempre ensinar a pensar, e isso significa ensinar a
rastrear causas. Por isso, quem quer filosofar não pode jamais parar de se
perguntar: por que as coisas são como parecem?
Fábio
Blanco
Fabio
Blanco é professor de Oratória, Retórica e Argumentação, além de instrutor de
escrita argumentativa. Desde 2010 é idealizador do NEC - Núcleo de Ensino e
Cultura, sob o qual encontram-se os seus projetos Liceu de Oratória e Filosofia
Integral.
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